Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Rio de Janeiro



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Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social Conselho Pleno

Transcrição:

63 4ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS PROCESSO Nº 0000798-11.2011.4.02.5164/01 (2011.51.64.000798-0/01) RECORRENTE: ALEXANDRE ANDERSON DE SOUZA RECORRIDA: UNIAO FEDERAL RELATORA: JUÍZA FEDERAL DRA. ADRIANA MENEZES DE REZENDE JUÍZO ORIGINÁRIO: 01ª Vara Federal de Magé DECISÃO MONOCRÁTICA REFERENDADA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DANO MORAL. PLEITO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, EM RAZÃO DA NEGATIVA DO DIREITO DE REQUERER O BENEFÍCIO DE SEGURO-DESEMPREGO, SOB A JUSTIFICATIVA DE AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA, CONSIDERANDO A AUSÊNCIA DE DANO MORAL. BENEFÍCIO CONCEDIDO ATRAVÉS DE PROCESSO JUDICIAL, NO QUAL RESTOU COMPROVADO QUE OS DOCUMENTOS APRESENTADOS PELO AUTOR ERAM SUFICIENTES PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO VINDICADO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA UNIÃO. COMPETE AO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (ÓRGÃO DA UNIÃO) A FISCALIZAÇÃO DAS NORMAS RELATIVAS AO PAGAMENTO DO SEGURO- DESEMPREGO, CONFORME ARTIGO 15 DA LEI 7.998/90. PRESUNÇÃO DA OCORRÊNCIA DE ABALO MORAL EM RAZÃO DO PERÍODO EM QUE O AUTOR SE VIU IMPOSSIBILITADO DE PROVER SEU PRÓPRIO SUSTENTO. BENEFÍCIO CUJA FINALIDADE É PROVER O SUSTENTO DO TRABALHADOR QUE SE ENCONTRA DESEMPREGADO. CARACTERIZADA A RESPONSABILIDADE CIVIL DA UNIÃO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA REFORMADA. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, em face da sentença que julgou improcedente seu pedido, no qual pugna pelo pagamento de indenização por danos morais em razão do indeferimento indevido do seguro-desemprego pela parte ré. Em razões recursais, a parte autora sustenta que, tendo sido reconhecido seu direito ao benefício em questão, através da via judicial (Processo: 2008.51.64.001226-4), restou comprovada a ilicitude da conduta da parte ré em negar-lhe o benefício pretendido. Em apertada síntese, o Magistrado sentenciante entendeu que não houve a comprovação de dano moral, no caso em análise. Ressaltou, ainda, que, mesmo nos casos em que o benefício em questão é concedido na via judicial, não são raras as vezes em que a Turma Recursal reforma a sentença de procedência, tendo em vista a ausência de contribuição previdenciária por parte do autor da demanda.

64 Diante de firme jurisprudência adotada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à matéria versada nos presentes autos, poderá o relator proferir decisão monocrática, de acordo com o artigo 557 caput e 1º do CPC e artigo 8º, incisos XII e XIII do Regimento Interno das Turmas Recursais do Rio de Janeiro (Resolução nº 01/2012/PLE-TRRJ, de 26 de setembro de 2012), conforme transcrição abaixo: Resolução nº 01/2012/PLE-TRRJ, de 26 de setembro de 2012 Artigo 8º - São atribuições do relator: XII negar seguimento a recurso intempestivo ou manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante da Turma Nacional de Uniformização, do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal; XIII - dar provimento ao recurso se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência dominante da Turma Nacional de Uniformização, do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal; Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998) 1 o -A Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998) É o breve relatório. Ressalte-se que, de acordo com a Resolução nº 467, de 21/12/2005, do CODEFAT, para requerer o aludido benefício, o trabalhador deve apresentar uma série de documentos ao Ministério do Trabalho e Emprego MTE, por intermédio dos postos credenciados das suas Delegacias, do Sistema Nacional do Emprego SINE e Entidades Parceiras. Se preenchidos todos os requisitos e apresentados todos os documentos necessários pelo trabalhador, o agente credenciado junto ao Programa do Seguro-Desemprego fornecerá ao trabalhador comprovante de recepção e enviará autorização de pagamento do segurodesemprego ao agente pagador, que atualmente é a Caixa Econômica Federal CEF. Nesta contextualização, vislumbra-se que o Ministério do Trabalho e Emprego é o ente responsável pela administração do benefício em tela, sendo a CEF

65 contratada por aquele para, tão somente, efetuar o pagamento do benefício ou receber a restituição de benefício recebido indevidamente, ficando condicionados à liberação por parte do MTE. Destarte, para se verificar a responsabilidade pelo eventual dano sofrido, faz-se necessário perscrutar qual a razão da negativa\atraso da liberação do pagamento do benefício em comento. Em outras palavras, há de se averiguar se a CEF negou indevidamente o pagamento, isto é, se este foi liberado pelo MTE e, mesmo assim, por outro motivo qualquer, a empresa pública negou o pagamento; ou se a CEF ficou impedida de efetuar o pagamento pela falta de liberação do mesmo por parte do MTE, o qual, como já exposto, é o responsável pela administração e liberação do pagamento. No caso dos autos, o autor alega que por duas vezes lhe foi negado pela parte ré o direito de requerer o benefício de seguro-desemprego, sob a justificativa de ausência de documentos. Todavia, restou comprovado, através do processo 2008.51.64.001226-4, que a documentação apresentada pelo autor era suficiente para a concessão do benefício vindicado. Ressalta-se que, ao contrário da hipótese ventilada pelo Magistrado sentenciante, no referido processo não houve reforma da sentença de procedência. Verifica-se, destarte, que a negativa da concessão do seguro-desemprego deve ser imputada ao MTE, uma vez que todo o processo de recebimento do requerimento, de análise documental e deferimento ou indeferimento do aludido benefício é de sua competência, por intermédio dos postos credenciados ou entidades parceiras. Impende esclarecer que a legislação que rege o Seguro-Desemprego (Lei nº 7.998, de 11/01/1990), prevê em seus artigos 2º e 3º que o programa de seguro-desemprego tem por finalidade prover a assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, ou, como no caso em análise, de trabalhador impedido de realizar suas atividades em razão do período de defeso. Trata-se claramente de benefício cuja finalidade é, justamente, prover o sustento do trabalhador desempregado no período imediatamente posterior ao término imotivado do trabalho, sendo intuitivo que, seu pagamento a destempo compromete significativamente tal finalidade, ocasionando-lhe um dano moral que deve ser prontamente reparado. Destarte, mostra-se razoável presumir a ocorrência de abalo moral em razão do prolongado período de tempo em que o autor se viu impossibilitado de prover o próprio sustento, muito embora tivesse direito ao benefício em questão, legalmente previsto para, justamente, minorar as consequências de tal risco social. Dessa forma, se encontra caracterizada a responsabilidade civil da União, haja vista que, conforme estabelece o artigo 37, 6º da CF, as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que

66 seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Tem-se, portanto, que a responsabilidade da União, em casos como o presente, é objetiva, bastando, para que a mesma seja configurada, a existência de conduta do agente, a ocorrência do dano e nexo de causalidade entre a conduta e o dano. No caso sub examine, resta clara a existência dos três elementos citados. Verifica-se, destarte, que a sentença recorrida adotou o entendimento já pacificado pelo Supremo Tribunal Federal. Senão vejamos: RESPONSABILIDDE CIVIL. ATRASO NO PAGAMENTO DE PARCELAS DO SEGURO DESEMPREGO. CODEFAT. FALHA NA INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DOS SISTEMAS DO INSS. LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO. DANO MORAL CONFIGURADO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. Nas razões recursais, sustenta-se violação ao art. 37, 6º, bem como aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade compreendidos no art. 5º, inciso LIV, todos da Constituição Federal de 1988. Passo a decidir. Sem razão a agravante. A controvérsia acerca da legitimidade passiva da União, nesta lide, já foi dirimida no plano ordinário, com os seguintes fundamentos: [ ] Não merece guarida a alegação de ilegitimidade passiva da União Federal, uma vez que partiu desta, através do CODEFAT, a decisão que negou o benefício à recorrida, com suporte em interpretações equivocadas do sistema de dados do INSS. O ato ilícito atribuído à União ocorreu quando esta, interpretando erroneamente o sistema do INSS, presumiu que a autora era aposentada, mas sequer diligenciou no sentido de confirmar tal situação, limitando-se a bloquear o pagamento do benefício,causando, com isso, dano à recorrida, que ficou privada de receber o seguro desemprego na época devida. Assim, a discussão quanto à responsabilização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ou do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia federal, induz a reapreciação de questões probatórias, providência vedada no plano extraordinário,por força do enunciado da Súmula nº 279 deste Supremo Tribunal Federal. No que se refere ao 6º do art. 37 da Constituição Federal de 1988, não vejo violação, tal como reclama a União. O acórdão recorrido apenas aplicou a sobredita norma constitucional ao caso concreto, baseando-se, obviamente, no painel fático e nas provas coligidas aos autos, sem prejuízo do direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Quanto à tese de violação aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade (CRFB, inciso LIV do art. 5º), vejo que também não colhe êxito a agravante, porque não compete a esta Corte Constitucional rever o quantum arbitrado na origem a título de

67 danos morais, uma vez que tal ofício também demandaria esforço sobre os fatos e provas já examinados. Ante o exposto, com fulcro nos arts. 21, 1º do RISTF e 557, caput, do Código de Processo Civil, nego seguimento ao recurso. Publique-se. Intimem-se. Brasília, 17 de fevereiro de 2012. Ministro Gilmar MendesRelatorDocumento assinado digitalmente (STF - AI: 809141 ES, Relator: Min. GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 17/02/2012, Data de Publicação: DJe-039 DIVULG 24/02/2012 PUBLIC 27/02/2012) Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO da parte autora e CONCEDO- LHE PARCIAL PROVIMENTO, para reformar a sentença a quo, determinando o pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 2.000, (dois mil reais), uma vez que o dano perpetrado no caso concreto é de natureza leve (Enunciado 08 das Turmas Recursais do Rio de Janeiro). vencedor. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que se trata de recorrente Referendada a decisão por esta Turma Recursal, intimem-se as partes. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e remetam-se os autos ao Juízo de origem. Rio de Janeiro, 23 de julho de 2014. ADRIANA MENEZES DE REZENDE 3ª Juíza Federal Relatora da 4 a. Turma Recursal Acórdão Decide a 4ª Turma Recursal da Seção Judiciária dos Juizados Especiais Federais do Rio de Janeiro, por unanimidade, referendar a decisão da relatora, para posterior arquivamento no Setor de Jurisprudência e Estatística, firmando manualmente o respectivo relatório de referendo as juízas federais CYNTHIA LEITE MARQUES e DANIELLA ROCHA SANTOS FERREIRA DE SOUZA MOTTA. Rio de Janeiro, 23 de julho de 2014. ADRIANA MENEZES DE REZENDE Juíza Federal Relatora