DECISÃO. ESPÓLIO DE JANIL DE SOUSA BARRETO e MARIA DE FATIMA DE ANDRADE GOMES, por si e representando o S 1

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1 SÉTIMA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL Nº APELANTE 1: ESPÓLIO DE JANIL DE SOUSA BARRETO APELANTE 2: MARIA DE FATIMA DE ANDRADE GOMES APELADO 1: ESTADO DO RIO DE JANEIRO APELADA 2: FUNDO ÚNICO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RIOPREVIDÊNCIA RELATOR: DES. ANDRÉ ANDRADE APELAÇÃO CÍVEL. ADMINISTRATIVO. EX-SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR. REVISÃO DOS PROVENTOS. OBRIGAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO. SÚMULA Nº 85 DO STJ. PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO NÃO CONFIGURADA. APOSENTADORIA QUE SE DEU NO MAIOR ÍNDICE À ÉPOCA, ANTE A VIGÊNCIA DA EC Nº 41/2003. PRINCÍPIO DA PARIDADE. CRIAÇÃO DE NOVOS ÍNDICES QUE IMPLICA REVISÃO DOS PROVENTOS. DEFASAGEM AFASTADA. RECONHECIMENTO DO DIREITO DA PARTE AUTORA AO RECEBIMENTO DOS PROVENTOS PELO ÍNDICE 2000, BEM COMO ANALISTA JUDICIÁRIO, CLASSE C E PADRÃO 12. PAGAMENTOS DAS DIFERENÇAS REMUNERATÓRIAS, OBSERVADA A PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA, SEGUNDO ANTIGA REDAÇÃO DO ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/1997. PRECEDENTES. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO, NA FORMA DO ART. 557, 1º - A, DO CPC. DECISÃO ESPÓLIO DE JANIL DE SOUSA BARRETO e MARIA DE FATIMA DE ANDRADE GOMES, por si e representando o S 1

2 espólio como inventariante, ajuizaram a presente ação pelo procedimento ordinário com pedido de tutela antecipada em face do ESTADO DO RIO DE JANEIRO e do FUNDO ÚNICO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - RIOPREVIDÊNCIA, objetivando, em síntese, a revisão dos proventos do ex-servidor, falecido em 24/04/2007, da Classe C, índice 1600, maior índice à época, para a classe D, índice 2000, do cargo de Oficial de Justiça Avaliador, que corresponde ao índice máximo atualmente, na forma da Lei Estadual nº 3.893/2002; a consequente adequação de seus proventos ao Nível C, padrão 12, considerado o padrão mais elevado previsto na Lei Estadual nº 4.620/2005; e o pagamento das diferenças remuneratórias ao qual alegou que fazem jus. Sustentaram que o valor da remuneração se encontra defasado. Invocaram o princípio da paridade previsto nas normas apontadas. Destacaram jurisprudência acerca do tema. A sentença (fls. 111/117 - indexador 00116) julgou extinto o processo, ao fundamento de que a pretensão do próprio fundo de direito se encontra prescrita. No mais, condenou os autores ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios de sucumbência, esses fixados em R$400,00. Os autores interpuseram recurso de apelação (fls. 118/135 indexador 00123), no qual alegaram a não ocorrência de prescrição, por se tratar de relação de trato sucessivo. Transcreveram o teor da Súmula S 2

3 nº 85 do Superior Tribunal de Justiça. Transladaram decisão proferida pelo Juízo a quo, na qual se julgou procedente pedido semelhante ao dos autos. Ressaltaram julgado do Supremo Tribunal Federal, que aduziram que esclareceu e definiu os conceitos do instituto da prescrição do fundo de direito e o da obrigação detrato sucessivo. Pediram a reforma da sentença. Contrarrazões a fls. 225/238 (indexador 00225). É o relatório. Inicialmente, não há que falar em prescrição do fundo de direito, porque o caso dos autos consiste em matéria que envolve obrigação de trato sucessivo. Conclui-se, assim, que somente as parcelas vencidas, há mais de cinco anos do ajuizamento do feito, foram atingidas pelo transcurso do tempo, nos termos da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça. Confira-se o mencionado enunciado: Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a fazenda publica figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior a propositura da ação. S 3

4 No mérito, assiste razão aos ora apelantes. Compulsando os autos, verifica-se que o exservidor falecido se aposentou em 14/04/1993, antes do advento da Emenda Constitucional nº 41/2003, que alterou o parágrafo 8º do artigo 40 da Constituição da República. Aplica-se ao caso, portanto, o princípio da paridade, que determina que os proventos devem corresponder aos dos servidores ativos que ocupam cargos equivalentes. Ademais, pela análise do caso, o de cujus, quando da aposentação, encontrava-se na última classe de sua carreira, no maior índice existente à ocasião. Assim, a criação de novos índices para parâmetros de vencimentos da mesma carreira, porém, com denominação diversa, implica revisão dos proventos dos aposentados, para evitar a ocorrência de defasagem, sob pena de violar o preceito inserto no artigo 7º da Emenda Constitucional nº 41/2003. Nesse sentido, consolidou-se o entendimento deste Tribunal de Justiça. Veja-se: APELAÇÃO CÍVEL/REEXAME NECESSÁRIO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR INATIVO. REENQUADRAMENTO, NOS TERMOS DA LEI ESTADUAL Nº 3.893/2002. POSSIBILIDADE. RELAÇÃO JURÍDICA DE TRATO SUCESSIVO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 85 DO STJ. 1. Obrigação de trato sucessivo, não alcançando a prescrição o fundo de direito, mas tão somente as prestações vencidas no quinquênio anterior ao ajuizamento da ação. S 4

5 Súmula nº 85 do STJ 2. A fim de regulamentar a Lei nº 3.893, o Órgão Especial deste Eg. TJ/RJ editou a Resolução nº 23/2002, estabelecendo que os ocupantes dos cargos efetivos de Oficial de Justiça Avaliador, em atividade, que já se encontravam no índice 1600, último patamar da carreira, passariam automaticamente para a Classe D, índice Todavia, quanto aos inativos, não estabeleceu qualquer critério de reenquadramento. 3. Considerando que o ato normativo supramencionado regulamentou somente o reenquadramento dos servidores da ativa, e, aplicando-se ao caso o princípio constitucional da paridade, tem o apelante direito à equiparação salarial pleiteada, na forma do art. 7º da Emenda Constitucional nº 41/ Diante do novo entendimento do STF, insculpido no julgamento das ADIs 4357/DF e 4425/DF, que declarou a inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Lei nº /2009, deve incidir sobre as prestações vencidas correção monetária, com base no IPCA, índice que melhor reflete a inflação acumulada no período; e juros moratórios, com base no índice oficial de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, nos termos da regra do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação da Lei /09. PROVIMENTO DO RECURSO. ( APELACAO - DES. MONICA DE FARIA SARDAS - Julgamento: 29/04/ VIGESIMA PRIMEIRA CAMARA CIVEL) Apelação Cível. Ação de obrigação de fazer com pedido de antecipação de tutela. Oficial de justiça aposentados sob a égide da EC nº 20/1998. Extensão dos benefícios S 5

6 ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria. Paridade. Precedentes jurisprudenciais desta Corte. Inocorrência de prescrição do fundo de direito. Súmula 85 do STJ. Recurso ao qual se nega seguimento, nos termos do art. 557, caput, do STJ. ( APELACAO - DES. LUCIANO RINALDI - Julgamento: 11/01/ SETIMA CAMARA CIVEL) Por fim, como se sabe, o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade, por arrastamento, do artigo 5º da Lei nº /2009, ao declarar como inconstitucional a expressão índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança contida no artigo 100, 12, da CRFB, como veiculado no seu Informativo nº 698. Confira-se: Em conclusão, o Plenário, por maioria, julgou parcialmente procedente pedido formulado em ações diretas, propostas pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e pela Confederação Nacional das Indústrias - CNI, para declarar a inconstitucionalidade: a) da expressão na data de expedição do precatório, contida no 2º do art. 100 da CF; b) dos 9º e 10 do art. 100 da CF; c) da expressão índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, constante do 12 do art. 100 da CF, do inciso II do 1º e S 6

7 do 16, ambos do art. 97 do ADCT; d) do fraseado independentemente de sua natureza, inserido no 12 do art. 100 da CF, para que aos precatórios de natureza tributária se apliquem os mesmos juros de mora incidentes sobre o crédito tributário; e) por arrastamento, do art. 5º da Lei /2009; e f) do 15 do art. 100 da CF e de todo o art. 97 do ADCT (especificamente o caput e os 1º, 2º, 4º, 6º, 8º, 9º, 14 e 15, sendo os demais por arrastamento ou reverberação normativa) v. Informativos 631, 643 e 697. Assim, passou a viger a antiga redação do artigo 1º-F da Lei 9.494/97, que versava que os juros de mora, nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, não poderiam ultrapassar o percentual de seis por cento ao ano. Logo, no que diz respeito à atualização monetária, essa deve ser calculada com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de acordo com o entendimento do Ministro Luiz Fux, indicado em seu voto vista, quando do julgamento do Recurso Especial nº /PR, submetido ao rito dos recursos especiais repetitivos, na forma do artigo 543-C do Código de Processo Civil. Diante do exposto, dou provimento ao recurso, na forma do artigo 557, 1º - A, do Código de Processo Civil, para reconhecer o direito da parte autora, ora apelante, de receber proventos pelo índice S 7

8 2000, a partir do vigor da Lei Estadual nº 3.893/2002, e como analista judiciário na Classe C, padrão 12, desde a vigência da Lei Estadual nº 4.620/2005. Condeno, ainda, a parte ré, ora apelada, ao pagamento das diferenças remuneratórias, observada a prescrição quinquenal, atualizadas monetariamente, com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a contar da data em que deveria cada parcela ter sido paga, bem como com juros de mora desde a citação, na forma da antiga redação do artigo 1º-F da Lei nº 9.494/1997. No mais, condeno a parte ré, ora apelada, ao pagamento de honorários advocatícios de sucumbência no valor de R$400,00. Rio de Janeiro, 29 de abril de ANDRÉ ANDRADE DESEMBARGADOR RELATOR S 8