BESI RELATÓRIO E CONTAS. 1º Semestre de 2014 BESI, CIDADE DO MÉXICO +19º 25 41.2. +99º 12 20.9

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BESI RELATÓRIO E CONTAS 1º Semestre de 2014 BESI, CIDADE DO MÉXICO +19º 25 41.2. +99º 12 20.9

RELATÓRIO E CONTAS 1º SEMESTRE 2014 ÍNDICE Relatório de Gestão Aspectos Mais Relevantes da Actividade e Perspectivas... 2 Medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal ao Banco Espírito Santo, S.A... 4 Órgãos Sociais e Comissão Executiva... 7 Eventos Societários... 9 Enquadramento Macroeconómico... 10 Principais Indicadores Financeiros Consolidados... 12 Análise Financeira da Actividade do Banco... 13 Rating Actions... 16 Estrutura do Negócio de Banca de Investimento... 17 Clientes Originação... 18 Clientes Particulares... 20 Mercado de Capitais... 21 Acções... 26 Renda Fixa... 28 Serviços Financeiros... 30 Assessoria Financeira a Médias Empresas... 34 Project Finance e Securitização... 35 Acquisition Finance e Outros Financiamentos...40 Tesouraria... 43 Gestão de Activos... 45 Private Equity... 47 Recursos Humanos... 48 Declaração de Conformidade... 51 Demonstrações Financeiras Consolidadas Intercalares e Notas às Contas Demonstrações Financeiras Consolidadas... 54 Notas Explicativas às Demonstrações Financeiras Consolidadas... 59 Relatório de Revisão Limitada elaborado por Auditor Registado na CMVM... 142 Anexos I - Participações Accionistas e Obrigacionistas dos Membros de Órgãos de Administração e Fiscalização... 146 II - Participações de Accionistas... 147 III - Indicadores de Referência do Banco de Portugal... 148 1

RELATÓRIO E CONTAS 1º SEMESTRE 2014 RELATÓRIO DE GESTÃO 1

Aspectos Mais Relevantes da Actividade e Perspectivas O ano de 2014 começou de uma forma bastante positiva. Os indicadores macroeconómicos sinalizaram a recuperação da actividade económica na Zona Euro e a melhoria lenta mas gradual nas condições de financiamento. Em Portugal, a manutenção de um sentimento de mercado positivo face à evolução da economia portuguesa permitiu o regresso às emissões de dívida de longo prazo com custos de financiamento mais reduzidos. Neste contexto, e com as necessidades de financiamento de 2014 cobertas, o Governo português anunciou uma saída limpa do programa de assistência financeira externa. No entanto, a actividade na Zona Euro foi mostrando uma tendência de arrefecimento ao longo do 2º trimestre, que se traduziu num crescimento inferior às expectativas no final do 1º semestre. Ao longo dos primeiros 6 meses do ano, a actividade do Banco Espírito Santo de Investimento, S.A. ( BESI ou Banco ) desenrolou-se num contexto mais favorável. A melhoria do sentimento e dos fluxos de mercado permitiu ao Banco apresentar uma importante subida do seu resultado operacional (98,1 milhões de euros) que quase triplicou face ao 1º semestre de 2013 (34,4 milhões de euros). O Produto Bancário, no montante de 182,9 milhões de euros, apresentou uma subida homóloga de 51,6% e os Custos Operativos registaram um decréscimo de 1,6% face a igual período de 2013. O Resultado Líquido, no montante de 2,5 milhões de euros, foi 21,9% superior ao apurado no 1º semestre de 2013 mas incorpora um forte aumento das Imparidades de Crédito, relacionadas com o ainda débil crescimento da economia em Portugal e Espanha. No que respeita à actividade internacional, que representou 47% do Produto Bancário consolidado no 1º semestre de 2014, o Banco continuou a desenvolver a sua estratégia dirigida a mercados de elevado crescimento, focando a sua actuação na optimização dos recursos existentes. É de referir a intensa actividade no México e o crescimento progressivo da actuação na Índia. A área de Mercado de Capitais manteve a forte dinâmica já verificada em 2013, destacando-se pela liderança de cerca de 40 operações no semestre, sobretudo em Portugal mas também em Espanha, Brasil, Reino Unido, Polónia, Índia e México, com um valor total superior a 21 mil milhões de euros. Pela sua relevância, são de salientar: A liderança das primeiras operações na Índia (colocação de acções da SKS Microfinance e da Muthoot Finance); A conclusão de 3 operações de senior bonds no México (ICA, Arendal e Famsa), no montante total de 840 milhões de dólares; A liderança das emissões da República Portuguesa no montante de 3.000 milhões de euros, em Fevereiro, e de 600 milhões de euros, em Junho; A liderança do follow on da Oi, no Brasil, operação que ascendeu a 13.960 milhões de reais. O trabalho desenvolvido pelo Banco nesta área foi reconhecido pela publicação EMEA Finance, que distinguiu como Best Privatisation IPO in EMEA a operação de IPO da Energa, o maior efectuado na Bolsa de Varsóvia desde Julho de 2011 e o maior IPO realizado na Europa Central e de Leste em 2013, no qual o Banco actuou como Joint Bookrunner. As actividades de assessoria e intermediação continuaram a concentrar os esforços do Banco durante o 1º semestre de 2014. As actividades de Fusões & Aquisições e de Corretagem apresentaram sinais de retoma, sobretudo na Península Ibérica, beneficiando da melhoria do sentimento de mercado. A área de Renda Fixa esteve igualmente dinâmica durante este período, no seguimento da redução do prémio de risco dos países periféricos da Zona Euro. 2

RELATÓRIO E CONTAS 1º SEMESTRE 2014 Renda Fixa esteve igualmente dinâmica durante este período, no seguimento da redução do prémio de risco dos países periféricos da Zona Euro. As actividades creditícias continuaram a ser penalizadas pelo reduzido número de novos projectos, em especial na Europa. Na actividade de Project Finance a actuação do Banco centrou-se nos mercados emergentes, em especial na América Latina (Brasil, México, Peru e Panamá) e em África. O final do 1º e início do 2º semestre foram marcados por graves dificuldades no seio do Grupo Espírito Santo (GES), que se propagaram ao Banco Espírito Santo. A situação crítica em que este se encontrava no final do mês de Julho ditou a aplicação de uma medida de resolução pelo Conselho de Administração do Banco de Portugal, de que resultou a criação do Novo Banco, S.A., para onde foram transferidos os activos e passivos não problemáticos, bem como os Colaboradores e demais bens materiais do Banco Espírito Santo. O Banco Espírito Santo de Investimento, S.A. e as suas sucursais e filiais foram incorporados no Novo Banco, S.A., cujo capital social é de 4.900 milhões de euros, totalmente detido pelo Fundo de Resolução. Em resultado do acima descrito e em termos globais, a actividade do BESI durante os próximos meses deverá ser negativamente afectada pelos desenvolvimentos decorrentes desta nova realidade. As consequências directas desta situação, aliadas à incerteza que rodeia todo este processo, deverão mostrar um 2º semestre em nada semelhante ao 1º semestre. Enquanto entidade detida na totalidade pelo Novo Banco, S.A., o futuro do BESI está condicionado pelas decisões que vierem a ser tomadas e que envolvam o seu Accionista Único e a estratégia que o mesmo venha a adoptar. Neste enquadramento, o BESI iniciou um processo de reflexão sobre a sua estratégia futura, com o objectivo de potenciar a rentabilidade sustentada das suas operações adaptadas ao novo contexto. 3

Medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal ao Banco Espírito Santo, S.A. A 3 de Agosto de 2014 e na sequência dos avultados prejuízos relativos ao 1º semestre do ano (reportados pelo Banco Espírito Santo no dia 30 de Julho) e dos acontecimentos que lhe seguiram, o Banco de Portugal tomou a decisão de aplicar uma medida de resolução ao Banco Espírito Santo, S.A., accionista de 100% do capital do Banco Espírito Santo de Investimento, S.A., nos seguintes termos: Comunicado do Banco de Portugal sobre a aplicação de medida de resolução ao Banco Espírito Santo, S.A. 1 O Conselho de Administração do Banco de Portugal deliberou, no dia 3 de agosto de 2014, aplicar ao Banco Espírito Santo, S.A. uma medida de resolução. A generalidade da atividade e do património do Banco Espírito Santo, S.A. é transferida, de forma imediata e definitiva, para o Novo Banco, devidamente capitalizado e expurgado de ativos problemáticos. Os depósitos são plenamente preservados, bem como todas as obrigações não subordinadas. Nada muda para os clientes. Os clientes podem realizar todas as operações como habitualmente e sem perturbações. O conteúdo das relações contratuais com os clientes permanece inalterado. Os balcões do Novo Banco, que manterão para já a marca e o logotipo do BES, e os serviços de banca telefónica e de homebanking continuarão a funcionar regularmente. Todos os colaboradores do BES passam a ser colaboradores do Novo Banco, com salvaguarda dos seus direitos. Em consonância com o normativo comunitário, a capitalização do Novo Banco é assegurada pelo Fundo de Resolução, suportado pelo setor financeiro e as perdas relacionadas com os ativos problemáticos serão suportadas pelos acionistas e credores subordinados do Banco Espírito Santo, S.A.. Tal significa que esta operação não envolve custos para o erário público. Esta medida garante a continuidade da atividade da instituição e é a que melhor protege os depositantes e demais clientes da instituição e a estabilidade financeira. I. ENQUADRAMENTO No dia 30 de julho, o Banco Espírito Santo, S.A. anunciou prejuízos que ultrapassaram largamente os valores previsíveis à luz da informação até então disponibilizada pelo Banco Espírito Santo, S.A. e pelo seu auditor externo. Os resultados divulgados em 30 de julho refletem a prática de atos de gestão gravemente prejudiciais aos interesses do Banco Espírito Santo, S.A. e a violação de determinações do Banco de Portugal que proibiam o aumento da exposição a outras entidades do Grupo Espírito Santo. Estes factos tiveram lugar durante o mandato da anterior administração do Banco Espírito Santo, S.A.. Atos praticados num momento em que a substituição da anterior administração estava já anunciada traduziram-se num prejuízo adicional na ordem de 1,5 mil milhões de euros face ao expectável na sequência da comunicação do Banco Espírito Santo, S.A. ao mercado datada de 10 de julho. 1 Fonte: site do Banco de Portugal www.bportugal.pt/pt-pt/obancoeoeurosistema/comunicadosenotasdeinformacao/paginas/combp20140803.aspx 4

RELATÓRIO E CONTAS 1º SEMESTRE 2014 Esta situação teve várias consequências: i) Colocou o Banco Espírito Santo, S.A. numa posição de incumprimento dos rácios mínimos de solvabilidade em vigor (rácio Common Equity Tier 1 de 5 por cento, três pontos percentuais abaixo do mínimo regulamentar); ii) Determinou uma decisão de suspensão do acesso pelo Banco Espírito Santo, S.A. a operações de política monetária e, portanto, à liquidez do Eurosistema; iii) Gerou uma crescente pressão sobre a tesouraria do Banco Espírito Santo, S.A.; iv) Agravou a perceção pública do Banco Espírito Santo, S.A., como evidenciado pelo desempenho fortemente negativo dos respetivos títulos, situação prejudicial para a confiança dos depositantes. Esta perceção pública negativa conduziu à suspensão das transações na tarde de sexta-feira, 1 de agosto, com risco de contaminar a perceção relativamente às restantes instituições do sistema bancário português; v) Agravou a incerteza relativamente ao balanço do Banco Espírito Santo, S.A., inviabilizando uma solução de capitalização privada num curto espaço de tempo. Neste quadro, colocavam-se problemas de continuidade da atividade do Banco Espírito Santo, S.A.. Dada a relevância da instituição no conjunto do sistema bancário e no financiamento da economia, estes problemas punham em causa a estabilidade do sistema de pagamentos e do sistema financeiro nacional. II. NOVO BANCO E PARTICIPAÇÃO DO FUNDO DE RESOLUÇÃO A situação descrita tornou imperativa e inadiável a intervenção do Banco de Portugal. Com a aplicação de uma medida de resolução ao Banco Espírito Santo, S.A., procede-se a uma separação entre: Ativos problemáticos, que, no essencial, correspondem a responsabilidades de outras entidades do Grupo Espírito Santo e às participações no Banco Espírito Santo Angola, S.A., por cujas perdas respondem os acionistas e os credores subordinados do Banco Espírito Santo, S.A.; Os restantes ativos e passivos, que são integrados no Novo Banco, um banco devidamente capitalizado e que assegura a plena continuidade da atividade da instituição, sem impactos para os seus clientes, colaboradores ou fornecedores. O Novo Banco estará sujeito à supervisão do Banco de Portugal e será obrigado a cumprir todas as normas legais e regulamentares aplicáveis aos bancos portugueses. Os estatutos do Novo Banco foram aprovados pelo Banco de Portugal. Esta operação não implica custos para o erário público. O capital social do Novo Banco, de 4,9 mil milhões de euros, é integralmente subscrito pelo Fundo de Resolução. Os recursos do Fundo de Resolução são provenientes do pagamento das contribuições devidas pelas instituições participantes no Fundo e da contribuição sobre o setor bancário, que, de acordo com o normativo aplicável, são cobradas sem pôr em causa os rácios de solvabilidade. Dado que o Fundo de Resolução entrou em funcionamento apenas em 2012 e não está ainda dotado de recursos financeiros em montante suficiente para financiar a medida de resolução aplicada ao Banco Espírito 5

Santo, S.A., o Fundo contraiu um empréstimo junto do Estado Português. O empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução será temporário e substituível por empréstimos de instituições de crédito. III. RELAÇÃO COM OS CLIENTES DO BANCO ESPÍRITO SANTO, S.A. Com a medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal, a generalidade da atividade desenvolvida pelo Banco Espírito Santo, S.A. passa a ser assegurada, sem perturbações, pelo Novo Banco. Os clientes do Banco Espírito Santo, S.A. cujos depósitos, outros direitos de crédito ou mútuos foram transferidos para o Novo Banco passam a relacionar-se com o Novo Banco e não têm de realizar qualquer diligência. Esta transferência não implicará nenhum custo para os clientes. De resto, os clientes poderão realizar junto do Novo Banco todas as operações que realizavam junto do Banco Espírito Santo, S.A., como habitualmente. Depósitos. A medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal garante a segurança dos depósitos que tinham sido constituídos junto do Banco Espírito Santo, S.A. Deste modo, não foram afetados quaisquer direitos legais ou contratuais dos depositantes. Os depósitos são integralmente transferidos para o Novo Banco. O saldo dos depósitos permanece intacto e disponível para ser movimentado, sem qualquer restrição. Créditos. As condições contratuais dos créditos concedidos pelo Banco Espírito Santo, S.A., transferidos para o Novo Banco, não se alteram. Consequentemente, os reembolsos periódicos (capital e juros) continuam a ser efetuados pelos mutuários nos mesmos termos em que eram realizados perante o Banco Espírito Santo, S.A.. Clientes do BESI, BEST, Banco Espírito Santo dos Açores, ESAF, BES Vida e várias sucursais, incluindo Espanha, Macau, Nova Iorque e Londres. A medida de resolução não tem implicações para os clientes destas entidades. Esclarecimentos adicionais Para esclarecimentos adicionais sobre a medida de resolução aplicada ao Banco Espírito Santo, S.A., estão disponíveis: Lista de perguntas e respostas frequentes; Linha telefónica de atendimento: 707 201 409; 9h - 18h, todos os dias da semana (Custo: 0,10 euros por minuto para chamadas efetuadas a partir de redes fixas e 0,25 euros por minuto para chamadas efetuadas a partir de redes móveis, com tarifação ao segundo a partir do primeiro minuto); Endereço de correio eletrónico: infobes@bportugal.pt. Lisboa, 3 de agosto de 2014 Neste contexto, o Banco Espírito Santo de Investimento, S.A. e as suas sucursais e filiais foram transferidos para o Novo Banco, S.A.. 6

RELATÓRIO E CONTAS 1º SEMESTRE 2014 Órgãos Sociais e Comissão Executiva ORGÃOS SOCIAIS MESA DA ASSEMBLEIA GERAL Presidente Daniel Proença de Carvalho Secretário José Miguel Alecrim Duarte CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Presidente Ricardo Espírito Santo Silva Salgado 2 Vice-Presidentes José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi Francisco Ravara Cary Rafael Caldeira de Castel-Branco Valverde Miguel António Igrejas Horta e Costa Ricardo Abecassis Espírito Santo Silva Vogais Alan do Amaral Fernandes Amílcar Carlos Ferreira de Morais Pires 3 Bernard Marcel Fernand Basecqz Christian Georges Jacques Minzolini Duarte José Borges Coutinho Espírito Santo Silva Félix Aguirre Cabanyes Frederico dos Reis de Arrochela Alegria João Filipe Espírito Santo de Brito e Cunha José Manuel Pinheiro Espírito Santo Silva 4 Luis Miguel Pina Alves Luna Vaz Paulo José Lameiras Martins Pedro Mosqueira do Amaral Phillipe Gilles Fernand Guiral Tiago Vaz Pinto Cyrne de Castro CONSELHO FISCAL Membros Efectivos José Manuel Macedo Pereira (Presidente) Tito Manuel das Neves Magalhães Basto Mário Paulo Bettencourt de Oliveira Membro Suplente Paulo Ribeiro da Silva 2 A 20 de Junho de 2014 Ricardo Espírito Santo Silva Salgado cessou as suas funções enquanto Presidente do Conselho de Administração 3 A 23 de Julho de 2014 Amílcar Carlos Ferreira de Morais Pires cessou as suas funções enquanto Vogal do Conselho de Administração 4 A 28 de Julho de 2014 José Manuel Pinheiro Espírito Santo Silva cessou as suas funções enquanto Vogal do Conselho de Administração 7

COMISSÃO EXECUTIVA Presidente José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi Vice-Presidente Francisco Ravara Cary Membros Rafael Caldeira de Castel-Branco Valverde Miguel António Igrejas Horta e Costa Ricardo Abecassis Espírito Santo Silva Alan do Amaral Fernandes Christian Georges Jacques Minzolini Félix Aguirre Cabanyes Frederico dos Reis de Arrochela Alegria Luis Miguel Pina Alves Luna Vaz Paulo José Lameiras Martins Tiago Vaz Pinto Cyrne de Castro Directores Centrais com Assento na Comissão Executiva José Luís de Saldanha Ferreira Pinto Basto Nuno David Fernandes Cardoso Pedro Miguel Cordovil Toscano Rico Secretária da Comissão Executiva Patrícia Salgado Goldschmidt Catanho Meneses REVISOR OFICIAL DE CONTAS Amável Calhau, Ribeiro da Cunha e Associados Sociedade de Revisores Oficiais de Contas representada por Amável Alberto Freixo Calhau 8

RELATÓRIO E CONTAS 1º SEMESTRE 2014 Eventos Societários Em Fevereiro de 2014 o Senhor Dr. Moses Dodo apresentou a sua renúncia ao cargo de Vogal do Conselho de Administração do Banco Espírito Santo de Investimento, S.A.. Em Fevereiro de 2014, o capital social da Espirito Santo Securities India Private Limited foi aumentado de INR 45,341,110 para INR 59,099,630. Em Março de 2014 o Senhor Dr. Paulo Ribeiro da Silva foi nomeado Membro Suplente do Conselho Fiscal do Banco Espírito Santo de Investimento, S.A.. Em Abril de 2014 o Senhor Dr. Diogo Luis Ramos de Abreu apresentou a sua renúncia ao cargo de Vogal do Conselho de Administração do Banco Espírito Santo de Investimento, S.A.. Em Maio de 2014, o BES Investimento do Brasil, S.A. adquiriu 50% da BES Activos Financeiros, Ltda, passando a deter a totalidade do capital desta empresa. Em Junho de 2014 o Senhor Nicholas Mark Finegold apresentou a sua renúncia ao cargo de Vogal do Conselho de Administração do Banco Espírito Santo de Investimento, S.A.. Em Junho de 2014, o Banco Espírito Santo de Investimento, S.A. adquiriu 51% da Cominvest SGII, S.A, passando a deter a totalidade do capital desta empresa. Em Junho de 2014, o Senhor Dr. Ricardo Espírito Santo Silva Salgado apresentou renúncia ao cargo de Presidente do Conselho de Administração do Banco Espírito Santo de Investimento, S.A.. Em Julho de 2014 os Senhores Dr. Amílcar Carlos Ferreira de Morais Pires e Dr. José Manuel Pinheiro Espírito Santo Silva apresentaram renúncia aos cargos que ocupavam no Conselho de Administração do Banco Espírito Santo de Investimento, S.A.. Em Julho 2014 o Senhor Dr. José Maria Rego Ribeiro da Cunha foi nomeado representante do ROC da sociedade, em substituição do Dr. Amável Alberto Freixo Calhau. 9

Enquadramento Macroeconómico Apesar da tendência de retoma, o 1º semestre de 2014 ficou marcado por um crescimento da actividade económica global abaixo das expectativas. Este facto foi, sobretudo, visível na Zona Euro, que deverá ter registado, no 2º trimestre, uma variação do PIB pouco superior à observada nos primeiros três meses do ano (0,2% QoQ). A actividade nesta economia manteve-se penalizada pela persistência de um EUR forte, com impactos desfavoráveis na procura externa e na actividade industrial. Adicionalmente, e apesar de alguns sinais de estabilização, o crédito ao sector privado não financeiro continuou em queda, algo particularmente visível no segmento das empresas. Com a inflação homóloga em 0,5%, o BCE anunciou, em Junho, uma redução dos juros de referência, levando a taxa de juro das operações principais de refinanciamento para 0,15% e a taxa de juro da facilidade de depósitos para -0,1%. A Autoridade Monetária anunciou, ainda, novas medidas de apoio ao financiamento da actividade económica, incluindo as Targeted Long Term Refinancing Operations, representando uma injecção potencial de liquidez próxima de 1 bilião de euros (ou seja, EUR 1 trillion), através de oito operações com maturidade em 2018, a realizar entre Setembro de 2014 e Junho de 2016. Entre outras medidas, o BCE anunciou ainda a intensificação dos trabalhos preparatórios relacionados com um futuro programa de aquisições de asset-backed securities (ABS), no sentido de melhorar o funcionamento dos mecanismos de transmissão da política monetária. Neste contexto, a Euribor a 3 meses diminuiu de 0,287% para 0,207% no 1º semestre, enquanto a yield dos Bunds a 10 anos recuou de 1,929% para 1,245%. O EUR depreciou-se apenas ligeiramente no mesmo período (0,7%), para EUR/USD 1,369, tendo esta tendência sido prolongada em Julho, para valores ligeiramente inferiores a EUR/USD 1,36. Nos EUA, o PIB contraiu-se 2,9%, em termos anualizados, no 1º trimestre de 2014. Este registo é, no entanto, explicado pelas condições climatéricas extremamente desfavoráveis observadas nesse período, que penalizaram o consumo, o investimento e as exportações. As despesas das famílias cresceram apenas 1%, o investimento em equipamento caiu 2,8%, o investimento residencial recuou 4,2% e as exportações diminuíram 8,9%. Os indicadores disponíveis sugerem uma recuperação da actividade a partir do 2º trimestre, estimando-se um crescimento anualizado do PIB próximo de 3% no período entre Abril e Junho. O outlook para a economia americana mantém-se suportado pela recuperação em curso no mercado de trabalho, com a criação média mensal de emprego (non-farm payrolls) a subir de 150 mil para 244 mil entre o 1º e o 2º trimestres (288 mil em Julho) e com a taxa de desemprego a recuar de 6,7% para 6,1% da população activa nos primeiros 6 meses do ano. Apesar da relativa desilusão com o crescimento global no 1º semestre, o sentimento nos mercados financeiros manteve-se positivo, suportado pela expectativa de uma recuperação da actividade na segunda metade do ano, sobretudo nos EUA, e pela manutenção de políticas monetárias fortemente expansionistas nas principais áreas económicas. A Reserva Federal americana atenuou, na primeira metade do ano, o programa de quantitative easing (de 85 mil milhões de dólares para 35 mil milhões de dólares), mas continuou a sinalizar a manutenção da target rate dos fed funds em 0%-0,25% por um período de tempo prolongado. Apesar da subida da inflação homóloga (de 1,5% para 2,1% entre Janeiro e Junho), a Autoridade Monetária americana tem salientado a persistência de uma elevada capacidade produtiva excedente na economia, não capturada pela descida da taxa de desemprego. Neste contexto, a yield dos Treasuries a 10 anos desceu de 3,029% para 2,531% no 1º semestre. No mesmo período, os índices Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 subiram 1,5%, 5,5% e 6,1%, respectivamente. Na Europa, o DAX, o CAC 40 e o IBEX35 valorizaram se 2,9%, 3,0% e 10,2%. Já no Reino Unido, o FTSE 100 recuou 0,1% no semestre, penalizado pela expectativa de que o Banco de Inglaterra deverá subir a base rate ainda antes do final do ano. Esta expectativa é suportada pela recuperação do mercado de trabalho, com a taxa de desemprego a descer de 7,2% para 6,5% da população activa no 1º semestre, pela subida da inflação homóloga, que 10

RELATÓRIO E CONTAS 1º SEMESTRE 2014 atingiu 1,9% em Junho, e por sinais de aquecimento do mercado da habitação, com os respectivos preços a subir 12% em termos homólogos, também em Junho, de acordo com o índice da Nationwide. Os primeiros meses de 2014 foram marcados por alguma instabilidade nos mercados emergentes, com o início do tapering do quantitative easing pelo Fed, com receios de arrefecimento da actividade na China e com um aumento dos riscos geopolíticos, inicialmente associados às tensões entre a Ucrânia e a Rússia. O 2º trimestre trouxe, no entanto, uma dissipação gradual destes receios e uma recuperação dos fluxos de capitais para os principais mercados emergentes. Depois de uma desaceleração de 7,7% para 7,4% no 1º trimestre, o PIB da China cresceu 7,5% no 2º trimestre, em termos homólogos, beneficiando de um conjunto de estímulos selectivos de política económica. A estabilização do crescimento na China e a recuperação da confiança nos mercados emergentes contribuíram, já no 2º trimestre, para as subidas de 0,74% no índice Shanghai Composite e de 5,5% no Bovespa, em recuperação face aos primeiros três meses do ano. A conjuntura no Brasil manteve-se, em todo o caso, marcada por uma tendência de arrefecimento da actividade, com a persistência de pressões inflacionistas e com a taxa de juro SELIC a subir, em três movimentos, de 10% para 11%. O preço do petróleo (Brent) subiu 4,8% no 2º trimestre, para USD 112/barril, suportado pela instabilidade no Iraque (tendo recuado, entretanto, para cerca de USD 106/barril). A periferia da Zona Euro seguiu, em geral, uma tendência de recuperação económica e estabilização financeira. Em Espanha, o PIB regressou a variações homólogas positivas no 1º trimestre de 2014, com um registo de 0,5%. A melhoria dos indicadores de confiança e a descida do desemprego terão contribuído para uma nova expansão da actividade no 2º trimestre, num ritmo próximo do observado nos primeiros três meses do ano. A yield dos Bonos a 10 anos recuou, no 1º semestre, de 4,15% para 2,66%. Em Portugal, e após a queda de 0,6% no 1º trimestre, o PIB deverá ter registado uma expansão muito ligeira no 2º trimestre, ainda penalizado pela quebra temporária das exportações de combustíveis, bem como por uma moderação da actividade industrial. Já o consumo privado e a actividade nos serviços prolongaram a recente tendência de recuperação. Em termos homólogos, o PIB cresceu 1,3% no 1º trimestre. A yield das OTs a 10 anos desceu de 6,13% para 3,65% nos primeiros 6 meses do ano, tendo o Tesouro português voltado a aceder aos mercados de dívida de longo prazo, com emissões a 5 e 10 anos, em EUR e em USD. Apesar de um ganho de 3,7% no conjunto do 1º semestre, o PSI 20 registou uma queda de 10,6% no 2º trimestre, penalizado por desenvolvimentos desfavoráveis no sector financeiro. Na segunda metade do ano espera-se um fortalecimento gradual da actividade nas principais áreas económicas, sobretudo visível nos EUA. Esta tendência deverá ser suportada por políticas orçamentais menos restritivas, por políticas monetárias ainda expansionistas e por uma melhoria gradual das condições de financiamento. Os riscos negativos para este outlook incluem a instabilidade na Ucrânia e no Iraque, uma eventual antecipação de expectativas de subida de juros pelo Fed, pressões deflacionistas e eventual instabilidade financeira na periferia da Zona Euro, e uma desaceleração mais acentuada na economia da China. 11

Principais Indicadores Financeiros Consolidados Demonstração de Resultados Consolidados Jun-14 Jun-13 Variação Produto Bancário Consolidado 182.949 120.677 51,6% Comissões 71.125 52.352 35,9% Margem Financeira e Mercados 111.824 68.325 63,7% Total de Custos Operacionais (84.869) (86.280) (1,6%) Custos com Pessoal (52.005) (53.515) (2,8%) Fornecimentos e Serviços Externos (29.372) (29.753) (1,3%) Amortizações (3.492) (3.012) 15,9% Resultado Operacional 98.080 34.397 185,1% Imparidade e Provisões (89.104) (26.220) 239,8% Resultados antes de Impostos 8.976 8.177 9,8% Impostos (4.673) (6.942) (32,7%) Interesses que não controlam (1.791) 825 N/A Resultado Líquido Consolidado 2.512 2.060 21,9% Balanço Consolidado Jun-14 2013 Variação Activos financeiros detidos para negociação 1.637.785 1.604.606 2,1% - Títulos 1.015.290 1.025.938 (1,0%) Activos financeiros disponíveis para venda 559.883 783.352 (28,5%) Aplicações em instituições de crédito 419.185 433.623 (3,3%) Crédito a clientes 1.903.681 1.946.582 (2,2%) Investimentos detidos até à maturidade 380.786 314.329 21,1% Outros activos 909.567 879.307 3,4% Total do Activo 5.810.887 5.961.799 (2,5%) Capital 326.269 326.269 0,0% Prémios de Emissão e Outros Instrumentos de Capital 12.527 12.527 0,0% Reservas 223.837 221.753 0,9% Resultado líquido 2.512 7.062 N/A Interesses que não controlam 52.434 51.884 1,1% Total do Capital Próprio 617.579 619.495 (0,3%) Passivos financeiros detidos para negociação 527.343 480.688 9,7% Recursos de outras instituições de crédito 1.472.474 1.680.584 (12,4%) Recursos de clientes 1.033.080 1.054.389 (2,0%) Responsabilidades representadas por títulos 1.511.231 1.449.549 4,3% Outros passivos 649.180 677.094 (4,1%) Total do Passivo 5.193.308 5.342.304 (2,8%) Total Capital Próprio e Passivo 5.810.887 5.961.799 (2,5%) 12

RELATÓRIO E CONTAS 1º SEMESTRE 2014 Análise Financeira da Actividade do Banco Os resultados do Banco beneficiaram do clima de maior optimismo que caracterizou os primeiros meses do ano. O Produto Bancário registou um expressivo crescimento de 51,6% em termos homólogos, ascendendo a 182,9 milhões de euros, beneficiando sobretudo da melhoria de sentimento e dos fluxos de mercado, que se traduziram em importantes ganhos nas carteiras. A actividade internacional representou 47% do Produto Bancário Consolidado no 1º semestre de 2014. O montante de Comissões apresentou também uma evolução muito positiva um crescimento de 35,9% face ao 1º semestre de 2013, para 71,1 milhões de euros com as actividades de assessoria e intermediação, em geral, a registarem uma boa dinâmica. A actividade de Mercado de Capitais destacouse no período em análise com a conclusão de cerca de 40 operações, num montante total superior a 21 mil milhões de euros. A Margem Financeira sofreu uma redução de 15,5% face ao período homólogo de 2013, para 32,7 milhões de euros, resultante da redução das carteiras de investimento. Os Resultados de Mercados apresentaram uma importante subida (167%), em termos homólogos, e ascenderam a 79,2 milhões de euros. Produto Bancário Consolidado (milhões de euros) 183 106 128 118 123 121 1ºS 2009 1ºS 2010 1ºS 2011 1ºS 2012 1ºS 2013 1ºS 2014 Internacional Doméstico Fonte: Banco Espírito Santo de Investimento Os Custos Operativos recuaram 1,6% face a igual período de 2013, alcançando 84,9 milhões de euros. À excepção das Amortizações, os Custos Operativos apresentaram uma tendência decrescente, em linha com o programa de racionalização e de redução gradual dos Custos Operacionais em curso. Desta forma, o Resultado Operacional cresceu 2,8x no semestre, comparativamente com igual período do ano passado, para 98,1 milhões de euros. 13

O Resultado Líquido, no montante de 2,5 milhões de euros, foi penalizado pelo forte aumento das Imparidades de Crédito e Provisões, mas apesar disso apresentou um crescimento de 21,9% face ao 1º semestre de 2013. Resultado Líquido Consolidado (milhões de euros) 31.6 22.5 14.8 5.3 2.1 2.5 1ºS 2009 1ºS 2010 1ºS 2011 1ºS 2012 1ºS 2013 1ºS 2014 Fonte: Banco Espírito Santo de Investimento O Total do Activo sofreu uma redução de 2,5%, com origem na Carteira de Activos financeiros disponíveis para venda, atingindo cerca de 5,8 mil milhões de euros. Os Activos de Risco Equivalente apresentaram uma redução de 8,3% face ao primeiro semestre de 2013 alcançando os 4.502 milhões de euros, resultante sobretudo da redução do risco de crédito. 4,044 Activos de Risco Equivalente 5,554 5,714 5,326 4,910 (milhões de euros) 4,502 1ºS 2009 1ºS 2010 1ºS 2011 1ºS 2012 1ºS 2013 1ºS 2014 Fonte: Banco Espírito Santo de Investimento, BIS II 14

RELATÓRIO E CONTAS 1º SEMESTRE 2014 Os rácios de capital no 1º semestre de 2014 registaram uma melhoria de 48 pontos base e 140 pontos base no Core TIER I (11,81%) e no Rácio de Solvalidade (12,7%) respectivamente em virtude do reforço dos Fundos Próprios de Base e da redução dos Activos de Risco Equivalente. Evolução do Core TIER I 11.3% 11.8% 9.8% 8.8% 8.2% 9.3% 1ºS 2009 1ºS 2010 1ºS 2011 1ºS 2012 1ºS 2013 1ºS 2014 Fonte: Banco Espírito Santo de Investimento, BIS II 15

Rating Actions Banco Espírito Santo de Investimento, S.A. Data Rating de Curto Prazo Rating de Longo Prazo Outlook Anterior Revisto Anterior Revisto Anterior Revisto 21-05-2014 B B BB- BB- Negativo Estável 01-07-2014 B B BB- BB- Estável Negativo 11-07-2014 B B BB- B+ Negativo Negativo 16-07-2014 B C B+ B- Negativo Negativo Fonte: Standard & Poor s (S&P) A 8 de Agosto de 2014, a S&P comunicou que, na sequência da transferência da totalidade do capital social do Banco para a titularidade do Novo Banco, S.A. (relativamente ao qual a S&P não tem actualmente rating atribuído), suspendeu todos os ratings anteriormente em vigor para o Banco. BES Investimento do Brasil, S.A. Data Agência de Rating Rating de Curto Prazo Rating de Longo Prazo Outlook Nota Anterior Revisto Anterior Revisto Anterior Revisto 23-01-2014 S&P B B BB- BB- Negativo Negativo Escala Global 23-01-2014 S&P bra-1 bra-2 bra bra Negativo Negativo Escala Local 23-01-2014 S&P BB- BB- Negativo Negativo Emissão externa 17-03-2014 S&P B B BB- BB- Negativo Negativo Escala Global 17-03-2014 S&P bra-2 bra-2 bra bra Negativo Negativo Escala Local 17-03-2014 S&P BB- BB- Negativo Negativo Emissão externa 14-04-2014 S&P B B BB- BB- Negativo Negativo Escala Global 14-04-2014 S&P bra-1 bra-2 bra bra Negativo Negativo Escala Local 14-04-2014 S&P BB- BB- Negativo Negativo Emissão externa 28-04-2014 Moody's BR-2 BR-2 A2.br A2.br Negativo Estável Escala Local 28-04-2014 Moody's Not Prime Not Prime Ba3 Ba3 Negativo Estável Emissão externa 22-04-2014 S&P B B BB- BB- Negativo Estável Escala Global 22-04-2014 S&P bra-2 bra-2 bra bra Negativo Estável Escala Local 22-04-2014 S&P BB- BB- Negativo Estável Emissão externa 02-07-2014 S&P B B BB- BB- Estável Negativo Escala Global 02-07-2014 S&P bra-2 bra-2 bra bra Estável Negativo Escala Local 02-07-2014 S&P BB- BB- Estável Negativo Emissão externa 15-07-2014 S&P B B BB- B+ Negativo Negativo Escala Global 15-07-2014 S&P bra-2 bra-3 bra brbbb Negativo Negativo Escala Local 15-07-2014 S&P BB- B+ Negativo Negativo Emissão externa Fontes: Standard & Poor s e Moody s A 14 de Agosto de 2014, a S&P comunicou que suspendeu todos os ratings do BESI Brasil, uma vez que não dispõe de informações suficientes para realizar um monitoramento adequado dos ratings ao nível do Novo Banco, o agora controlador, em última instância, do BESI Brasil. 16

RELATÓRIO E CONTAS 1º SEMESTRE 2014 Estrutura do Negócio de Banca de Investimento Enquanto Instituição Financeira especializada na área de Banca de Investimento do Grupo Banco Espírito Santo (GBES), o Banco Espírito Santo de Investimento 5 tem vindo a desenvolver uma estratégia de crescente expansão da sua actividade internacional, estando presente em quatro continentes e tendo acesso directo aos principais mercados financeiros mundiais: Londres, Nova Iorque e Hong-Kong. O Banco Espírito Santo de Investimento tem como principal objectivo servir o segmento de Clientes empresariais de média e grande dimensão, o segmento de Clientes institucionais e, em algumas vertentes mais específicas, o segmento de particulares. A base de proveitos do Banco provém das comissões auferidas nas actividades de consultoria, corretagem e intermediação financeira e dos resultados financeiros associados às actividades de tomada de crédito estruturado e gestão de activos e riscos. Para a prossecução destas actividades, o Banco adoptou um modelo que assenta em equipas comerciais com forte especialização sectorial, que desenvolvem a sua actividade de originação de negócio em estreita articulação com as equipas de Produto, responsáveis pelo desenvolvimento e implementação das soluções e serviços que compõem a oferta de Banca de Investimento, nas diversas geografias onde o Banco tem presença. Equipas Comerciais Equipas de Produto > Gestão global da relação com o Cliente > Prospecção e originação proactiva de operações > Cross-selling wholesale com o Grupo BES > Mercado de Capitais > Acções > Renda Fixa > Serviços Financeiros > Médias Empresas > Assessoria em Estrutura de Capitais > Project Finance e Securitização > Acquisition Finance e Outros Financiamentos > Tesouraria > Gestão de Activos > Private Equity 5 Por Banco Espírito Santo de Investimento deverá entender-se o Banco Espírito Santo de Investimento, S.A. e/ou qualquer uma das suas Sucursais ou Filiais, conjunta ou isoladamente considerados. 17

Clientes Originação A Direcção de Clientes tem como missão a originação proactiva de operações para todas as áreas de Produto do Banco Espírito Santo de Investimento e o alargamento e fidelização da sua carteira de Clientes, tendo em vista o desenvolvimento sustentado do seu fundo de comércio e o reforço do posicionamento global do Grupo Banco Espírito Santo como parceiro de negócio privilegiado dos seus Clientes. No quadro da estratégia de desenvolvimento definida, o Banco já tem equipas comerciais domiciliadas em Lisboa, Madrid, São Paulo, Londres, Varsóvia, Nova Iorque, Luanda, Bombaim e Cidade do México. As directrizes de actuação destas equipas, que em seguida se enunciam, visam assegurar a adequada cobertura comercial dos respectivos mercados, e a sua actividade contribui significativamente, tanto para o sucesso da internacionalização do Banco, como para a consolidação da posição de destacada liderança que se pretende manter entre os bancos de investimento nacionais: > Aprofundamento do relacionamento comercial com a base de Clientes do Banco, identificando as suas necessidades e promovendo uma oferta integrada da globalidade de produtos e serviços; > Abordagem proactiva a novos Clientes, com base em capacidades técnicas e relacionais distintivas, seleccionando adequadamente os mercados, produtos e Clientes-alvo com maior potencial de geração de negócio; > Exploração do potencial cross-border entre as diversas geografias; > Em coordenação com as unidades comerciais do Banco Espírito Santo, desenvolvimento sistemático de uma abordagem wholesale para incrementar o share of wallet e o relacionamento com os Clientes. O 1º semestre de 2014 veio confirmar os sinais de estabilização da economia portuguesa já visíveis desde finais de 2013, o que permitiu a melhoria das expectativas empresariais, com maior ênfase em alguns sectores de actividade, e proporcionou ao Banco oportunidades comerciais interessantes. O Banco tem mantido um papel activo e internacionalmente visível enquanto assessor financeiro nas operações de privatização em Portugal. É igualmente de realçar a forte recuperação dos mercados de dívida e equity, com o Banco a desempenhar um papel de relevo na montagem de operações para um importante conjunto de emitentes nacionais e internacionais. Prossegue o esforço dos nossos Clientes nas suas estratégias de internacionalização, razão pela qual cada vez mais a Direcção de Clientes tem focado a sua actuação em operações cross-border, suportada numa articulação eficaz com as várias unidades geográficas do Banco Espírito Santo de Investimento. 18

RELATÓRIO E CONTAS 1º SEMESTRE 2014 Presença Geográfica da Direcção de Clientes Portugal Espanha Brasil Reino Unido Edimburgo India Polónia EUA Angola ORGANIZAÇÃO SECTORIAL DA DIRECÇÃO DE CLIENTES Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Cluster 4 Cluster 5 Cluster 6 Médias Empresas Transportes e Infra-estruturas Bens de Consumo Electricidade, Petróleo e Gás Telecoms, Media e Tecnologia Construção Imobiliário Todos os sectores Sector Público Distribuição Pasta & Papel Químico Materiais de Construção Turismo Ambiente Embalagens Auto Desporto & Entretenimento Concessões Rodoviárias Saúde Floresta Banca e Seguros Metais e Minas 19

Clientes Particulares O 1º semestre de 2014 ficou marcado por uma alteração comportamental do ponto de vista de confiança dos investidores. No início do ano ainda se manteve a menor aversão ao risco que se verificava desde o 2º semestre de 2013, mas os indicadores macroeconómicos menos favoráveis e o comportamento dos mercados accionistas e obrigacionistas provocaram algum arrefecimento nas decisões de investimento. Esta inflexão do comportamento dos investidores face ao risco resultou de vários factores, nomeadamente: (i) do crescimento da actividade económica global abaixo das expectativas, em particular na Zona Euro, a par da persistência de um Euro forte; (ii) da elevada volatilidade nos mercados accionistas, demasiado próxima de níveis historicamente elevados, nomeadamente nos EUA; e (iii) do mercado de dívida com um nível de retorno demasiado baixo para o risco das emissões subjacentes, quer de Corporates quer Governamentais. Estes factos motivaram estratégias de investimento direccionadas para produtos de liquidez, crescente diversificação de risco e prudência acrescida no investimento em acções. Destacamos pela positiva a crescente adesão dos clientes particulares e family offices à abordagem conjunta de soluções de gestão de património do Private e soluções de Banca de Investimento. Neste contexto e durante o 2º semestre, a Direcção de Clientes Particulares focará a sua actuação na criteriosa segmentação dos clientes particulares High Net Worth Individuals e no interesse demonstrado pelas diversas áreas de Banca de Investimento. 20

RELATÓRIO E CONTAS 1º SEMESTRE 2014 Mercado de Capitais Enquadramento de Mercado EQUITY CAPITAL MARKETS Durante o 1º semestre de 2014, o montante global de ofertas de acções e equity linked ascendeu a, aproximadamente, 489 mil milhões de dólares (+21% em termos homólogos), o melhor semestre desde 2010, de acordo com a Dealogic. Este aumento resultou sobretudo de um crescimento significativo do volume de IPOs (+68% em termos homólogos), que alcançou um peso de 25% no total, mas também do acréscimo de actividade de ofertas secundárias (+9% em termos homólogos), com o número de operações a crescer 20% face ao 1º semestre de 2013, para um total de 2.709 transacções. A região EMEA (Europe, the Middle East and Africa), responsável pelo aumento do volume de transacções a nível global, registou um acréscimo de 70% no montante de ofertas de acções e equity linked (184,4 mil milhões de dólares), face ao período homólogo do ano passado, com crescimentos muito significativos do volume de IPOs (+255%), de aumentos de capital (+80%) e de ABOs - Accelerated Bookbuild Offerings (+46%). O volume originado em países periféricos (Portugal, Irlanda, Grécia, e Espanha) foi cinco vezes superior ao do período homólogo, denotando a recuperação da confiança dos investidores nestes mercados. O sector financeiro foi aquele que alcançou maior volume de operações de Mercado de Capitais neste período, 91 mil milhões de dólares, registando o melhor 1º semestre desde 2009, seguindo-se o sector tecnológico, com um volume de 54 mil milhões de dólares, representando o 1º semestre mais elevado desde 2000. DEBT CAPITAL MARKETS Em geral as condições de mercado mantiveram-se favoráveis em todos os segmentos e sectores durante o 1º semestre, o qual ficou marcado pela convergência dos spreads de dívida pública europeia e pela procura de rentabilidade que beneficiou todos os níveis de rating de crédito. Apesar das yields das US Treasuries terem caído desde o início do ano, a expectativa de introdução de medidas de quantitative easing na Europa, após o anúncio de taxas de juro negativas como forma de incentivo ao crescimento económico, fomentou o sentimento positivo na região. O mercado primário de emissões investment grade em euros alcançou o valor de 531 mil milhões de euros no 1º semestre de 2014, aumentando 27% face ao período homólogo do ano anterior, sendo o sector financeiro (+62%) o principal responsável por este crescimento, alcançando um peso de 37% no volume total emitido. As emissões de mercado primário high yield em euros registaram o volume mais elevado de sempre, tendo atingido 55 mil milhões de euros no 1º semestre de 2014. As emissões em dólares registaram igualmente um volume de actividade sem precedentes, tanto de investment grade (um montante de 532 mil milhões de dólares, +10% face ao 1º semestre de 2013) como de high yield (322 mil milhões de dólares, um montante ligeiramente superior ao verificado no ano anterior). 21

Actividade Desenvolvida pelo Banco O Banco aumentou consideravelmente a sua actividade na área de Mercado de Capitais em 2014, sobretudo nas geografias onde já tem presença (Portugal, Espanha, Reino Unido, Polónia, Brasil e México), mas alargando igualmente a sua actuação a uma nova geografia, a Índia. O Banco concluiu 40 operações, num montante superior a 21 mil milhões de euros, que representa quase o triplo do montante correspondente às operações realizadas no período homólogo do ano anterior. Em Portugal, o Banco desempenhou um papel de relevo na reabertura do mercado primário de acções, actuando como Joint Global Coordinator do primeiro IPO realizado por uma empresa privada desde 2008, a Espírito Santo Saúde (150 milhões de euros). No decorrer do semestre o Banco continuou a ter um papel de destaque na maioria das operações de Renda Variável realizadas em Portugal, tendo actuado como Joint Bookrunner na colocação de três blocos de acções, representativos, respectivamente, de 3,0% do capital da ZON OPTIMUS (76 milhões de euros), de 16,8% do capital da Mota-Engil SGPS (159 milhões de euros) e de 2,6% do capital da EDP (303 milhões de euros). O Banco participou ainda na venda de um bloco de mil milhões de direitos de subscrição de acções do Banco Espírito Santo (110 milhões de euros) e no subsequente aumento de capital (1.045 milhões de euros) e actuou como Co-Lead Manager na 2ª fase de privatização da REN (157 milhões de euros). Na área de Renda Fixa, salienta-se a actuação do Banco como Joint Lead Manager em mais uma emissão da República Portuguesa, no montante de 3.000 milhões de euros, nas emissões de obrigações da EDP (750 milhões de dólares), do BES (duas emissões de 750 milhões de euros cada), da Brisa (300 milhões de euros) e da Parpública (600 milhões de euros), como Sole Lead Manager da emissão da Celbi (80 milhões de euros), como Co-Lead Manager das emissões do Bank of America (2.250 milhões de euros) e do Barclays (1.000 milhões de euros) e como Co-Manager em duas emissões de Tier 1 Notes (Credit Suisse - 2.500 milhões de dólares e Deutsche Bank - 3.500 milhões de euros). 22

RELATÓRIO E CONTAS 1º SEMESTRE 2014 Em Espanha, realça-se a participação do Banco, como Co-Lead Manager no aumento de capital do Liberbank (475 milhões de euros), como Joint Lead Manager na emissão de obrigações da Isolux-Corsán (600 milhões de euros) e como Co-Manager na emissão de obrigações do Grupo Antolin (400 milhões de euros). 23

No Reino Unido, o Banco actuou, pela primeira vez como como Sole Bookrunner, no IPO do NAHL Group (35 milhões de libras) e como Lead Manager no IPO da Euronext (845 milhões de euros). Na Polónia, o Banco actuou pela primeira vez como Joint Global Coordinator & Joint Bookrunner no IPO de uma empresa polaca, a Masterlease (210 milhões de zlotys). No Brasil, o Banco destacou-se pelo seu papel como Joint Global Cooordinator & Joint Bookrunner na operação de follow on da Oi (13.960 milhões de reais), a maior operação concluída pela área de Mercado de Capitais este ano. Salienta-se também a participação do Banco como Joint Bookrunner na emissão de debêntures de infra-estrutura da Santo Antônio Energia (700 milhões de reais) e como Joint Lead Manager das emissões de obrigações do BDMG (248 milhões de reais) e de debêntures da Ouro Verde (250 milhões de reais). 24

RELATÓRIO E CONTAS 1º SEMESTRE 2014 No México, o Banco reforçou a sua actuação no mercado de Renda Fixa, tendo actuado, respectivamente, como Sole Bookrunner, Joint Bookrunner e Sole Lead Manager nas emissões de obrigações da ICA (700 milhões de dólares), da Arendal (80 milhões de dólares) e da Famsa (60 milhões de dólares). Por último é de salientar a estreia do Banco em operações de Mercado de Capitais na Índia, como Joint Bookrunner & Book Running Lead Manager, respectivamente, na colocação de um bloco de acções representativo de 6,4% do capital da Muthoot Finance (69 milhões de dólares) e na colocação da SKS Microfinance (3.976 milhões de rupias). 25

Acções Enquadramento de Mercado Depois de um 2º semestre de 2013 muito positivo, os mercados accionistas europeus registaram uma performance moderada durante o 1º semestre de 2014, com o índice Eurostoxx50, que agrega as 50 principais empresas da Zona Euro, a registar uma subida de 3,8%. Embora as condições macroeconómicas na Zona Euro tenham dado sinais de melhoria, a conjugação dos fortes ganhos no final de 2013 com algum arrefecimento da actividade a partir de Abril deste ano acabou por moderar o interesse dos investidores nos mercados accionistas durante o período em análise. Performance dos Principais Índices Bolsistas 1º Semestre 2014 IBEX 35 SENSEX S&P 500 NASDAQ COMPOSITE ATHEX COMPOSITE EURO STOXX 50 PSI 20 IRISH OVERALL BOVESPA CAC 40 DAX DOW JONES WIG 20 MEXICO IPC FTSE 100 HANG SENG NIKKEI 225 0,0% -0,1% -0,5% -6,9% 1,5% 1,3% 6,1% 5,5% 4,4% 3,8% 3,7% 3,5% 3,2% 3,0% 2,9% 8,6% 10,2% Fonte: Bloomberg (valorização em moeda local) Actividade Desenvolvida pelo Banco Na Península Ibérica, os mercados seguiram a tendência verificada na Europa. Em Portugal, o índice PSI 20 subiu 3,7% no 1º semestre de 2014 mas as performances trimestrais foram bastante díspares, já que depois de uma subida de 16% no 1º trimestre se verificou uma queda de 11% no trimestre seguinte, resultante sobretudo de tomada de mais-valias. Os volumes transaccionados durante o 1º semestre aumentaram 43% em termos homólogos, reflexo do maior valor das empresas e também duma maior normalização das condições financeiras depois do período conturbado de 2011/2012. O mercado espanhol observou uma subida de 28% nos volumes transaccionados em termos homólogos, com o índice IBEX 35 a subir 10,2%, a melhor performance entre os principais índices bolsistas. A conjuntura permitiu ao Banco aumentar a sua actividade e as suas receitas. Na actividade de Corretagem, o Banco manteve uma posição de relevo nos mercados ibéricos no 1º semestre de 2014, 26