Rodrigo Ciarlini Cavalcanti de Albuquerque



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Transcrição:

UNICAP - UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS A GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA E O IMPACTO NO MERCADO DE CAPITAIS BRASILEIRO 2000/2003 RECIFE / 2005

UNICAP - UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS A GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA E O IMPACTO NO MERCADO DE CAPITAIS BRASILEIRO 2000/2003 Monografia apresentada à UNICAP - Universidade Católica de Pernambuco, orientada pelo Professor Aílton Rosal, como requisito essencial à aprovação no Curso de Ciências Econômicas. Rodrigo Ciarlini Cavalcanti de Albuquerque RECIFE, Junho / 2005 SUMÁRIO

Capítulo 1...4 1. Introdução...4 1.1. Justificativa...6 1.2. Objetivos...7 1.2.1 Objetivo geral...7 1.2.2 Objetivos específicos...7 1.3 Hipóteses...7 1.4 Metodologia...8 Capítulo 2...9 2.1 Globalização...9 2.2 Globalização e o Sistema Financeiro Nacional...10 2.3 Sistema Financeiro Nacional...17 Capítulo 3...25 3.1 Mercado de Capitais...25 3.1.1 Bolsa de Valores...27 3.1.2 A Evolução do Mercado Financeiro...28 3.1.3 A Bolsa de Mercadorias e Futuros - BM&F...29 3.2 Análise de Risco...31 3.2.1 Introdução...31 3.2.2 Risco Cambial...33 3.2.3 Risco Soberano...35

Capítulo 4...40 4.1 Análise do Mercado de Ações no Período de 2000 a 2003...40 4.1.1 Evolução da Economia Brasileira no ano de 2000...40 4.1.2 Evolução da Economia Brasileira no ano de 2001...42 4.1.3 Evolução da Economia Brasileira no ano de 2002...44 4.1.4 Evolução da Economia Brasileira no ano de 2003...47 5. Participação de Investidores Diretos de Capital Estrangeiro...49 6. Conclusão...51 7. Bibliografia....54

CAPITULO 1 1- INTRODUÇÃO O crescimento do sistema financeiro internacional constitui uma das principais características da globalização. Um volume crescente de capital acumulado é destinado à especulação propiciada pela desregulamentação dos mercados financeiros. Nos últimos quinze anos o crescimento da esfera financeira foi superior aos índices de crescimento dos investimentos, do PIB e do comércio exterior dos países desenvolvidos. Não há uma definição que seja aceita por todos. A globalização está definitivamente na moda e designa muitas coisas ao mesmo tempo. Há a interligação acelerada dos mercados nacionais, há a possibilidade de movimentar bilhões de dólares por computador em alguns segundos, como ocorreu nas Bolsas de todo o mundo, há a chamada "terceira revolução tecnológica" (processamento, difusão e transmissão de informações). Os mais entusiastas acham que a globalização define uma nova era da história humana. Falava-se que globalização se deu no início dos anos 80 quando a tecnologia de informática se associou à de telecomunicações. Outros acreditam que a globalização começou mais tarde com a queda das barreiras comerciais. Um dos problemas deste assunto e que tem sido bastante comentado e discutido é como o Mercado de Capitais Brasileiro responderá a essas mudanças e impactos causados pela globalização. O ponto central da globalização é a integração dos mercados, o que somente é possível através da abertura econômica de cada país. A abertura econômica é entendida aqui como a redução dos impostos incidentes sobre os bens importados, bem como a eliminação dos obstáculos, existentes nos regulamentos, leis, controles, normas, que impedia a livre movimentação das mercadorias e capitais estrangeiros. Esse processo ocorreu no Brasil ao longo da década de 1990 e está ocorrendo o alinhamento do país à onda de expansão do comércio e de capitais liderados pelas empresas dos países desenvolvidos.

O movimento de expansão, chamado de globalização, foi possível com as transformações tecnológicas. As transformações tecnológicas atuais estão interligadas com uma outra transformação, a globalização. À medida que o mundo integra os seus mercados e que a competição torna-se um fenômeno em escala mundial, as empresas que utilizam o mercado de capitais possuem um papel primordial de criação de tecnologia, aumento de produtividade e geração de rendas. (VIEIRA, 2001, p. 80) Inserido nessa nova conjuntura e na nova ordem econômica, o Brasil, a exemplo de outros países, fez a abertura econômica para o exterior, aplicou a política de privatizações e empenhou-se em desregulamentar sua economia, oferecendo vantagens às multinacionais que aqui se instalaram. A seletividade dos mercados, movidos pela aceleração da globalização, passou a demandar maior número de dados e informações regidos de maior transparência e solidez. No Brasil, é necessária uma proteção adequada aos investidores, por meio dos órgãos reguladores e fiscalizadores e da garantia de aplicação de uma legislação corporativa adequada para o fomento de mais recursos de longo prazo para as companhias de capital aberto, lembrando que as empresas que optam pelas boas práticas de governança adotam como linhas mestras à transparência, prestação de contas e equidade, portanto adicionam valor empresarial. Com a competição tornando-se um fenômeno em escala mundial, as instituições necessitam detectar suas deficiências, e diante dessa perspectiva é importante evidenciar a responsabilidade das instituições fiscalizadoras e disciplinadoras do mercado de capitais brasileiro, a exemplo da Comissão de Valores Mobiliários CVM e ao importante papel desempenhado pela Bolsa de Valores de São Paulo com o objetivo de fortalecer e expandir o mercado de capitais brasileiro, que além da função de oferecer um mercado para títulos nela registrados, tem a responsabilidade de orientar e fiscalizar serviços prestados por seus membros e ainda difundir as melhores práticas e seus princípios básicos de eqüidade, transparência e justiça.

Nosso objetivo nesse trabalho é analisar os impactos associados ao fenômeno da globalização, em relação à economia mundial, notadamente ao mercado de capitais no Brasil. Esta análise é referente ao período 2002/2003. Entendemos que este estudo se mostra importante face às justificativas dadas pelos economistas e analistas do setor e do mercado, onde afirmam ser o mercado de capitais um instrumento indispensável para fomentação de poupança e alavancagem de investimentos às companhias que abrem seu capital, e que são responsáveis pela geração de renda, criação de empregos, portanto, geração de riqueza. 1.1 - JUSTIFICATIVA O estudo pretende compreender conceitos e o impacto da globalização da economia no mercado de capitais nacional e examinar os novos rumos para o futuro do mercado de capitais brasileiro. Dessa forma, espera-se tanto ampliar a percepção do tema, quanto aprimorar conhecimento com o intuito de poder compreendê-lo e melhor discuti-lo. Serão investigadas três variáveis consideradas importantes na discussão do tema em questão aspectos políticos, como a soberania nacional e a perda de capacidade decisória, aspectos sociais, demonstrando se afetou ou não a distribuição de renda e se houve enriquecimento por parte dos bancos, e aspectos econômicos, como aumento ou não do PIB, aumento da balança comercial e maior volatilidade. Cientificamente, o trabalho se faz importante uma vez que as constantes mudanças ocasionadas pela globalização da economia afetam e promovem alterações no mercado de capitais. As informações se tornam velozmente obsoletas, instigando estudiosos, especialistas e pesquisadores a aprofundarem seu conhecimento na tentativa de encontrar respostas e argumentos a esse desafio. A importância do desenvolvimento de uma pesquisa sobre o tema, com o intuito de facilitar a compreensão e até mesmo oferecer uma visão prática da aplicabilidade dessas informações, revela-se a partir de observações dos inúmeros problemas originados pela globalização da economia, com reflexos imediatos nos campos sociais, políticos, econômicos e, sobretudo, no mercado financeiro internacional. O estudo persegue a busca

por esclarecimentos sobre o acelerado processo de mudanças no mercado de capitais em decorrência da globalização. 1.2 - OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral O objetivo deste trabalho é analisar os impactos da Globalização no Mercado de Capitais Brasileiro, no período de 2000/2003 e demonstrar que a globalização da economia constitui-se em uma fonte inesgotável de discussões, negociações e integração entre as nações. 1.2.2 Objetivos específicos São objetivos específicos: Analisar a evolução do mercado de capitais no período 2000/2003; Identificar as alterações no mercado de capitais no horizonte de 2000 a 2003 e que foram decorrentes do processo de globalização. 1.3 HIPÓTESES Que as barreiras geográficas são irrelevantes, diante da tecnologia da informação que se encarregou de promover a união entre os países mais longínquos. Discutem-se as repercussões provocadas pela globalização da economia no mercado de capitais, instrumento primordial à fomentação de poupança, alavancagem de investimentos, à geração de riquezas e rendas e fonte ideal de captação de recursos por parte das companhias de capital aberto, enfatizando que o Brasil desponta como um dos mercados emergentes no contexto internacional. Entretanto, todos concordam que é necessária a busca por eficiência, estimulando e atraindo investidores, oferecendo garantias legais por intermédio dos órgãos regulamentadores e fiscalizadores do mercado de capitais nacional. Para o desenvolvimento deste trabalho, a monografia é constituída de 4 capítulos. O capítulo 1 trata da Introdução, da Justificativa e dos Objetivos. No capítulo 2 é feita uma

análise do processo de globalização e do Sistema Financeiro Nacional. O capítulo 3 trata do Mercado de Capitais e dos fundamentos da Análise de Risco. No capítulo 4 é feita uma análise da movimentação da BOVESPA no período de 2000 a 2003, através do volume de negócios, verificando a sua variação em função de variáveis econômicas e políticas, nacionais e internacionais. No mesmo capítulo, é apresentada a participação de investidores diretos de capital estrangeiro e as considerações finais. A monografia encerra apresentando a bibliografia utilizada. 1.4. - METODOLOGIA A pesquisa será caracterizada como bibliográfica, adotando abordagens de diversos autores, reunindo teorias em toda literatura pesquisada para desenvolvimento do tema, sendo realizada a partir de consultas em livros da área (CAVALCANTE, 1998; LAMEIRA, 2000; PINHEIRO, 2001, EPPING, 2001, VIEIRA, 2001; ROCHA; 2004), artigos e publicações, como da Comissão de Valores Mobiliários CVM, Bolsa de Valores de São Paulo - BOVESPA, acesso a periódicos, jornais (PUBLIFOLHA, 2002), revistas, pesquisa em sites da internet (www.iserramar.globo.com; www.terra.com.br; www.iis.com.br), com o objetivo de compreender o impacto da globalização no mercado de capitais nacional, por meio do embasamento social, político, e econômico, para em seguida se ater às teorias, buscando no universo das fontes pesquisadas e na fundamentação de diversos autores, possíveis respostas para o tema em questão. Será também uma pesquisa aplicada, pois serão levantados dados acerca da evolução do mercado financeiro e a abertura econômica, realizando uma análise da variação do volume de negócios realizados pela Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (BOVESPA).

CAPÍTULO 2 2.1 - GLOBALIZAÇÃO Quando se faz referência à globalização, é necessário compreender que o processo de internacionalização da economia não é tão atual quanto parece, e remonta no mínimo, ao período mercantilista. As Américas foram descobertas em função da determinação das nações poderosas da época (Portugal e Espanha), que intencionavam atingir novos locais do globo, ampliar seus mercados e conseqüentemente aumentar seus poderes. A descoberta e a colonização da América caracterizam o passo primordial para a estruturação do intercâmbio global, no que se refere à exploração e distribuição de riquezas, fato esse persistente até os dias atuais. Verifica-se também a existência de um sistema internacional apoiado em comunicações eficientes de longa distância (cabos submarinos telegráficos) e meios de transporte industrializados (navio a vapor e ferrovias). Tinha-se em grande parte do globo uma economia vinculada por mercados que compartilhavam informações em tempo quase real. Já naquela época, a economia mundial possuía movimentação internacional de capitais, superior até mesmo à observada até bem recentemente. A primeira guerra e a grande depressão interromperam esse processo. (GRIECO, 1999, p. 101) O processo de mundialização da economia é considerado por estudiosos um fenômeno complexo, entretanto irreversível, e apesar das idéias ainda pouco claras sobre a crescente interdependência das economias internacionais, vivemos uma época em que se faz notória a insuficiência de quadros conceituais para aprender a lidar com uma realidade em tão rápido processo de transformação. Na visão de PINTO (2003, p. 95), tudo indica que não será apenas uma palavra na moda, pois já existem até sinônimos. Os americanos preferem usar o termo globalização, os franceses preferem mundialização e outros, internacionalização. Sabe-se, no entanto, que é responsável pela interligação dos mercados internacionais, possibilita a movimentação de bilhões de dólares por computador em alguns segundos, como ocorre com as bolsas de todo o mundo. A globalização deu origem à chamada terceira revolução tecnológica, isto é, processamento, difusão e transmissão de informações. Alguns adeptos da idéia acham que a globalização define uma nova era da história da humanidade.

2.2 GLOBALIZAÇÃO E O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Para PINHEIRO (2001, p. 77), atualmente o mundo vem sofrendo grandes transformações num ritmo acelerado, nunca visto antes. O fenômeno da globalização tem exigido a formação de blocos de cooperação entre países de uma mesma região com objetivo de fortalecerem-se perante o mercado internacional. Se para países mais desenvolvidos esse cenário representa desafios difíceis, para países em desenvolvimento como Argentina, Brasil, México, Rússia e países asiáticos, este pode levá-los a problemas graves de desestruturação socioeconômica. Desde 1993, já havia preocupação com o potencial de formação de uma bolha dos influxos de capital nos mercados emergentes. A polêmica estava centralizada no problema do crescimento desses países, acima da média, baseado nos fluxos de capital resultantes da recessão nos países industrializados acompanhada da queda gradativa da taxa de juros, mundial. Em 1994, já se observava o início de uma moderação dos fluxos de capital, de portfólio, com declínio posterior em 1995. Nesse ambiente, os países em desenvolvimento têm se tornado vítimas de mudanças repentinas das expectativas dos investidores. Seus inevitáveis desequilíbrios econômicos, sociais e institucionais, intimamente relacionados ao grau de desenvolvimento, e as políticas macroeconômicas inconclusas para contrabalançá-los, são uma fonte permanente de incerteza. Muitos países de mercados emergentes realizam apenas reformas parciais. Eles, de modo geral, abriram suas economias e freqüentemente buscam reduzir a inflação com restrições financeiras e, em alguns casos, duras reformas monetárias. Entretanto, seus fundamentos econômicos mostram que eles não tiveram êxito na luta contra o déficit fiscal ou a formação de poupanças privadas. Agregando-se a esses desequilíbrios fiscais, as reformas internas de difícil realização, entraves políticos e medidas econômicas inconsistentes, estão criando um entorno para o surgimento de novas crises financeiras, com impactos desfavoráveis sob as relações e os fluxos comerciais. Nos principais centros financeiros do mundo com relação ao volume negociado, a distribuição de volume de operações nas bolsas não ocorre de forma homogênea, quer dizer, algumas bolsas concentram a maior parte do volume e, em conseqüência, têm maior influência sobre as demais. As Bolsas de New York, Tóquio, Londres e Alemanha

possuem 70% do volume total. Comparando esses mercados em função de sua estrutura, observando algumas diferenças em termos de capitalização e contratação bursáteis, como ilustra o quadro abaixo: Mercado Global Capitalização bursátil % PIB Contratação bursátil % PIB Reino Unido 90,6 36,7 Japão 68,3 17,0 Estados Unidos 64,3 43,6 Alemanha 18,8 24,3 Fonte: Conseco (1996), apud, PINHEIRO, 2001 Com o fenômeno da globalização dos mercados financeiros, o mercado de capitais brasileiro, para acompanhar esse novo ciclo de desenvolvimento, teve que se reformular e, como resultado, tivemos a redução dos entraves à entrada do capital estrangeiro. Com isso, o investidor estrangeiro passou a ter papel importante para o desenvolvimento do país. Os investidores estrangeiros continuamente deixam de aplicar em seus mercados locais e passam a investir em mercados internacionais, em busca de: maiores lucros; menor risco; ou menor volatilidade por meio da diversificação. No caso brasileiro, por tratar-se de um país emergente, os investidores internacionais vêm em busca de oportunidades para alavancagem de rentabilidade. Portanto, ele pode ser considerado como um capital volátil e sensível à conjuntura internacional. Os investimentos em mercados internacionais, geralmente, são feitos com: investimento direto em ações destes mercados;

investimentos indiretos, mediante aquisição de empresas com registros em bolsas de outros países; fundos mútuos abertos e fechados, fundos fiduciários ou companhias de investimento; recibos de depósito de ações (DRs). A entrada de investidores internacionais numa economia pode trazer efeitos positivos e negativos, sendo destacados entre eles: Efeitos positivos: melhora na imagem internacional do país; com entrada de divisas, o governo pode financiar seu déficit por prazos maiores e com taxas de juros menores; o aumento no fluxo de divisas favorece as empresas, propiciando maiores facilidades para investimentos em imobilizado e no aumento da produção, com custos mais favoráveis. Efeitos negativos: um incremento descontrolado do fluxo de divisas pode causar um desequilíbrio nas contas do país; quando um país abre o mercado ao mesmo tempo em que busca uma estabilidade financeira, os investidores passam a preocupar-se com o cumprimento das tarefas do governo (ajuste fiscal, reformas constitucionais, etc.) e qualquer sinal de dificuldade para executá-las, eles perdem a confiança e retiram abruptamente seus recursos;

o país tem dificuldades para controlar uma fuga de capitais numa eventual crise financeira internacional. Os centro financeiros podem ser conceituados como cidades especializadas na prestação de serviços financeiros com seus mercados financeiros e suas instituições. No caso dos centros financeiros globais, sua denominação é dada em função de sua abrangência ou área de atuação. De acordo com PINHEIRO (2001, p. 90), os centros financeiros podem ser classificados de acordo com sua ordem hierárquica, da seguinte forma: - Centros globais; - Centros regionais; - Centros offshore; e - Centros nacionais. Os centros financeiros globais oferecem vasta gama de serviços, especialmente nos mercados atacadistas (de grandes volumes), para uma clientela mundial. Há três centros financeiros globais: New York, Tóquio e Londres. Cada um representando o maior dentro de seu fuso horário. Já os centros financeiros regionais internacionais prestam serviços financeiros a uma região e fazem intermediação dos fluxos financeiros dos centros globais e de outros centros regionais e nacionais. A Antuérpia, na Bélgica, pode ser considerado um exemplo como tendo sido um dos primeiros centros financeiros regionais internacionais. Os centros offshore são entrepostos financeiros que fazem a intermediação de fluxos financeiros com pouca ligação com o sistema financeiro do país em que estão situados. Em geral, a denominação aplica-se a lugares como as Ilhas Caimã, Bahamas, Antilhas Holandesas e Andorra.

Os centros financeiros nacionais são os que atendem às necessidades nacionais ou regionais, atuando em serviços de varejo e comércio bilateral entre a própria economia e outras economias. Com sua invasão pelos espanhóis, em 1585, Amsterdã passa a ser considerada o principal porto e centro financeiro internacional, durante os dois séculos seguintes. Em 1795, com a ocupação dos franceses, Londres, que já era considerada o maior porto do mundo, passou a ser o principal centro financeiro internacional da época. Paralelamente ao desenvolvimento de Londres como centro financeiro de destaque, surgem outros centros como o de Paris e Berlim. Mas durante a Primeira Guerra Mundial, esses três centros deixam de funcionar e New York assumiu a liderança internacional. No início da década de 60, com a deterioração do balanço de pagamentos dos EUA, em decorrência da Guerra do Vietnã, Londres volta a se destacar no cenário internacional e passa a desempenhar um papel de liderança no desenvolvimento dos mercados de eurodólares e eurobônus. reforçada. Já na década de 70, com o fluxo de petrodólares, Londres tem sua liderança O final da década de 90 vem caracterizado pelas fusões de grandes bolsas de valores como, por exemplo: a associação das Bolsas de Paris, Amsterdã e Bruxelas estão para criar a Euronext; a fusão das Bolsas de Londres e Frankfurt para a criação do ix; a organização de um mercado eletrônico pelas Bolsas Suíça e a Tradepoint Financial Networks Plc, do Reino Unido; o estudo das Bolsas de Madri e Milão para juntar-se à ix.

Atualmente, os Estados Unidos são considerados o maior mercado de capitais do mundo e, com isso, tem havido um crescimento do número de empresas estrangeiras registradas na Bolsa de New York. O mercado americano é composto de New York Exchange (NYSE); a National Association of Securities Dealers Automated Quotation System (NASDAQ), as duas de New York; o Midwest Stock Exchange (MSE), de Chicago e outras bolsas regionais. Todavia, a Bolsa de New York é a mais importante Bolsa dos EUA e do mundo. A City of Londres nome dado ao tradicional distrito financeiro de Londres tem sido, há vários séculos, um dos centros financeiros internacionais de destaque. Ocupa hoje a posição de principal centro financeiro do mundo. A bolsa de Londres está convenientemente localizada entre os dois maiores mercados financeiros do mundo, dos EUA e do Japão. O dia de negociação na City of London como é conhecida - coincide com o de Tóquio pela manhã e com o de New York pela tarde. Tóquio é o principal centro financeiro da Ásia e do fuso horário do Pacífico Sul. Embora durante décadas fosse considerado um centro financeiro nacional, a partir da década de 70, com o início de movimento de liberalização financeira, ele passou a destacar-se como centro financeiro internacional e, na década de 80, com um novo movimento de liberalização financeira, adquiriu o status de grande centro financeiro internacional. As causas que proporcionam esse grande avanço da globalização e que ditam essa tendência para o mercado de capitais podem ser atribuídas a quatro forças impulsoras. A primeira é as mutações do desejo dos consumidores de produtos financeiros, que passaram a exigir mais sofisticação e menos custos. A segunda é o próprio mercado local, que não poderia atender às necessidades em termos de volume, prazos e preços, o que obrigou as empresas a buscarem mercados internacionais maiores e mais desenvolvidos. A terceira foi a evolução tecnológica e o extraordinário avanço dos meios de comunicação ocorrido nos últimos dez anos, que possibilitou um grande desenvolvimento das transações com capitais. Hoje, com apenas um telefone ou ordenador portátil, se pode fazer todo tipo de transações financeiras e transferir grandes volumes de capital aos mais distantes mercados do planeta. Com uma boa Mesa de Operações e vários turnos de operadores, pode-se trabalhar 24 horas, utilizando as diferenças entre fusos horários da cada país. A quarta pode

ser atribuída ao afrouxamento e, posteriormente, abolição dos controles de câmbio sobre os afluxos de capital das economias. A falta de recursos dos governos e seu crescente endividamento acabou com o sistema intervencionista e iniciou o chamado neoliberalismo, com retorno da visão de mercado. A globalização possibilitou às empresas ampliarem opções de captação e investimentos, como acesso a escala e volume de recursos maiores que nos locais, assim como a associação com empresas estrangeiras. Com isso, houve também criação de novas referências para avaliação dos comportamentos dos diferentes mercados e conseqüentemente grande desenvolvimento das análises técnica e fundamental. A internacionalização ou globalização dos mercados pode causar uma transferência de liquidez, dos pequenos mercados locais, para os grandes, ou então o inverso e com grande rapidez, ampliando, com isso, sua dependência dos capitais especulativos (voláteis) e principalmente a poupança internacional. Esse excessivo grau de dependência dos mercados com relação aos grandes centros financeiros causa uma diminuição em sua capacidade de desenvolvimento e dificulta acesso ao capital para empresas de pequeno tamanho. Além da globalização dos mercados, tem-se produzido momentos importantes, que caracterizaram mudanças nos ciclos dos mercados de capitais, entre eles ressaltamos grandes crises que ocorreram nas bolsas de valores. A globalização afeta os mercados, os agentes econômicos e os governos. E no caso dos mercados financeiros, o grande desenvolvimento dos meios de comunicação que permitiu um incremento no volume de informações e maior rapidez na sua difusão, transformou as bolsas de valores em mercados bursáteis internacionais. Essa mudança provocou grande desenvolvimento de seus mecanismos de negociação e ampliou sua sensibilidade às mudanças da economia. Diante desse fato, embora a globalização dos mercados esteja intimamente ligada com sua dimensão, os especuladores locais passaram a atuar como especuladores internacionais e os capitais que antes giravam somente em âmbito local, passaram a ter giro internacional.

As mudanças ocorridas nas economias dos diversos países têm suas repercussões diretas nos mercados financeiros internacionais. O processo de globalização impõe aos países a imperiosa necessidade de fortalecer os seus fundamentos econômicos, sociais e institucionais. Uma crise financeira pode surgir quando os fundamentos macroeconômicos não estão sendo aplicados e, conseqüentemente, o país perde credibilidade sobre os agentes internacionais. A vulnerabilidade externa, que representa uma baixa capacidade de resistência ante a influência de fatores desestabilizadores externos ou choques internacionais, pode levar um país a uma crise financeira ou mesmo econômica. A internacionalização dos mercados pode gerar a dependência de moedas como o dólar dos Estados Unidos e a falta de regulamentação dos mercados, provocando incertezas capazes de abalar os pilares da economia. Essa internacionalização dos mercados leva a uma transferência de liquidez dos mercados locais para os mercados internacionais, ou vice-versa, com grande rapidez, ampliando, com isto, sua dependência em relação ao câmbio. Como conseqüência, esse excessivo grau de dependência dos mercados causa uma diminuição na autonomia para a gestão de suas balanças comerciais e dificuldade no controle do câmbio interno. 2.3 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Segundo PINHEIRO (2001, p. 88), o sistema financeiro pode ser entendido como sendo igual à soma das unidades operacionais que o compõem e dos responsáveis pelas políticas monetárias, creditícia, cambial e fiscal, que regulam seu funcionamento bem como os fluxos monetários entre os que dispõem de recursos financeiros e os que deles careçam, para suas atividades de produção ou de consumo. Nada mais é, portanto, do que um conjunto, pois os agentes financeiros, sem as limitações doutrinárias ou normativas emanadas das autoridades competentes, resultariam em entidades mal definidas e indisciplinadas. Por outro lado, não teria sentido pensar-se em política econômico-financeira se inexistissem as instituições financeiras.

Dessa forma, sabe-se muito bem que um sistema que apresente parcela importante das operações de seus agentes independente das autoridades monetárias revela um perigoso grau de instabilidade. Caso isso ocorra, mais cedo ou mais tarde a situação tornar-se-á insustentável e danosa para o próprio sistema. Assim, a satisfação dos diretores de instituições financeiras, pelo alto índice de liberdade operacional que lhes seja concedido, acaba por tornar-se muito onerosa para a coletividade, que sofrerá diretamente as conseqüências de tal estado de coisas. Conclui-se, então, que a criação de um banco central, para não falar nas demais autoridades que caracterizam o colegiado, que congrega, nas economias modernas, os responsáveis pelas já mencionadas políticas econômico-financeiras, decorre não da imposição do Estado, mas da própria economia, que exige a sua implantação e bom funcionamento. Está aí, então, o motivo pelo qual o sistema financeiro de cada nação é sempre coerente com seu grau de desenvolvimento e com sua força econômica. As instituições surgem, evoluem e diversificam suas funções, como um imperativo do próprio progresso nacional. Compete às autoridades monetárias e fiscais anteciparem-se às necessidades de mercado e da produção, ao mesmo tempo em que cuidam de corrigir e disciplinar as distorções porventura existentes no sistema. Em outras palavras, processo de desenvolvimento é, por definição, cambiante, requerendo e motivando transformações, a começar pelas de ordem estrutural. Por isso mesmo, se o sistema financeiro não acompanha as exigências das modificações acusadas pela economia, ou se funcionam em sentido oposto a elas, tenderá a constituir-se em grave obstáculo às atividades produtivas, desestimulando o esforço da coletividade, que verá frustrados seus justos anseios de progresso. Segundo PINHEIRO (2001, p. 53), o mau funcionamento do sistema financeiro gera perturbações nos fluxos monetários, cujos efeitos, quando excessivos, são de demorada correção e manifestam-se sob as seguintes formas: luta desenfreada pelos recursos financeiros, encarecendo-os;

transferência de atividades econômicas próprias da iniciativa privada, para o setor público; instabilidade do nível de preços e conseqüente inutilização das previsões econômicas; desvirtuamento das funções das instituições financeiras elevando o custo do dinheiro e gerando um descrédito com o público; insuficiente dinamização do mercado financeiro nacional, que passa a funcionar como um sistema arterial esclerosado; e desestímulo à poupança espontânea dos indivíduos e das empresas, que passa a ser substituída pela de caráter forçado, nem sempre transformada em investimento, mas em despesa de custeio do estado. Podemos dizer que as principais funções de um sistema financeiro na economia são: promover a poupança; arrecadar e concentrar a poupança em grandes volumes; transformar a poupança em créditos especiais; encaminhar os créditos às atividades produtivas; e gerenciar as aplicações realizadas e manter um mercado para elas. De acordo com PINHEIRO (2001, p. 54), a origem do Sistema Financeiro Brasileiro está na criação em 1808 por alvará de D. João VI, Príncipe Regente, do primeiro Banco, denominado Banco do Brasil. Como única instituição do gênero no país, ele passou a acumular, a partir de 1809, as funções de banco de depósitos, descontos e emissão, gozando ainda do privilégio da venda dos produtos comercializados pela coroa.