1. CRIMES QUALIFICADOS OU AGRAVADOS PELO RESULTADO. Art. 19 do CP Agente deve causar pelo menos culposamente.

Transcrição

1 1 DIREITO PENAL PONTO 1: Crimes Qualificados ou Agravados pelo Resultado PONTO 2: Erro de Tipo PONTO 3: Erro de Tipo Essencial PONTO 4: Erro determinado por Terceiro PONTO 5: Discriminantes Putativas PONTO 6: Erro de Tipo Acidental PONTO 7: Teoria da Tipicidade Conglobante 1. CRIMES QUALIFICADOS OU AGRAVADOS PELO RESULTADO Art. 19 do CP Agente deve causar pelo menos culposamente. 1.1 Esse artigo consagra dois princípios: a) PRINCÍPIO DA RESPONSABILIZAÇÃO SUBJETIVA EM MATÉRIA PENAL. Objetiva: imputação de causa e efeito sem a comprovação de dolo e culpa, sistemática até a reforma de 84. Hoje se deve verificar a imputação ao menos culposamente. b) PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE: Há também comprovação de dolo e culpa, mas na medida da sua culpabilidade. Súmula 231 STF reafirmada. 1.2 FORMAS: A) DOLO NO ANTECEDENTE + DOLO CONSEQUENTE: ART 129, 2º, IV do CP animus laedendi. Dolo no crime em si e na qualificadora. B) DOLO NO ANTECEDENTE + CULPA NO CONSEQUENTE: art. 258 do CP. Majorante que advém de culpa. C) CULPA NO ANTECEDENTE + DOLO NO CONSEQUENTE: art. 303, parágrafo único do CTB. No inciso III, a omissão de socorro é dolosa, o atropelamento pode ser culposo. P.S.:O art. 304 do CTB duas posições: a) se aplica para qualquer outro condutor que não o envolvido no acidente, b) só cabe quando o fato precedente for culposo e não doloso. D) DOLO NO ANTECEDENTE + CULPA NO CONSEQUENTE: art. 129, 3º do CP. Parte do elemento subjetivo do agente, ele não quis nem assumiu o resultado morte. Essa hipótese é chamada de crime PRETERDOLOSO ou PRETERINTENCIONAL.

2 P.S.: Art. 155, 3º, segunda figura LATROCÍNIO para caracterização desse crime, pouco importa se a morte advém de dolo ou culpa. É sempre um crime qualificado pelo resultado, mas será chamado de PRETERDOLOSO quando a morte advier de culpa ERRO DE TIPO É o que incide sobre elemento do tipo. Pode ser: A) ESSENCIAL se incidir sobre elemento constitutivo do tipo. B) ACIDENTAL se incidir sobre elemento acessório/secundário. 3. ERRO DE TIPO ESSENCIAL Até a reforma penal de 84 ele era chamado no Brasil de erro de fato, enquanto o de proibição era o erro de direito. 3.1 ESPÉCIES: a) ESCUSÁVEL OU INEVITÁVEL agente não poderia ter evitado mesmo que tivesse empregado o grau de atenção do homem médio. Erro teria incidido de qualquer forma. Conseqüência jurídica: exclui o dolo e a culpa, portanto a própria tipicidade (fato atípico). Fundamento legal: art. 20, caput do CP. b) INESCUSÁVEL OU EVITÁVEL é aquele que para ser evitado, basta o emprego pelo agente do grau de atenção do homem médio. Conseqüência jurídica: exclui somente o dolo e permite a punição do agente a título de culpa se houver crime culposo previsto em lei. Fundamento legal: art. 20, caput do CP. Art. 20, 2º do CP. 4. ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO Ex: A empresta arma para B atirar em C, dizendo que são balas de festim. É caso de autoria mediata A é autor mediato de um crime de homicídio doloso. B foi induzido em erro, deve-se analisar se o erro foi escusável ou inescusável, se escusável, o fato é atípico (exclusão do dolo e da culpa); se inescusável, B responde por homicídio culposo.

3 3 5. DISCRIMINANTES PUTATIVAS É a falsa suposição da realidade. Hipóteses de incidência: 1) EXISTÊNCIA DE CAUSA EXCLUDENTE DA ILICITUDE NÃO RECONHECIDA PELO ORDENAMENTO JURÍDICO Portugal. Ex: imaginou que eutanásia não era crime porque foi descriminalizada em 2) LIMITES DE CAUSA EXCLUDENTE DA ILICITUDE RECONHECIDA PELO ORDENAMENTO JURÍDICO As duas primeiras hipóteses são conhecidas pela doutrina como ERRO DE PERMISSÃO ou ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO. Posição tanto da teoria limitada quanto para a teoria extremada da culpabilidade. Por ser erro de proibição, trabalha-se com o art. 21 do CP: causa que exclui a pena é isenção da culpabilidade. 3) SITUAÇÃO DE FATO QUE, SE EXISTISSE, TORNARIA LEGÍTIMA A CONDUTA DO AGENTE Art. 20 1º do CP. Duas posições: a) Teoria extremada da culpabilidade há erro de proibição. Exclui a culpabilidade. b) Teoria limitada da culpabilidade erro de tipo permissivo. Exclui a tipicidade, dolo e culpa. Exposição de motivos, item 17, 19. Diz que adotamos a teoria limitada. putativas. Para a teoria extremada, há erro de proibição nas 3 hipóteses de discriminantes Para a maioria da doutrina, que adota a teoria limitada, a terceira situação, consiste em erro de tipo, pois se resolve com culpa. No art. 20, 1º, conforme Luis Flávio Gomes, haveria uma situação sui generis, mas para maioria da doutrina trata-se de erro de tipo permissivo. A redação mais adequada ao art. 20 seria: não há pena ou é atípico.

4 4 6. ERRO DE TIPO ACIDENTAL Incide sobre o elemento acidental, acessório, secundário, sob elemento circunstancial do tipo. Nunca exclui o crime. Hipóteses de incidência: 1) ERRO SOBRE O OBJETO error in objecto O agente supõe que sua conduta recai sobre uma coisa quando na verdade recai sobre outra. Ex: quer subtrair açúcar, acaba furtando sal. 2) ERRO SOBRE A PESSOA error in persona art. 20, 3º do CP. Agente confunde a sua vítima com outra. Não há erro de pontaria. Ex: A deseja matar o irmão, mas acaba matando alguém muito parecido. São levadas em consideração as condições e qualidades pessoais da vítima visada e não da vítima efetivamente atingida. 3) ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL aberratio causae O resultado pretendido pelo agente se produz, porém de outro modo. Ex: atirador quer matar a vítima disparando tiros de revolver, ao tentar fugir a pessoa é atropelada, morrendo em virtude do atropelamento. Não exclui a imputação. É sinônimo de DOLO GERAL ou ERRO SUCESSIVO. Professor não considera sinônimo, porque no erro sobre nexo causal é uma conduta, enquanto no erro sucessivo são duas. 4) ERRO NA EXECUÇÃO aberratio ictus art. 73 do CP. Ocorre quando o agente, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, ofende pessoa diversa daquela que pretendia atingir. Ex: erro de pontaria. Pode ser: 4.1) Resultado único (unidade simples) art. 20, 3º - mesma solução do erro sobre a pessoa, ou seja, considera as condições e qualidades pessoas da vítima visada. 4.2) Resultado duplo (unidade complexa) há um resultado que é desejado e outro que não é desejado. Há dolo com relação ao fato desejado e culpa quanto ao não

5 pretendido. Soluciona-se com o art. 70, caput, 1º parte e parágrafo único do CP Concurso Formal Perfeito de Crimes. Para haver aberratio ictus o resultado tem que ser não querido. Nesse caso, a soma é mais benéfica ao réu do que a exasperação, aplica-se o parágrafo único do art. 70 do CP. 5 Nº de crimes Percentual de aumento 2 1/6 3 1/5 4 1/4 5 1/3 6 1/2 7 ou mais 2/3 Concurso Formal Perfeito de Crimes Crime Continuado 5) RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO aberratio criminis ou delicti art. 74 do CP Ocorre quando o agente, por acidente ou por erro, no uso dos meios de execução, atinge bem jurídico distinto daquele que pretendia ofender. Pode ocorrer: 5.1) Resultado único (unidade simples) responde a título de culpa se houver previsão legal. 5.2) Resultado duplo (unidade dupla) aplica-se o concurso formal perfeito de crimes, art. 70, caput, 1º parte do CP. Se o resultado previsto como culposo não existir penalmente ou for menos grave que o pretendido pelo agente, não se aplica o instituto da aberratio criminis ou delicti; aplica-se a tentativa. 7. TEORIA DA TIPICIDADE CONGLOBANTE Zaffaroni Doutrina clássica: para ser típico bastava estar descrito no tipo penal. Hoje, haverá tipicidade penal quando houver: 1) TIPICIDADE FORMAL forma de crime 2) TIPICIDADE CONBLOBANTE O mesmo fato não pode ser lícito numa seara do direito e ilícita em outra.

6 6 A tipicidade conglobante exige: Estado. a) Conduta antinormativa conduta que não é imposta nem fomentada pelo b) Tipicidade material conteúdo de crime verifica se houve uma ofensa a bem relevante de tal forma que justifique a intervenção penal. O princípio da Insignificância e o Princípio da Adequação Social, para a doutrina moderna e o STJ, são causas de exclusão da tipicidade material.