RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO 1 Denominação do Medicamento Quinina Labesfal 300 mg comprimidos 2 Composição Qualitativa e Quantitativa Cada comprimido contém 300 mg de sulfato de quinino Excipientes: ver 6.1. 3 Forma Farmacêutica Comprimidos. 4 Informações Clínicas 4.1 Indicações terapêuticas Quinina Labesfal está indicada: - Tratamento de estirpes sensíveis de Plasmódio, resistentes à cloroquina. - No tratamento da infecção por Babesia microti (Babesiose) administrada conjuntamente com a clindamicina. 4.2 Posologia e modo de administração Tratamento da malária Adulto: 600 mg (2 comprimidos) de 8 em 8 horas durante 3 a 7 dias. Crianças: 10 mg/kg de 8 em 8 horas durante 3 a 7 dias. Babesiose Tem sido usada uma combinação de quinina e de clindamicina no combate das infecções por Babesia microti. As doses sugeridas são de 600mg de quinina 3 vezes por dia por via oral e de clindamicina 1,2 g ao dia por via IV ou de 600 mg 3 vezes ao dia por via oral. Caso a via oral não esteja disponível as doses sugeridas são de 650mg de quinina 3 vezes por dia por via intravenosa.
A duração do tratamento é de 7 dias. Nas crianças recomenda-se a administração diária, por via oral de 10mg/kg de quinina e de 20 a 40mg/kg de clindamicina, de 8 em 8 horas. 4.3 Contra-indicações A quinina está contra-indicada em pacientes com hipersensibilidade ao fármaco. Se ocorrerem distúrbios visuais, rash, perda de audição ou zumbido, o fármaco deve ser descontinuado. O fármaco está também contra-indicado em pacientes com deficiência na enzima glucose -6- fosfato desidrogenase. Pode ocorrer púrpura trombocitopénica durante a terapia com quinina em pacientes com elevada sensibilidade ao fármaco, pelo que o fármaco está contra-indicado em doentes que tenham apresentado efeitos hematológicos adversos em administrações prévias de quinina. A quinina está também contra-indicada em pacientes com zumbido ou nevrite óptica ou com história de febre dos pântanos. 4.4.Advertências e precauções especiais de utilização Os riscos potenciais da quinina no doente idoso são originados da sua interacção com fármacos cardiovasculares. Doses excessivas repetidas de quinina podem precipitar o cinchonismo. Os sintomas mais suaves incluem zumbidos, dor de cabeça, náusea e distúrbios ligeiros na visão, que normalmente diminuem rapidamente depois da descontinuação do fármaco. Quando a quinina é administrada de forma continuada ou depois de uma dose única elevada os sintomas envolvem também o tracto gastrointestinal, os sistemas cardiovascular e nervoso e a pele. A ocorrência de hemólise tem sido associada com uma deficiência em glucose -6- fosfato desidrogenase em pacientes a tomar quinina e a terapia deve ser interrompida imediatamente se ocorrer hemólise. A quinina deve ser usada com precaução na presença de arritmias cardíacas; a quinina tem actividade semelhante à quinidina. No tratamento da malária por Plasmodium vivax e Plasmodium ovale, deve ser instituída terapêutica com primaquina, um derivado das 8-aminoquinolinas. 4.5.Interacções medicamentosas e outras formas de interacção Antiácidos que contém alumínio podem atrasar ou diminuir a absorção da quinina administrada concomitantemente. Anticoagulantes orais: a quinina pode deprimir o sistema de enzimas hepáticas que sintetiza a vitamina K dependente de factores coagulantes e deste modo pode aumentar a acção da varfarina e outros anticoagulantes orais.
Rifampicina: o uso concomitante da quinina e de indutores de enzimas como a Rifampicina pode levar ao aumento do metabolismo da quinina e desse modo dificultar a obtenção de níveis eficazes. Digoxina: as concentrações plasmáticas podem ser aumentadas pela administração concomitante de quinina. Mefloquina: não deve ser usada concomitantemente com a quinina. Se os dois fármacos necessitarem de ser usados no tratamento inicial da malária, a administração de mefloquina deve ser atrasada pelo menos 12 horas após a última dose de quinina. A coadministração aumenta o risco de anomalias no ECG, paragem cardíaca e convulsões. Agentes bloqueadores neuromusculares: o bloqueio neuromuscular pode ser potenciado pela quinina e pode resultar em dificuldade respiratória. Os alcalinizadores da urina como por ex.: a acetazolamida e o bicarbonato de sódio administrados concomitantemente com dicloridrato de quinina podem aumentar os níveis sanguíneos de quinina com potencial para toxicidade. Amantidina: a quinina reduz a clearance renal da amantidina em cerca de 36%, somente em pacientes do sexo masculino. Anticonvulsivantes: a quinina inibe o metabolismo hepático da carbamazepina e do fenobarbital sendo estes eliminados com maior lentidão, o que pode levar a um aumento da sua toxicidade. 4.6 Gravidez e aleitamento A quinina pode provocar dano fetal quando administrada a mulheres grávidas. Nadosmortos nos quais não houve causa óbvia para as mortes fetais, foram referidos em mães a receber quinina. Em relação a estudos em animais, há referência a efeitos teratogénicos em coelhos e porquinhos-da-índia, mas não em outras espécies testadas (ver 5.3). Uma vez que os riscos ultrapassam claramente os possíveis efeitos benéficos na mulher que está ou pode ficar grávida, a quinina está contra-indicada nessas mulheres. Se o fármaco for administrado durante a gravidez ou se a mulher ficar grávida enquanto está a receber o fármaco, ela deve ser informada do potencial risco para o feto. Uma vez que a quinina se distribui no leite, o fármaco deve ser usado com precaução em mulheres a amamentar. 4.7. Efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilizar máquinas
Não foram encontradas referências relativamente à capacidade de conduzir ou utilizar máquinas. 4.8. Efeitos indesejáveis Sistema nervoso central: Raros: Cinchonismo, vertigens, dor de cabeça, suores, fadiga, confusão, sincope, apreensão e febre. Sistema auditivo: Frequentes: Perda reversível da audição. Raros: surdez irreversível. Sistema oftálmico: Raros: distúrbios visuais incluindo visão turva com escotoma, fotofobia, diplopia, campos visuais contraídos, cegueira nocturna e distúrbios na percepção das cores. O fármaco pode também afectar a retina e o nervo óptico. Sistema gastrintestinal: Frequentes: náuseas e vómitos (podem estar relacionados com efeitos do fármaco no SNC). Sistema hematológico: Pouco Frequentes: trombocitopenia, leucopenia, pancitopenia, coagulopatia, coagulação intravascular disseminada, púrpura trombocitopénica, agranulocitose. Raros: hipoprotrombinémia, hemólise com potencial para anemia hemolítica. Sistema Cardiovascular: Raros: perturbações na condução, taquicardia ventricular e angina. A administração I.V. rápida de quinina resultou em hipotensão grave, arritmias e falha circulatória aguda. Sistema Endócrino/metabólico: Pouco frequentes: hipoglicémia (que pode ser grave e recorrente em alguns pacientes com infecção grave de malária provocada por P. Falciparum, que receberam terapia com quinina e houve evidência de que a secreção de insulina induzida pela quinina possa ter sido um dos possíveis factores precipitantes.). Sistema Renal/Genito-urinário: Pouco frequentes: falha renal (associada a coagulopatia e anticorpos dependentes de quinina); hemoglobinúria.
Sistema Respiratório: Raros: asma Outros Raras: Reacções de hipersensibilidade: vermelhidão cutânea, prurido muito intenso e generalizado, rash (urticária, pápulas, escarlatina), febre, edema facial, mal-estar gastrintestinal, dispneia, zumbido, dano da visão. Se ocorrer evidência de hipersensibilidade durante a terapia com quinina, o fármaco deve ser descontinuado. 4.9. Sobredosagem A sobredosagem por quinina produz sintomas de cinchonismo que podem incluir zumbidos, vertigens, rash, efeitos cardiovasculares, dor de cabeça, febre, cólicas intestinais, diarreia, vómitos, apreensão, confusão e convulsões. Uma sobredosagem grave pode resultar em depressão respiratória ou colapso circulatório. Perturbações visuais incluindo visão turva ou cegueira foram verificadas ocasionalmente com sobredosagem de quinina; a cegueira é transitória na maioria dos casos, mas pode raramente ser permanente. A dose fatal de quinina nos adultos tem sido referido situar-se entre 2-8 g. Tratamento: Na sobredosagem aguda de quinina, o estômago deve ser esvaziado por lavagem gástrica ou por emese induzida por ipeca. A função renal deve ser monitorizada e a pressão sanguínea deve ser assistida; o balanço electrolítico e de fluídos deve ser mantido com fluídos I.V. Pode ser necessária respiração artificial. Se houver evidência de angioedema ou asma, pode estar indicado o uso de epinefrina, corticosteróides ou anti-histamínicos. Foi feita a acidificação da urina para promover a excreção renal da quinina; na presença de hemoglubinúria a acidificação da urina pode aumentar a toxicidade renal. A quinina deve ser rapidamente dialisável, por hemodiálise ou hemoperfusão. Na fase aguda de amaurose causada por quinina, os vasodilatadores administrados por via I.V. podem ter um efeito benéfico. 5. Propriedades Farmacológicas 5.1. Propriedades farmacodinâmicas Grupo farmacoterapêutico: 1.4.2.- Medicamentos anti-infecciosos. Antiparasitários. Antimaláricos. Código ATC:P01BC01
O mecanismo exacto da actividade antimalárica da quinina não foi ainda determinado mas o fármaco parece interferir com a função do DNA do plasmódio. A quinina tem vários efeitos no músculo esquelético. Aumenta a resposta tensora a um único estímulo máximo ao músculo que pode ser recebido de modo directo ou através de um nervo; contudo, o fármaco aumenta o período refractário do músculo através de uma acção directa na fibra muscular de modo que a resposta à estimulação tetânica é diminuída. O fármaco parece afectar também a distribuição do cálcio dentro da fibra muscular. A quinina tem uma acção anestésica local e analgésica, antipirética e efeitos oxitóxicos. O fármaco tem ainda efeitos cardiovasculares similares aos da quinidina. 5.2. Propriedades farmacocinéticas Absorção: Em pacientes com malária as concentrações plasmáticas de quinina são mais elevadas e a semi-vida plasmática pode ser mais longa do que em pacientes saudáveis ou em pacientes a convalescer de malária, aparentemente devido ao facto da malária poder causar enfraquecimento da função hepática que resulta numa diminuição da clearance corporal total da quinina e num decréscimo do volume de distribuição do fármaco. Distribuição: A ligação às proteínas plasmáticas é de cerca de 70%, valor que sobe para 90% em pacientes com malária. A quinina é amplamente distribuída no organismo. As concentrações atingidas no líquido cefalorraquidiano em pacientes com a forma cerebral de malária são de cerca de 2 a 7 % das concentrações plasmáticas. A quinina atravessa a barreira placentar e é distribuída no leite materno. Metabolização: a quinina é extensamente metabolizada no fígado e rapidamente excretada principalmente na urina. Eliminação: A semi-vida de eliminação plasmática da quinina está estimada entre 8-21 horas em adultos com malária e 7-12 horas em adultos saudáveis ou convalescentes. Em crianças com 1-12 anos de idade, estima-se que a semi-vida de eliminação plasmática seja de 11-12 horas nas que têm malária e 6 horas nas que estão a convalescer da doença. A quinina é extensamente metabolizada, principalmente no fígado. Pequenas quantidades de quinina podem ser também excretadas nas fezes. O fármaco é reabsorvido quando a urina é alcalina pelo que a excreção renal do fármaco é duas vezes mais rápida quando a urina é acídica do que quando é alcalina. O fármaco é removido por hemodiálise ou hemoperfusão por carvão vegetal, mas não é eficazmente removido por diálise peritoneal. 5.3. Dados de segurança pré-clínica
Não são conhecidos estudos de carcinogenicidade efectuados com a quinina. Os resultados de um conjunto de testes in vitro e in vivo não indicam potencial mutagénico. No que diz respeito a toxicidade reprodutiva, estão descritos efeitos teratogénicos em coelhos e porquinhos-da-índia, mas não em ratos, ratinhos, cães e macacos. No entanto, a informação disponível sobre estes estudos é limitada. Estudos in vitro indicam que a quinina pode interferir no mecanismo de regulação do volume dos espermatozóides. A relevância destes estudos para a fertilidade não está esclarecida. 6. Informações Farmacêuticas 6.1 Lista de excipientes Hidrogenofosfato de cálcio Dextrose monohidratada Amido de batata Polivinilpirrolidona K 30 Etanol 96º Amido glicolato de sódio Talco Estearato de magnésio. 6.2. Incompatibilidades Não foram encontradas referências relativamente a incompatibilidades do fármaco. 6.3. Prazo de validade 4 anos 6.4. Precauções especiais de conservação Conservar a temperaturas inferiores a 25 ºC. 6.5. Natureza e conteúdo do recipiente Comprimidos acondicionados em blísteres de PVC/alumínio, embalagens de 100 e 1000 comprimidos.
6.6. Instruções de utilização, manipulação e eliminação Não existem requisitos especiais. 7. Titular de Autorização de Introdução no Mercado Labesfal Laboratórios Almiro S.A. Campo de Besteiros 8. Número(s) de Autorização de Introdução no Mercado (...) Embalagens de 100 comprimidos. Embalagens de 1000 comprimidos. 9. Data da Primeira Autorização/Renovação de Introdução no Mercado (...) 10. Data da Revisão do Texto