A cirurgia bariátrica constitui uma cura para a diabetes tipo 2?
Souteiro P. et al., CEO 2016, Gotemburgo. Resumo OS3.03 A função pré-operatória das células β é um fator preditivo da remissão da diabetes após a cirurgia bariátrica Foram investigados os fatores que permitem prever a remissão da diabetes após cirurgia bariátrica 363 doentes obesos com diabetes tipo 2 (DT2), submetidos a cirurgia bariátrica, foram avaliados antes e 12 meses após a intervenção cirúrgica Resultados: A remissão da DT2 foi alcançada em 39,9% dos doentes aos 12 meses e após ajuste idade/hba1c; os seguintes índices revelaram-se fatores preditivos: Índice Valor p Índice Valor p Índice insulinogénico 0,02 Péptido C/ASC (área sob a curva) da glicose Índices de 1.a e 2.a fases de Stumvoll 0,02 ASC da insulina segregada em resposta à prova de tolerância à glicose (TSI - Taxa de Secreção de Insulina) 0,006 Péptido C em jejum 0,04 TSI/ASC da glicose 0,03 ASC do péptido C 0,002 0,01
Quando tratar a diabetes tipo 2 (DT2) mediante cirurgia? Evidência acerca do IMC (1 de 2) Os dados do estudo STAMPEDE, recolhidos ao longo de 5 anos, compararam resultados em doentes com DT2 tratados com terapêutica médica intensiva (TMI), bypass gástrico em Y de Roux (BGYR) ou gastrectomia em manga (GM) A TMI incluiu fármacos antidiabéticos para manter o nível de HbA1c <6%, aconselhamento acerca do estilo de vida e consultas regulares de acompanhamento Os níveis basais de HbA1c eram de 8,8% (TMI), 9,3% (BGYR) e 9,5% (GM) Resultados: Proporção de doentes, decorridos 5 anos, com: TMI (n=38) BGYR (n=49) Valor p BGYR vs TMI GM (n=47) Valor p GM vs TMI HbA1c <6% 5% 29% 0,005 23% 0,02 HbA1c <6% sem medicação antidiabética 0% 22% 0,002 15% 0,02 HbA1c <7% 21% 51% 0,004 49% 0,008 Insulinoterapia 40% 12% <0,05 11% <0,05 Os resultados foram semelhantes para IMC basal <35 e 35kg/m 2 Schauer P. CEO 2016, Gotemburgo. Resumo PL1.01
Quando tratar a diabetes tipo 2 (DT2) mediante cirurgia? Evidências acerca do IMC (2 de 2) 11 ensaios controlados aleatórios (abrangendo 794 doentes) compararam a cirurgia ao tratamento farmacológico e ao nível do estilo de vida para a DT2 Os 11 estudos demonstraram a superioridade da cirurgia sobre o tratamento farmacológico e ao nível do estilo de vida para alcançar a remissão ou a melhoria glicémica Os resultados foram semelhantes para IMC basal <35 e 35kg/ m Schauer P. CEO 2016, Gotemburgo. Resumo PL1.01
Que operação realizar para diabetes tipo 2 (DT2)? Bypass gástrico em Y de Roux (BGYR) ou gastrectomia em manga (GM) Os dados relativos a um período de 5 anos do estudo STAMPEDE demonstraram que: Tanto o BGYR como a GM reduzem os níveis de HbA1c em quantidades semelhantes, mas a utilização total de medicação antidiabética é inferior no grupo do BGYR O BGYR exerce um efeito superior na massa de células β e na sensibilidade à insulina O BGYR e a GM conduzem a taxas de remissão semelhantes da DT2 A GM provoca uma maior descida dos níveis de grelina do que o BGYR O número de eviências relacionadas com o BGYR é superior A GM é irreversível; o BGYR é reversível A decisão deve ser personalizada de acordo com fatores inerentes ao doente, como a idade, o IMC inicial, a presença de comorbidades (por ex., doença do refluxo) Schauer P. CEO 2016, Gotemburgo. Resumo PL6.01 Peterli R. CEO 2016, Gotemburgo. Resumo PL6.02
Cirurgia metabólica no algoritmo de tratamento para diabetes tipo 2 (DT2) A segunda Cimeira para a Cirurgia da Diabetes (CCD-II) foi uma iniciativa em que um grupo multidisciplinar, constituído por 47 clínicos/acdémicos internacionais (75% não eram cirurgiões) aferiu as provas e chegou a um consenso A CCD-II recomendou a inclusão da cirurgia metabólica como opção de tratamento para a DT2 em doentes com: IMC 40 kg/m 2 IMC 35,0 a 39,9 kg/m 2 quando o estilo de vida e a terapêutica médica otimizada não são suficientes para controlar a hiperglicemia IMC 30,0 a34,9 kg/m 2 se a hiperglicemia não se encontrar adequadamente controlada apesar do tratamento otimizado com fármacos, sejam eles orais ou injetáveis Estes limiares de IMC devem ser reduzidos em 2,5 kg/m 2 no caso de doentes de origem asiática Cummings D, et al. CEO 2016, Gotemburgo. Resumo PL1.02
Avaliação crítica da cirurgia metabólica em doentes diabéticos obesos Apesar da eficácia com que conduz à remissão da diabetes tipo 2 (DT2), existem algumas reservas quanto ao recurso à cirurgia metabólica: Foi relatada remissão da DT2 até 80% dos doentes após a cirurgia, mas a recaída ocorre com taxas de DT2 até 67% decorridos 15 anos Foi relatada recuperação do peso em 24% dos doentes ao fim de 4 anos 65% dos doentes desenvolveram insuficiência de vitamina D O risco de fraturas amenta A anemia ferripriva ocorre em 5 a 60% dos doentes A taxa de suicídio é seis vezes superior à da população em geral Foi relatada hipoglicemia em 1 a 34% dos doentes após a cirurgia O risco cardiovascular na DT2 é reduzido pela cirurgia metabólica, mas os resultados foram diferentes em doentes não diabéticos Schernthaner G. CEO 2016, Gotemburgo. Resumo PL1.04
Gastrectomia em manga em doentes com diabetes mellitus tipo 2 (DT2): Série de casos com 260 doentes abrangidos 260 doentes (107 do sexo masculino; 153 do sexo feminino) com DT2 foram acompanhados durante 2 anos após a gastrectomia em manga Guixé C, Coñoman H. CEO 2016, Gotemburgo. Resumo OS4.03 Linha de base IMC médio 40,6 ± 10 kg/m 2 Glicose média em jejum 149,2 ± 15,9 mg/dl HbA1c 7,8 ± 1,4% Um fármaco antidiabético oral Dois fármacos antidiabéticos Insulinoterapia Resultados: 180 doentes 58 doentes 22 doentes Em 91,1%, a medicação antidiabética foi descontinuada até aos 8 meses após a cirurgia Em 6,9%, a medicação antidiabética foi reduzida 5/22 doentes continuaram a terapêutica com insulina A média de HbA1c após a cirurgia foi de 5,3 ± 0,3%
Perda de peso e resultados glicémicos pós-operatórios, em doentes com diabetes tipo 2 (DT2), decorridos 2 anos após o bypass gástrico em Y de Roux (BGYR) ou a gastrectomia em manga (GM): o papel da perda de peso Pensa-se que o BGYR conduz a efeitos independentes do peso que, por sua vez, conduzem à resolução da DT2 Este estudo retrospetivo comparou os efeitos de remissão da DT2 obtidos 2 anos após o BGYR (n=107) e a GM (n=103) A remissão foi definida como um nível de HbA1c <6,5% e ausência de medicação antidiabética por um período >1 ano Os doentes foram divididos em tercis de perda de peso e recorreu-se a análise de regressão logística para determinar o efeito da perda de peso nos resultados Resultados: A perda de peso com o BGYR (26,6%, 95% IC 24,8 a 28,4) foi superior à que existiu com a GM (20,6 95% IC 18,3 a 22,8) A remissão foi três vezes mais comum após o BGYR do que após a GM (RP 3,0, 1,3 a 6,9, p=0,01) A remissão foi 11 vezes mais comum nos tercis de maior perda de peso do que nos de menor perda de peso (RP 11,3 3,5 a 35,0 p<0,0001), independentemente do tipo de intervenção cirúrgica Conclusão: O BGYR conduz a maior perda de peso e a maior probabilidade de remissão da DT2 A perda de peso desempenha um papel fundamental na melhoria dos níveis de glicemia Pucci A, et al. CEO 2016, Gotemburgo. Resumo OS4.04
Diabetes tipo 2 (DT2), obesidade e gastrectomia em manga (GM) laparoscópica: Acompanhamento de longo-prazo, revisão dos critérios para remissão da diabetes e relação com a recuperação do peso O objetivo do presente estudo consiste em avaliar os efeitos da GM sobre a obesidade e a DT2, 7 anos após a cirurgia 195 doentes obesos, com média de idade de 43,9 ± 10,6 anos; 78 com DT2, foram submetidos a GM A resolução completa da DT2 foi definida como nível de glicose no sangue em jejum (GSJ) <100 mg/dl e nível de HbA1c <6%; tendo a resolução parcial sido definida como nível de GSJ <110 mg/dl e nível de HbA1c <6,5% Recuperação de peso foi definida como peso recuperado após ter sido atingido o peso mínimo O peso corporal e IMC basais eram de 123 ± 21 kg e 44,6 ± 6,8 kg/m 2, respetivamente Resultados: O peso e o IMC 7 anos após a cirurgia eram de 104,9 ± 18 kg e 37 ± 6 kg/m 2, respetivamente O peso e o IMC mínimos (79,2 ± 16,1 kg, IMC 28,6 ± 5,3 kg/m 2 ) foram alcançados ao fim de 2 anos, altura em se iniciou, em 47% dos doentes, uma modesta recuperação do peso (22 ± 6,7%) Observou-se a resolução parcial ou completa da DT2 em 72% (56/78) dos doentes A resolução da DT2 foi semelhante entre o grupo que não recuperou peso (56%) e o que recuperou (60%); não se observou recidiva da DT2 no grupo que não recuperou peso, tendo havido um caso de recidiva no grupo que recuperou; não houve novos diagnósticos de DT2 Capoccia D, et al. CEO 2016, Gotemburgo. Resumo PP5.07
O número necessário a tratar para a remissão da diabetes tipo 2 (DT2) tem influência na cirurgia bariátrica/metabólica Um estudo retrospetivo analisou a história de 168 doentes diabéticos obesos da base de dados eletrónica no BAROS (Sistema de Análise e Relatório de Resultados da Terapêutica Bariátrica) após diversas intervenções cirúrgicas bariátricas/metabólicas (CBM) 1 ano após a CBM, a DT2 permanecia inalterada em 21% dos doentes, tinha melhorado em 51% e tinha sido resolvida em 27% O número necessário a tratar (NNT) foi calculado de modo a expressar diferenças clinicamente significativas entre as diversas intervenções num único centro de cirurgia bariátrica A classificação foi a seguinte: bypass gástrico (NNT=2), resseção em manga (NNT=3), plicatura gástrica (NNT=4) e banda gástrica (NNT=20) O efeito metabólico dependeu do tipo de intervenção (p<0,01), embora as diferenças das taxas de complicações entre as intervenções, de acordo com o número necessário para se observar reações adversas (NNRA), não fossem significativas O NNT parece ser uma ferramenta útil para relatar o resultado do tratamento da diabetes mediante cirurgia bariátrica Cierny M, et al. CEO 2016, Gotemburgo. Resumo PO3.007
Gastrectomia em manga e bypass gástrico em Y de Roux no tratamento da diabetes tipo 2 (DT2) mellitus: Resultados de um estudo controlado aleatório e multicêntrico Um estudo controlado aleatório e multicêntrico comparou a taxa de remissão da diabetes (definida como nível de Hb1Ac <42mmol/mol, +/- medicação antidiabética em doentes obesos com DT2 (IMC 35 a 50 kg/m 2 ) submetidos a bypass gástrico em Y de Roux (BGYR, n=26) ou a gastrectomia em manga (GM, n=23) A percentagem de perda do peso em excesso (%PPE) 1 ano após a operação foi significativamente mais elevada no grupo do BGYR (77%) do que no grupo da GM (63%, p=0,04) A taxa de remissão da DT2 não divergiu significativamente entre BGYR (68%) e a GM (50%, p=0,268) São necessários dados de acompanhamento de longo-prazo para definir o papel da GM no tratamento de doentes obesos com DT2 Maleckas A. et al. CEO 2016, Gotemburgo. Resumo PO3.008
Conversão em diabetes durante 5 anos, após três tipos de cirurgia bariátrica em indivíduos obesos pré-diabéticos Um estudo retrospetivo comparou taxas de conversão, a longo prazo, de pré-diabetes em diabetes, em doentes obesos, a seguir a três tipos de cirurgia bariátrica: Bypass gástrico em Y de Roux (BGYR), gastrectomia em manga (GM) e banda gástrica (BG) Foram obtidos dados de uma organização de cuidados de saúde de grandes dimensões a nível nacional De 13 099 operações bariátricas, 1756 (13,4%) foram realizadas em doentes pré-diabéticos A cirurgia bariátrica, em particular o BGYR e a GM, demonstrou uma reduzida taxa de conversão em diabetes em doentes obesos ao fim de 5 anos de acompanhamento Proporção de doentes que desenvolveu diabetes (%) 20 15 10 5 0 14.4 6.5 6.5 6.3 3.1 3.3 3.2 2.2 1.9 1 ano 2 anos 5 anos BGYR GM BG Dicker D, et al. CEO 2016, Gotemburgo. Resumo PO1.227
Efetividade dos diferentes tipos de intervenção cirúrgica bariátrica na remissão da diabetes tipo 2 (DT2) 83 doentes com obesidade grave e DT2 foram avaliados quanto à efitividade com que diversas intervenções cirúrgicas bariátricas conduzem à remissão da DT2 após um ano de acompanhamento: Banda gástrica ajustável, (BGA) (n=21); mini bypass gástrico, MBG (n=18); gastrectomia em manga, GM (n=16) 28 doentes (grupo de controlo) foram tratados mediante terapêutica médica convencional A cirurgia bariátrica deu origem a perda significativa do peso corporal em excesso associada a remissão da DT2 A efetividade em termos de remissão aumentou progressivamente das intervenções ligeiramente restritivas (BGA) para as mais restritivas e/ou com malabsorção (GM e MBG) Baratta R, et al. CEO 2016, Gotemburgo. Resumo PO1.233