PºR P. 59/2008 SJC-CT

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Transcrição:

PºR P. 59/2008 SJC-CT Registo provisório de aquisição (artigo 92º, nº1, alínea g), e nº4, do CRP) - averbamento de ampliação do prazo para a realização do contrato prometido após o registo de penhora em que figura como executado o promitente alienante. DELIBERAÇÃO Relatório 1. A coberto da ap.38/250106 foi efectuado a favor do.sa o registo provisório por natureza (artigo 92º, nº1, alínea g), do Código do Registo Predial) inscrição G-3 - de aquisição do prédio nº00358/041192, da freguesia de Amiais de Baixo, com base em contrato-promessa de dação em cumprimento, outorgado com Limitada, titular inscrito, no qual se fixava como prazo para a realização do contrato prometido 1 ano a contar de 3 de Janeiro de 2006. 1.1. Sobre o mesmo prédio veio, mais tarde, a ser registada uma penhora ap.24/07052007- que, porém, se inscreveu como provisória por natureza (artigo 92º, nº2, alínea b), do Código do Registo Predial) em virtude de figurar como executada a promitente alienante e de subsistir aquela inscrição provisória de aquisição, entretanto mantida em vigência ao abrigo do disposto no artigo 92º, nº4, do Código do Registo Predial 1. 1 Não obstante se ter omitido a data em que foi efectuado o registo provisório de aquisição (artigo 92º, nº1, alínea g) do CRP), o que faria presumir ter sido lavrado dentro do prazo legal de 15 dias previsto no artigo 75º, nº1, do CRP, retira-se dos documentos juntos aos autos que aquele terá sido efectuado fora do prazo, mais precisamente em 18.05.2006 data do despacho de provisoriedade por dúvidas a que o registo também esteve inicialmente subordinado. Assim, tendo presente o entendimento firmado por este Conselho no Pº R.P. 317/2002 DSJ-CT, o prazo de vigência do registo provisório por natureza (92º, nº1, alínea g) do CRP) a que se referem os autos terá começado a contar naquela data de 18.05.2006, sendo que, por força das três renovações entretanto operadas a coberto do disposto no artigo 92º, nº4, do CRP e tendo em conta o prazo para a realização do contrato prometido acordado no contrato-promessa 1 ano a contar de 03.01.2006-, a inscrição estará vigente até 21.05.2008 (primeira renovação: de 19.11.2006 a 19.05.2007; 1

2. Pela ap.51/20080118, o...sa, ora recorrente, vem pedir que da inscrição provisória de aquisição a seu favor passe a constar, por averbamento, a prorrogação do prazo convencionado para a realização do contrato prometido 3 anos a contar de 3 de Janeiro de 2006-, conforme o aditamento efectuado ao contrato-promessa de dação em cumprimento celebrado em 17 de Janeiro de 2008, sendo que, na mesma requisição e pela apresentação seguinte, requer também a renovação daquela inscrição G-3, agora ao abrigo da ampliação do prazo para a realização do contrato de dação em cumprimento. 3. Os registos, quer o do averbamento de prorrogação do prazo para a realização do contrato definitivo, quer o de renovação de registo, foram recusados, o primeiro por contender com o registo de penhora, em que é executado o promitente alienante, e o segundo por não se encontrar verificado o pressuposto previsto no nº4 do artigo 92º do CRP, dado que já decorreu um ano sobre o termo do prazo fixado para a celebração do contrato prometido 03.01.2007 - sendo o aditamento ao contrato de 17 de Janeiro de 2008. 4. Da decisão de recusa vem interposto o presente recurso hierárquico, no qual se dá conta que: - Na sequência da qualificação do registo de penhora como provisório por natureza (92º, nº2, alínea b), do CRP), o juiz do processo desencadeou o mecanismo de suprimento a que se refere o artigo 119º do CRP, que culminou com o envio dos interessados para os meios processuais comuns e a expedição de ofício à Conservatória, a qual, todavia, não procedeu à anotação a que se refere o artigo 119º, nº4, do CRP. E se aduz que: - As partes foram forçadas à celebração de um aditamento ao contrato-promessa, para ampliação do prazo fixado para realização do contrato definitivo, por razões alheias à sua vontade, designadamente por se encontrarem a aguardar o deferimento do pedido de isenção de IMT que deve preceder o acto translativo; segunda renovação: de 20.05.2007 a 20.11.2007; terceira renovação: de 21.11.2007 a 21.05.2008). 2

- O princípio da liberdade contratual acolhe a alteração parcial do contrato-promessa a que se referem os autos; - O registo de aquisição encontrava-se em vigor à data da apresentação dos registos recusados pelo que importará ter em conta a existência de dois prazos distintos um que respeita à realização do contrato definitivo e outro que regula o registo. 5. Considerando que, no despacho a que se refere o artigo 142º, nº3, do CRP, foi sustentada a recusa, reiterando-se os fundamentos contidos no despacho de qualificação, e que o processo é o próprio, a impugnação é tempestiva e o recorrente tem legitimidade, passamos à apreciação do mérito do recurso que se expressa na seguinte DELIBERAÇÃO I- Deve ser admitido a registo o averbamento à inscrição de aquisição baseada em contrato-promessa de alienação que se destine a publicitar o prazo para a realização do contrato prometido estipulado em convenção posterior ao contrato-promessa ou a sua alteração, mediante a redução ou a prorrogação do prazo inicial ou a fixação de um novo prazo 2. II- Quando este averbamento determine a ampliação da «substância da inscrição», nomeadamente, por dele resultar a possibilidade de prorrogação dos efeitos do registo para além do prazo inicialmente previsto 3, demanda o princípio da legalidade que 2 Sobre a relevância da menção do prazo para a celebração do contrato prometido no registo, enquanto pressuposto ou condição temporal da sua renovação, cfr. o parecer proferido no Pº nº R.P. 140/2001 DSJ-CT, publicado no BRN nº2/2002, cuja fundamentação aqui se dá por reproduzida. 3 Pese embora a discussão que na doutrina e na jurisprudência se tem gerado em torno do valor do registo provisório de aquisição, nomeadamente dos seus efeitos substantivos, a perspectiva defendida em diversos pareceres do Conselho Técnico, de que são exemplo 3

na apreciação da viabilidade do respectivo pedido se tenha especialmente em conta a existência de registos anteriores em relação ao quais o mesmo seja ineficaz 4 ou inoponível ou que, por incompatibilidade absoluta, determinem a sua exclusão 5. os proferidos no Pº nº 101/96 R.P. 4, publicado no BRN 7/97, e no Pº R.P. 148/98 DSJ- CT, publicado no BRN 5/99, tem apontado no sentido de que o registo provisório corresponde a uma «reserva de lugar» ou de prioridade que, relativamente ao futuro adquirente, funciona como um «escudo» de pré-protecção contra a inscrição de factos jurídicos incompatíveis com o direito cuja transferência a seu favor se vai operar com o contrato futuro, o que, sem negar o princípio da consensualidade a que se refere o artigo 408º do Código Civil, equivale a dizer que, dentro do registo, a declaração de intenção de alienar inserta no contrato-promessa permite ganhar uma oponibilidade em relação a terceiros que se poderá manter enquanto os efeitos da inscrição provisória não vierem a extinguir-se por caducidade ou cancelamento e se logrará consolidar com a conversão em definitivo do registo, agora sustentada no contrato definitivo. Ora, tendo em conta os efeitos substantivos do registo provisório de aquisição e dando-se por assente que do extracto da inscrição devem constar os pressupostos temporais de renovação do registo, de forma a tornar cognoscível o período durante o qual é admitida às partes a exteriorização de vontade no sentido daquela renovação e, desse modo, o alcance temporal daqueles efeitos, as mesmas razões de transparência e de confiança na informação registral impõem que ao registo possam aceder também quaisquer modificações daqueles pressupostos, nomeadamente, a prorrogação do prazo para cumprimento da obrigação de contratar. Questão complexa é, todavia, a de saber se um pacto modificativo do contrato-promessa de que resulte uma prorrogação ou uma dilatação do prazo para contratar implica a feitura de uma inscrição adicional, exclusivamente destinada a publicitar aquela alteração, ou a realização de uma nova inscrição provisória do facto aquisitivo, logo, o «abandono» do registo anteriormente lavrado e um recomeço de oponibilidade do direito por adquirir em relação a terceiros a partir da data em que nas tábuas passe a figurar uma nova inscrição de aquisição provisória, ou se, ao invés, o novo prazo, como alteração que é do conteúdo da inscrição provisória de aquisição, se deve admitir a registo por simples averbamento, contanto que possa conviver com os direitos de terceiros entretanto inscritos. Partindo do disposto no artigo 100º, nº2, do CRP, diríamos que esta alteração contratual demandaria, pelo menos, uma inscrição adicional, posto estar em causa a redefinição da moldura de vigência da inscrição e, nessa medida, do alcance temporal dos efeitos substantivos do registo provisório. Todavia, se tivermos em conta que, apesar da alteração da substância da inscrição, não se trata aqui de um facto novo autonomamente sujeito a registo face ao elenco do artigo 2º do CRP e que, no actual Código, se clarificou e delimitou o âmbito da expressão «substância da inscrição», utilizada no Código de 1967, no sentido de se considerar apenas o facto que amplie o objecto ou os direitos e os ónus ou encargos definidos na inscrição (cfr. Isabel Pereira Mendes, Código do Registo 4

Predial Anotado, pág. 309), somos forçados a concluir que a razão de ser daquela norma legal não se dirige tanto à ampliação da substância da inscrição que se apresente como modificação reportada às condições objectivas de renovação da inscrição, quanto aos factos que traduzam vicissitudes do próprio direito inscrito, quer quanto ao sujeito, quer quanto ao objecto ou à posição jurídica do seu titular. Por outro lado, como se salientou no parecer proferido no Pº nº R.P. 140/2001 DSJ-CT, atrás referido, não deixa de ser relevante o facto do averbamento, tal como uma inscrição adicional ou uma nova inscrição, só poder produzir efeitos, em relação a terceiros, a partir da sua data, pesando, também aqui, o princípio da prioridade e a salvaguarda dos direitos entretanto inscritos. 4 Se, na verdade, tivermos em consideração que o prazo fixado pelas partes para a realização do contrato prometido concorre, com a dilação de um ano e o consentimento das partes, para a definição da moldura temporal de vigência do registo provisório de aquisição, isto é, para a delimitação da vigência no tempo da «reserva de lugar» ou da protecção pré-tabular que o registo provisório concede artigos 6º, 11º e 92º, nº4, do CRP -, torna-se evidente que a modificação daquele prazo que se traduza numa pendência da obrigação de contratar para além do período inicialmente estipulado acarreta também, no plano tabular, um prolongamento dos efeitos substantivos do registo provisório para além do período de vigência anteriormente patenteado que, obviamente, não poderá ser oponível a terceiros titulares de direitos incompatíveis que entretanto obtiveram o registo, ainda que provisório por natureza (92º, nº2, alínea b), do CRP) Por conseguinte, quer a publicitação do novo prazo para contratar, ou a sua prorrogação, se faça constar por averbamento, quer ingresse por inscrição adicional, sempre se terá de atentar nos direitos entretanto inscritos, reflectindo em sede de qualificação de que modo se podem compatibilizar os diversos interesses em jogo e os efeitos de cada um dos registos envolvidos ou, se for o caso, aqueles que por via da sua prevalência poderão privar do registo aquela modificação contratual, como, de resto, se sugere no ponto 1.6. e na conclusão VI do mencionado no Pº R.P. 140/2001. É precisamente essa ponderação que urge aplicar no caso em apreço, porquanto, se ali, no dito processo, não estavam em tabela quaisquer direitos entretanto inscritos ou, sequer, uma ampliação do prazo para a realização do contrato prometido, aqui, nestes autos, o que há é tudo isso, ou seja, a convenção de prorrogação do prazo para a realização do contrato prometido e, de permeio, um registo de penhora em processo movido contra o promitente alienante. Compulsando a ficha de registo, encontramos um quadro factual que se pode reduzir no seguinte esquema: G-2 Aquisição a favor de A (promitente alienante) G-3*- Ap. 38/250106 Aquisição a favor de B (provisória por natureza, 92º, nº1, alínea g) e nº4, do CRP). Prazo para a realização do contrato: 1 ano a contar de 03.01.2006. F-1 Ap.24/07052007 -Penhora (provisória por natureza, 92º, nº2, alínea b), do CRP). Executado: A. * Com as renovações referidas na nota 1). 5

Atendendo a que, no momento em que o registo de penhora se instalou nas tábuas, os pressupostos temporais de renovação da inscrição de aquisição não permitiam ir além do prazo fixado para a realização do contrato prometido acrescido de 1 ano, a pergunta que agora se coloca é a de saber se este registo de penhora, entretanto inscrito, obstará ao registo da ampliação daqueles pressupostos temporais de renovação. Vejamos. Não obstante estarem em causa inscrições incompatíveis, a instabilidade tabular da inscrição G-3, ainda provisória por natureza e, por isso, desprovida da presunção de titularidade a que alude o artigo 7º do CRP, determinou que o registo de penhora tivesse sido lavrado como provisório por natureza (92º, nº2, alínea b) do CRP) e que, portanto, ficasse a aguardar o desfecho daquela inscrição de aquisição para, só então, se definir a sequência linear e contínua dos factos inscritos e, nessa altura, se apurar se a penhora se funda, ou não, no registo de aquisição em vigor artigo 34º, nº2, conjugado com o artigo 119º do CRP; Sucedendo, assim, que a penhora poderia ser convertida em definitivo se a inscrição G-3 viesse a caducar, verificando-se cumprido o trato sucessivo pela intervenção no processo executivo do promitente alienante, titular único e definitivamente inscrito, ou, ao contrário, no caso de conversão em definitivo daquela inscrição G-3, poderia vir a ser requalificada para provisória por natureza (92º, nº2, alínea a) do CRP); isto porque o sujeito activo da inscrição de aquisição convertida passa, então, a beneficiar da presunção iuris tantum a que se refere o artigo 7º do CRP sendo, nessa altura, o titular cuja intervenção importaria assegurar para efeitos do disposto no artigo 34º, nº2, do CRP, ou a quem importaria citar nos termos do nº1 do artigo 119º do CRP (disposição legal que prevê e regula um mecanismo destinado a conciliar os interesses legítimos dos credores e os interesses do titular registral não executado e que permite àqueles executar os bens dos seus devedores sem necessidade de previamente actualizar o registo e a este um meio barato e expedito de reagir, para além dos tradicionais embargos de terceiro e da tradicional acção de reivindicação (cfr., sobre o fundamento do artigo 119º do CRP, Mónica Jardim, anotação ao Ac. do STJ de 12.2.2004, Cadernos de Direito Privado 9, págs. 23 e seguintes)). Todavia, em relação ao exequente, é o momento da apresentação do registo da penhora que «marca» a relevância do anterior registo provisório de aquisição artigo 68º do CRP, concretamente, do seu conteúdo, da sua prioridade e, por consequência, do seu regime de caducidade face às condições temporais de renovação insertas no extracto da inscrição respectiva, e, por isso, tudo quanto venha a figurar nas tábuas após o registo da penhora, nomeadamente a ampliação do prazo para realização do contrato prometido convencionada entre o executado e o sujeito activo daquele registo provisório de aquisição, não pode ser senão ineficaz ou inoponível em relação ao exequente, seja por força do disposto nos artigos 819º do Código Civil e 5º do CRP (actos do executado posteriores à penhora registada), seja por via do disposto nos artigos 5º e 6º do CRP (actos do executado anteriores à penhora mas registados depois dela), sem prejuízo do disposto no artigo 34º, nº2, 2ª parte, do CRP. 6

Assim, tal como a alienação ou a oneração do bem após o registo da penhora é ineficaz em relação ao exequente, também o pacto modificativo do contrato-promessa celebrado após o registo da penhora lhe é inoponível, donde, a prioridade do registo provisório de aquisição prevalece, em relação à penhora, enquanto se verificarem os pressupostos iniciais de renovação, ou seja, enquanto o registo puder ser renovado ao abrigo do prazo inicial do contrato-promessa, mas tem necessariamente de ceder quando, esgotadas as renovações ao abrigo do período temporal inicialmente previsto, a inscrição respectiva não se mostrar convertida em definitiva. Com efeito, se, no plano substantivo, o direito de propriedade a favor de pessoa diversa do devedor pode conviver com a penhora, quer por via da vinculação dos bens à garantia do crédito (artigo 818º do Código Civil), quer por força da ineficácia relativa dos actos de disposição dos bens penhorados (artigo 819º do Código Civil), também no plano tabular se admite essa compatibilidade, uma vez observado o princípio do trato sucessivo (artigo 34º, nº2, do CRP) que, como se sabe, encontra o seu fundamento nos princípio da prioridade (artigo 6º do CRP) e na presunção derivada do registo (artigo 7º do CRP). O mesmo se deve passar com o registo de ampliação do prazo do contrato-promessa, que pode ingressar nas tábuas apesar do registo da penhora, porém, com ineficácia em relação ao exequente. Vale isto por dizer que, se o registo provisório de aquisição não lograr obter a conversão antes de terminado o prazo de caducidade que era possível perspectivar no momento do registo da penhora, em relação ao exequente, tudo se passa como se o registo provisório de aquisição não existisse nas tábuas à data do registo da penhora, dando-se, a partir daí, como removido o obstáculo a conversão deste registo em definitivo. Concluindo, em relação à penhora, o registo provisório de aquisição passar a ocupar a prioridade definida pelo averbamento de prorrogação do prazo para o contrato definitivo e, por isso, aquela inscrição de garantia passa a prevalecer. Logo, o que, verdadeiramente, importará, quanto a nós, preservar é que quaisquer modificações no registo provisório de aquisição se não venham a reflectir em oponibilidade em relação ao exequente e que, portanto, baste o confronto entre o conteúdo inicial da inscrição provisória de aquisição, a prioridade do registo da penhora e a prioridade do averbamento de prorrogação do prazo do contrato-promessa para determinar que: - Os efeitos do registo provisório de aquisição possam ser oponíveis ao exequente enquanto aquela inscrição se mantiver em vigor ao abrigo dos pressupostos iniciais de renovação; E que: - A falta de conversão da inscrição provisória de aquisição dentro do prazo de vigência delimitado por aqueles pressupostos iniciais de renovação tenha como efeito a conversão em definitivo da inscrição de penhora registada como provisória por natureza (92º, nº2, alínea b) do CRP), tudo se passando, em relação ao exequente, como se o averbamento de ampliação do prazo do contrato-promessa não tivesse ingressado nas tábuas e, verdadeiramente, como se a inscrição de aquisição tivesse caducado. 7

Obviamente, o reflexo nas tábuas destas consequências pressupõe que do averbamento de prorrogação do prazo do contrato-promessa e dos subsequentes averbamentos de renovação da inscrição provisória de aquisição resulte com clareza a sua ineficácia em relação ao exequente, sendo certo que, se a penhora não é óbice àquele averbamento, mas apenas à plenitude dos seus efeitos, pelas mesmas razões e com o mesmo alcance, também não será motivo para recusa dos averbamentos de renovação do prazo do registo provisório de aquisição que se abriguem nos pressupostos temporais de renovação que aquele prazo do contrato-promessa agora permite. 5 Apesar de não estar em tabela nos autos, julgamos, ainda assim, de utilidade completar o raciocínio que vem sendo feito acerca da registabilidade da prorrogação do prazo da obrigação de contratar na vigência do registo provisório de aquisição (artigo 92º, nº1, alínea g), e nº4) do CRP), pondo em perspectiva a existência de outro tipo de direitos entretanto inscritos, como, por exemplo, a aquisição do direito de propriedade ou uma hipoteca voluntária em que surja como sujeito passivo o promitente alienante. Começando pela hipoteca voluntária, figuremos o seguinte exemplo: G-1 Aquisição a favor de A (promitente alienante) G-2- Ap. 10/20020301 Aquisição a favor de B (provisória por natureza, 92º, nº1, alínea g), e nº4, do CRP). Prazo para a realização do contrato: 1 ano a contar de 01.01.2002. C-1 Ap.11/20020401 Hipoteca voluntária (provisória por natureza, 92º, nº2, alínea b) do CRP). Sujeito passivo: A. Tal como no caso dos autos, o direito real de garantia entretanto publicitado contenderia com o averbamento de prorrogação do prazo para realização do contrato prometido na justa medida em que, traduzindo-se este numa ampliação dos pressupostos temporais de renovação da inscrição provisória de aquisição oponível em relação a terceiros a partir da data da apresentação respectiva, quaisquer renovações que pudessem vir a ocorrer ao abrigo do prazo aditado não seriam susceptíveis de prejudicar o credor anteriormente inscrito. Ou seja, por força do princípio da prioridade a que se refere o artigo 6º do CRP, ao credor seria oponível o prazo de caducidade do registo provisório de aquisição que coubesse nos pressupostos temporais de renovação mencionados nesta inscrição à data da apresentação do registo de hipoteca voluntária, mas já não o prolongamento do prazo de caducidade que pudesse vir a ocorrer ao abrigo da prorrogação do prazo para realização do contrato prometido. Também aqui, apenas o conteúdo da inscrição provisória de aquisição patenteado nas tábuas ao tempo do registo da hipoteca voluntária poderia ser oponível ao credor, donde, a falta de conversão daquela inscrição dentro do prazo de vigência expectável à data da apresentação da hipoteca voluntária deveria redundar, igualmente, na remoção do obstáculo à definitividade desta, passando o registo provisório de aquisição a ocupar, em 8

relação ao credor, a posição ou prioridade correspondente ao dito averbamento de prorrogação do prazo do contrato-promessa. Na verdade, a pré-existência do registo de hipoteca voluntária não é de molde a inviabilizar o averbamento de prorrogação do prazo do contrato-promessa, assim como não seria susceptível de impedir um ulterior registo de aquisição a favor de pessoa diversa do seu autor, pela simples razão de que, face ao princípio da compatibilidade ou da exclusão ligado ao lado interno dos direitos reais, o género e função do direito em causa não colide com a substância do direito de propriedade, mas apenas tem a aptidão de comprimir as suas utilidades ou faculdades (cfr. Orlando de Carvalho, Direito das Coisas, págs.226/241). Sendo que, relativamente ao princípio do trato sucessivo, a partir do momento em que o registo provisório de aquisição deixe de ser oponível ao credor do promitente alienante, designadamente, por não se ter verificado a conversão deste registo dentro do prazo de caducidade permitido pelas condições temporais de renovação existentes à data do registo da hipoteca voluntária já titulada, têm-se por reunidas as condições de observância do disposto no artigo 34º, nº2, do CRP, pois, talvez possamos dizer, a hipoteca voluntária «salta por cima» da inscrição provisória de aquisição e passa a prevalecer sobre esta sem, contudo, determinar a sua caducidade ou, sequer, precisar de inviabilizar o averbamento de prorrogação de prazo que permite a sua subsistência e que, de todo o modo, apenas é oponível em relação a outros terceiros (àqueles que não tiverem registo anterior ao dito averbamento). Resumindo, se o registo provisório de aquisição for convertido ao abrigo das condições temporais de renovação existentes à data do registo da hipoteca voluntária, este caduca por força do disposto no artigo 92º, nº6, do CRP, mas se, ao invés, o registo provisório de aquisição se mantiver para além daquele prazo inicial, designadamente, por via de um averbamento de prorrogação do prazo para realização do contrato prometido efectuado após o registo de hipoteca voluntária constituída pelo promitente alienante, em relação ao credor, aquele registo provisório de aquisição passa a ocupar a posição tabular correspondente ao averbamento de prorrogação que o sustenta e, portanto, após a sua conversão, o direito de propriedade (direito real mais amplo) correspondente, terá de suportar o registo de hipoteca voluntária (direito real de conteúdo menor) primeiramente inscrito (artigo 6º do CRP). Na hipótese de ter ocorrido uma transmissão da propriedade a favor de pessoa diferente do promitente adquirente, em que o quadro factual fosse, por exemplo, o seguinte: G-1 Aquisição a favor de A (promitente alienante) G-2- Ap. 10/20020301 Aquisição a favor de B (provisória por natureza, 92º, nº1, alínea g), e nº4, do CRP). Prazo para a realização do contrato: 1 ano a contar de 01.01.2002. G-3 Ap.11/20020401 - Aquisição a favor de C (provisória por natureza, 92º, nº2, alínea b) do CRP). Sujeito passivo: A. 9

III- Se, na sequência da qualificação como provisório por natureza (artigo 92º nº2, alínea b) do CRP) do registo de penhora, em que seja executado o promitente alienante, for judicialmente desencadeado o mecanismo de suprimento previsto no artigo 119º do CRP, há que dar cumprimento ao disposto neste preceito legal, convertendo oficiosamente o registo se o titular provisoriamente inscrito declarar que os bens lhe não pertencem ou não fizer nenhuma declaração, ou anotando no registo a data da notificação ao exequente da declaração do citado no sentido de que os bens lhe pertencem, requalificando-se, previamente, o registo da penhora para provisório por natureza ( 92º, nº2, a) do CRP) 6. A incompatibilidade absoluta entre a inscrição G-3 e o alongamento das condições temporais de vigência da inscrição G-2 seria evidente, desde logo, por estarem em causa direitos do mesmo grau e espessura que, obviamente, se excluem; dentro dos limites da lei, a propriedade traduz-se na soberania ou domínio pleno do objecto, em relação ao qual o seu titular dispõe de uma espécie de poder omnímodo (Henrique Mesquita, Direitos Reais, pág. 135). Com efeito, não sendo conciliável nas tábuas, assim como no direito substantivo, a coexistência de dois direitos de propriedade sobre o mesmo objecto (a não ser que se limitem reciprocamente como, para alguns autores, no caso da compropriedade), a vigência da inscrição G-3, apenas dependente da «sorte» da inscrição G-2, determinaria que esta apenas pudesse subsistir dentro do prazo de caducidade permitido pelas condições temporais de renovação patenteadas no seu extracto, não recolhendo qualquer relevância ou utilidade a publicitação do pacto modificativo do prazo para realização do contrato definitivo, desde logo, porque a inversão de prioridade que daí pudesse advir não lograria a conciliação entre direitos e o reatamento do trato sucessivo atrás propostos pela simples razão de estarem em causa direitos da mesma espessura que colidem entre si e que, obviamente, se excluem (a propriedade não onera a propriedade, pois necessariamente colide com a subsistência desta última; o que ela pode é eventualmente substitui-la, como acontece na usucapião ou por efeito do registo - Orlando Carvalho, ob. cit. pág. 233). Por conseguinte, a ponderação do registo de aquisição inscrição G-3 entretanto inscrito determinaria, em sede de qualificação do pedido de ampliação da substância da inscrição G-2, a sua negação ou recusa motivada pela exclusão ou incompatibilidade absoluta entre os direitos em causa. 6 Considerando que, na decisão recorrida, o que relevou, para efeitos da qualificação minguante, foi precisamente a existência do registo de penhora, parece-nos que também sobre a factualidade estritamente ligada à vida deste registo convirá deixar nota, que, todavia, se ressalva do objecto do recurso, porquanto, neste, apenas se encontra em 10

tabela a qualificação dos averbamentos de prorrogação do prazo do contrato-promessa e de renovação da inscrição provisória de aquisição atrás referidos. Assim, retira-se das alegações produzidas em sede de recurso e dos documentos juntos aos autos pela conservatória recorrida que, apesar da inscrição de penhora inscrição F- 1 ter sido efectuada como provisória por natureza (artigo 92º, nº2, alínea b) do CRP) por incompatibilidade com a inscrição G-3, lavrada como provisória por natureza (92º, nº1, alínea g) do CRP), o juiz do processo de execução respectivo entendeu dever desencadear, desde logo, o procedimento previsto no artigo 119º do CRP, mandando citar o titular provisoriamente inscrito, o ora recorrente, para produzir declaração sobre se o prédio lhe pertence, e, ponderando a resposta produzida pelo citado, decidiu dar cumprimento ao disposto no nº4 do referido artigo 119º, remetendo os interessados para os meios processuais comuns e mandando expedir certidão do facto, com a data da notificação da declaração, para ser anotada ao registo; Mais se retira dos autos que aquela certidão foi recebida na conservatória mas que a anotação prevista no artigo 119º, nº4, do CRP não veio a ser levada às tábuas por se ter entendido, face à qualificação do registo de penhora como provisório por natureza (92º, nº2, alínea b) do CRP), que à mesma não havia lugar (cfr. o ofício-resposta remetido ao tribunal competente pela conservatória recorrida em 07.12.2007). Começando pela qualificação do registo de penhora como provisório por natureza (92º, nº2, alínea b) do CRP), por se encontrar pendente um registo provisório de aquisição a favor de pessoa diversa do executado, é justo sublinhar que a mesma encontra apoio pleno no entendimento proposto, por exemplo, no Pº R.P. 210/2001 DSJ-CT, publicado no BRN 8/2002, no Pº R.P. 90/2003 DSJ-CT, publicado no BRN 10/2003, e no Pº R.P. 124/2003 DSJ-CT, publicado no BRN 2/2004, nos quais se entendeu de sobrestar a provisoriedade por natureza (92º, nº2, alínea a) do CRP) atentando, sobretudo, na posição do titular do registo provisório de aquisição que, precisamente por não ser ainda um proprietário definitivamente inscrito, em face do desencadeamento prematuro do mecanismo de suprimento previsto no artigo 119º do CRP e perante a impossibilidade de declarar que o bem lhe pertence, designadamente, por ainda não ter outorgado o contrato prometido, se veria confrontado com a conversão em definitivo do registo da penhora artigo 119º, nº3, do CRP e com a necessidade de interpor, mais tarde e depois da converter em definitivo o seu registo, uma acção de reivindicação ou, se ainda fosse a tempo, embargos de terceiro, no sentido alegar e provar o direito que, em termos de prioridade, quis, afinal, salvaguardar com o registo provisório. No entanto, haverá razões para manter uma provisoriedade a prevista na alínea b) do nº2 do artigo 92º do CRP, destinada a suspender o desencadeamento do mecanismo de suprimento previsto no artigo 119º do CRP, por se considerar que estão por reunir as condições necessárias para que o citando possa declarar que o bem, efectivamente, lhe pertence (artigo 408º do Código Civil) e, como tal, para se desenvolver nas tábuas todo aquele mecanismo de suprimento, quando o juiz do processo de execução entende precisamente o contrário e manda citar o titular provisoriamente inscrito, nos termos e para os efeitos do disposto no mencionado artigo 119º? Parece-nos que não. 11

Se, no caso de pré-existência de um registo provisório de aquisição (92º, nº1, alínea g) do CRP) a favor de pessoa diversa do executado, a razão determinante da provisoriedade por natureza (92º, nº2, alínea b) do CRP) do registo da penhora é a de evitar colocar o titular provisoriamente inscrito em posição de não poder prestar a declaração de pertinência do prédio ou direito nos (exactos) termos que lhe são propostos (Pº RP 210/2001 DSJ-CT), de pouco vale resistir nessa qualificação quando, processualmente, o que se procurou evitar ocorreu, ou seja, aquele titular provisoriamente inscrito foi, de facto, instado a pronunciar-se sobre se o bem lhe pertence, passando a depender da sua resposta, e não do destino do registo provisório de aquisição, a superação do obstáculo tabular à definitividade da penhora. Com efeito, não se descortinam razões para que, registralmente, corra uma qualificação da penhora subordinada à evolução do registo provisório de aquisição, quando o regime proposto aguardar a conversão da aquisição para, só então, actualizar a inscrição de penhora para provisória por natureza (92º, nº2, alínea a) do CRP) e identificar o titular inscrito para efeitos da citação a que se reporta o artigo 119º do CRP - não tem no processo judicial um mínimo de correspondência, pois, toda a actuação que neste se verifica, com referência ao registo, visa a sua conversão ou a sua caducidade ao abrigo de outro estatuto, designadamente o previsto nos artigos 92º, nº2, a) e 119º do CRP, isto sem prejuízo da conversão do registo da penhora poder também ocorrer, na pendência do procedimento previsto no mencionado artigo 119º, em virtude da caducidade do registo provisório de aquisição e a pedido do interessado. Da mesma forma, se o citado, chamado a pronunciar-se, por iniciativa judicial e nos termos do disposto no artigo 119º do CRP, declarar que o bem não lhe pertence ou não fizer declaração nenhuma, mal se compreende que a penhora possa subsistir nas tábuas como provisória por natureza (92º, nº2, alínea b) do CRP), à revelia do disposto no artigo 119º, nº3, do Código do Registo Predial. Julgamos, na verdade, que, tal como a antecipação da propositura da acção determina a requalificação do registo da penhora para provisória por natureza (cfr. o Pº R.P. 141/99, publicado no BRN 3/2000, e o Pº R.P. 210/2001, atrás referido), adequando a situação tabular à questão colocada judicialmente a de saber se o titular provisoriamente inscrito é, ou não, o verdadeiro proprietário do prédio, também o desencadeamento judicial do mecanismo previsto no artigo 119º do CRP, quando destinado a conciliar os interesses legítimos dos credores e os interesses do titular provisoriamente inscrito, implicará uma adaptação do registo de penhora de modo a que o momento tabular coincida com o momento processual, isto é, que, em resultado da resposta do citado o titular provisoriamente inscrito -, ou da falta dela, e da sua interpretação pelo tribunal, possa actuar o regime de caducidade ou de conversão previstos nos artigos 92º, nº5, e 119º, ns. 3, 5 e 6, do CRP, reflectindo-se nas tábuas o que, efectivamente, ocorre no pertinente processo judicial em matéria de superação da falta de trato sucessivo. Assim, no caso em apreço, perante a certidão extraída do processo de execução, caberia, a nosso ver, actualizar o registo da penhora no sentido de passar a constar como 12

Em conformidade, somos de parecer que o recurso merece provimento. Maria Madalena Rodrigues Teixeira, relatora. de 2008. Deliberação aprovada em sessão do Conselho Técnico de 29 de Maio Esta deliberação foi homologada pelo Exmo. Senhor Presidente em 11.06.2008. provisória por natureza (92º, nº 2, alínea a) do CRP), anotando-se, de seguida, a data da notificação ao exequente da declaração proferida pelo titular provisoriamente inscrito no sentido de que o prédio lhe pertence. Como tal não aconteceu, restará agora retirar apenas consequências da qualificação inicial no sentido da provisioriedade por natureza (art.º 92.º, alínea b), não sendo esta a sede própria para alvitrar outra solução. 13

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