A mudança na formação pela extensão universitária.



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Transcrição:

XXVII Cngres de la Asciación Latinamericana de Scilgía. Asciación Latinamericana de Scilgía, Buens Aires, 2009. A mudança na frmaçã pela extensã universitária. Gevânia da Silva Tscan. Cita: Gevânia da Silva Tscan (2009). A mudança na frmaçã pela extensã universitária. XXVII Cngres de la Asciación Latinamericana de Scilgía. Asciación Latinamericana de Scilgía, Buens Aires. Dirección estable: http://www.aacademica.cm/000-062/45 Acta Académica es un pryect académic sin fines de lucr enmarcad en la iniciativa de acces abiert. Acta Académica fue cread para facilitar a investigadres de td el mund el cmpartir su prducción académica. Para crear un perfil gratuitamente acceder a trs trabajs visite: http://www.aacademica.cm.

A mudança na frmaçã pela extensã universitária Prfa. Dra. Gevânia da Silva Tscan Departament de Ciências Sciais e Plíticas - UERN Intrduçã A herança d sécul XX, especialmente nas suas últimas décadas, revelu mudanças ecnômicas, plíticas e culturais que abalaram as estruturas das universidades d mund inteir, sbretud as de caráter públic, as quais se vêem ameaçadas em sua existência e n cumpriment de sua missã, em face de nvas perspectivas de açã. O cntext de desigualdades sciais predminante na cntempraneidade, vivenciad pelas universidades, é caracterizad pr Buarque (2003, p. 37), cm sensaçã de inutilidade frente a turbilhã de mudanças d mund da infrmaçã, d trabalh, d diagnóstic de desempreg ds aluns diplmads, d aument da prduçã de cnheciments pr utras instituições, sbre que lança a seguinte apsta: para retmar a sintnia cm futur, a Universidade só tem um caminh: assumir sua crise de identidade em um mund em mutaçã, fazend d seu futur um tema permanente de estuds. (Ibid. p. 40). Sants (1996) a estudar a realidade das universidades eurpeias cnsidera que nas décadas de 1980, 1990 e s primeirs ans d Sécul XXI, acentuam-se as cntradições das funções universitárias assumidas a lng de sua história as quais repercutem em crises denminadas de hegemnia, de legitimidade e de institucinalidade. Essas prvcam a perpetuaçã da dissciabilidade entre a investigaçã, ensin e a extensã. N camp da investigaçã, a universidade vem se trnand assim, refém ds interesses da cmpetitividade da ecnmia, em detriment de uma investigaçã vltada para s interesses sciais e humans. Na dimensã d ensin, vem perdend a ideia de frmaçã geral, cultural e humanista, em prl da prfissinal, especializada e utilitária. N tcante à extensã, cntinua a visã assistencial, a dimensã de prestaçã de serviçs, em detriment de uma açã educacinal cm perspectiva de uma frmaçã cidadã e de emancipaçã scial.

A assciar estas crises à realidade brasileira n cntext d final da década de 1990 e inici d Sécul XXI, percebe-se que as universidades públicas buscam repensar suas funções n sentid de sinalizar prpsições invadras, vislumbrand perspectivas de açã que pssam dar respstas as prblemas sciais emergentes e às questões sciais que se apresentam. Trna-se necessári nesse sentid, uma redefiniçã de sua atuaçã, n que diz respeit a paradigma da frmaçã prfissinal que tem sid privilegiad a lng da história da educaçã n Brasil. A partir ds ans de 1990, n Brasil, a extensã universitária tem se apresentad cm uma das pssibilidades de abertura da universidade à cmunidade, buscand dialgar cm s diferentes saberes externs a camp acadêmic e redefinind seu papel na relaçã cm a sciedade. Ist retrata um utr fazer universitári, pautad numa prpsta de frmaçã cidadã, pis as práticas extensinistas identificam s espaçs externs à academia cm lcais de aprendizagens permanentes e invadres. O Fórum de Extensã das Universidades Públicas Brasileiras crrbra esta assertiva a elabrar em 2001 Prgrama Universidade Cidadã que rientava as instituições para investirem em prgramas de extensã que implicassem em relações multidisciplinares e transdisciplinares e prvcassem a interaçã cm a sciedade para aliar a frmaçã ds aluns cm as prblemáticas que um dia irã enfrentar. Na Universidade Federal d Ri Grande d Nrte, n an 2000, Prgrama de Ensin e Extensã Saúde e Cidadania (SACI), fi criad e institucinalizad n Departament de Saúde Cletiva, destinad as aluns ds primeirs períds ds curss da área de saúde, dentr das perspectivas nacinais de mudança na frmaçã em saúde. Neste artig, analisa-se Prgrama Saúde e Cidadania (SACI) situand- em um mviment mais ampl n debate sbre a refrma na frmaçã universitária em diálg cm a sciedade pel caminh da extensã universitária. Este text é resultante da pesquisa que riginu a tese de dutrad intitulada: Extensã universitária e frmaçã cidadã: a UFRN e a UFBA em açã, defendida em dezembr de 2006, n Prgrama de Pós-Graduaçã em Ciências Sciais, da Universidade Federal d Ri Grande d Nrte.

UNIVERSIDADE E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA Ns ans 1990 e iníci d Sécul XXI, aperta-se cerc neliberal, ampliand-se crtes de recurss nas plíticas sciais: as universidades públicas nã fgem à regra, mas vêm lutand pela sbrevivência através d aument de vagas e criaçã de nvs curss, buscand a superaçã ds desafis interns e externs, na tentativa de recuperar a sua própria identidade histórica, realizand as suas missões cultural, científica e técnica, cnstruind e scializand saberes. Nesse períd, a prduçã bibligráfica sbre essa instituiçã é sugestiva e metafórica; a analisar cntext de crises vivenciadas, ns ferece diagnóstic da situaçã, destacand-se: (MENEZES, 2000), (TRINDADE, 2000) e (GENTILE, 2001). Sants (1996, p. 187), a falar dessa situaçã cmplexa e estrutural pela qual vem passand as universidades a lng de sua história, assinala um cntext de aversã à mudança, e ns alerta para a necessidade de uma refrma prfunda numa dimensã paradigmática, nã prgramática, que pssa aumentar a sua capacidade de respstas à sciedade, sem perder de vista a sua capacidade de questinament. Na América Latina, a mairia das universidades surgiu de um cnglmerad de faculdades e esclas prfissinais, seguind mdel francês. Algumas estavam ligadas as gverns militares e assumiram papel da frmaçã de mã-de-bra necessária a prjet de desenvlviment de seus países. Ribeir (1978), a tecer uma análise dessas instituições, indica duas imagens pstas existentes: a existência de um ideári acadêmic alhei à práxis, alienand essa instituiçã dela própria, e utra assciada as discurss psitivistas da mdernizaçã reflexa. Já German (2005) analisand a educaçã n cntext d regime militar (1964-1985) ressalta que n Brasil plasmu uma visã utilitarista da educaçã que se apresentu cm referencial nas refrmas educacinais implantadas n períd d Regime Militar (1964-1985), tais cm: Refrma Universitária de 1968, na Lei 5.540 e Refrma de Ensin de 1º e 2º graus, na Lei 5.692 de 1971, n I e II Plans Setriais de Educaçã, Cultura e Desprts (1974-79). A frmaçã prfissinal utilitária mantém-se frtemente presente entre aqueles que cncrrem e entram n ensin superir, sbretud, naquelas áreas recnhecidas cm de mair valr n mercad ds bens simbólics. Ist pde ser cnfirmad na pesquisa Vestibular: a esclha ds esclhids: um estud sbre a UFRN (TOSCANO, 1999). O Fórum de Extensã, criad em 1987, durante I Encntr de Pró-Reitres de Extensã das Universidades Públicas Brasileiras, bjetivu a revisã cnceitual da extensã, definida cm um ds caminhs capazes de pssibilitar cumpriment da funçã scial dessas instituições.

Outrs Fóruns de Extensã Universitária realizaram-se nas décadas de 1980 e 1990, em váris Estads brasileirs, cnstruind espaçs de reflexã, de re-elabraçã e reafirmaçã d cnceit de extensã cm um prcess educativ, cultural e científic que articula ensin e a pesquisa de frma indissciável e viabiliza a relaçã transfrmadra entre universidade e sciedade. (NOGUEIRA, 2000, p. 11). Jezine (2002), em seu estud sbre as crises das universidades brasileiras e significad que a extensã universitária tem assumid n Brasil, pstula três cncepções de extensã: a cncepçã assistencialista que remete a papel da universidade para atendiment as necessidades e carências da ppulaçã e nã estabelece a relaçã cm ensin e a pesquisa; a prestaçã de serviçs, na perspectiva mercantilista para captaçã de recurss para as Universidades e a funçã acadêmica. Esta última apresenta-se cm aquela capaz de prpr diálgs cm a sciedade, na cnstruçã de nvs saberes. Entre as características demarcadas na funçã acadêmica da extensã destacams: a relaçã teria e prática; a relaçã dialógica entre universidade e sciedade, cm prmtra da trca de saberes; parte integrante da dinâmica pedagógica curricular d prcess de frmaçã e prduçã de cnheciments; envlviment d alun e d prfessr em uma dimensã dialógica. (JEZINE, 2001; 2002). A Universidade Federal d Ri Grande d Nrte (UFRN) durante a gestã d Reitr Gerald ds Sants Queirz (1992-1995) iniciu um prcess de avaliaçã institucinal, cuja ênfase inicial fi a discussã sbre caráter públic da universidade que se inseriu num prgrama nacinal Prgrama de Avaliaçã Institucinal das Universidades Públicas Brasileiras (PAIUB). A avaliaçã fez um diagnóstic glbal das cndições de estrutura e funcinament dessa instituiçã, para psterir elabraçã de uma reflexã d desempenh acadêmic das suas atividades: ensin, pesquisa e extensã, resultand em prpstas de mdificações, cnfrme critéri de qualidade d ensin e de suas demais funções. N tcante à extensã universitária, a gestã d Prf. Gerald Queirz (1992-1995) a cnsiderava cm uma das funções básicas da Universidade, cujs prgramas apntavam para a prmçã de uma efetiva interaçã universidade/cmunidade, através da articulaçã cm ensin e a pesquisa, visand sua permanente realimentaçã; trnar a prática acadêmica um prcess dinâmic, capaz de repercutir cultural e pliticamente [...] (UFRN, 1995, p. 35). Nesta direçã, tend cm base a precupaçã cm a evluçã das funções universitárias e cm a divulgaçã ds saberes existentes, a primeira gestã d Reitr Jsé Ivnild Reg (1995-1999), em seu Plan Estratégic de Açã, sinalizu: redimensinar prjet acadêmic, num

prcess simultâne de qualificaçã, atualizaçã e invaçã, capaz de prduzir nv impuls a ensin, pesquisa e extensã. (UFRN, 1999, p. 35). À frente da Pró-Reitria de Extensã da UFRN, estava Prf. Arnn Mascarenhas de Andrade (1995-1999), e as discussões acerca d papel da extensã nas Universidades fram inseridas ns debates interns e nacinal na década de 1990. A extensã se apresentu cm alternativa da interaçã entre universidade e cmunidade, estabelecend a relaçã cm ensin e a pesquisa. A gestã universitária d Reitr Ótm Anselm de Oliveira (1999-2003), em seu Plan de Desenvlviment Institucinal definia a missã da UFRN, cm instituiçã pública, é educar, prduzir e disseminar saber universal, cntribuir para desenvlviment human, cmprmetend-se cm a justiça scial, a demcracia e a cidadania. (UFRN, 1999, p. 2. Na Pró- Reitria de Extensã da UFRN, estava Prf. Jsé Willingtn German (1999-2003), que frmulu dcument intitulad A Extensã na UFRN, cm s seguintes bjetivs: a) Cntribuir para que a Universidade asscie máxim de qualificaçã acadêmica cm máxim de cmprmiss scial. b) Estabelecer uma relaçã dialógica junt à sciedade. c) Estabelecer parcerias cm s diferentes setres da sciedade n envlviment crític cm s seus prblemas cruciais e suas demandas. d) Prmver a articulaçã entre as ciências, as artes e humanidades e diálg cm cnheciment da tradiçã. (UFRN, 1999, p. 8). Esta perspectiva de relaçã universidade e cmunidade presente n cenári da gestã da UFRN ns ans de 1990, mtivu a implementaçã das mudanças curriculares n Centr de Ciências da Saúde (CCS). Nasce assim, Prgrama Educaçã, Saúde e Cidadania (PESC), que criu Prgrama Saúde e Cidadania (SACI) em 2000.2 para s aluns ds primeirs períds ds curss da área de saúde. A primeira turma d SACI fi cadastrada cm disciplina cmplementar para atender a aluns d primeir an ds seis curss d CCS quais sejam: Nutriçã, Enfermagem, Medicina, Fisiterapia, Odntlgia; e Psiclgia, este d Centr de Ciências Humanas, Letras e Artes. A finalidade d SACI na UFRN é desenvlver práticas indisciplinares e multidisciplinares, trabalh em equipe e prmver a articulaçã ensin/serviç, universidade/cmunidade e agir na cmunidade trabalhand cm a pedaggia da prblematizaçã. Cm ist, incentiva- na cnstruçã d seu própri cnheciment, tend cm espaç de reflexã s prblemas das cmunidades. Envlve aluns e prfessres da área de saúde e é realizad em diferentes instituições sciais na Zna Oeste de Natal/RN ns bairrs de Cidade da Esperança, Guarapes,

Bm Pastr, Cidade Nva, Nva Cidade e Mnte Líban. Sã lcais que histricamente têm apresentad elevad índice de prblemas sciais. A metdlgia de açã neste prjet de extensã é a pedaggia da prblematizaçã Freire (1987), a qual se fundamenta n exercíci d diálg prblematizad, envlvend prfessres, aluns e cmunidade, nde tds sã sujeits n prcess de aprendizagem sbre a realidade que s circunda. Alicerçada em uma educaçã nã mais cm uma daçã, uma impsiçã presente na cncepçã "bancária", mas para uma prpsta educativa d pensar crític sbre a própria existência, a relaçã hmem/mund e hmens/hmens. N Prgrama SACI prfessres/tutres/aluns aluns, cm api ds prfissinais da Unidade de Saúde e agentes cmunitáris, realizam visitas a diverss espaçs sciais da cmunidade. Os encntrs d SACI sã prcesss de cnstruçã de cnheciments cntextualizads, que busca prmver a frmaçã integral d alun, diálg e a integraçã da universidade cm a realidade scial. Nessa perspectiva, Sants (2004, p. 56 57) revela que O bjetiv cnsiste em re-situar papel da Universidade pública na definiçã e resluçã cletiva ds prblemas sciais que agra, sejam lcais u nacinais, nã sã reslúveis sem cnsiderar a sua cntextualizaçã glbal. Prcurams, assim, identificar entre prfessres e aluns entrevistads qual a visã deles sbre fazer da universidade na sua relaçã cm a sciedade e se a experiência d SACI crrbra para efetivá-l. Algumas falas ns ajudam a refletir sbre esta perspectiva de frmaçã: A Universidade tem um papel fundamental: se nós estams frmand aqueles prfissinais que vã cnstruir a sciedade que nós vivems, dever e papel da Universidade nesse sentid é frmar um prfissinal cidadã. E ele só se cnstrói n diálg e nã havend iss, vams frmar prfissinal que mercad quer: aquele que nã vai lhar que a cmunidade pensa, mas ele vai lhar para mercad. (Tutra d SACI) [...] eu ach que a funçã da UFRN, a funçã priritária junt à cmunidade, é prver aquil que ela tem de melhr: cnheciment. Prque a grande questã da universidade deve ser essa cmpanhia, esse agregad de cnheciment e que deve se refletir na transfrmaçã da sciedade. Nã adianta nada vcê apenas frmar prfissinais que cntinuem deixand a sciedade d jeit que está n mesm patamar de evluçã. (alun d curs de Farmácia) [...] SACI é fundamental para alun lg n iníci d curs. E se pssível, utrs cntats desse tip cm a cmunidade. Prque é a

cmunidade que vai absrver a mair parte ds prfissinais, principalmente serviç públic [...] Sei que td mund pensa em ganhar dinheir, em se sustentar. O prfissinal da saúde enxergand essas demandas, quand entra em cntat, eu nã acredit que uma pessa pssa sair d SACI insensível ainda em relaçã a essas necessidades que determinadas cmunidades apresentam mais que utras. Saíms cm essa cnsciência d papel scial [...] enquant estudante de universidade pública [...] (Aluna de Enfermagem) Esses depiments sinalizam para princípi metdlógic d diálg na frmaçã universitária, tend em vista as ameaças da lógica mercadlógica, que invade s espaçs de frmaçã universitária; abrdam a imprtância da frmaçã d prfissinal cidadã na universidade e seu papel na sciedade; falam de uma visã de cnstruçã da sciedade e d tip de frmaçã dada nessas instituições; apntam para a ideia de transfrmaçã da sciedade; sinalizam SACI cm a prtunidade de atuar em espaçs nde um dia irã agir cm prfissinais. CONSIDERAÇÕES FINAIS N cntext de crise da universidade pública n iníci d Sécul XXI, n Brasil, a UFRN cnseguiu implementar mudança na frmaçã n âmbit da área de cnheciment da saúde pela extensã universitária. Evidentemente, que Prgrama SACI a lng de sua existência a partir de 2000.2 tem sfrid dificuldades, que faz cm que tutres e aluns pssam buscar caminhs para amenizar a crise. Percebems após cncluir a pesquisa em 2006 que apesar das dificuldades, huve cresciment da demanda de aluns, assciada as seguintes aspects: a divulgaçã entre s própris aluns na área de saúde, reveland as clegas que a experiência é ba; a pssibilidade de ser ptativa, cabend a alun a esclha u nã de participar; e ainda, cnsidera que parece ser uma prpsta de disciplina que "fala pert d craçã" ds aluns. Prtant, pderá envlver aspects demnstradres de sensibilidade e genersidade entre s participantes desta experiência de ensin e extensã na UFRN. Cncluíms que s envlvids n SACI ressaltam a imprtância da experiência para a sua frmaçã na medida em que prpõe das atividades, a aprendizagem em equipe, a scializaçã de

cnheciments, a interaçã cm a sciedade, a tentativa de transfrmar a realidade, a idéia de retrn para a sciedade, a cmpreensã d significad da cidadania relacinada à nçã de direits, respeit a utr, a slidariedade e a respnsabilidade e uma prpsta de diálg entre saberes.

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