23 a Câmara Cível / Consumidor do Tribunal de Justiça

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Transcrição:

Apelação nº 0001627-29.2010.8.19.0052 Apelante: MARCIO LUIS DE SOUSA Apelado: RAINBOW HOLDINGS DO BRASIL Relator Des. SÉRGIO RICARDO DE ARRUDA FERNANDES AÇÃO DE RITO SUMÁRIO. DIREITO DO CONSUMIDOR. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. EMISSÃO DE CHEQUE SEM PROVISÃO DE FUNDOS. PROTESTO DE CHEQUE PELA EMPRESA DE FACTORING. NEGATIVAÇÃO DO NOME DO EMITENTE DO TÍTULO. REGULAR EXERCÍCIO DE DIREITO POR PARTE DO CREDOR. OBRIGAÇÃO NÃO ATINGIDA PELA PRESCRIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE DEVER DE INDENIZAR. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. JULGAMENTO MONOCRÁTICO. DESPROVIMENTO DO APELO. DECISÃO MONOCRÁTICA A parte autora ajuizou ação de procedimento sumário em face de RAINBOW HOLDINGS DO BRASIL e FARMÁCIA VALERIA LTDA., objetivando a declaração de inexistência do débito, com a exclusão do seu nome dos cadastros restritivos de crédito, bem como a condenação do Réu ao pagamento de indenização de danos morais. GAB/C 1

Alega o Autor que emitiu cheque, no ano de 2001, em favor da Farmácia Valeria Ltda, e que o mesmo foi devolvido por falta de fundos. Aponta que, posteriormente, tentou realizar o pagamento e o resgate do título; porém, foi informado que o mesmo já não se encontrava em poder da empresa. Passado algum tempo, ao tentar abrir crediário, constatou que seu nome estava negativado. Alega que o protesto realizado no dia 14/02/2006 pela parte ré é ilícito, já que a obrigação prevista no título estaria prescrita. Decisão (Indexador 00021) indeferindo a antecipação da tutela, sob o argumento de que não constaria dos autos documento comprovando que o nome do autor estivesse negativado junto ao SPC e ao SERASA; e ainda mais, porque o Autor possuia outras anotações, conforme documento de fls. 17 (indexador 00017). Na audiência de conciliação (Indexador 00028), o Autor requer a exclusão do 2º Réu (Farmácia Valeria Ltda), tendo sido homologada a desistência pelo MM. Juízo. A parte ré ofertou contestação (Indexador 00060), aduzindo que o protesto do título foi realizado de acordo com os dispositivos legais, pois o novo Código Civil, embora tenha estabelecido novo prazo, a contagem deste lapso tem por base a entrada em vigor da norma (11/01/03); e que o protesto foi lançado no ano de 2006, não havendo qualquer abusividade em sua conduta. Destaca que o Autor não nega ter emitido GAB/C 2

cheque sem fundos, mas em nenhum momento se propõe a quitar o débito. O MM. Juízo da 2ª Vara Cível da Comarca de Araruama prolatou a r. sentença (Indexador 00096), julgando improcedente o pedido sob a argumentação de que o cheque foi emitido em 11/09/2001 e o protesto realizado em 14/02/2006. Assim, a obrigação consubstanciada no título não se encontrava prescrita. E ainda porque o Autor reconhecia a emissão do cheque que não foi compensado por falta de pagamento. Condenou, por fim, o Autor no pagamento das custas e honorários no valor de R$1.000,00, devendo ser observado o art. 12 da Lei 1.060/50, diante da gratuidade de justiça deferida. O Autor interpôs recurso de apelação (Indexador 00101), repisando seus argumentos de que a Empresa de factoring, ora apelada, realizou protesto de cheque já prescrito, solicitando a reforma da sentença para obter o cancelamento do protesto e ainda a sua condenação ao pagamento de indenização de danos morais. A parte ré não apresentou contrarrazões. Eis o relatório. Passo a decidir. GAB/C 3

Impõe-se o julgamento monocrático, como forma de solução mais célere do procedimento deflagrado nesta instância, haja vista que as matérias enfrentadas na r. sentença são demasiadamente conhecidas no âmbito deste Tribunal, bem como dos Tribunais Superiores. Preliminarmente, vale salientar que a matéria aqui apreciada já foi submetida à apreciação do E. Órgão Especial deste Tribunal, no Conflito Negativo de Competência nº 0054009-19.2014.8.19.0000, o qual decidiu tratar-se de matéria de competência de Câmara Cível Especializada. Veja-se enunciado extraído do mencionado acórdão. É competente a Câmara Cível Especializada para apreciar recurso em ação indenizatória contra empresa de factoring, sendo autor consumidor por equiparação, por protesto alegadamente indevido, do qual resultou a negativação injustificada de seu nome nos órgãos de restrição ao crédito. No mérito, verifica-se o integral acerto do MM. Juízo prolator da sentença, porquanto o Autor não negou a emissão do cheque, sem provisão de fundos, acarretando a circulação do título de crédito no mercado e, ao final, o seu protesto. GAB/C 4

verifica-se o acerto do r. decisum. No que concerne ao prazo prescricional, A emissão do cheque ocorreu em 11/09/2001. De acordo com as normas do Código Civil vigente à época, o prazo prescricional seria vintenário. Com a entrada em vigor do novo Código Civil de 2002, o prazo prescricional para cobranças de dívidas constantes de instrumento público ou particular passou para cinco anos, conforme disposto no art. 206, 5º, I. Assim, aplicando-se a regra de transição disposta no art. 2.028, do Código Civil de 2002, já que na data da entrada em vigor do novo Código Civil (11/01/2003) ainda não havia transcorrido mais da metade do prazo prescricional prevista no Código anterior, temos a observância do prazo estabelecido no novo diploma civil, ou seja, de cinco anos, contados a partir da sua vigência. Exatamente assim: 0002194-43.2011.8.19.0208 - APELACAO DES. MARCIA CUNHA DE CARVALHO - Julgamento: 26/03/2015 - VIGESIMA SEXTA CAMARA CIVEL CONSUMIDOR APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE CANCELAMENTO DE PROTESTO C/C AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PROTESTO DE CHEQUE PRESCRITO, NÃO MAIS SERVINDO AO CREDOR, SENDO O CASO DE MERA COERÇÃO AO GAB/C 5

DEVEDOR PARA PAGAMENTO DE QUANTIA MORALMENTE DEVIDA, PORÉM JÁ INEXIGÍVEL. IMPROCEDÊNCIA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA, FUNDAMENTADA NA TEORIA DO RISCO DO EMPREENDIMENTO, DEVENDO O EMPREENDEDOR SUPORTAR OS ÔNUS DECORRENTES DA ATIVIDADE FINANCEIRA, TAL COMO DELA AUFERE OS LUCROS. INTELIGÊNCIA DO ART. 14 DO CDC. CONSIDERA-SE ILÍCITO O PROTESTO DE TÍTULO APÓS A PRESCRIÇÃO, POSTO QUE FULMINADO O DIREITO À COBRANÇA. CHEQUE EMITIDO QUANDO AINDA EM VIGOR O ANTIGO CCB, QUE PREVIA PRAZO PRESCRICIONAL DE 20 ANOS PARA A COBRANÇA DO TÍTULO. COMO NÃO HAVIA TRANSCORRIDO MAIS DA METADE DESTE PRAZO, É DE SE APLICAR A REGRA DE TRANSIÇÃO PREVISTA NO ARTIGO 206, 5, INCISO I, C/C 2.028, AMBOS DO NOVO CÓDIGO, QUE ESTABELECE QUE A PRETENSÃO DE COBRANÇA DE DÍVIDAS LÍQUIDAS CONSTANTES DE INSTRUMENTO PÚBLICO OU PARTICULAR PRESCREVE EM CINCO ANOS. PRAZO QUE TEM COMO TERMO INICIAL O DIA DA ENTRADA EM VIGOR DO NOVO CÓDIGO, OU SEJA, EM 11.01.03. PROTESTO QUE PODERIA TER SIDO FEITO ATÉ JANEIRO DE 2008, TENDO OCORRIDO EM 21.08.06. FALHA DO SERVIÇO NÃO COMPROVADA. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL NÃO CONFIGURADA. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO. 0197579-65.2011.8.19.0001 - APELACAO DES. ANA MARIA OLIVEIRA - Julgamento: 19/03/2015 - VIGESIMA SEXTA CAMARA CIVEL CONSUMIDOR Ação de conhecimento proposta em face de instituição financeira objetivando a exclusão do seu nome dos cadastros restritivos der crédito e a suspensão e, posterior baixa, de protesto indevido de cheque prescrito. Sentença que julga improcedente o pedido inicial. Apelação do Autor. Jurisprudência pátria, que, atualmente, identifica a existência de três prazos prescricionais para a cobrança de dívida, representada por cheque, a saber: prazo de seis meses, contados a partir do último dia para apresentação do título (trinta ou sessenta dias, conforme a praça de emissão, consoante dispõe o artigo 59 da Lei nº 7.357/85 Lei do Cheque), decorrido o qual, o título perde a sua força executiva; prazo de dois anos para ajuizamento da ação de locupletamento, prevista no artigo 61 da Lei 7.357/85; prazo prescricional de cinco anos, conforme o artigo 206, 5º, I do Código Civil, para cobrança pela via da ação monitória fundada na relação causal de direito material. Cheques emitidos na vigência do Código Civil de 1916. Aplicação dos artigos 206, 5º, inciso I e 2.028 do Código Civil. Protesto, que, feito dentro do prazo GAB/C 6

prescricional, interrompeu a prescrição, conforme artigo 202, III do Código Civil. Precedentes do STJ e TJRJ. Inexistência de ato ilícito. Desprovimento da apelação. Dessa forma, o ilustre Magistrado acertadamente concluiu que o título, quando protestado (14/02/2006), não se encontrava prescrito. Consequentemente, inexistindo conduta ilegal passível de ser atribuída à Empresa ré, resta obstaculizada a pretensão indenizatória veiculada pela parte autora. Portanto, nos termos do artigo 557 do Código de Processo Civil, nega-se provimento à apelação, confirmandose in totum a r. sentença recorrida. Rio de Janeiro, 17 de abril de 2015. Sérgio Ricardo de Arruda Fernandes Desembargador GAB/C 7