OBJETIVO: Conhecer o perfil de mortalidade infantil e adolescência no estado do Rio de Janeiro(ERJ), município(mrj) e região metropolitana (METRO).

Documentos relacionados
4. NATALIDADE E MORTALIDADE INFANTIL

Comentários sobre os Indicadores de Mortalidade

INDICADOR DE MORTALIDADE ESTATISTICAS VITAIS SISTEMA DE INFORMAÇÃO PRINCIPAIS INDICADORES

INDICADORES DE MORTALIDADE

INDICADORES DE SAÚDE II

Indicadores de saúde Morbidade e mortalidade

A Mortalidade Infantil em Santa Catarina na última década:

MORTALIDADE INFANTIL NO BRASIL: TENDÊNCIAS E DESIGUALDADES

Unidade: Medidas de Frequência de Doenças e Indicadores de Saúde em Epidemiologia. Unidade I:

PERFIL DOS ÓBITOS FETAIS E ÓBITOS NEONATAIS PRECOCES NA REGIÃO DE SAÚDE DE LAGUNA ( )

MORTALIDADE INFANTIL NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. Child Mortality in Rio de Janeiro City

Sumário da Aula. Saúde Coletiva e Ambiental. Aula 10 Indicadores de Saúde: mortalidade e gravidade. Prof. Ricardo Mattos 03/09/2009 UNIG, 2009.

INDICADORES DE SAÚDE I

A taxa ou coeficiente de mortalidade representa a intensidade com que os óbitos por uma determinada doença ocorrem em dada população.

Mortalidade Infantil: Afecções do Período Perinatal

SVS Superintendência de Vigilância em Saúde

INDICADORES DE SAÚDE I

Traumatismos decorrentes de acidentes automobilísticos

INDICADORES SOCIAIS (AULA 3)

TÍTULO AUTORES: ÁREA TEMÁTICA Introdução:

CIR LITORAL NORTE. Possui 4 municípios: Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba

ENFERMAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA

DESIGUALDADES SOCIAIS E MORTALIDADE INFANTIL NA POPULAÇÃO INDÍGENA, MATO GROSSO DO SUL. Renata PalópoliPícoli

Alta Mortalidade Perinatal

Marianne Saldanha Nery. Wladimir Lopes

Mortalidade Infantil em uma amostra de Recém-nascidos no Município do Rio de Janeiro,

AULA 4 Transição epidemiológica

Instituto de Saúde Coletiva (ISC) Depto Epidemiologia e Bioestatística Disciplina: Epidemiologia II

ANÁLISE DOS DADOS DE MORTALIDADE DE 2001

COMITÊ MUNICIPAL DE ESTUDOS E PREVENÇÃO DAS MORTES MATERNAS DE PORTO ALEGRE (CMEPMM) Relatório da Mortalidade Materna de Porto Alegre 2007

PRÁ-SABER: Informações de Interesse à Saúde SINASC Porto Alegre Equipe de Vigilância de Eventos Vitais, Doenças e Agravos não Transmissíveis

PALAVRAS-CHAVE Morte Fetal. Indicadores de Saúde. Assistência Perinatal. Epidemiologia.

MEDIDAS DE MORTALIDADE

COMPORTAMENTO TEMPORAL DA MORTALIDADE NEONATAL PRECOCE EM SERGIPE DE : um estudo descritivo RESUMO

Parte III Análise por Grupo de População

CEENSP SAUDE DO TRABALHADOR: NOVAS REFERÊNCIAS RIO DE JANEIRO 21 DE NOVEMBRO DE 2012

Causas de morte em idosos no Brasil *

Período: Jan./2006 a dez./2012 Situação de Nascidos vivos, óbitos e doenças de notificação compulsória

Foto: Alejandra Martins Em apenas 35% das cidades a totalidade das crianças de 0 a 6 anos estão imunizadas (vacinadas) contra sarampo e DTP.

Capítulo 15 Perinatologia PATOLOGIA PERINATAL

CIR DE ITAPEVA. Pertencente ao Departamento Regional de Saúde DRS de Sorocaba

CIR DE VALE DO RIBEIRA

Perfil dos nascidos vivos de mães residentes na área programática 2.2 no Município do Rio de Janeiro

MORTALIDADE INFANTIL POR CAUSAS EVITÁVEIS NAS MESORREGIÕES DA PARAÍBA NO PERÍODO DE 2004 A 2014

COMITÊ MUNICIPAL DE ESTUDOS E PREVENÇÃO DAS MORTES MATERNAS DE PORTO ALEGRE (CMEPMM)

Saúde Brasil Uma análise da situação de. e internacional de. Brasília, 14 de dezembro de 2010

Mortalidade Perinatal no Estado de São Paulo

TÍTULO: ANÁLISE DA SÉRIE HISTÓRICA DA MORTALIDADE INFANTIL NA BAIXADA SANTISTA ENTRE 1998 A 2013

Perfil Epidemiológico do Suicídio no Estado do Paraná

RS Texto de Referência 5. Situação da Saúde no RS 1

QUANTOS ADOECEM E MORREM?

Sífilis Congênita no Recife

EPIDEMIOLOGIA. Profª Ms. Karla Prado de Souza Cruvinel

Coordenação de Epidemiologia e Informação

Como morrem os brasileiros: caracterização e distribuição geográfica dos óbitos no 2000, 2005 e 2009

Saúde. Linha de Base. htt p :// br asil ia ibict. br

REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS

LEVANTAMENTO DAS CAUSAS DE MORTE NEONATAL EM UM HOSPITAL DA REGIÃO DO VALE DO IVAÍ PR.

TKCSA:DIAGNÓSTICO EPIDEMIOLÓGICO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO. PERÍODO: 2000 A 2011

MORTALIDADE POR CAUSAS EVITÁVEIS DE 0 A 4 ANOS DE IDADE NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ-PR

Palavras-chave: mortalidade perinatal, risco atribuível, peso e evitabilidade.

DESCRIÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL EM PELOTAS A INTRODUÇÃO

10º FÓRUM DE EXTENSÃO E CULTURA DA UEM

A BenCorp acredita que um trabalho de gestão da saúde integrado e bem aplicado promove, de forma eficaz, qualidade de vida para os usuários de planos

Ceará. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado do Ceará (1991, 2000 e 2010)

ANEXO 1 ALGUNS INDICADORES MAIS UTILIZADOS EM SAÚDE PÚBLICA

Ideal de Saúde. Ideal de Saúde. Morte. Morte

Cesáreas eletivas: Iniqüidades sociais e efeitos adversos

Compromisso da Psicologia com a visibilidade e Notificação das Violências

ÍNDICE = Razão ou proporção = percentual

Organização do Sistema Organização do SUS em Pernambuco Estadual de Saúde

Vigilância do RN de Risco

GEOGRAFIA - 2 o ANO MÓDULO 16 DEMOGRAFIA: CONCEITOS E TRANSIÇÃO

DEMOGRAFIA DEMOGRAFIA

O PROBLEMA DA MORTALIDADE NEONATAL EM S. PAULO, BRASIL *

Taxa de mortalidade específica por aids na população de 15 anos e mais Descrição

ENFERMAGEM EPIDEMIOLOGIA E VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA. Aula 7. Profª. Tatianeda Silva Campos

Tábuas de Vida de Múltiplo Decremento: ganhos potenciais em expectativa de vida no RS, em 2005, relativos aos óbitos por Causas

MAPA DA DESIGUALDADE 2016

MINISTÉRIO DA SAÚDE/SPS/CONSULTORIA PROGRAMA DE REDUÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL E MATERNA NO NORDESTE BRASILEIRO

Taxa de mortalidade específica por infecções respiratórias agudas na população de 60 anos e mais Descrição

MORTALIDADE EM IDOSOS POR DOENÇAS E AGRAVOS NÃO- TRANSMISSÍVEIS (DANTS) NO BRASIL: UMA ANÁLISE TEMPORAL

ESTRATÉGIAS PARA AMPLIAÇÃO DO ACESSO DAS CRIANÇAS AOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Causas responsáveis pelos maiores gastos globais com internação - SUS Brasil,

Mato Grosso do Sul. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de Mato Grosso do Sul (1991, 2000 e 2010)

Sergipe. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de Sergipe (1991, 2000 e 2010)

Rio Grande do Norte. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado do Rio Grande do Norte (1991, 2000 e 2010)

Paraíba. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de Paraíba (1991, 2000 e 2010)

Sífilis Congênita DADOS EPIDEMIOLÓGICOS NACIONAIS

Prefeitura Municipal de Porto Alegre / PMPA Secretaria Municipal de Saúde / SMS Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde / CGVS Equipe de

ÓBITOS DE PREMATUROS NO MUNICÍPIO DE OSASCO, ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL *

Alagoas. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de Alagoas (1991, 2000 e 2010)

Espírito Santo. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado do Espírito Santo (1991, 2000 e 2010)

REPÚBLICA DE CABO VERDE RELATÓRIO ESTATÍSTICO 2015

Roraima. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de Roraima (1991, 2000 e 2010)

MARIA DO CARMO LEAL SILVANA GRANADO NOGUEIRA DA GAMA. s crianças e os idosos correspondem aos grupos. populacionais mais suscetíveis a adoecimento e

Aparelho Circulatório nos Municípios do

Intervenção da Chefe do Grupo Nacional da Assembleia da República de Moçambique, Deputada Margarida Talapa

Mortalidade por Causas Evitáveis e Implementação do Sistema Único no Brasil - SUS*

Transcrição:

1 TÍTULO: PERFIL DA MORTALIDADE NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, REGIÃO METROPOLITANA E MUNICÍPIO, 1999. AUTORES: Nataly Damasceno; Sheylla de Lima; Kátia Silveira da Silva INTRODUÇÃO:O declínio da mortalidade infantil ocorreu principalmente devido à diminuição da mortalidade pós neonatal. Autores apontam que a maioria das mortes neonatais podem ser evitadas por adequada atenção pré-natal, ao parto e ao recém nascido. Nas outras faixas etárias, destacam-se as causas associadas à violência urbana, porém ainda existe um elevado percentual de causas evitáveis por medidas assistenciais. OBJETIVO: Conhecer o perfil de mortalidade infantil e adolescência no estado do Rio de Janeiro(ERJ), município(mrj) e região metropolitana (METRO). METODOLOGIA: Os dados de óbitos foram obtidos a partir do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM/MS) e de Nascidos Vivos (SINASC/MS), segundo faixa etária, município de residência do estado do Rio de Janeiro em 1999 e as causas de morte foram categorizadas segundo a X Classificação Internacional de Doenças. RESULTADOS: A taxa de mortalidade infantil do estado é 21,3/1000 NV. A 1ª e 2ª causa de morte entre os <1 ano são as afecções originadas no período perinatal (50%) e as malformações congênitas (15%), respectivamente. No ERJ e na METRO, a 3 a causa de morte são as doenças do aparelho respiratório. No MRJ são as doenças infecto-contagiosas. Nos <28 dias, chama atenção a mortalidade proporcional por sífilis congênita. No período pós-neonatal, observa-se um elevado número de óbitos por diarréia, na METRO e MRJ. Na METRO, a desnutrição é a 7ªcausa (2,1%), com um risco de morte de 0,25 por 1000 NV. A AIDS aparece como importante causa de morte neste grupo. Na faixa etária de 1-4 anos, as causas externas ocupam o 1 lugar (20%), seguidas das doenças do aparelho respiratório, 18,3%(ERJ) e 19,4%(METRO),porém no MRJ são as doenças infecto parasitárias (18,5%). Observa-se uma mortalidade devido a malformações congênitas ( 8%) e um elevado percentual de óbitos devido às causas maldefinidas. Nas faixas etárias: 5-9,10-14 e 15-19 anos, destaca-se o aumento do risco de morrer por causas externas, 30%, 50% e75% dos óbitos, respectivamente. Na faixa etária de 5-9 anos, na METRO a 1 a causa de morte são as causas mal definidas, enquanto que MRJ são as causas externas. CONCLUSÃO: O perfil assistencial do IFF pode contribuir para a diminuição da mortalidade por causas perinatais e anomalias congênitas, bem como por doenças infecto parasitárias e respiratórias.

2 Introdução A atenção dada a primeira infância é um aspecto crítico das estratégias anti pobreza para romper os ciclos de saúde precária crônica e de desenvolvimento humano insatisfatório que se reproduzem de uma geração para a outra. É também um fator crítico na subseqüente transição da criança para a fase adulta, influenciando tanto suas habilidades sociais como suas escolhas comportamentais. (1) Nos países em desenvolvimento, a mortalidade infantil é elevada e uma significativa parcela deste número é devida à mortalidade perinatal e neonatal. As principais causas da mortalidade perinatal estão associadas à prematuridade, à asfixia, às infecções intra-uterinas, à toxemia gravídica e às malformações múltiplas, enquanto àquelas referidas ao período neonatal são as infecções agudas intra-uterinas, os problemas respiratórios, as malformações, a prematuridade e a infecção pós-natal, esta última ocupa uma importância que varia conforme as condições operacionais da Maternidade e do Berçário. (2) No Brasil, vários estudos têm demonstrado a tendência de declínio da mortalidade infantil (3). Entretanto, a evolução de decréscimo não é homogênea no país, apresentando padrão que obedece às desigualdades regionais e, sobretudo, à iniqüidade das condições sócio econômicas (4). Atualmente a mortalidade neonatal se constitui no componente de maior expressão quantitativa da mortalidade infantil no Rio de Janeiro, apresentando uma redução bem aquém da esperada. Pode-se até prever uma estabilização do

3 coeficiente de mortalidade infantil se nenhuma intervenção específica for feita em breve sobre a mortalidade neonatal, pois nos últimos anos variou entre22,6/ 1000NV (1980) e 11,2/ 1000NV (2000)(5) Estes óbitos ocorrem principalmente por causas evitáveis, que, na sua maioria, dispensam a utilização de tecnologia neonatal complexa, ou seja, são evitáveis com procedimentos simples, de baixo custo e grande efetividade. (5) Também poderiam ser considerados evitáveis os óbitos atribuídos as causas externas, que são descritas como importantes causas de morte na infância e adolescência. O Rio de Janeiro é a capital do país que apresenta as mais elevadas taxas de mortalidade por causas externas responsáveis pela maioria das mortes na ampla faixa dos 5 aos 49 anos de vida, além de serem as principais responsáveis por anos potenciais de vida perdidos. Estudos recentes mostram o crescimento das mortes por violência entre grupos cada vez mais jovens, particularmente entre crianças e adolescentes.(6)? Conhecer as causas de morte de crianças e adolescentes de determinada região possibilita avaliar a saúde da população e definir medidas de prevenção para o direcionamento de ações, dando suporte para a organização e estruturação das diferentes esferas de governo assim como das unidades de saúde, a fim de modificar o atual quadro.

4 OBJETIVO Conhecer o perfil da mortalidade na infância e na adolescência no estado do Rio de Janeiro, Região metropolitana e Município do ano de 1999. METODOLOGIA Os dados foram obtidos a partir do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM/MS) e de Nascidos Vivos (SINASC/MS), e as causas de morte foram categorizadas segundo a X Classificação Internacional de Doenças (CID X) e por causas específicas(cid BR X 3dígitos). A população estudada foram crianças e adolescentes na faixa etária de 0 a 19 anos residentes no Estado do Rio de Janeiro no ano de 1999. As taxas de mortalidade Infantil para o Brasil e outros países nos anos de 1960 e 1998 foram retiradas do Relatório sobre a Situação Mundial da Infância (2000). Para a análise dos dados a população foi agrupada nas seguintes faixas etárias : menores de 1 ano (neonatal e pós neonatal), 1 a 4 anos, 5 a 9 anos, 10 a 14 anos e 15 a 19 anos. E foram analisadas as seguintes áreas geográficas: Estado, Município e Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

5 Resultados e Discussão: Nos últimos 40 anos a taxa de mortalidade infantil no Brasil, sofreu uma redução considerável caindo de 115/1000 NV em 1960 para 36/1000 NV em 1998. Porém apesar desse decréscimo o risco de morte em menores de um ano em nosso país está aquém dos valores apresentados pelos países industrializados como Alemanha, Canadá, Japão, ou mesmo da taxa de mortalidade infantil apresentada por países também classificados como em desenvolvimento (Cuba, Chile e Argentina). Este indicador no Brasil assume valores próximos a países menos desenvolvidos como Tuvalu, localizado ao Leste da Ásia e Botswana, este último considerado como em desenvolvimento. (Tabela 1) Tabela 1 : Taxa de Mortalidade infantil (TMI) por 1000 NV em alguns países para 1960 e 1998. País TMI p/ 1000 NV 1960 1998 Japão 31 4 Alemanha 34 5 Canada 28 6 Cuba 39 7 Chile 107 11 Argentina 60 19 Colômbia 82 25 Brasil 115 36 Botswana 117 38 Afeganistão 215 165 Tuvalu - 40 Fonte: UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a infância. Situação Mundial da Infância 2000. A taxa de mortalidade infantil do estado do Rio de Janeiro é 21,3/1000 nascidos vivos. A principal causa de morte entre os menores de um ano são as afecções originadas no período perinatal, para a qual a mortalidade proporcional é

6 maior que 50%. A Segunda principal causa nesta faixa etária são as malformações congênitas, cuja mortalidade proporcional encontra-se em torno de 15%. No Estado do Rio de Janeiro, bem como na região metropolitana a terceira principal causa de morte são as doenças do aparelho respiratório enquanto que no município são as doenças infecto contagiosas (Gráfico 1). Gráfico 1 Mortalidade Infantil Taxa e Distribuição Proporcional. 100% 80% 60% 40% 20% 0% 1,5 1,1 1,8 2,0 3,0 15,1 1,6 1,2 1,9 1,9 3 13,8 1,4 1,3 1,7 1,9 3,6 12,2 ERJ METRO MRJ outras s.s.acha.clin. DIP dçs.apar.resp. malf.cong. Afec.orig.per.perinatal Vários estudos apontam para o declínio da mortalidade infantil no Brasil, devido à importante redução do componente pós neonatal. Ao se analisar as principais causas de morte em menores de 28 dias encontramos as afecções originadas no período perinatal (ver tabela 1) que correspondem a mais de 50% dos óbitos infantis ocorridos neste ano. A mortalidade proporcional (2,5%) por sífilis congênita no município não está entre as principais, porém apresenta valores elevados considerando se tratar de uma causa de óbito evitável por adequada assistência pré natal. Na faixa etária de 28 dias a 1 ano observa-se um elevado número de óbitos por diarréia tanto na região metropolitana quanto no município (onde ocupa o 4 e

7 5 lugar respectivamente) o que pode estar refletindo uma dificuldade de acesso da população aos serviços de saúde, visto se tratar também de uma causa evitável. Na região metropolitana a desnutrição é a sétima causa de morte, com mortalidade proporcional de 2,12% e o risco de morte de 0,25 por 1000 nascidos vivos. A doença por vírus da imuno deficiência humana aparece entre as principais causas de morte neste grupo, o que reflete uma inadequada atenção a gestação de alto risco nos serviços de saúde oferecidos. Tabela 1 - Mortalidade proporcional Neonatal por causas específicas CAUSAS METRO MRJ Desconforto /angústia resp. do RN 14,5 17,1 Septicemia bacteriana do RN 13,6 15,2 Afecções resp. orig.periodo perinanal 13,2 8,3 Asfixia ao nascer 6,1 6,3 Fetos afetados por complicações materna da grav. 4,0 4,9 Outras 48,6 48,2 Tabela 2 - Mortalidade proporcional Pós Neonatal por causas específicas CAUSAS METRO MRJ Mal específicas e não especificadas 14,8 16,8 Pneumonia 16,1 12,5 Septicemia 12,1 12,0 Malf. Congênitas do coração * 4,5 Diarréia 5,3 3,9 Outras 51,7 50,3 *Está incluído em outras causas, não aparece entre as principais. Ao se analisar as causas de morte por grandes grupos na faixa etária de 1 a 4 anos, as causas externas aparecem em primeiro lugar com mortalidade proporcional em torno de 20%, sendo que a taxa de mortalidade por esta causa específica, é maior no estado (0,19/10.000 NV) e assume o mesmo valor (0,16/ 10.000 NV) para a região metropolitana e município. A Segunda principal causa de

8 morte no estado e região metropolitana são as doenças do aparelho respiratório (mortalidade proporcional 18,3% e 19,4% respectivamente) e as doenças infecto parasitárias no município (mortalidade proporcional 18,5%). Nesta faixa etária, pode-se observar o declínio da mortalidade devido à malformações congênitas (em relação a faixa etária anterior), cuja mortalidade proporcional não ultrapassa 8%. Entretanto observa-se que as neoplasias, que no grupo anterior não apareciam, começam a contribuir de forma significativa para a mortalidade nesta faixa etária (Gráfico 2). Gráfico 2 Mortalidade na faixa etária de 1 a 4 anos por grandes grupos Taxa e Distribuição proporcional. 100% 80% 60% 40% 20% 0% 9,1 5,5 5,6 6,0 13,0 13,3 16,1 19,3 8,4 4,8 4,5 5,5 14,5 12,6 16,1 16,4 7,6 6,1 6,4 5,8 14,3 15,2 11,2 15,5 ERJ METRO MRJ outras malf.cong. Neoplasias dçs. Sist.nerv. S.S.acha.clin. Ex. lab. DIP Dçs. Apar. Resp. Causas Externas A análise das causas específicas de morte (CID X 3 dígitos) nesta faixa etária, evidencia que a maior proporção de óbitos, é devido as causas maldefinidas e não especificadas, tanto na região metropolitana quanto no município (tabela 3). E que apesar dos óbitos por diarréia e gastroenterites de

9 origem infecciosa presumida no município não se encontrar entre as 5 principais causas de morte, é responsável por 2,2% do total de óbitos. Tabela 3 - Mortalidade proporcional por CID 3 dígitos 1 a 4 anos CAUSAS METRO MRJ Causas maldefinidas. E não específicas 16,3 17,2 Pneumonia 12,0 6,7 Septicemias 7,3 3,7 Infecção meningocócica 4,6 4,5 Afogamento e submersão não específica 2,7 * Outras 57,2 67,9 *Está incluído em outras causas, não aparece entre as principais. Na faixa etária de 5 a 9 anos há um perfil diferenciado para a região metropolitana onde a primeira causa de morte são as causas mal definidas, enquanto no município são as causas externas (traumas e afogamentos). Em ambos observa-se ainda entre as causas de morte as neoplasias, pneumonias e infecções meningocócicas. (Tabela 4) Tabela 4 Faixa etária de 5 a 9 anos Taxa de mortalidade (p/10.000 NV) e mortalidade proporcional (%).CID X 3 dígitos. CAUSAS METRO MRJ Taxa M.P.% Taxa M.P.% Causas maldef. E não específicas 2,4 7,8 * * Pedestres traumat. em outros ac. De transp. 2,3 7,4 2,1 6,5 Pneumonia 2,0 6,3 1,2 3,6 Leucemia linfoide 1,4 4,4 2,1 6,5 Neoplasia malígna do encéfalo 1,4 4,4 1,9 5,8 Outras 16,8 69,6 14,9 77,5 Total 26,3 100 22,2 100 *Está incluído em outras causas, não aparece entre as principais. Nas faixas etárias de 5 a 9, 10 a 14 e 15 a 19 anos, observa-se o aumento contínuo do risco de morrer por causas externas no estado, município e região metropolitana, sendo esta a principal causa de morte, com mortalidade proporcional maior que 30%, 50% e 75%, respectivamente, em cada uma dessas

10 faixas. O risco de morrer por esta causa quando se tem entre 15 e 19 anos é de 1,31/100.000 habitantes no estado do Rio de Janeiro (Gráfico 3). Grafico 3 Mortalidade proporcional por causas externas nas faixas etárias de 5 a 9, 10 a 14 e 15 a 19 anos no ERJ, METRO e MRJ. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 45,77 35,84 78,76 34,78 47,2 80,57 29,71 52,04 ERJ METRO MRJ 81,96 5 a 9 anos 10 a 14 anos 15 a 19 anos A constatação de que o crescimento da mortalidade por causas externas está ocorrendo principalmente nos grupos mais jovens tem sido feita em estudos em várias partes do mundo( Trajetória sócioepidemiológica da violência contra crianças e adolescentes ). Em estudo realizado em 16 países da América Latina, Colômbia e Brasil foram os únicos países que apresentaram taxas de mortalidade por causas externas francamente ascendentes, estando o Brasil em 4 lugar entre os países com as maiores taxas de mortalidade por esta causa. (Revista Brasileira de Saúde Pública). Pela freqüência com que ocorrem e por serem os adolescentes e adultos jovens os grupos mais atingidos, as causas externas são as maiores responsáveis pelos anos potenciais de vida perdidos. As doenças do aparelho circulatório aparecem na faixa etária de 10 a 14 anos (ocupando o 5º e 6º lugar) entre as principais causas de morte e sofrem um

11 incremento na população com idade entre 15 e 19, quando passa a ocupar o 3º lugar no estado e 4º na região metropolitana e município. CONCLUSÃO O quadro de mortalidade infantil apresentado para o município e região metropolitana, permite concluir que o perfil assistencial do IFF pode contribuir para a diminuição da mortalidade infantil por causas perinatais bem como por doenças infecto parasitárias e respiratórias. Porém, sua atual estrutura não permite ação para a redução da mortalidade por causas externas (como por exemplo: acidentes de transporte), uma vez que a instituição não dispõe de serviço de emergência.

12 BIBLIOGRÁFIA: 1. UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a infância. Situação Mundial da Infância.2000 2. VAZ, F.A.C.Mortalidade Perinatal e Neonatal. Revista da Associação Médica Brasileira 1997; 43(1). 3. MENEZES ET AL,1996 4. MENEZES ET AL, 1998 5. LEAL,M.C.; SZWARCWALD,C.L. Evolução da Mortalidade neonatal no estado do Rio de Janeiro, Brasil (1979-1993): Análise por causa segundo grupo de idade e região de residência. Cadernos de Saúde Pública 1996;12(2) 6. SOUZA, E.R.; ASSIS, S.G.; SILVA, C.M.F.P.Violência no Município do Rio de Janeiro: áreas de risco e tendências da mortalidade entre adolescentes de 10 a 19 anos. Revista Panamericana de Saúde Pública 1997; 1(5): 389 398.