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Transcrição:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 927.579 MINAS GERAIS RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI RECTE.(S) :ESTADO DE MINAS GERAIS PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS RECDO.(A/S) :INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL FEDERAL RECDO.(A/S) :DISTRIBUIDORA DE PEIXES E CONGELADOS LTDA ADV.(A/S) :MARCO ANTÔNIO COMINI CHRISTÓFARO Decisão: Vistos. Trata-se de agravo contra a decisão que não admitiu recurso extraordinário interposto contra acórdão da Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, assim ementado: ADMINISTRATIVO. COMERCIALIZAÇÃO E TRANSPORTE DE PESCADO. TAMANHO INFERIOR AO MÍNIMO LEGAL E SEM CABEÇA. MULTA ADMINISTRATIVA E TERMO DE APREENSÃO LAVRADOS COM BASE EM DECRETO ESTADUAL. NECESSIDADE DE LEI EM SENTIDO FORMAL E MATERIAL. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. Embora seja lícita a fixação do tamanho mínimo para pesca, transporte e comercialização de peixe por meio de portaria do IBAMA, conforme autorização contida no art. 2º da Lei 7.679/88, cabe ao fiscal ambiental descrever a quantidade do pescado comercializado em desacordo com a norma, demonstrando que ultrapassa a margem de tolerância de 10% fixada na mesma Portaria por ele invocada, sem o que a autuação perde sua presunção de veracidade, tanto mais quando o próprio IBAMA admite a inviabilidade de verificação do tamanho dos peixes, no caso concreto, visto que são eles medidos da cauda à cabeça, e os surubins apreendidos estavam sendo transportados sem suas cabeças. 3. Decreto Estadual não constitui norma apta a definir

penalidade administrativa pelo transporte de peixe sem cabeça, pois compete privativamente à União legislar sobre transporte (art. 22, XI, da CF/88). 4. A proibição de comercialização de pescado sem cabeça não pode se amparar unicamente em Portaria do IBAMA, pois é imprescindível a edição de lei em sentido formal e material para a definição de infração administrativa e cominação de sua(s) respectiva(s) pena(s) (art. 5º, II, da CF/88). 5. Embora o art. 24, VI, da CF/88 estabeleça a competência concorrente da União, dos Estados e do DF legislar sobre pesca, a competência dos Estados circunscreve-se ao seu limite territorial, não lhe permitindo legislar sobre a pesca havida em outros Estados. Assim, a apreensão do pescado transportado com amputação de parte de seu corpo proibição que vigora no Estado de Minas Gerais, somente pode alcançar o transporte do fruto da pesca no próprio Estado, e não daquela oriunda de outros entes federativos até porque a competência para legislar sobre transporte é privativa da União (art. 22, XI, da Carta Magna). 6. Caso em que o peixe foi pescado e processado no Estado do Pará, recebendo prévia autorização de órgão do Ministério da Agricultura antes de ser transportado para o Estado de Minas Gerais, onde foi apreendido pela fiscalização ambiental. 7. Apelações do IBAMA, do Estado de Minas Gerais e remessa oficial desprovidas. Opostos embargos declaratórios, foram rejeitados. No recurso extraordinário, sustenta-se violação dos artigos 22, inciso XI, e 24, inciso VI, da Constituição Federal. Decido. Sustenta o recorrente a validade da multa aplicada e a apreensão de produto de pesca proibida, assentando que a aplicação de multa e da perda do produto decorre do art. 6º da Lei Federal n.º 7.679/88 e não do decreto estadual. Colhe-se do voto condutor do acórdão recorrido: 2

O caso sob análise trata de autuação por comercializar e transportar pescados de tamanho inferior ao permitido por lei e com parte de seu corpo amputado (fls. 15), conduta essa que afrontaria o disposto no art. 1º, II, da Lei 7.679/88; arts. 1º e 2º do Decreto Estadual 27.831/88 e no art. 8º da Portaria 21/93 do IBAMA. Da comercialização e transporte de pescado com tamanho inferior ao permitido por lei A Lei 7.679/88[1][1], que vigorava na época da autuação (08/03/1994), assim dispunha, em seus arts. 1º, II, 2º e 4º, II: Art. 1º Fica proibido pescar: (...) II - espécies que devam ser preservadas ou indivíduos com tamanhos inferiores aos permitidos; (negritei) (...) 2º É vedado o transporte, a comercialização, o beneficiamento e a industrialização de espécimes provenientes da pesca proibida. Art. 2º O Poder Executivo fixará, por meio de atos normativos do órgão competente, os períodos de proibição da pesca, atendendo às peculiaridades regionais e para a proteção da fauna e flora aquáticas, incluindo a relação de espécies, bem como as demais medidas necessárias ao ordenamento pesqueiro. Art. 4º A infração do disposto nos itens I a IV do art. 1º será punida de acordo com os seguintes critérios: (...) II - se empresa que explora a pesca, multa de 100 a 500 OTNs, suspensão de suas atividades por período de 30 a 60 dias, perda do produto da pescaria, bem como dos aparelhos e petrechos proibidos; 3

Segundo afirma o IBAMA, em sua contestação (fls. 30-38), o tamanho mínimo do pescado é definido pela Portaria IBAMA 21, de 09/03/93, que estabeleceu o comprimento mínimo de 80 cm (oitenta centímetros) para o surubim peixe apreendido no caso concreto, conforme se vê no Termo de Apreensão e Depósito n. 59736/B (fls. 16). Ocorre que o art. 1º da referida Portaria já afirma que sua finalidade é: Estabelecer normas gerais para o exercício da pesca na bacia hidrográfica do rio Paraná. (negritei) Ora, no caso concreto, é de se presumir que todos os peixes objeto de apreensão foram pescados no Estado do Pará ou Amazonas, pois foram vendidos à empresa autora por empresas localizadas em Santarém (ver cópia de notas fiscais às fls. 98 e 99 destes autos) ou em Belém (ver cópia de notas fiscais às fls. 101 e 104 destes autos) ou em Manaus (fls. 105), o que demonstra ter sido, no mínimo, equivocada a utilização da mencionada Portaria no caso concreto. Ainda que assim não fosse, como bem ressaltou o MM. Juiz a quo, o art. 9º da referida Portaria ressalvava a possibilidade de captura de peixes em tamanho inferior ao mínimo, desde que a quantidade de peixes menores não superasse 10% (dez por cento) do total. Transcrevo, a seguir, o exato teor da regra normativa: ( ) No entanto, em seu apelo, o próprio IBAMA admite ser impossível ao fiscal verificar o tamanho dos peixes, visto que são eles medidos da cauda à cabeça e, no caso concreto, tais peixes estavam sendo transportados sem suas cabeças, o que faz ruir por terra a presunção de veracidade da afirmação contida no auto de infração ora impugnado. Isso sem contar que cabia à fiscalização explicitar a quantidade de pescado que excedia os 10% permitidos na norma interna do IBAMA, o que 4

não foi feito. Diante de tantas incongruências, não merece reparos a sentença que reputou nulos o auto de infração e a multa imposta por comercialização e transporte de pescado em tamanho inferior ao permitido por lei. Portanto, é certo que o acolhimento da pretensão recursal não prescinde da análise da legislação infraconstitucional aplicada pelo Tribunal de origem e o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, o que se mostra incabível em sede extraordinária. Incidência das Súmulas nºs 279 e 280 desta Corte. Sobre o tema: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO AMBIENTAL. REPARAÇÃO. ACÓRDÃO FUNDAMENTADO NA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL E NO CONJUNTO PROBATÓRIO. AUSÊNCIA DE OFENSA CONSTITUCIONAL DIRETA. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. (ARE nº 888.055/SC-AgR, Segunda Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe de 28/8/15). Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Direito Administrativo e Ambiental. Restrições ambientais decorrentes de legislação estadual e municipal. Indenização. Não caracterização de prejuízo econômico. Prequestionamento. Ausência. Legislação infraconstitucional. Análise. Fatos e provas. Reexame. Impossibilidade. Precedentes. 1. Não se admite o recurso extraordinário quando os dispositivos constitucionais que nele se alega violados não estão devidamente prequestionados. Incidência das Súmulas nºs 282 e 356/STF. 2. Inviável, em recurso extraordinário, o reexame dos fatos e das provas dos autos e a análise da legislação infraconstitucional de regência. Incidência das Súmulas nºs 279 e 280/STF. 3. Agravo regimental não provido. (ARE nº 5

840.581/DF-AgR, Segunda Turma, de minha relatoria, DJe de 1º/7/15). Agravo regimental no recurso extraordinário. Ausência de explícito prequestionamento. Inadmissibilidade. Competência legislativa concorrente. Matéria ambiental. Questão a demandar análise de normas infraconstitucionais. Ofensa meramente reflexa. 1. Está sedimentado nesta Corte o entendimento de que não se admite o recurso extraordinário quando ausente o prequestionamento explícito da matéria constitucional em que fundamentado o apelo. Precedentes. 2. Inviável, em recurso extraordinário, a análise da legislação infraconstitucional e o reexame de fatos e provas dos autos. Incidência das Súmulas nºs 279 e 280 desta Corte. 3. Agravo regimental não provido. (RE nº 413.815/SC-AgR, Primeira Turma, de minha relatoria, DJe de 13/6/12). AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. LEI 6.938/1981, CONSTITUIÇÃO ESTADUAL PAULISTA, DECRETO-LEI ESTADUAL 2/1969, DECRETOS ESTADUAIS 52.892/1972, 5.993/1975 E 9.484/1977 E LEI MUNICIPAL 1.632/1983. OFENSA INDIRETA. SÚMULA 280 DO STF. COISA JULGADA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO STF. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 279 DO STF. AGRAVO IMPROVIDO. I - O acórdão recorrido dirimiu a questão dos autos com base na legislação infraconstitucional aplicável à espécie. Inadmissível o RE, dado que eventual ofensa à Lei Maior seria apenas indireta. II - Ausência de prequestionamento da questão constitucional suscitada (art. 5º, XXXVI). Incidência da Súmula 282 do STF. Ademais, se os embargos declaratórios não foram opostos com a finalidade de suprir essa omissão, é inviável o recurso, a teor da Súmula 356 do STF. III - Inviável em recurso extraordinário o reexame do conjunto fáticoprobatório constante dos autos. Incide, no caso, a Súmula 279 6

do STF. IV - Agravo regimental improvido. (RE nº 445.819/SP- AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de 4/5/11). Ante o exposto, conheço do agravo para negar seguimento ao recurso extraordinário. Publique-se. Brasília, 10 de novembro de 2015. Ministro Dias Toffoli Relator Documento assinado digitalmente 7