APELAÇÃO CÍVEL nº , DA COMARCA DE CASCAVEL 2ª VARA CÍVEL. ANDERSON JEFFERSON PEREIRA DE QUADROS

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Pedro Lucas Brandt Monsanto
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APELAÇÃO CÍVEL nº. 745.424-6, DA COMARCA DE CASCAVEL 2ª VARA CÍVEL. APELANTE: ANDERSON JEFFERSON PEREIRA DE QUADROS APELADA: OMNI S/A CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO REL. DESIGNADO: DES.

1 APELAÇÃO CÍVEL nº , DA COMARCA DE CASCAVEL 2ª VARA CÍVEL. APELANTE: ANDERSON JEFFERSON PEREIRA DE QUADROS APELADA: OMNI S/A CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO REL. DESIGNADO: DES. STEWALT CAMARGO FILHO APELAÇÃO CÍVEL. BUSCA E APREENSÃO. CONTRATO DE FINANCIAMENTO COM GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. PEDIDO DE DESISTÊNCIA ANTERIOR À CITAÇÃO. PROSSEGUIMENTO DO FEITO, COM A APREENSÃO DO BEM E APRESENTAÇÃO DE CONTESTAÇÃO. FALHA DO ESCRIVÃO. NÃO CUMPRIMENTO DO ARTIGO 190 DO CPC. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E MULTA INDEVIDOS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº , da Comarca de Cascavel 2ª Vara Cível, em que é apelante Anderson Jefferson Pereira de Quadros e, apelada, OMNI S/A Crédito, Financiamento e Investimento. Página 1 de 5

2 Adoto o relatório lançado à f. 93, verbis : Trata-se de Apelação Cível interposta contra a sentença que, nos autos de Ação de Busca e Apreensão nº , julgou extinto o feito sem resolução do mérito (art. 267, VIII do CPC), em função da desistência do autor. De conseqüência, condenou o apelado ao pagamento de custas, sendo que os honorários advocatícios ficaram a cargo de cada uma das partes (fls. 67/68). Dessa decisão recorre Anderson Jefferson Pereira de Quadros (fls. 72/76) alegando falta de interesse de agir por parte da financeira, haja vista que a parcela nº. 7 (vencida em 07/05/2009) já tinha sido paga antes do ajuizamento da ação. Aduz que a apelada nada fez para impedir a busca e apreensão, mesmo informada de que a dívida já havia sido paga e que, portanto, deve responder pelos honorários advocatícios do apelante. Pede que seja declarada a improcedência do pedido, com condenação da apelada à multa prevista no Dec. Lei 911/69. A apelada apresentou contrarrazões defendendo a manutenção integral da sentença (fls. 81/85). É o relatório. Voto. Primeiramente, defiro o pedido de assistência judiciária gratuita, feito em sede de contestação (declaração de pobreza em anexo) e, posteriormente reiterado no recurso de apelação, considerando que o mesmo não foi analisado anteriormente. Trata-se de ação de busca e apreensão promovida pela apelada, em face do apelante, com base em contrato de financiamento com garantia Página 2 de 5

3 de alienação fiduciária, de um veículo Logus CL, 1993, financiado em trinta e seis prestações, das quais, segundo a apelada, o apelante estava em mora relativamente às parcelas 07/36 e 08/36, vencidas em 07/05/2009 e 07/06/2009, respectivamente. A ação de busca e apreensão foi proposta em 28/10/2009 (f. 04), cuja ordem restou deferida em 03/11/2009 (f. 32), tendo sido entregue o mandado ao Sr. Oficial de Justiça em 05/11/2009 (f. 32v). No dia 05/11/2009, às 9:08 h, a apelada/autora apresentou em cartório a petição de f. 33 requerendo a desistência do feito. Nenhuma providência foi tomada pelo Escrivão, o qual deveria ter remetido os autos conclusos ao Juiz do feito, após a juntada da petição antes mencionada, e no prazo de vinte e quatro horas, conforme dispõe o artigo 190 do Código de Processo Civil: Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos no prazo de vinte e quatro (24) horas.... Segundo Nelton Santos 1 : A conclusão dos autos ao juiz: Remeter os autos conclusos significa submetê-los à apreciação do juiz, para a prolação de despacho, decisão interlocutória ou sentença. Para tanto, o serventuário lavra um termo, devidamente datado e rubricado, documentando, destarte, o envio dos autos ao magistrado. Os autos irão à conclusão sempre que o serventuário depender de ordem judicial para dar prosseguimento aos autos do processo. Se ainda pender de cumprimento alguma providência já determinada ou que possa ser executada de ofício, cabe ao serventuário fazê-lo, remetendo os autos à conclusão somente ao depois. Em alguns casos, porém, antes mesmo de o -- 1 In Código de processo civil interpretado, 2ª Ed. Atlas, 2005, Coordenador Antonio Carlos Marcato, p. 532/533. Página 3 de 5

4 serventuário cumprir integralmente determinada ordem judicial, surge algum fato novo (a apresentação de uma petição ou a chegada de um ofício, v.g.). Se esse acontecimento superveniente puder, de qualquer modo, prejudicar a ordem judicial já emitida, cabe ao serventuário submeter os autos à imediata apreciação do juiz, para que este, conforme o caso, a reveja. O prazo para a conclusão dos autos ao juiz será, em qualquer caso, de 24 horas. (ressaltei). O Escrivão do feito assim não procedeu, repito. Decorridos vinte e seis dias (26) da entrega do mandado ao Sr. Oficial de Justiça (05/11/2009 a 1º/12/2009), e do pedido da desistência, o veículo objeto da lide restou apreendido (f. 40), tendo sido o mandado devolvido em cartório no dia 02/12/2009, às 14:51 h. No dia da apreensão (1º/12/2009, às 14:01 h) a autora denunciou a apreensão do veículo e requereu a sua restituição (f. 36). Não se vê aqui qualquer ato de inércia imputável à apelada, eis que esta tinha pedido a desistência do feito e, apesar disso, vendo a prática de ato não condizente à marcha processual, quis minimizar as conseqüências, denunciando a apreensão não desejada. A par desses acontecimentos gerados pelo Sr. Escrivão, o apelante, mais do que depressa, no dia 02/12/2009, apresentou contestação (sendo que o pedido de desistência já se encontrava nos autos), denunciando a ausência de mora e fez pedido de restituição do bem; improcedência do pedido; condenação da apelante ao pagamento de custas e honorários advocatícios; condenação à multa prevista Decreto-Lei nº 911/1969 e Lei nº /2004 no importe de R$ 2.845,89..., além da litigância de má-fé. Ainda que se diga que o apelante não teve vista dos autos, Página 4 de 5

5 para a apresentação da contestação, depois do pedido de desistência e de devolução do veículo indevidamente apreendido, quer parecer que o réu pretende tirar proveito da situação, diante da pretensão por ele deduzida. Caso tivesse o escrivão do feito cumprido o que lhe competia, fazendo conclusos os autos, imediatamente, após a apresentação do pedido de desistência, essa sequência de atos inúteis não teria havido. O mais grave, ainda, é imputar ao autor/apelado a responsabilidade pelo princípio da causalidade, no que diz respeito aos honorários advocatícios e multa, pelos atos havidos após o referido pedido de desistência. Assim, a solução dada pela r. sentença de f. 67/68 não se apresenta incorreta, razão pela qual, voto no sentido de negar provimento ao recurso. ACORDAM os integrantes da Décima Sétima Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Acompanhou o voto do Relator designado para lavrar o acórdão, o Desembargador MÁRIO HELTON JORGE, restando vencido o Desembargador VICENTE DEL PRETE MISURELLI, com declaração de voto. Curitiba, 02 de março de Des. Stewalt Camargo Filho Relator Designado Des. Vicente Del Prete Misurelli Voto Vencido Página 5 de 5

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