SEMINÁRIO TEMÁTICO VIII: TECNOLOGIA E INOVAÇÃO AULA 01: CONCEITOS SOBRE INOVAÇÃO E TECNOLOGIA TÓPICO 04: INOVAÇÃO ABERTA E INOVAÇÃO FECHADA Conceitualmente a inovação foi pensada como um processo interno às empresas, sendo esta a grande ruptura da proposta de Schumpeter aos mecanismos econômicos clássicos. No entanto, o desenvolvimento das "firmas" e do conceitos e da operacionalidade através de redes ou cadeias de suprimentos criam uma nova perspectiva para o processo de inovação. Os estudos de Chesbrough (2002 apud CARVALHO 2009) trazem a tona o conceito de inovação aberta ((<em>open innovation</em>)) que contrapõe o que seria a inovação fechada ((<em>closed innovation</em>)), a que seria até então discutida. Ao autor define como inovação fechada aquela conduzida nas empresas com a filosofia de que "se você quer fazer algo certo, faça você mesmo". A chave do sucesso é o controle sobre todo o processo de inovação, desde a concepção da ideia, passando pelo desenvolvimento até a comercialização. Para estas é necessário investir mais em pesquisa e desenvolvimento (P&D) internamente do que as concorrentes e reter os principais talentos do mercado. Esse esforço reverte em maior número de inovações que geram lucros pelo prêmio de preço obtido da introdução pioneira da inovação no mercado. Outro pilar importante da inovação-fechada é a proteção da propriedade intelectual ((<em>intellectual property - IP</em>)) para impedir que os concorrentes se apropriem de seu esforço de inovação. A Figura 5 ilustra o conceito de inovação-fechada. FIGURA 5
OLHANDO DE PERTO Pode-se observar na Figura 5 que todo o "ciclo de inovação" (P&D ao Mercado) ocorre dentro das fronteiras da organização. A inovação-fechada funcionou para muitas empresas líderes em inovação. Mas no final do século XX com o crescimento de redes de operações entre empresas e a busca da competitividade através da cooperação entre empresa da mesma rede - dentro de uma perspectiva de competição por um mercado global o processo "fechado" de inovação mostrou suas limitações em diversas áreas. Neste contexto, o círculo virtuoso que sustentou a inovação-fechada começou a ruir pela dificuldade em reter os principais talentos e de obter o prêmio de preço pela proteção das inovações, em especial em alguns setores como o de informática (CHESBROUGH, 2002). Em um novo ambiente de inovação, nem sempre a organização que investiu na a inovação lucra com o investimento, portanto, a proteção de sua propriedade intelectual não é condição suficiente, embora necessária. Devem -se também perscutar as inovações de outros e utilizá-las através de licença, empreendimentos mistos e outros arranjos, que sejam lucrativos para ambos (como propões Chesbrough em seus estudos, apud CARVALHO, 2010). Como salienta Clayton Christensen em seus livros é importante notar que o foco das inovações não deve ser apenas o mercado atual, mas a busca de novos mercados, como ilustra a Figura 6. As fronteiras da empresa, assim como dos mercados está aberta. FIGURA 6 Dessa forma, na inovação-aberta, uma empresa comercializa não só suas próprias ideias (invenções...), mas também as de outras empresas e pessoas. A busca por novas ideias e novos negócios funciona constantemente em todo o processo de inovação permitindo que as inovações entram e sai com facilidade entre o meio interno e externo (outras empresas do setor, da rede
de operações, consórcios de pesquisa em institutos e universidades ou inventores independentes). No processo de inovação aberta os departamentos de P&D internos passam a ter outro foco perdem importância (em tamanho sobretudo) nas organizações, dado que uma das principais diferenças entre a inovaçãofechada e a aberta é a forma de seleção de novas ideias. A inovação-aberta permite combinar ideias internas e externas, que não são aderentes ao mercado atual, às tecnologias externas para alavancar seu potencial em novos mercados. O QUADRO 3 APRESENTA AS DIFERENÇAS ENTRE A INOVAÇÃO FECHADA E A INOVAÇÃO ABERTA. Quadro 3 Diferenças entre a inovação fechada e a inovação aberta. Fonte: Adaptado de Chesbrough (2002 apud CARVALHO 2010) PARADA OBRIGATÓRIA É importante destacar que, assim como em outras tipologias, as fronteiras podem ser difusas, sendo possível localizar uma organização em um contínuo, cujos extremos são a inovação completamente fechada ou completamente aberta. Outras tipologias Chesbrough (2002) coloca que a transição para a inovação aberta não tem ocorrido em todos os setores industriais, pois se trata ainda de um fenômeno inicialmente identificado na indústria de entretenimento e de informática. Outros setores industriais estão no continuum de transição entre os modelos de inovação aberta e fechada, tais como o de copiadoras,
semicondutores, equipamento de telecomunicações, fármacos e biotecnologia entre outros, nas quais a inovação se expandiu dos laboratórios internos de P&D para múltiplas fontes como, por exemplo, consórcios da pesquisa com universidades e outras organizações. Prahalad e Ramaswamy (2003) também enfatizam que em alguns casos a inovação pode não estar centrada nem na empresa, nem no produto, mas sim aberta à experimentação externa. Os autores defendem o papel ativo do mercado, da demanda dos consumidores, que devem participar de uma rede que permite fazer a alquimia da inovação, sendo co-partícipes do processo criativo e de geração de valor. Nessa alquimia promovida no processo de inovação, permite-se que consumidores individuais possam ter experiências de consumo, através de interação personalizada. A Figura 7 ilustra as redes criadas em torno de um ambiente de experimentação da empresa central da inovação (a compania nodal o "nó" central da "rede"), que incluem experiências não lineares entre empresas, instituições (fornecedores e parceiros) e comunidades de consumidores. FIGURA 7 Figura 7 Redes envolvidas em um ambiente de experimentação. Fonte: Prahalad e Ramaswamy (2003 apud CARVALHO 2010). Conforme Carvalho (2010) destaca outros autores também corroboram uma visão mais aberta da inovação. Neste novo mundo competitivo é necessário buscar complementaridades externas no processo de inovação, principalmente para aquelas inovações de ruptura ou sistêmicas. Hoje está cada vez mais difícil somente com competências internas da organização manter-se atualizado nas tecnologias emergentes, que possam vir a agregar valor para organização. No mínimo esta interação externa e acelera os tempos de introdução de inovações no mercado. Uma das variáveis chaves da inovação aberta é a constituição de um ambiente inovativo externo à organização, um sistema de inovação. Questões sobre a perspectiva da organização, a abordagem estratégica e uma análise do ambiente externo (de cooperação ou competição) e de sistemas de inovação serão visto nas próximas aulas.
Concluindo a aula introdutória da conceitos devemos deixar claro que a inovação conceitualmente se diferencia da uma invenção por considerar que algo de novo só é útil se tiver uma demanda, isto é um mercado, e isto se dá através de um processo. ATIVIDADE DE PORTFÓLIO própria. Nesta disciplina usaremos nas atividade de portfólio uma dinâmica 1. As atividades de portfólio escritas serão desenvolvidas em grupos de 3 ou 4 pessoas. No entanto todas as 3 ou 4 devem depositar em seus portfólios individuais as atividades. 2. As atividades serão informadas pelos tutores. Geralmente ensaios ou resenhas sobre a discussão do Fórum. FÓRUM Identifique e proponha no Fórum quatro inovações (uma inovação de produto, uma de processo, uma de marketing e uma organizacional) que entraram no seu dia-a-dia nos últimos 2 anos. Pense em perspectivas globais (como tecnologia de LCD, celular...) mas TAMBÉM em processo locais (como inovar em serviços bancários ou de hotelaria... ou na "base da pirâmide") Reflita sobre como classificaria, quem seria o autor (a organização). REFERÊNCIAS CARVALHO, Marly Monteiro. Inovação. Estratégias e Comunidades de Conhecimento. São Paulo: Atlas 2009. CHRISTENSEN, Clayton M; ANTHONY, Scott D.; ROTH, Erik A. O Futuro da Inovação. Rio de Janeiro: Campus Elsevier. 2007. TIGRE Paulo Bastos. Gestão da Inovação: a economia da tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer 2. http://www.adobe.com/go/getflashplayer Responsável: Prof. José Carlos Lázaro da Silva Filho Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual