A decrescente cobrança de IPTU no Brasil Mesa: A crescente judicialização do IPTU José Roberto R. Afonso 65ª Reunião Geral Frente Nacional de Prefeitos São Paulo, 19/5/2014
Thomas Piketty Valor: Sobre emergentes, aliás, o senhor fala de "buraco negro" sobre informações de repartição de riqueza... Piketty: É verdade que, no caso do Brasil, há muita diviculdade para se ter dados sobre a renda. Uma lição disso é que o imposto é também um instrumento de transparência democrática. Quando você não tem mais imposto progressivo, ou mal administrado, perde a fonte de informação e limita a capacidade da sociedade de conhecer a si mesma. E isso alimenta os fantasmas. Conhecer bem os altos rendimentos ou patrimônios não é para cortar cabeças, mas sim para tentar soluções pacívicas, racionais. Porque, no fundo, mesmo nos paises mais desiguais, não é suviciente taxar mais os altos patrimônios, fazer os ricos pagarem, para resolver o problema. Valor Econômico, 16/5/2014 http://bit.ly/1nrambq ( grifo nosso)
Tributos x Concentração Nova pauta do debate econômico no exterior: tendência moderna à concentração de renda/riqueza e recurso às estatísticas tributárias para melhor dimensionar esse fenômeno. Mas equidade Viscal é um tema pouco pesquisado no Brasil e raramente discutido, nem na academia, muito menos na agenda nacional. Profunda desigualdade, típica do país, também condiciona o sistema tributário e se aprofunda com a carga tributária muito elevada e concentrada no consumo. Tributos aumentam concentração. Se tributação patrimonial já era muito baixa no País, o IPTU pesa cada vez menos na receita tributária municipal e nacional: arrecada menos que IPVA, prefeituras preferem ISS e não aproveitam ganhos com ITBI.
Comparações Internacionais
Distribuição tributos: geral x diretos Composição da Incidência Tributária sobre a Renda Total das Famílias (2008-2009) TOTAL DE TRIBUTOS 32% TRIBUTOS DIRETOS 28% participação na renda 24% 20% 16% 12% 8% 4% ipi, iss e cide pis-cofins icms iptu, ipva e outros diretos ir 0% c. previd. 10 20 30 40 50 60 70 80 90 95 96 97 98 99 100 centésimos de renda familiar per capita Estimação coordenada por Fernando Gaiger. Estudo: http://goo.gl/7lxign
Bens x Arrecadação ANO- BASE 2010 R$ bi % PIB BENS DECLARADOS (IRPF) Imóveis Urbanos (*) 1.587,5 42,11% Terra Nua 161,6 4,29% Veículos Automotores 337,7 8,96% = Soma 2.086,8 55,35% ARRECADAÇÃO NACIONAL IPTU 16,0 0,43% ITBI 5,4 0,14% ITR 0,5 0,01% IPVA 21,3 0,56% = Soma 43,2 1,15% TAXA ARRECADADO/BENS IPTU 1,01% ITBI 0,31% ITR 0,29% IPVA 6,30% = Soma 2,07% Elaboração própria. Fontes: RFB, CONFAZ, FINBRA/STN (*) Apto.,casa,terreno,prédios,sala,galpão,construção,benf.,outros. ALÍQUOTA MÉDIA: SUPERESTIMADA - SÓ DECLARADO AO IRPF - EM VALOR HISTÓRICO Bens Declarados (IRPF), 2010 Terra Nua 162 Veículos Auto. 338 Imóveis Urb. 1.587-200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 1.600 R$ bilhões Arrecadado/Bens Declarado, 2010 Soma 2,07% ITR 0,29% ITBI 0,31% IPTU 1,01% IPVA 6,30% 0% 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7%
IPTU x Carga Global IPTU: R$ bi 21,6 ; 1% CARGA TRIBUTÁRIA BRUTA GLOBAL, BRASIL - 2013 TRIBUTOS R$ bilhões %PIB %Total R$ Per Capita GLOBAL 1.798,9 37,42 100,0 8.948 IPTU 21,6 0,45 1,2 107 ITBI 8,8 0,18 0,5 44 ITCMD 4,0 0,08 0,2 20 ITR 0,8 0,02 0,0 4 IPVA 28,8 0,60 1,6 143 = Soma 64,0 1,33 3,6 318 Demais 1.734,9 36,09 96,4 8.630 Estimativa própria. IPTU OUTROS 1.777,3 ; 99% Tributos Patrimoniais: % PIB 0,45 0,02 0,08 0,60 ; 1% ; ; 0% 2% 1,33; 3,6% 36,09 ; 96% IPTU ITBI ITCMD ITR IPVA Demais
Evolução da Carga Tributária 1,2 Evolução da Carga Tributária Global x Propriedade - 1980/2013 40 1,0 35 Trib. Propriedade - % PIB 0,8 0,6 0,4 0,2 30 25 20 15 10 5 Global - % PIB 0,0 0 Global Propriedade IPTU IPVA ITR Elaboração própria IPTU
IPTU < ISS IMPOSTOS MUNICIPAIS EM % DO PIB ANO IPTU ISS IPTU/ISS 1970 0,29 0,16 181% 1980 0,25 0,27 93% 1990 0,18 0,43 42% 2000 0,47 0,57 82% 2013 0,45 0,91 49% 2013-1970 0,16 0,75 21% IPTU em % do ITBI em 2010 =4,7 vezes em 2013 =2,5vezes
IPTU Potencial SIMULAÇÃO PRELIMINAR ü Base: ano 2012 (STN) prefeituras 5.175 ü Duas hipóteses ü IPVA: no mínimo igual IPVA>IPTU: 4.903 ou 95% prefs ü ITBI: no mínimo 3 vezes transação 10% imóveis alíquota IPTU 1% alíquota ITBI 2% ITBI/IPTU = 20% IPTU/ITBI = 5 vezes ITBI>IPTU: 2.287 ou 44% prefs. 3ITBI>IPTU: 4.088 ou 79% prefs ü Aumento potencial: R$ 13 bi ou + 65% 5.038 ou 97.4% prefeituras 35.000 30.000 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 13.000 12.000 11.000 10.000 9.000 8.000 7.000 6.000 Arrecadação: ITBI x IPTU x IPVA - Ano de 2012 - Em R$ Milhões 32.649 26.504 19.771 7.623 Arrecadação de ITBI Arrecadação de IPTU Arrecadação de IPVA (Transf.dobrado) Arrecadação de IPTU (Potencial) Tranferência Voluntária x Acréscimo IPTU - 2012: R$ Milhões 12.877 7.401 5.000 Transferência da União para Municípios em 2012 Incremento Potencial do IPTU (relativo ao IPVA e ITBI)
DesaVios do IPTU Custos políticos: impopularidade; cobrança transparente. Custos administrativos: mais cara cobrança - manutenção de cadastros imobiliários abrangentes e atualizados. Outras diriculdades: planta de valores não corrigidas; forte oscilação e dikícil valoração de imóveis; heterogeneidade de tipos de ocupação e posse; alto grau de informalidade; questionamentos judiciais. CNI- IBOPE. Jul/2013. http://bit.ly/14nahwd
Fomento ü Financiamentos para Modernização de Gestão BNDES /PMAT - http://goo.gl/oxucmt BID/Min.Fazenda PNAFM: http://goo.gl/5gm7dz ü Indicadores Comparados Compara Brasil/FNP - http://goo.gl/q2f9md Meu Município/Brava - http://goo.gl/ld1y15 ü Cooperação técnica Grupo trabalho: órgãos públicos, ONGs (Lincoln, FGV) Debates: livros, seminário (ex. Jurídico- Salvador, 2/6)
Conclusões ü IPTU é tributo ignorado nas propostas de reforma tributária e só mais noticiado quando se tenta majorar sua cobrança. ü Diagnóstico técnico precisa ser ampliado e atualizado para que o debate seja racionalizado - e atenue aspectos ideológicos. ü Transparência tributária é uma questão a ser melhor enfrentada para afastar a ilusão comum de que a carga se resume ou se baseia apenas nos tributos recolhidos diretamente pelo contribuinte e que a eles deveria se limitar a demanda por melhorar qualidade de serviços públicos. ü Aumentar e, sobretudo, melhorar a cobrança do IPTU no Brasil responde simultaneamente a diferentes e grandes desavios: diminuir a iniquidade, fortalecer governos locais e reestruturar o próprio sistema tributário.
José Roberto Afonso é economista, doutor pela UNICAMP, pesquisador do IBRE/FGV e consultor técnico do Senado. Opiniões de exclusiva responsabilidade do palestrante. Kleber Castro, Felipe de Azevedo e Bianca Fraga deram suporte às pesquisas. Mais trabalhos, próprios e de terceiros, no portal: www.joserobertoafonso.com.br
Algumas Referências (Nacionais) AFONSO, José Roberto; ARAÚJO, Erika A. NÓBREGA, Marcos A. R. The urban property tax (IPTU) in Brazil. Lincoln Institute, 2013. http://bit.ly/gbd2hn AFONSO, José Roberto; ARAÚJO, Erika A. NÓBREGA, Marcos A. R. IPTU no Brasil: Um diagnóstico abrangente. IDP, FGV Projetos, Volume 4, 2013. http://bit.ly/19qgwfa AFONSO, José Roberto; SOARES, Julia Morais; CASTRO, Kleber Pacheco. Um diagnóstico atualizado da tributação da propriedade no Brasil. Revista editada pelo IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal, Ano 58, nº 281, p. 50-63, 2012. http://bit.ly/19ocqbi IPEA. O uso dos instrumentos de financiamento para a política urbana no Brasil. Comunicado nº112, p.35, 2011. http://bit.ly/1cej94s IPEA. Política fiscal e justiça social no Brazil: O caso do IPTU. Comunicado nº28, p.22, 2009. http://bit.ly/18ztk4q SILVEIRA, Fernando G. Equidade Fiscal: Impactos Distributivos da Tributação e do Gasto Social. XVII Prêmio Tesouro Nacional 2012. p.80. http://goo.gl/uwmmif
Algumas Referências (Internacionais) BAHL, Roy. Property tax reform in developing and transition countries. USAID, United States, p. 23, 2009. http://bit.ly/gbetgc DE CESARE, Claudia M. Improving the performance of the property tax in Latin America. Policy Focus Report, Lincoln Institute of Land Policy, 2012. http://bit.ly/lbsq1q ROSSIGNOLO, D. Estimación de la recaudación potencial del impuesto a la renta en América Latina. Serie Macroeconomía del Desarrollo, nº 120. Santiago de Chile: CEPAL, División de Desarrollo Económico, junho 2012. http://goo.gl/jofmvf SEPULVEDA, C.; VAZQUES, J.M. Property taxation in Latin- America: an assessment and options for reform, 2009. http://goo.gl/kx3itg