MATEMÁTICA DISCRETA COMBINATÓRIA (4/4) Carlos Luz. EST Setúbal / IPS Março 2012

Documentos relacionados
O PRINCíPIO DA CASA DE POMBOS BASEADO EM SANTOS, MELLO E MURARI (2002), CAP. 7

MATEMÁTICA DISCRETA ARITMÉTICA RACIONAL (6/6) Carlos Luz. EST Setúbal / IPS Maio 2012

O PRINCÍPIO DAS GAVETAS Paulo Cezar Pinto Carvalho - IMPA

Contagem e Combinatória Elementar

INE5403 FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA DISCRETA

Indução Matemática. George Darmiton da Cunha Cavalcanti CIn - UFPE

INE5403 FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA DISCRETA

Combinatória - Nível 2

1 Introdução à Combinatória Enumerativa: O Princípio de Inclusão-Exclusão

Gabarito e Pauta de Correção ENQ

Aulas particulares. Conteúdo

Sejam A o conjunto de todos os seres humanos e B o conjunto de todos os livros. Consideremos

Cálculo Diferencial e Integral I

INTRODUÇÃO À PROBABILIDADE

Lógica Computacional Aulas 8 e 9

é uma proposição verdadeira. tal que: 2 n N k, Φ(n) = Φ(n + 1) é uma proposição verdadeira. com n N k, tal que:

Escola Secundária com 3º ciclo D. Dinis 12º Ano de Matemática A Tema I Probabilidades e Combinatória

COMBINATÓRIA ELEMENTAR BASEADO EM TOWNSEND (1987), CAP. 2

Axiomas da Geometria Diferencial: Incidência Axioma I 1 : Para todo ponto P e para todo ponto Q distinto de P, existe uma única reta l que passa por

Teorema (Teorema fundamental do homomorfismo)

COMBINATÓRIA ELEMENTAR BASEADO EM TOWNSEND (1987), CAP. 2 O QUE É COMBINATÓRIA

MATEMÁTICA MÓDULO 4 PROBABILIDADE

10 opções. 10 opções. 9 opções. 22 opções. 23 opções

Indu c ao Matem atica Indu c ao Matem atica T opicos Adicionais

Exemplos e Contra-Exemplos

MATEMÁTICA DISCRETA COMBINATÓRIA (1/4) Carlos Luz. EST Setúbal / IPS Março 2012

Os números primos de Fermat complementam os nossos números primos, vejamos: Fórmula Geral P = 2 = 5 = 13 = 17 = 29 = 37 = 41 = Fórmula Geral

MATEMÁTICA DISCRETA ARITMÉTICA RACIONAL (2/6) Carlos Luz. EST Setúbal / IPS Abril 2012

Resolução do EXAME da ÉPOCA de RECURSO

Faculdade de Computação

1 Congruências e aritmética modular

Teoria das Probabilidades

Os Elementos de Euclides (~300 ac)

Gabarito da lista de Exercícios sobre Técnicas de Demonstração

Princípio da Casa dos Pombos

Módulo de Métodos Sofisticados de Contagens. O princípio da casa dos pombos. Segundo ano

Posição relativa entre retas e círculos e distâncias

Mais Permutações e Combinações (grupo 2)

XXXIV OLIMPÍADA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA PRIMEIRA FASE NÍVEL 2 (8º. e 9º. anos) GABARITO

Processo de Amostragem

Princípios de contagem

XXI Olimpíada de Matemática do Estado do Rio Grande do Norte. Prova do Nível I Em 25/09/2010

MA21: Resolução de Problemas - segunda prova - gabarito. Problema 1 (Olimpíada turca de 1996; 2 pontos) Considere o polinomio:

Seja A um evento de um espaço amostral Ω finito, cujos elementos são igualmente prováveis. Define-se a probabilidade do evento A como

Demonstrações. Terminologia Métodos

Princípios de Contagem

MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL. ENQ Gabarito

ALGA I. Bases, coordenadas e dimensão

O Teorema de Radon-Nikodým

Departamento de Matemática da Universidade de Aveiro Matemática Discreta. A prova consta de 4 questões cada uma cotada com 5 valores.

Teoria das Probabilidades

Programa Olímpico de Treinamento. Aula 19. Curso de Combinatória - Nível 2. Miscelânea II. Prof. Bruno Holanda

Soluções dos exercícios propostos

OBMEP 2010 Soluções da prova da 2ª Fase Nível 2. Questão 1

Teoria das Probabilidades

1 Congruências de Grau Superior. Dado um polinômio f(x) Z[x] e um número natural n, vamos estudar condições para que a congruência. f(x) 0 (mod n).

Probabilidades- Teoria Elementar

Soluções da Lista de Exercícios Unidade 4

MA14 - Aritmética Unidade 1 Resumo. Divisibilidade

Aplicações das Técnicas Desenvolvidas. Soluções de Exercícios e Tópicos Relacionados a Combinatória. 2 a série E.M.

Conjuntos Contáveis e Não Contáveis / Contagem

Distribuições Amostrais

Segunda Lista de Exercícios/Solução do professor

ALGORITMO DE EUCLIDES

Ciclo 3 Encontro 2 PROBABILIDADE. Nível 3 PO: Márcio Reis 11º Programa de Iniciação Científica Jr.

6- Probabilidade e amostras: A distribuição das médias amostrais

Aritmética dos Restos. Problemas com Congruências. Tópicos Adicionais

Prog A B C A e B A e C B e C A,B e C Nenhum Pref

2.1 Sucessões. Convergência de sucessões

EXPERIMENTOS ALEATÓRIOS E ESPAÇOS AMOSTRAIS.

Probabilidades. Palavras como

Lista 8 de Análise Funcional - Doutorado 2018

Códigos perfeitos e sistemas de Steiner

Polos Olímpicos de Treinamento. Aula 6. Curso de Teoria dos Números - Nível 2. Congruências II. Prof. Samuel Feitosa

Capítulo 2. Conjuntos Infinitos

= 24. 2) Algarismos = {0,1,2,3,4,5,6,7,8,9} = 10 possibilidades (i) O número possui o seguinte formato: 1ªpos. 2ªpos. 3ªpos.

Referências e materiais complementares desse tópico

Aula 09 OS TEOREMAS DE SYLOW META. Estabelecer os teoremas de Sylow. OBJETIVOS. Identificar. Aplicar os teoremas de Sylow na resolução de problemas.

Prova 1 de SMA178 - Tópicos de matemática elementar Professor: Eugenio Massa 25/04/2006

Introdução à Teoria de Grupos Grupos cíclicos Grupos de permutações Isomorfismos

Soma de Quadrados. Faculdade de Matemática, UFU, MG

Polos Olímpicos de Treinamento. Aula 1. Curso de Teoria dos Números - Nível 2. Divisibilidade I. Samuel Barbosa Feitosa

1 Introdução à Combinatória Enumerativa: O Princípio de Inclusão-Exclusão

Números Naturais. MA12 - Unidade 1. Os Axiomas de Peano. O Axioma da Indução. Exemplo: uma demonstração por indução

Os Elementos de Euclides (~300 ac)

MATEMÁTICA 1 MÓDULO 2. Divisibilidade. Professor Matheus Secco

Capítulo Topologia e sucessões. 7.1 Considere o subconjunto de R 2 : D = {(x, y) : xy > 1}.

Módulo de Números Naturais. Números Naturais e Problemas de Contagem. 8 o ano

1. O que podemos dizer sobre a imagem da função. f : Z Z, f(x) = x 2 + x + 1?

Universidade Federal de Goiás Campus Catalão Departamento de Matemática Disciplina: Fundamentos de Análise

Olimpíadas Portuguesas de Matemática

Cursos de Licenciatura em Ensino de Matemática e de EGI Teoria de Probabilidade

Estatística e Modelos Probabilísticos - COE241

Combinatória: Dicas para escrever uma boa solução. Prof. Bruno Holanda Semana Olímpica 2010 São José do Rio Preto

Análise Complexa e Equações Diferenciais Guia 6 João Pedro Boavida. 19 a 28 de Outubro

INE Fundamentos de Matemática Discreta para a Computação

Semana Oĺımpica 2017

Elementos de Matemática Finita ( ) Exercícios resolvidos

Transcrição:

MATEMÁTICA DISCRETA COMBINATÓRIA (4/4) Carlos Luz EST Setúbal / IPS 25 31 Março 2012 Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 1 / 8

Princípio da Distribuição O princípio da distribuição (de Dirichelet) (conhecido por pigeonhole principle ou princípio da gaiola dos pombos numa tradução livre), segue uma loso a diferente dos príncipios de contagem examinados nas secções anteriores. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 2 / 8

Princípio da Distribuição O princípio da distribuição (de Dirichelet) (conhecido por pigeonhole principle ou princípio da gaiola dos pombos numa tradução livre), segue uma loso a diferente dos príncipios de contagem examinados nas secções anteriores. Enquanto que estes últimos permitem contar precisamente o número de objectos que satisfazem determinadas condições, o princípio da distribuição permite deduzir a existência de um determinado tipo de objectos com uma certa propriedade. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 2 / 8

Princípio da Distribuição O princípio da distribuição (de Dirichelet) (conhecido por pigeonhole principle ou princípio da gaiola dos pombos numa tradução livre), segue uma loso a diferente dos príncipios de contagem examinados nas secções anteriores. Enquanto que estes últimos permitem contar precisamente o número de objectos que satisfazem determinadas condições, o princípio da distribuição permite deduzir a existência de um determinado tipo de objectos com uma certa propriedade. Por exemplo, suponhamos que dispomos de 3 pombos para distribuir por duas gaiolas A e B. Os pombos podem ser distribuídos de acordo com uma das seguintes formas: 3 na gaiola A e 0 na gaiola B, 2 em A e 1 em B, 1 em A e 2 em B, ou 0 em A e 3 em B. Observe-se que, em qualquer caso, uma das gaiolas A ou B conterá pelo menos 2 pombos. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 2 / 8

Princípio da Distribuição O princípio da distribuição (de Dirichelet) (conhecido por pigeonhole principle ou princípio da gaiola dos pombos numa tradução livre), segue uma loso a diferente dos príncipios de contagem examinados nas secções anteriores. Enquanto que estes últimos permitem contar precisamente o número de objectos que satisfazem determinadas condições, o princípio da distribuição permite deduzir a existência de um determinado tipo de objectos com uma certa propriedade. Por exemplo, suponhamos que dispomos de 3 pombos para distribuir por duas gaiolas A e B. Os pombos podem ser distribuídos de acordo com uma das seguintes formas: 3 na gaiola A e 0 na gaiola B, 2 em A e 1 em B, 1 em A e 2 em B, ou 0 em A e 3 em B. Observe-se que, em qualquer caso, uma das gaiolas A ou B conterá pelo menos 2 pombos. Esta conclusão poderia ter sido obtida imediatamente por aplicação da chamada forma fraca do princípio da distribuição. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 2 / 8

Teorema (Princípio da Distribuição forma fraca) Sejam m e n números naturais. Se m n + 1 objectos são distribuídos por n caixas, então uma das caixas terá pelo menos dois objectos. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 3 / 8

Teorema (Princípio da Distribuição forma fraca) Sejam m e n números naturais. Se m n + 1 objectos são distribuídos por n caixas, então uma das caixas terá pelo menos dois objectos. Demonstração Suponhamos por absurdo que nenhuma das n caixas contém mais do que 1 objecto. Então cada caixa conterá quando muito 1 objecto, pelo que o número total de objectos nas n caixas é igual a n. Mas isto é absurdo, pois foram distribuídos m n + 1 objectos pelas n caixas. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 3 / 8

Teorema (Princípio da Distribuição forma fraca) Sejam m e n números naturais. Se m n + 1 objectos são distribuídos por n caixas, então uma das caixas terá pelo menos dois objectos. Demonstração Suponhamos por absurdo que nenhuma das n caixas contém mais do que 1 objecto. Então cada caixa conterá quando muito 1 objecto, pelo que o número total de objectos nas n caixas é igual a n. Mas isto é absurdo, pois foram distribuídos m n + 1 objectos pelas n caixas. Observação Uma demonstração alternativa do princípio da distribuição na forma fraca é a seguinte: seja f : N m! N n a função que associa a cada objecto a caixa correspondente; atendendo ao teorema 2.1, f não pode ser injectiva pois m > n; logo, existem objectos distintos x e y tais que f (x) = f (y), isto é, pelo menos dois objectos estão na mesma caixa. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 3 / 8

Exemplo Suponha-se que numa gaveta estão 10 meias pretas e 12 meias azuis. Se uma meia for retirada de cada vez, sem reposição, quantas terão que ser retiradas para garantir um par da mesma cor? Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 4 / 8

Exemplo Suponha-se que numa gaveta estão 10 meias pretas e 12 meias azuis. Se uma meia for retirada de cada vez, sem reposição, quantas terão que ser retiradas para garantir um par da mesma cor? Resolução: Podemos imaginar que as meias retiradas são objectos a distribuir por 2 caixas, correspondentes respectivamente às cores preto e azul. Então, pelo princípio da distribuição, para garantir duas meias da mesma cor (ou equivalentemente, uma caixa com 2 objectos) basta efectuar a distribuição de no mínimo 3 meias pelas 2 caixas (isto é, basta retirar da gaveta 3 meias). Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 4 / 8

Exemplo Suponha-se que numa gaveta estão 10 meias pretas e 12 meias azuis. Se uma meia for retirada de cada vez, sem reposição, quantas terão que ser retiradas para garantir um par da mesma cor? Resolução: Podemos imaginar que as meias retiradas são objectos a distribuir por 2 caixas, correspondentes respectivamente às cores preto e azul. Então, pelo princípio da distribuição, para garantir duas meias da mesma cor (ou equivalentemente, uma caixa com 2 objectos) basta efectuar a distribuição de no mínimo 3 meias pelas 2 caixas (isto é, basta retirar da gaveta 3 meias). Exemplo Nas mesmas condições do problema anterior, quantas terão que ser retiradas para garantir um par azul? Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 4 / 8

Exemplo Suponha-se que numa gaveta estão 10 meias pretas e 12 meias azuis. Se uma meia for retirada de cada vez, sem reposição, quantas terão que ser retiradas para garantir um par da mesma cor? Resolução: Podemos imaginar que as meias retiradas são objectos a distribuir por 2 caixas, correspondentes respectivamente às cores preto e azul. Então, pelo princípio da distribuição, para garantir duas meias da mesma cor (ou equivalentemente, uma caixa com 2 objectos) basta efectuar a distribuição de no mínimo 3 meias pelas 2 caixas (isto é, basta retirar da gaveta 3 meias). Exemplo Nas mesmas condições do problema anterior, quantas terão que ser retiradas para garantir um par azul? Resolução: No pior caso, os elementos da caixa que não corresponde à cor pretendida são seleccionados primeiro. Assim, sendo retiradas primeiro as 10 meias pretas, ca garantido pelo princípio da distribuição que no nal das duas tiragens seguintes existirá um par azul na respectiva caixa. À 12 a tiragem ca pois garantido um par de meias azul. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 4 / 8

Exemplo Mostrar que, dados quaisquer quatro números inteiros, existem dois deles cuja diferença é divisível por 3. Resolução: Vamos tomar para objectos os 4 inteiros e consideramos as seguintes 3 caixas : a caixa 0 para os inteiros divisíveis por 3, a caixa 1 para os inteiros que divididos por 3 dão resto 1 e a caixa 2 para os inteiros que divididos por 3 dão resto 2. Pelo princípio da distribuição, ao efectuar a distribuição dos 4 inteiros pelas três caixas, obtém-se uma caixa com dois inteiros. Se os dois inteiros estão na caixa i, com 0 i 2, podemos representá-los por 3x + i e 3y + i, onde x e y são inteiros. Então, 3 divide a diferença dos dois inteiros pois esta é igual a (3x + i) (3y + i) = 3(x y). Caixa 0 Caixa 1 Caixa 2 Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 5 / 8

Exemplo ( teorema da festa ) Mostrar que numa festa com n 2 pessoas, existem pelo menos duas que têm o mesmo número de conhecidos na festa. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 6 / 8

Exemplo ( teorema da festa ) Mostrar que numa festa com n 2 pessoas, existem pelo menos duas que têm o mesmo número de conhecidos na festa. Resolução: Seja f a função que associa a cada uma das pessoas o número de conhecidos presentes na festa; então 0 f (x) n 1, para qualquer x 2 N n, pelo que f (N n ) f0,..., n 1g. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 6 / 8

Exemplo ( teorema da festa ) Mostrar que numa festa com n 2 pessoas, existem pelo menos duas que têm o mesmo número de conhecidos na festa. Resolução: Seja f a função que associa a cada uma das pessoas o número de conhecidos presentes na festa; então 0 f (x) n 1, para qualquer x 2 N n, pelo que f (N n ) f0,..., n 1g. Ora, dados dois quaisquer convidados diferentes x e y, não se pode ter f (x) = 0 e f (y) = n 1 pois neste caso x não conheceria ninguém e y conheceria toda a gente, incluindo x. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 6 / 8

Exemplo ( teorema da festa ) Mostrar que numa festa com n 2 pessoas, existem pelo menos duas que têm o mesmo número de conhecidos na festa. Resolução: Seja f a função que associa a cada uma das pessoas o número de conhecidos presentes na festa; então 0 f (x) n 1, para qualquer x 2 N n, pelo que f (N n ) f0,..., n 1g. Ora, dados dois quaisquer convidados diferentes x e y, não se pode ter f (x) = 0 e f (y) = n 1 pois neste caso x não conheceria ninguém e y conheceria toda a gente, incluindo x. Assim, f (N n ) é um subconjunto de f0,..., n 1g com, no máximo, n 1 elementos. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 6 / 8

Exemplo ( teorema da festa ) Mostrar que numa festa com n 2 pessoas, existem pelo menos duas que têm o mesmo número de conhecidos na festa. Resolução: Seja f a função que associa a cada uma das pessoas o número de conhecidos presentes na festa; então 0 f (x) n 1, para qualquer x 2 N n, pelo que f (N n ) f0,..., n 1g. Ora, dados dois quaisquer convidados diferentes x e y, não se pode ter f (x) = 0 e f (y) = n 1 pois neste caso x não conheceria ninguém e y conheceria toda a gente, incluindo x. Assim, f (N n ) é um subconjunto de f0,..., n 1g com, no máximo, n 1 elementos. Podemos agora pensar na distribuição dos n objectos f (1), f (2),..., f (n) pelas n 1 caixas, cada uma delas correspondente a um elemento de f (N n ). Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 6 / 8

Exemplo ( teorema da festa ) Mostrar que numa festa com n 2 pessoas, existem pelo menos duas que têm o mesmo número de conhecidos na festa. Resolução: Seja f a função que associa a cada uma das pessoas o número de conhecidos presentes na festa; então 0 f (x) n 1, para qualquer x 2 N n, pelo que f (N n ) f0,..., n 1g. Ora, dados dois quaisquer convidados diferentes x e y, não se pode ter f (x) = 0 e f (y) = n 1 pois neste caso x não conheceria ninguém e y conheceria toda a gente, incluindo x. Assim, f (N n ) é um subconjunto de f0,..., n 1g com, no máximo, n 1 elementos. Podemos agora pensar na distribuição dos n objectos f (1), f (2),..., f (n) pelas n 1 caixas, cada uma delas correspondente a um elemento de f (N n ). Pelo princípio da distribuição, dois daqueles objectos, digamos f (i) e f (j), estarão na mesma caixa sendo portanto iguais. Isto é, f (i) = f (j), pelo que os convidados i e j têm o mesmo número de conhecidos na festa. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 6 / 8

Teorema (Princípio da Distribuição forma forte) Sejam m, n e k números naturais. Se m nk + 1 objectos são distribuídos por n caixas, uma das caixas terá pelo menos k + 1 objectos. A desigualdade não pode ser enfraquecida. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 7 / 8

Teorema (Princípio da Distribuição forma forte) Sejam m, n e k números naturais. Se m nk + 1 objectos são distribuídos por n caixas, uma das caixas terá pelo menos k + 1 objectos. A desigualdade não pode ser enfraquecida. Demonstração Suponha-se que existem, no máximo, k objectos em cada caixa; então existem no máximo nk objectos no total, o que contraria a hipótese de terem sido distribuídos m nk + 1 objectos pelas n caixas. Por outro lado, dados m objectos tais que m nk, é sempre possível distribuí-los por n caixas, cada uma com k objectos no máximo; isto mostra que a desigualdade não pode ser enfraquecida. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 7 / 8

Teorema (Princípio da Distribuição forma forte) Sejam m, n e k números naturais. Se m nk + 1 objectos são distribuídos por n caixas, uma das caixas terá pelo menos k + 1 objectos. A desigualdade não pode ser enfraquecida. Demonstração Suponha-se que existem, no máximo, k objectos em cada caixa; então existem no máximo nk objectos no total, o que contraria a hipótese de terem sido distribuídos m nk + 1 objectos pelas n caixas. Por outro lado, dados m objectos tais que m nk, é sempre possível distribuí-los por n caixas, cada uma com k objectos no máximo; isto mostra que a desigualdade não pode ser enfraquecida. Observação A forma fraca do princípio é implicada pela forma forte pois, dados m objectos e n caixas, se m n + 1, considerando k = 1, tem-se m n k + 1, donde, pela forma forte, uma das caixas terá pelo menos k + 1 = 2 objectos. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 7 / 8

Problema Dado um baralho com 52 cartas, retirando, sem reposição, uma carta de cada vez, quantas é necessário retirar para garantir que se tenham três cartas do mesmo naipe? Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 8 / 8

Problema Dado um baralho com 52 cartas, retirando, sem reposição, uma carta de cada vez, quantas é necessário retirar para garantir que se tenham três cartas do mesmo naipe? Resolução: Tratemos as cartas como objectos e consideremos que, ao serem retiradas do baralho, as cartas são distribuídas por n = 4 caixas, cada uma correspondendo a cada naipe. A forma forte garante então que uma das caixas terá pelo menos k + 1 = 3 objectos (isto é, 3 cartas do mesmo naipe) desde que sejam retiradas do baralho m nk + 1 = 4 2 + 1 = 9 cartas. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 8 / 8

Problema Dado um baralho com 52 cartas, retirando, sem reposição, uma carta de cada vez, quantas é necessário retirar para garantir que se tenham três cartas do mesmo naipe? Resolução: Tratemos as cartas como objectos e consideremos que, ao serem retiradas do baralho, as cartas são distribuídas por n = 4 caixas, cada uma correspondendo a cada naipe. A forma forte garante então que uma das caixas terá pelo menos k + 1 = 3 objectos (isto é, 3 cartas do mesmo naipe) desde que sejam retiradas do baralho m nk + 1 = 4 2 + 1 = 9 cartas. Exemplo Qual o número mínimo de empregados que uma empresa deve ter para assegurar que haja três empregados que fazem anos no mesmo dia? Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 8 / 8

Problema Dado um baralho com 52 cartas, retirando, sem reposição, uma carta de cada vez, quantas é necessário retirar para garantir que se tenham três cartas do mesmo naipe? Resolução: Tratemos as cartas como objectos e consideremos que, ao serem retiradas do baralho, as cartas são distribuídas por n = 4 caixas, cada uma correspondendo a cada naipe. A forma forte garante então que uma das caixas terá pelo menos k + 1 = 3 objectos (isto é, 3 cartas do mesmo naipe) desde que sejam retiradas do baralho m nk + 1 = 4 2 + 1 = 9 cartas. Exemplo Qual o número mínimo de empregados que uma empresa deve ter para assegurar que haja três empregados que fazem anos no mesmo dia? Resolução: Teremos de distribuir m empregados por n = 365 dias de maneira que um dos dias tenha pelo menos k + 1 = 3 empregados. Pela forma forte do princípio da distribuição, a ocorrência desta situação ca garantida desde que m nk + 1 = 365 2 + 1 = 731, isto é, se a empresa tiver no mínimo 731 empregados. Carlos Luz (EST Setúbal / IPS) Combinatória (4/4) 25 31 Março 2012 8 / 8