I N T E G R A L. Prof. ADRIANO CATTAI. Apostila 03: Funções de Várias Variáveis (Atualizada em 13 de novembro de 2013)



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Transcrição:

I N T E G R A L ac C Á L C U L O Prof. ADRIANO CATTAI 03 Apostila 03: Funções de Várias Variáveis (Atualizada em 13 de novembro de 2013) NOME: DATA: / / Não há ciência que fale das harmonias da natureza com mais clareza do que a matemática (Paulo Carus) Sumário 1 Introdução 2 2 Funções de Duas Variáveis 4 2.1 Curvas de Nível............................................... 7 2.1.1 Mapa de Contorno da Superfície................................. 8 2.1.2 Roteiro para Construção de Gráfico............................... 10 3 Derivadas Parciais. Taa de Variação 12 4 Derivadas de Ordem Superior 15 4.1 Teorema de Schwartz............................................ 16 4.2 Equação de Laplace............................................. 16 4.3 Função Harmônica............................................. 16 4.4 Equação de Onda.............................................. 16 5 Reta Tangente e Interpretação Geométrica da Derivada Parcial 17 6 Plano Tangente e Diferencial Total 18 7 Derivadas Direcionais e Gradiente 19 8 Regra da Cadeia 20 8.1 Derivada Total................................................ 20 9 Máimos e Mínimos para Funções de Duas Variáveis 21 10 Wolfram Alpha 22 11 Referências 22 1

Cálculo Integral 1 Introdução 1 Introdução Muito origado por lerem estas notas de aula e por contribuirem nas possíveis correções de digitação e na apresentação das ideias básicas para introdução desse fantástico mundo que iremos habitar. Elas foram organizadas a partir dos livros indicados na bibiografia, direcionadas à disciplina de Cálculo II da UNEB e da UNIFACS. Nunca esqueçam que: Esta apostila não substitui o livro e jamais deverá ser tratado como único teto ou como teto base para seus estudos; Esta apostila é nosso ponto de partida ou nossa orientação na sequência dos contéudos que são conversados em nossas saborosas aulas de Cálculo; Prestem bem atenção com a notação utilizada. A matemática possui uma linguagem própria, por isso, curta-a! Se considerarmos um círculo de raio r, vemos que sua área e seu comprimento dependem somente da medida do raio, que são obtidos, respectivamente, por A(r) = π r 2 e C(r) = 2π r. No entanto, podemos notar que a análise de outros numerosos fenômenos necessitam do emprego de fórmulas/relações que envolvam duas ou mais variáveis independentes. Por eemplo, a área de um retângulo de lados e é dada pela fórmula A(, ) =, em que a cada par de valores e corresponde um único valor bem determinado ; o volume de um paralelepípedo retângulo de dimensões, e z é dado pela fórmula V(a,, z) = z, em que a cada terno (,, z) o volume corresponde um valor bem determinado z. r z Assim, considere a seguinte definição. Definição 1 (Função de n Variáveis) Seja D um conjunto do espaço n-dimensional (D R n ), isto é, os elementos de D são n-uplas ordenadas, ( 1, 2,..., n ), de números reais. A cada ponto P do conjunto D associamos um único elemento z R, assim temos uma função f : D R n R. Essa função é chamada de função a n-variáveis reais a valores reais, a qual indicamos por z = f(p) = f( 1, 2,..., n ). 2 Adriano Cattai

1 Introdução Observação 1 (i) O conjunto D, denominado domínio da função, é o maior subconjunto do R n (podendo ser o próprio R n ) em que z = f(p) eista. Usamos a seguinte notação: D = Dom( f); (ii) O conjunto de todos os valores possíveis de z que pode ser obtido aplicando a relação f aos pontos( 1, 2,..., n ) é a imagem de f, a qual indicamos por Im( f); (iii) Dizemos que z é a variável dependente e que 1, 2,..., n são as variáveis independentes; (iv) O gráfico da função f a n-variáveis reais é o conjunto dos pontos (P, z) no espaço (n+1)- dimensional, em que P( 1, 2,..., n ) e z = f( 1, 2,..., n ), assim, escrevemos: Graf( f) = {( 1, 2,..., n, z) R n+1 ; z = f( 1, 2,..., n )}. Desta definição, podemos observar que: quando n = 1, a função é de uma variável ( = f()) e seu gráfico é que é uma curva no R 2 ; Graf( f) = {(, ) R 2 ; = f()}, quando n = n, a função é de duas variável (z = f(, )) e seu gráfico é que é uma superfície no R 3 ; Graf( f) = {(,, z) R 3 ; z = f(, )}, quando n 3, o gráfio de f não possui representação gráfica. Eemplo 1 Seja f(, ) = 9 2 2 uma função de 2 variáveis, assim seu domínio é um subconjunto do R 2 e seu gráfico é um subconjunto do R 3. Para que 9 2 2 seja um número real devemos ter 3 9 2 2 0 2 + 2 9. Daí, escrevemos: Dom( f) = {(, ) R 2 ; 2 + 2 9}. 3 3 3 Graficamente, esse domínio representa uma região circular de raio 3, como ilustra a figura ao lado. A imagem de f é o intervalo [0, 3] e escrevemos Im( f) = [0, 3]. Eemplo 2 Seja f(, ) = 1 uma função de 2 variáveis, assim seu domínio é um subconjunto do 2 + 2 R2 4 e seu gráfico é um subconjunto do R 3. Para que 1 seja um número real devemos ter 2 + 2 4 http://cattai.mat.br 3

Cálculo Integral 2 Funções de Duas Variáveis 2 2 + 2 4 > 0 2 + 2 > 4. Daí, escrevemos: Dom( f) = {(, ) R 2 ; 2 + 2 > 4}. 4 2 2 2 Graficamente, esse domínio representa a região do plano que está no eterior do círculo de raio 2, como ilustra a figura ao lado. A imagem de f é Im( f) = [0,+ ). 4 Eemplo 3 Seja f(,, z) = 16 2 2 z 2 uma função de 3 variáveis, assim seu domínio é um subconjunto do R 3 e seu gráfico é um subconjunto do R 4. Para que 16 2 2 z 2 seja um número real devemos ter 16 2 2 z 2 0 ou ainda 2 + 2 + z 2 16, assim z Dom( f) = {(,, z) R 3 ; 2 + 2 + z 2 16}. A C B Graficamente, esse domínio representa uma região esférica de raio 4, como ilustra a figura ao lado onde A(4, 0, 0), B(0, 4, 0) e C(0, 0, 4) e que f(a) = f(b) = f(c) = 0. Note que não é possível representar graficamente o gráfico dessa função, pois está no R 4. A imagem de f é o intervalo [0, 4] e escrevemos Im( f) = [0, 4]. 2 Funções de Duas Variáveis Por questões geométricas, iremos concentrar nossas energias às funções de duas variáveis, visto que, em geral os resultados são válidos para funções a n-variáveis, n 3. Definição 2 (Função de duas Variáveis) Uma função real a duas variáveis é uma relação que transforma em um único número real z cada par ordenado (, ) de números reais de um certo conjunto D R 2, chamado de domínio da função, e escrevemos z = f(, ). Em outras palavras f : D R 2 R (, ) z = f(, ) f z= f(,) (, ) 0 4 Adriano Cattai

2 Funções de Duas Variáveis Observação 2 (i) O conjunto D = Dom( f) é o maior subconjunto do R 2 (podendo ser o próprio R 2 ) em que z = f(, ) eista. Ele é representado através de um conjunto de pontos no planor ; (ii) Na equação z = f(, ), dizemos que z é a variável dependente e que e são as variáveis independentes; (iii) O conjunto de todos os valores possíveis de z, que pode ser obtido aplicado a relação f aos pares ordenados(, ) D, é denominado Imagem de f, a qual indicamos por Im( f); (iv) O gráfico da função f é o conjunto dos pontos (,, z) no espaço tridimensional, tal que (, ) Dom( f) e z = f(, ), em outras palavras Graf( f) = {(,, z) R 3 ; z = f(, )}, que é uma superfície no R 3, cuja projeção perpendicular ao plano é D. (a) Gráfico de função (b) Curvas de nível Observe que quando (, ) varia em D, o ponto correspondente (,, z) = (,, f(, )) varia sobre a superfície. Dada uma superfície S, podemos nos perguntar se ela sempre representa o gráfico de uma função z = f(, ). A resposta é não! Sabemos que, se f é uma função, cada ponto de seu domínio pode ter somente uma imagem. Portanto, a superfície S só representará o gráfico de uma função z = f(, ) se qualquer reta perpendicular ao plano corta S no máimo em um ponto. Observe que na figura 2 os pontos P( 1, 1, z 1 ) e R( 2, 2, z 2 ) são imagens de um único ponto (, ) do R 2 com z 1 = z 2. Eemplo 4 Seja f(, ) = 1 2 2 uma função de 2 variáveis. Deste modo, seu domínio é um subconjunto do R 2 e seu gráfico é um subconjunto do R 3. Para que 1 2 2 seja um número real devemos ter 1 2 2 0 ou ainda 2 + 2 1, logo D( f) = {(, ) R 2 ; 2 + 2 1}. http://cattai.mat.br 5

Cálculo Integral 2 Funções de Duas Variáveis z P R Figura 1: S é gráfico de função z = f(, ) Figura 2: S não é gráfico de função z 1 1 1 Um ponto(,, z) R 3 pertence ao gráfico de f se, e somente se, z = f(, ), isto é, z = 1 2 2, equivalentemente a z 0 e z 2 + 2 + 2 = 1. Deste modo, o gráfico consiste no hemisfério superior da esfera z 2 + 2 + 2 = 1, conforme figura ao lado. A imagem de f é o intervalo [0, 1] e escrevemos Im( f) = [0, 1]. Eemplo 5 Fazer uma representação gráfica do domínio das seguintes funções: (a) f(, ) = ln( ); (b) f(, ) = 2 ; (c) f(, ) = 1 2 2 + 2 25. Solução: 4 (a) Sabemos que ln( ) é um número real quando > 0 ou >. Assim, D( f) = {(, ) R 2 ; < }, graficamente temos a figura ao lado. 4 2 2 2 2 4 4 (b) Sabemos que 2 2 é um número real quando 2 2 > 0 ou 3 ( )(+) > 0, logo D( f) = {(, ) R 2 ;( )(+) > 0}. Lembrando que ( )( + ) é um número real positivo quando > 0 e + > 0 ou < 0 e + < 0. Na figura, a região A representa o primeira caso, enquanto a região B o segundo. B 4 2 3 A 2 4 6 Adriano Cattai

2 Funções de Duas Variáveis (c) 1 2 + 2 25 é um número real quando 2 + 2 25 > 0 ou 2 + 5 2 > 25, logo D( f) = {(, ) R 2 ; 2 + 2 > 25}. Esse é o conjunto dos pontos que estão na região eterior à circunferência 2 + 2 = 25. Conforme figura ao lado. 5 5 5 Eemplo 6 Determinar o domínio da função f(, ) = 2 4 ln( ) e esboce o conjunto no plano. Solução: Nesse caso as restrições para o domínio, são: { 2 { 4 0 2 ou 2 > 0 < 3 Logo, o domínio de f é: 4 2 2 4 D( f) = {(, ) R 2 ; 2 ou 2 e < }. Veja a representação gráfica do domínio ao lado. 3 Questão 1 Determine o domínio das funções dadas a seguir e esboce os conjuntos no plano. (a) f(, ) = 1+ ; (b) f(, ) = 2 ; (c) f(, ) = ln(+); (d) g(, ) = 2 2 + 2 4 + 9 ( 2 + 2 ); (e) f(, ) = + 1 ; (f) f(, ) = + 1 2 + 4 2 16 ; (g) h(, ) = ln( 2 + 2 ); (h) f(, ) = 1 1 2 ; 4 2 (i) f(, ) = 2 ; (j) f(, ) = 2 ; (k) f(, ) = 2 ; (l) f(, ) = ln(2+) = 1. 2.1 Curvas de Nível No caso das funções de uma variável, uma maneira de obter seu gráfico é elaborar uma tabela determinando os valores da função para uma série de pontos de seu domínio. Esse método rudimentar, embora não muito eficiente, constitui uma ferramenta importante. No entanto, pra esboçar o gráfico de uma forma mais precisa, vários outros recursos são utilizados, tais como determinação de raízes, assíntotas, intervalos de crescimento e decrescimento, pontos de máimos e mínimos etc. Para uma função de duas variáveis, é praticamente impossível obter um esboço do gráfico apenas criando uma tabela com os valores da função em diversos pontos de seu domínio. Para contornar essa dificuldade, vários procedimentos são adotados. O principal deles, muito usado pelos cartógrafos na http://cattai.mat.br 7

Cálculo Integral 2 Funções de Duas Variáveis elaboração de mapas de relevo, consiste em determinar os conjuntos de pontos do domínio da função, em que esta permanece constante. Esses conjuntos de pontos são chamados curvas de nível da função e são definidas assim: Definição 3 (Curvas de Nível) Seja k um número real. Uma curva de nível, C k, de uma função z = f(, ) é o conjunto de todos os pontos do domínio da função f, tais que f(, ) = k, ou seja, C k = {(, ) D( f); f(, ) = k}. Eemplo 7 Suponha que T(, ) = 80 20 dê a temperatura em graus F no ponto com coordenadas cartesianas (, ), onde e estão medidos em 25 milhas. A equação da curva ao logo do qual a temperatura tem um valor constante e igual a 70 F é T(, ) = 70, isto é, 80 60 20 75 = 70, ou 25 5+ 4 = 1000. Essa última equação, cuja representação geométrica é uma reta, é a curva de nível para a função T(, ), quando k = 70. Isto quer dizer que para quaisquer par ordenado (, ), que satisfaça a equação da curva, terá imagem por T igual a 70. Questão 2 Seja f(, ) = ln pelo ponto(1, 0). 200 100 100 100 200 ) ( 2 + 2. Determine e esboce a equação da curva de nível que passa 9 Questão 3 Se V(, ) for a voltagem ou potencial sobre um ponto (, ) no plano XOY, então as curvas de nível de V são chamadas de curvas equipotenciais. Ao longo de tal curva a voltagem 8 permanece constante. Dado que V(, ) =, identifique e trace a curva equipotencial 16+ 2 + 2 na qual V = 1. 2.1.1 Mapa de Contorno da Superfície Suponha que por uma função f se estabeleça a altura z = f(, ) de uma certa superfície S do plano no ponto (, ). A intersecção de superfície S com o plano z = k produz a curva C k constituída por todos os pontos da superfície que estejam a k unidades acima do plano. A projeção perpendicular da curva C k sobre o plano resulta na curva de nível da função f, cuja equação é f(, ) = k, que também denominada de linha de contorno da superfície S. Como ilustra a figura a seguir. Desenhando um certo número de diferentes linhas de contorno, cada qual identificada pelo próprio valor de k a ela associada, obtemos o mapa de contorno da superfície. Tal mapa de contorno facilita nos a visualização da superfície como se estivéssemos sobre ela, observando suas intersecções com os planos horizontais de alturas variadas. Se essas alturas são consideradas de modo a diferir por iguais quantidades, então uma grande quantidade de linhas de contorno sucessivas indica uma parte relativamente íngreme da superfície. 8 Adriano Cattai

2 Funções de Duas Variáveis z k - (a) Curva de Nível C k (b) Curvas de nível Eemplo 8 Sejam f(, ) = 2 + 2 e g(, ) = 2 + 2 duas funções de duas variáveis reais. Fazendo seções com planos paralelos ao plano- ao gráfico da f e g nas alturas, k = 1, 2, 3 e k = 1, 4, 9 respectivamente, temos que as curvas de nível das duas funções são circunferências de raio 1, 2 e 3 centradas na origem, porém em níveis diferentes. 3 2 1 9 4 1 Assim usando somente as curvas de nível, podemos ter dificuldade em esboçar o gráfico corretamente, se não olharmos com cuidado ao mapa de contorno. Observemos que as intersecções do gráfico de z = 2 + 2 com os planos z e z são as semi-retas z = ± e z = ±, z 0, respectivamente. Por sua vez, a intersecção de z = 2 + 2 com os planos z e z são, respectivamente, as parábolas z = 2 e z = 2. Essas informações ajudam a ver que o gráfico da f é um cone e que o gráfico da g é um parabolóide. z z 3 9 http://cattai.mat.br 9

Cálculo Integral 2 Funções de Duas Variáveis 2.1.2 Roteiro para Construção de Gráfico Abaio, vamos apresentar um pequeno roteiro capaz de nos dar uma ideia do gráfico da função de duas variáveis. Roteiro para Esboço de Gráfico: 1. Identificar o domínio da função, não é necessário a representação gráfica; 2. Encontrar as interseções com os eios coordenados, e z; 3. Interseções com os planos coordenados, z e z; 4. Identificar as seções paralelas, fazendo = k e = k, sendo k uma constante; 5. Encontrar as curvas de níveis e fazer o seu esboço gráfico; 6. Esboçar o gráfico da função. Eemplo 9 Esboce o gráfico da função f(, ) = 9 2 + 4 2, seguindo o roteiro indicado anteriormente. Solução: 1. Identificar o domínio da função; Veja que o domínio da função f(, ) = 9 2 + 4 2 é D( f) = R 2, pois, para cada par ordenado (, ) R 2 o valor da função é um número real. 2. Encontrar as interseções com os eios coordenados OX, OY e OZ; Interseção com OX: = z = 0 9 2 = 0 2 = 0 = 0. Logo, o ponto (0, 0, 0) é interseção. Interseção com OY: = z = 0 4 2 = 0 2 = 0 = 0. Logo, o ponto (0, 0, 0) é interseção. Interseção com OZ: = = 0 z = 0. Logo, o ponto(0, 0, 0) é interseção. 3. Interseções com os planos coordenados XOY, YOZ e XOZ; Interseção com XOY: z = 0 9 2 + 4 2 = 0. Observe que o único ponto que satisfaz a equação acima é o(0, 0, 0). Logo, o ponto(0, 0, 0) interseção com o plano XOY. Interseção com YOZ: = 0 z = 4 2. Observe que a interseção com o eio YOZ é uma parábola z = 4 2. Interseção com XOZ: = 0 z = 9 2. Observe que a interseção com o plano XOZ é uma parábola z = 9 2. 4. Identificar as seções paralelas, fazendo = k e = k, sendo k constante: Interseção com seções paralelas ao plano YOZ: = k z = 9k 2 + 4 2. Observe que se k é 10 Adriano Cattai

2 Funções de Duas Variáveis uma constante a equação z = 4 2 + 9k 2 representa parábolas. Interseção com seções paralelas ao plano XOZ: = k z = 9 2 + 4k 2. Observe que se k é uma constante a equação z = 9 2 + 4k 2 representa parábolas. 5. Encontrar as curvas de níveis e fazer o seu esboço gráfico; Para encontrarmos as curvas de níveis vamos fazer z = k, k uma constante, ou seja, vamos identificar as seções paralelas ao plano XOY. Siga o raciocínio abaio para verificar que essas 2 seções são elipses, cuja equação é dada por: (a) 2 + 2 = 1, em que a e b são números reais (b) 2 que representam os eios menor ou maior das elipses: 9 2 + 4 2 = k 2 1/9 + 2 1/4 = k 2 ( k/3) 2 + 2 ( k/2) 2 = 1. Para k 0 as curvas de níveis são elipses da forma Para k = 0 temos o ponto(0, 0, 0). 2 ( k/3) + 2 2 ( k/2) = 1. 2 Para k 0 o conjunto é vazio, ou seja, não temos curvas de níveis. Assim, fazendo k = 0, k = 1,k = 2, k = 3 e assim por diante, obtemos as elipses e podemos traçar as curvas de níveis. k = 0 (0, 0) k = 1 2 (1/3) 2 + 2 (1/2) 2 = 1 k = 2 2 (2/3) 2 + 2 ( 2/2) 2 = 1 k = 3 2 (3/3) 2 + 2 ( 3/2) 2 = 1 k = 4 2 (2/3) 2 + 2 (1) 2 = 1. Observe que as curvas de níveis estão se afastando da origem. Logo, nossa superfície é uma depressão. 6. Esboçar o gráfico da função; Agora, com os dados obtidos podemos visualizar a superfície tri-dimensional e esboçar. Veja que a nossa superfície é um parabolóide elíptico. http://cattai.mat.br 11

Cálculo Integral 3 Derivadas Parciais. Taa de Variação z 3 Derivadas Parciais. Taa de Variação Definição 4 (Derivada Parcial) Seja f : D R n R uma função real, definida no aberto D. Dado o ponto P( 1, 2,..., n ) D, a i-ésima derivada parcial de f no ponto P, (em que 1 i n), é o limite se esse limite eistir. f f(p+te (P) = lim i ) f(p) i t 0 t f( = 1, 2,..., i + t,..., n ) f( 1, 2,..., n ) lim t 0 t Usamos, ainda, as seguintes notações para f i : i f, f i, f i, etc. Suponhamos que f é uma função de duas variáveis. Então, a derivada parcial f ( 0, 0 ) dá a razão instantânea de variação de f no ponto P( 0, 0 ) por unidade de variação de. Isto é, a taa de variação de f por unidade de no ponto P( 0, 0 ). Analogamente, f ( 0, 0 ) dá a taa de variação de f por unidade de. Eemplo 10 Ache as derivadas parciais e, para as seguintes funções: (a) z = 3 4 (b) z = (+) 2 (c) z = 5 4 2 2 5 (d) z = e2 (e) z = ln( ) Solução: Ao derivarmos uma função em relação a uma das variáveis, devemos considerar a outra variável constante, ou seja, F() derivação vistas em cálculo I. 12 Adriano Cattai = 0 e F() = 0. Assim, utilizamos as mesmas regras de

3 Derivadas Parciais. Taa de Variação (a) Nesse caso vamos precisar da regra de derivação do produto. = (3 ) 4 + 3 = (3 ) } {{ } =0 =0 { }} { ( 4 ) 4 + 3 (4 ) = 3 2 4 + 0 = 3 2 4 = 0+ 3 4 3 = 4 3 3 (b) Aqui, usaremos a regra da potência. = 2(+) (+) = 2(+) (+) = 2(+)(1+0) = 2(+) = 2(+)(0+1) = 2(+) (c) Inicialmente, usaremos a regra da soma de duas funções e depois a regra do produto, em cada parcela. = (54 2 ) (25 ) = (54 ) 2 + 5 4 = 20 3 2 + 0 [2 5 + 0] = 20 3 2 2 5 = (54 2 ) (25 ) = (54 ) 2 + 5 4 (2 ) } {{ } =0 = 0+5 4 2 [0+2 5 4 ] = 10 4 10 4 (d) Vamos utilizar a regra do quociente {}}{ { }} { 2 (2) 5 ( 5 ) + 2 =0 =0 (2) } {{ } =0 5 + 2 (5 ) = (e 2 ) e 2 2 =0 {}}{ () = e2 (2) 2 0 = 2e2 2 = 2e2 = =0 { }} { (e 2 ) e 2 () 2 = 0 e2 2 = e2 2 (e) Finalmente, usaremos a regra de derivação do logaritmo neperiano = 1 () = 1 + 0 = = 1 = 1 () = 0 + 1 = = 1 http://cattai.mat.br 13

Cálculo Integral 3 Derivadas Parciais. Taa de Variação Fique Atento! Como vimos, ao derivarmos uma função em relação a uma das variáveis, devemos considerar a outra variável constante, ou seja, F() = 0 e F() = 0. Além disso, [F() G()] = G() F() e [F() G()] = F() G(), assim o eemplo anterior pode ser respondido mais rapidamente, veja: (a) Vamos usar a regra da potência, apenas. = 4 (3 ) = 3 (4 ) = 3 2 4 = 4 3 3 (b) Aqui, usaremos a regra da potência. = 2(+) (+) = 2(+) (+) = 2(+)(1+0) = 2(+) = 2(+)(0+1) = 2(+) (c) Inicialmente, usaremos a regra da soma de duas funções e depois a regra da potência. = (54 2 ) (25 ) = 2 (54 ) 5 (2) = 20 3 2 2 5 = (54 2 ) (25 ) = 5 4 (2 ) 2 (5 ) = 10 4 10 4 (d) Inicialmente, veja que z = e2 = e2 1. = 1 (e2 ) = e 2 ( 1 ) = 1 e 2 2 = 2e2 = e 2 ( 1) 2 = e2 2 (e) Finalmente, usaremos a regra de derivação do logaritmo neperiano. = 1 () = 1 = 1 = 1 () = 1 = 1 Questão 4 Ache as derivadas parciais e para as seguintes funções: 14 Adriano Cattai

4 Derivadas de Ordem Superior (a) z = 2 + 3 2 (b) z = (c) z = e + (d) z = e (e) z = ln(+) (f) z = 2 3 11 2 + 3 2 (g) z = 6+16 2 9 (h) z = (2+ 3)( 2) (i) z = 2+3 2 ( ) (j) z = arctg ( ) sen() (k) z = ln sen() ( ) cos() (l) z = ln cos() Questão 5 A área A da superfície lateral de um cone circular reto de altura h e raio da base r é dada por A = πr h 2 + r 2. (a) Se r é mantido fio em 3cm, enquanto h varia, encontre a taa de variação de A em relação a h, no instante em que a altura é e 7cm; (b) Se h é mantido fio em 7cm, enquanto r varia, encontre a taa de variação de A em relação à r, no instante em que r = 3cm. Questão 6 Uma fábrica produz mensalmente unidades de um produto A e unidades de um produto B, sendo o custo mensal de produção conjunta dado por C(, ) = 15.000+ 2 2 + 8 2 reais. Num determinado mês, foram produzidas 2.000 unidades de A e 1.000 de B. (a) Calcule o custo de produção neste mês; (b) Determine C e C, neste mês; (c) Usando o resultado do item (b), o que é mais conveniente: aumentar a produção de A e manter a de B constante ou ao contrário? Por que? Questão 7 Numa loja, o lucro diário L é uma função do número de vendedores, e do capital investido em mercadorias, ( em milhares de reais). Numa certa época tem-se, L(, ) = 500 (10 ) 2 (40 ) 2, em milhares de reais. (a) Calcule o lucro diário se a loja tem 4 vendedores e 30.000 reais investidos; (b) Calcule L e L, no ponto(4, 30); (c) É mais lucrativo aumentar o número de vendedores de uma unidade mantendo o capital investido ou investir mais 1.000 reais mantendo o número de vendedores? 4 Derivadas de Ordem Superior Seja a função f de n variáveis 1, 2,..., n. As suas derivadas de segunda ordem de f são calculadas a partir de suas primeiras derivadas. Assim: 2 f 2 i = ( ) f i i e 2 f = ( ) f. i j i j http://cattai.mat.br 15

Cálculo Integral 4 Derivadas de Ordem Superior Para funções de duas variáveis, f(, ), temos 2 f 2 = ( ) f, 2 f = ( ) f, 2 f = ( ) f, 2 f 2 = ( ) f. 4.1 Teorema de Schwartz Se f : D R 2 R for uma função contínua numa determinada região D com derivadas parciais contínuas, então as derivadas mistas de segunda ordem, da função f, são iguais, ou seja: 2 f(, ) = 2 f(, ). 4.2 Equação de Laplace A equação diferencial parcial 2 f 2 + 2 f = 0 é chamada de equação de Laplace em homenagem ao 2 matemático Pierre Laplace (1749-1827). As soluções dessa equação são chamadas de funções harmônicas e são importantes no estudo da condução de calor, escoamento de fluidos e potencial elétrico. 4.3 Função Harmônica Uma função f(, ) é dita harmônica se satisfaz a equação de Laplace, ou seja, se 2 f 2 + 2 f 2 = 0. 4.4 Equação de Onda A equação de onda 2 u t 2 = a2 2 u, em que a é uma constante, descreve o movimento de uma onda 2 (onda do mar, onda de som, onda luminosa, onda de uma corda vibrante, etc). Uma solução para a equação da onda é uma função u(, t). Por eemplo, se u(, t) representa o deslocamento da corda de um violino, no instante t e a distancia a uma etremidade da corda, então u(, t) satisfaz a equação da onda. Neste caso, a constante a depende da densidade da corda e da tensão aplicada. Questão 8 Usando as informações acima: (a) verifique se as funções são harmônicas: f(, ) = e sen()+e cos(); ( ) g(, ) = ln + 2 ; ( h(, ) = arctg. ) 16 Adriano Cattai

5 Reta Tangente e Interpretação Geométrica da Derivada Parcial (b) verifique se o teorema de Schwartz vale para as funções: f(, ) = e 2 ; g(, ) = e + sen() cos(); h(, ) = ln( 2 )+arctg( 2 ). (c) verifique que a função u(, t) = sen( at), em que a é uma constante, satisfaz a equação de onda. Questão 9 Se w = f( at)+(+at), com f e g dotadas de derivadas parciais segundas, mostre que w satisfaz a equação da onda. 5 Reta Tangente e Interpretação Geométrica da Derivada Parcial O gráfico de uma função de duas variáveis z = f(, ) é, em geral, uma superfície em R 3. A interseção do plano = 0 (paralelo ao plano z) com a superfície z = f(, ), que passa pelo ponto (0, 0, 0), é a curva C 2, cuja equação é dada por: { = 0 C 2 : z = f(, 0 ) = g 1 () Como a curva é plana, podemos considerá-la como o gráfico de uma função de uma variável: g 1 () = f(, 0 ). Assim, o coeficiente angular da reta tangente t 1 à curva C 2, no ponto P 0 ( 0, 0, f( 0, 0 )), é dado por: f ( 0, 0 ) = g 1 ( 0). Assim, a equação da reta tangente, t 1, é dada por: = 0 t 1 : z z 0 = f ( 0, 0 )( 0 ) Analogamente, a interseção do plano = 0 com a superfície z = f(, ) é a curva C 1, cuja equação é dada por: { = 0 C 1 : z = f( 0, ) = g 2 () O coeficiente angular da reta tangente t 2 à curva C 1 no ponto P 0 ( 0, 0, f( 0, 0 )) é dado por: f ( 0, 0 ) = g 2 ( 0). Assim, a equação da reta tangente, t 2, é dada por: = 0 t 2 : z z 0 = f ( 0, 0 )( 0 ) http://cattai.mat.br 17

Cálculo Integral 6 Plano Tangente e Diferencial Total z t 1 t2 C 2 C 1 P 0 Questão 10 Determine a equação da reta tangente ponto( 1, 1, 5) à curva obtida pela interseção da superfície z = 2 + 4 2 com os planos (a) = 1 e (b) = 1. 6 Plano Tangente e Diferencial Total Seja f : U R 2 R, U um subconjunto aberto. Se f(, ) é diferenciável em ( 0, 0 ), então, eiste um plano tangente a superfície z = f(, ) no ponto( 0, 0 ) e esse plano tem por equação: Um vetor normal a este plano é n = A diferencial total de f(, ) é z 1 = f( 0, 0 )+ f ( 0, 0 )[ 0 ]+ f ( 0, 0 )[ 0 ]. ( f ( 0, 0 ), f ) ( 0, 0 ), 1. d f(, ) = f f (, )d+ (, )d. A diferencial total de f(, ) no ponto( 0, 0 ) é d f( 0, 0 ) = f ( 0, 0 )[ 0 ]+ f ( 0, 0 )[ 0 ]. Eemplo 11 Dada a função f(, ) = 3 3 2 2 3 + 1, temos f = 92 2 2 3 + e f = 63 6 2 + assim, a diferencial da função é d f = (9 2 2 2 3 + )d+(6 3 6 2 + )d Questão 11 Encontre diferencial total e a equação do plano tangente das superfícies abaio, nos pontos indicados. (a) z = 3 2 + 2 3 em (2, 1, 12); (b) f(, ) = em (1, 1, 1) 18 Adriano Cattai

7 Derivadas Direcionais e Gradiente 7 Derivadas Direcionais e Gradiente Teorema 1 Se f(, ) é diferenciável em ( 0, 0 ), então para todo vetor não nulo u eiste a derivada direcional f u ( 0, 0 ) e é dada por: f u ( 0, 0 ) = f( 0, 0 ) (a, b), em que f( 0, 0 ) = u u. ( f ( 0, 0 ), f ( 0, 0 ) ) é o vetor gradiente de f em ( 0, 0 ), e (a, b) = u = Se f( 0, 0 ) = 0 e θ é o ângulo entre o vetor gradiente e u, temos que: f u ( 0, 0 ) = f( 0 ),( 0 ) u 0 cos(θ) = f( 0, 0 ) cos(θ) Observe que o módulo do versor é 1 e, além disso, a variação das derivadas direcionais depende apenas do cos(θ). Como o cos(θ) varia de 1 a 1, então num só ponto temos infinitas derivadas direcionais que varia de f( 0, 0 ) a f( 0, 0 ). Assim, a maior derivada direcional f( 0, 0 ) ocorre quando cos(θ) = 1 θ = 0, ou seja, ocorre quando o vetor u e o vetor gradiente têm mesma direção e sentido. Daí, nós podemos concluir que: O vetor gradiente aponta para a direção e sentido em que o crescimento da função é maior. Da mesma forma, podemos concluir que a menor derivada direcional ocorre para cos(θ) = 1 θ = 180, ou seja, se u tem a direção do gradiente e sentido contrário a ele. Questão 12 Encontre a derivada direcional f u ( 0, 0 ), sendo: (a) f(, ) = e 2 2, ( 0, 0 ) = (1, 1) e u = (3, 4); ( ) (b) f(, ) = arctg, ( 0, 0 ) = (3, 3) e u = (c) f(, ) = 1 2 + 2, ( 0, 0 ) = (3, 2) e u = ( 1 2, ( 5 13, 12 ). 13 1 2 ); Questão 13 Para cada função e ponto indicado abaio, determine (i) Um vetor unitário na direção da derivada direcional máima; (ii) O valor máimo da derivada direcional. (a) f(, ) = 2 7+4 2 e P 0 (1, 1); ( (b) g(, ) = 2 2 sen() e P 0 1, π ). 2 http://cattai.mat.br 19

Cálculo Integral 8 Regra da Cadeia Questão 14 Uma chapa de metal aquecida está situada em um plano de tal modo que a temperatura T é inversamente proporcional à distância da origem. Se a temperatura em P(3, 4) é de 100 o, determine a taa de variação de T em P na direção do vetor u = (1, 1). Em que direção e sentido T cresce mais rapidamente em P? Em que direção a taa de variação é nula? Questão 15 O potencial elétrico V em um ponto P(,, z) num sistema de coordenadas retangulares é dado por V = 2 + 4 2 + 9z 2. Determine a taa de variação de V em P(2, 1, 3) na direção de P para a origem. Determine a direção e sentido que produz taa máima de variação de V em P. Qual a taa máima de variação em P? 8 Regra da Cadeia Seja z = f(, ) uma função diferenciável em que = g(u, v) e = h(u, v). Se u, v, u e v eistem, então: u = u + e u v = v + v. Esse resultado pode ser generalizado para n variáveis. Observe que ao derivarmos uma função de várias variáveis usamos a notação de (lê-se derrom) em vez de d. Questão 16 Usando a regra da cadeia encontre as derivadas parciais u e v da função z = 43 3 2 3 sabendo que = u cos(v) e = v sen(u). 8.1 Derivada Total { = g(t) Seja z = f(, ) e = h(t) t R. Podemos epressar z como uma função de uma variável z = (g(t), h(t)). Dizemos que a derivada total de z em relação a t, dz dt dz dt = d dt + d dt. é dada por: Eemplo 12 A derivada da função F(, ) = 2 + 3 5, em que (t) = e t e (t) = t 3, pode ser obtida a partir da função, posta em função de t, F(t) = e 2t + 3t 3 5, que é: Fazendo o uso das derivadas parciais, temos: df dt = 2e2t + 9t 2. F = 2 e F = 3. As derivadas de (t) e (t) são: Assim df dt = 2 et + 3 3t 2 = 2et+ 9t 2. 20 Adriano Cattai d dt = et e d dt = 3t2.

9 Máimos e Mínimos para Funções de Duas Variáveis { (t) = 2+t Questão 17 Determine a derivada total da função f(, ) = 2 + 2 4, em que (t) = 1 t 3 R., t Questão 18 Num dado instante, o comprimento de um lado de um retângulo é de 6cm e cresce a taa de a 1cm/s e o comprimento do outro lado é de 10cm e decresce a taa de 2cm/s. Encontre a taa de variação da área do retângulo, no dado instante. (Sugestão: A equação que define a área do retângulo é dada por A =. Encontre a derivada total dessa função). Questão 19 A altura de um cilindro reto de base circular está diminuindo à taa de 10cm por minuto e o raio está aumentando à taa de 4cm por minuto. Encontre a taa de variação do volume no instante em que a altura é 50cm e o raio é de 16cm. Questão 20 Em um dado instante, o comprimento de um cateto de um triângulo retângulo é 10cm e cresce à razão de 1cm por minuto e o comprimento do outro é 12cm e decresce à razão de 2cm por minuto. Encontre a razão de variação da medida do ângulo agudo oposto ao cateto de 12cm de comprimento, no dado instante. 9 Máimos e Mínimos para Funções de Duas Variáveis Uma importante aplicação do estudo de derivadas parciais, é a da otimização de funções. Otimizar uma função, significa encontrar seu desempenho máimo ou mínimo. Como para as funções de uma variável, quando as derivadas primeiras forem nulas, teremos pontos etremos que podem ser máimos ou mínimos. Para saber de que tipo são esses pontos, teremos de utilizar o determinante Hessiano calculado no ponto( 0, 0 ), que é definido a seguir. H( 0, 0 ) = 2 f 2 2 f 2 f 2 f 2 ( 0, 0 ) Se as derivadas f = f e f = f forem nulas, o ponto( 0, 0 ) é um ponto crítico, e: (i) H( 0, 0 ) > 0 e f ( 0, 0 ) < 0 (ou f ( 0, 0 ) < 0) então( 0, 0 ) é um máimo; (ii) H( 0, 0 ) > 0 e f ( 0, 0 ) > 0 (ou f ( 0, 0 ) > 0) então( 0, 0 ) é um mínimo; (iii) H( 0, 0 ) < 0 então(0, 0) é um ponto de sela; (iv) H( 0, 0 ) = 0 o teste é inconclusivo. Notação: f ( 0, 0 ) = 2 f( 0, 0 ) 2, f ( 0, 0 ) = 2 f( 0, 0 ) 2, f ( 0, 0 ) = 2 f( 0, 0 ) e f ( 0, 0 ) = 2 f( 0, 0 ). Questão 21 A temperatura T, em graus, em cada ponto de uma região plana é dada por por T(, ) = 16 2 + 24+40 2. Encontre a temperatura nos pontos mais quentes e mais frios da região. http://cattai.mat.br 21

Cálculo Integral 11 Referências 10 Wolfram Alpha O Wolfram Alpha é um mecanismo de conhecimento computacional desenvolvido por Stephen Wolfram e sua empresa Wolfram Research. Ecelente ferramenta que se demonstra como uma verdadeira fonte dinâmica de conhecimento. Acesse pelo endereço http://www.wolframalpha.com/ ou baie seu aplicativo para ios ou Android. Alguns comandos úteis para funções de duas variáveis: 1. Digitando f(,) ele eibirá o gráfico da função f(, ), o mapa de contorno e algumas propriedades, como domínio, imagem e sua forma geométrica; 2. Digitando d/d f(,) ele eibirá a derivada parcial de f(, ), em relação a. 3. Digitando domain of f(,) ele eibirá o conjunto que representa o domínio da função f(, ). Se o usuário estiver logado terá disponível a versão interativa, clicando em Enable interacivit. Vale muito a pena! 11 Referências 1. Diva Flemming Cálculo B; 2. Eliana Patres DMAT/UFBA; 3. Humberto José Bortolossi UFF/RJ; 4. James Stwart Cálculo; 5. Louis Leithold O Cálculo com Geometria Analítica; 6. Piskunov Cálculo Diferencial e Integral. Teto composto em LATEX 2ε, Cattai, 13 de novembro de 2013 22 Adriano Cattai