TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Transcrição

1 ACÓRDÃO Registro: Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de, em que é apelante ITAÚ UNIBANCO S/A ( ATUAL DENOMINAÇÃO DE BANCO ITAÚ S/A ), é apelada LUCIANE GOMES CAVALANTE. ACORDAM, em 22ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores SÉRGIO RUI (Presidente sem voto), CAMPOS MELLO E MATHEUS FONTES., 20 de agosto de HÉLIO NOGUEIRA RELATOR Assinatura Eletrônica

2 Apelação Cível (com revisão) - Digital Processo nº Comarca: 2ª Vara Cível - Foro Regional Vila Prudente - São Paulo Apelante: Itaú Unibanco S/A (Atual denominação de Banco Itaú S/A) Apelada: Luciane Gomes Cavalante Voto nº Apelação Cível. Ação de cobrança. Sentença de extinção do processo sem resolução de mérito. Insurgência. Advogada que assinou digitalmente a inicial, mas não fez constar seu nome nesta peça. Formalismo prescindível. Mandatária com poderes nos autos para representar a autora. Assinatura cujo certificado digital foi devidamente emitido pela ICP-Brasil. Artigo 1º, 2º, III, letra a, da Lei nº /2006. Sentença anulada. Recurso provido. Recurso em sede de Apelação Cível objetivando a reforma da respeitável sentença de fls. 27/29, que, em ação de cobrança, extinguiu o processo sem resolução de mérito. A autora, não conformada com a decisão, apela (fls. 33/38), alegando que, não estando a advogada que assinou eletronicamente a petição inicial com seu nome grafado na peça, deveria haver determinação de regularização, nos termos do artigo 13 do Código de Processo Civil. O recurso foi preparado (fl. 39) e recebido nos seus regulares efeitos (fl. 40), ausentes contrarrazões, pois ainda não citada a ré. Apelação nº Voto nº

3 É o relatório. Cuida-se de ação de cobrança, cujo objeto é um empréstimo denominado Crediário Automático PA, operação/contrato nº 46513: , cuja dívida atualizada estaria no patamar de R$ ,49 (fls. 1/2). A petição inicial foi assinada digitalmente pela advogada Ana Beatriz Ramos Gregolin, constante do substabelecimento de fl. 7, mas sem nome estampado na peça exordial. Diante de tal circunstância, foi extinto o processo sem resolução de mérito, sob o fundamento de que não havendo identidade entre a assinatura digital constante da inicial enviada eletronicamente e o nome do advogado indicado como autor do documento considera-se inexistente a inicial (fl. 27). Todavia, respeitado o entendimento do digno Magistrado sentenciante, observa-se que o decreto que pôs fim ao processo foi proferido com excessiva importância à forma - que, aliás, está em conformidade com o ordenamento jurídico sobre processo judicial eletrônico, como se verá à frente -, em detrimento da finalidade maior da busca da tutela judicial, pacificação social a ser alcançada pela entrega do direito material, o bem da vida pretendido por quem apresenta sua pretensão à análise do Poder Judiciário. Apelação nº Voto nº

4 Com efeito, a ilustre profissional que protocolizou digitalmente a petição inicial de fls. 1/2, o fez por intermédio de certificado digital devidamente emitido pela ICP- Brasil, nos termos do artigo 1º, 2º, III, letra a, da Lei nº /2006. Esta mesma profissional, por sua vez, tem poderes para representar a autora da ação, conforme substabelecimento de fl. 7, não importando, para a validade da petição inicial, que seu nome esteja estampado ou não em referida peça, sendo dispensável, inclusive, emenda para inclusão do nome da mencionada advogada. Sobre o tema, veja-se o entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça: Processual civil. Agravo regimental na reclamação. Assinatura eletrônica. Advogado sem procuração nos autos. Súmula n. 115/STJ. 1. "A prática eletrônica de ato judicial, na forma da Lei n /2006, reclama que o titular do certificado digital utilizado possua procuração nos autos, sendo irrelevante que na petição esteja ou não grafado o seu nome" (AgRg no REsp n /RS, Relator Ministro Luis Felipe Salomão, Corte Especial, julgado em 19/6/2013, DJe 1/8/2013). 2. Agravo regimental não conhecido. (AgRg na Rcl /SP, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Segunda Seção, julgado em 25/03/2015, DJe 31/03/2015). Neste mesmo sentido, o entendimento deste Relator contido nos autos da apelação cível nº Apelação nº Voto nº

5 , cuja Colenda Turma Julgadora, integrada pelos eminentes Desembargadores Campos Mello e Matheus Fontes, decidiu de forma unânime. Ante o exposto, por meu voto, dá-se provimento ao recurso para o fim de anular a r. sentença, determinando o prosseguimento do feito. Hélio Nogueira Relator Apelação nº Voto nº