Apelante: Otacília Lourenço Rodrigues da Silva

Transcrição

1 Julgamento: 20/01/2009 Órgao Julgador: 2ª Câmara Cível Classe: Apelação Cível Apelação Cível n Natal/16ª Vara Cível Apelante: Otacília Lourenço Rodrigues da Silva 1 / 86

2 Advogada: Maxelli Xavier de Andrade Rebouças Apelado: Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais Advogados: Antônio Martins Teixeira Júnior e outro Relator: Desembargador ADERSON SILVINO 2 / 86

3 EMENTA: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. INDENIZAÇÃO DE SEGURO OBRIGATÓRIO POR DANOS PESSOAIS CAUSADOS POR VEÍCULO AUTOMOTOR 3 / 86

4 (DPVAT). PRESCRIÇÃO TRIENAL. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 206, 3º, IX, DO CÓDIGO CIVIL. AÇÃO INTERPOSTA APÓS ULTRAPASSADO O PRAZO PRESCRICIONAL. 4 / 86

5 IMPEDIMENTO RECONHECIDO. PRECEDENTES. CONHECIMENTO E DESPROVIMENTO DO RECURSO. ACÓRDÃO 5 / 86

6 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº , da Comarca de Natal, em que são partes as acima identificadas. 6 / 86

7 Acordam os Desembargadores da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte, em sessão, à unanimidade de votos, em conhecer e negar provimento à apelação, mantendo a sentença em 7 / 86

8 todos os termos. RELATÓRIO Trata-se de apelação cível interposta por OTACÍLIA 8 / 86

9 LOURENÇO RODRIGUES DA SILVA em face de sentença proferida pelo juízo da 16ª Vara Cível da Comarca de Natal/RN nos autos da ação de cobrança em que 9 / 86

10 era parte adversa PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS. A apelante ajuizou a mencionada ação em 25 de junho 10 / 86

11 de 2008 alegando em síntese que na data de 11 de novembro de 2004 sua filha, EMANUELA RODRIGUES DA SILVA, faleceu em decorrência de acidente 11 / 86

12 automobilístico ocorrido no município de Mossoró/RN. A sentença julgou improcedente o pleito contido na 12 / 86

13 exordial por considerando-o prescrito. No recurso sustenta-se que o prazo prescricional é o decenal, e não o trienal, 13 / 86

14 que compôs os fundamentos do julgado sob vergasta. Não houve contra-razões, apesar de regular intimação. Instada a se pronunciar, opinou a 11a Procurador 14 / 86

15 ia de Justiça pela inexistência de interesse do Parquet. É o que importa relatar. 15 / 86

16 VOTO A apelação interposta preenche 16 / 86

17 preenche os requisitos de admissibilidade 17 / 86

18 , razão pela qual dela conheço. O âmbito de 18 / 86

19 discussão cinge-se acerca da possibilidade 19 / 86

20 ou não de a apelante ser considerada beneficiária do seguro obrigatório DPVAT em 20 / 86

21 decorrência de acidente automobilístico que vitimou a sua filha. 21 / 86

22 Cumpre esclarecer que, da prova carreada aos autos, 22 / 86

23 restou constatado que o sinistro ocorreu no dia 11 de novembro de 2004, ao passo 23 / 86

24 que a ação de cobrança foi ajuizada em 25 de junho de / 86

25 Por outro lado, para se obter o pagamento do seguro do 25 / 86

26 DPVAT a Lei 6.194/74 não estabelece lapso prescricional. Assim, há de se utilizar 26 / 86

27 o regramento contido no Código Civil brasileiro. 27 / 86

28 Pois bem. Esse diploma, no seu artigo 206, 3º, inciso 28 / 86

29 IX, prevê que prescreve em três anos a pretensão do beneficiário contra o 29 / 86

30 segurador, ao passo que pelo seu artigo 205 prescrevem em 10 anos os fatos a que a 30 / 86

31 lei não fixe prazo menor, tese defendida pelo recorrente. Merecem destaque os 31 / 86

32 excertos: "Art A prescrição ocorre em dez 32 / 86

33 anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. 33 / 86

34 Art Prescreve: (...) 34 / 86

35 3º Em três anos: (...) 35 / 86

36 IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, 36 / 86

37 e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de 37 / 86

38 responsabilida de civil obrigatório." Da leitura 38 / 86

39 desses dispositivos verifica-se que o 39 / 86

40 DPVAT é um "seguro de responsabilid ade civil obrigatório.", enquadrando- 40 / 86

41 se perfeitamente na hipótese 41 / 86

42 dos autos, de modo que está acertado o julgamento 42 / 86

43 original. Esse inciso IX não encontra 43 / 86

44 similar no Código Civil anterior, ao 44 / 86

45 passo que a jurisprudência acostada no recurso refere-se a um momento 45 / 86

46 histórico diverso do atual, não podendo amoldar ao prazo 46 / 86

47 prescricional de 10 anos, porque agora 47 / 86

48 há expressa previsão legal. 48 / 86

49 Portanto, a autora ora recorrente teria até a 10 de 49 / 86

50 novembro de 2007 para cobrar da seguradora o valor pleiteado. 50 / 86

51 Quedando-se omissa, apesar de se 51 / 86

52 reconhecer o prejuízo sofrido, não se pode garantir a 52 / 86

53 indenização. O nosso Tribunal de 53 / 86

54 Justiça têm posicionamen to 54 / 86

55 firmado sobre o assunto, reconhecend o a ocorrência da prescrição em 55 / 86

56 casos idênticos ao destes autos, 56 / 86

57 consoante se depreende das ementas adiante transcritas: 57 / 86

58 "CIVIL E PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. 58 / 86

59 AÇÃO DE COBRANÇA. RITO SUMÁRIO. SEGURO 59 / 86

60 OBRIGATÓ RIO (DPVAT). PRESCRIÇÃ O 60 / 86

61 TRIENAL. INTELIGÊN CIA DO ARTIGO 206, 3º, 61 / 86

62 IX DO NOVO CÓDIGO CIVIL. AÇÃO 62 / 86

63 INTERPOST A APÓS ULTRAPASS ADO O PRAZO 63 / 86

64 PRESCRICI ONAL. PRESCRIÇÃ O 64 / 86

65 RECONHEC IDA. PRECEDEN TES DO SUPERIOR 65 / 86

66 TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DESTA CORTE DE 66 / 86

67 JUSTIÇA ESTADUAL. MANUTENÇ ÃO DA 67 / 86

68 SENTENÇA. RECURSO IMPROVIDO." 68 / 86

69 (TJRN, AC , Terceira Câmara Cível, 69 / 86

70 Relator Des. AMAURY MOURA SOBRINHO, 70 / 86

71 julgado em 14/08/2008). No mesmo 71 / 86

72 sentido, o Agravo de Instrumento nº 72 / 86

73 RS (2008/ ) Relator: Ministro 73 / 86

74 SIDNEI BENETI, Publicado 74 / 86

75 em 30/10/2008, do Superior Tribunal de Justiça, que defende 75 / 86

76 tese unânime sobre a 76 / 86

77 prescrição trienal em casos análogos. 77 / 86

78 Diante do exposto, conheço e nego provimento à 78 / 86

79 apelação, mantendo a sentença em todos os termos. 79 / 86

80 É como voto Natal/RN, 20 de janeiro 80 / 86

81 de DESEMBA RGADOR 81 / 86

82 ADERSON SILVINO 82 / 86

83 Presidente / Relator 83 / 86

84 Dr. HERBERT PEREIRA BEZERRA 84 / 86

85 17º Procurado r de Justiça 85 / 86

86 86 / 86