: MIN. DIAS TOFFOLI :UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS UFAL :PROCURADOR-GERAL FEDERAL :REGINALDO ANARIO DA SILVA :FABIO JOSE DOS SANTOS GUIMARAES

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1 RECURSO EXTRAORDINÁRIO ALAGOAS RELATOR RECTE.(S) PROC.(A/S)(ES) RECDO.(A/S) ADV.(A/S) : MIN. DIAS TOFFOLI :UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS UFAL :PROCURADOR-GERAL FEDERAL :REGINALDO ANARIO DA SILVA :FABIO JOSE DOS SANTOS GUIMARAES Decisão: Vistos. Universidade Federal de Alagoas UFAL interpõe recurso extraordinário, com fundamento na alínea a do permissivo constitucional, contra acórdão da Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, assim ementado: ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. CONVOCAÇÃO REALIZADA POR TELEGRAMA. AUSÊNCIA DE RECEBIMENTO PESSOAL. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE. DIREITO A POSSE. RAZOABILIDADE. CABIMENTO. 1. Trata-se de apelação e remessa obrigatória da sentença que concedeu a segurança pleiteada, determinando que a autoridade coatora dê posse ao impetrante Reginaldo Anário da Silva, no cargo de Assistente Administrativo, nível I, Classe D, conforme Portaria de nomeação nº 776, de 11 de maio de 2012, no Diário Oficial da UNIÃO, após o recebimento da regular documentação exigida, consoante fl.75 e 98, com a reabertura do prazo de trinta dias, previsto no art.13, 1º, da Lei 8.112/90, a partir da intimação do conteúdo desta decisão ao patrono do impetrante. 2. A mais alta Corte de Justiça do país já firmou entendimento no sentido de que a motivação referenciada ( per relationem ) não constitui negativa de prestação jurisdicional, tendo-se por cumprida a exigência constitucional da fundamentação das decisões judiciais. Adotam-se, portanto, os termos da sentença como razões de decidir. 3. O ponto controvertido desta demanda consiste em determinar se o ato de intimação do impetrante acerca da sua

2 nomeação para cargo público de Assistente Administrativo, nível I, Classe D na UFAL, praticado mediante telegrama não recebido pessoalmente, constitui, por si só, ato ilícito ou abusivo perpetrado contra direito líquido e certo do Autor. 4. In casu, o impetrante fora aprovado em 7 (sétimo) lugar no concurso público ofertado pela UFAL para o cargo de Assistente Administrativo, nível I, Classe D. Restou-se comprovado nos autos que o ato de nomeação foi publicado no DOU em 16/05/2012 (fl. 53) para que o impetrante tomasse posse no prazo de 30 dias. Cumprindo o Edital, a Autarquia Federal enviou intimação ao impetrante através de telegrama, contudo essa comunicação não surtiu o efeito de publicidade colimado pela ordem jurídica, haja vista que o real interessado não fora pessoalmente cientificado da nomeação, tendo em vista que o telegrama não fora entregue, cf. fls. 26/ Em ocasiões deste jaez, entendo que o postulado da publicidade não fora observado com a devida plenitude, o que acarretou diretamente para que o impetrante perdesse, sob a ótica administrativa, o direito de investir-se no cargo em que fora aprovado. Ora, se a finalidade legal do ato de nomeação é garantir ao candidato aprovado em concurso público a convocação para que possa exercer, se de seu interesse, o direito à posse, não há porque negá-lo o direito de tomar conhecimento da convocação, mediante recebimento pessoal do telegrama. 6. Ademais, o próprio Edital prever no item 18.2 (fl. 36) que o candidato habilitado e classificado seria convocado para nomeação, exclusivamente por telegrama, com comprovação de recebimento. A meu ver, o simples fato do edital elencar exclusivamente o telegrama como instrumento de publicitar a nomeação do aprovado induz ao raciocínio no sentido de que a administração pretende concretizar a essência do postulado da publicidade em sua plenitude, intimando pessoalmente o candidato. A comprovação por recebimento seria apenas um reforço para deixar às claras o ideal da administração. 7. Sendo assim, a decisão administrativa no sentido de tornar sem efeito o ato de nomeação do impetrante, nos 2

3 motivos citados à fl. 81, vulnerou diretamente os termos do Edital e, por conseguinte, o princípio da legalidade. 8. É importante deixar claro que o postulado da publicidade deve ser interpretado à luz do primado da razoabilidade, não se exigindo que a totalidade dos atos oficiais seja divulgada em todos os meios de comunicação disponíveis ou mesmo em veículos noticiosos de massa. Entretanto, no caso dos autos, possível era uma nova tentativa de convocação pessoal do candidato aprovado, ou, ao menos, a efetivação da comunicação por outros meios, como, por exemplo, via telefone celular ou , elementos que constavam no banco de informações da UFAL sobre o candidato/impetrante. 9. A propósito, a própria Administração conseguiu comunicar e convocar o impetrante para o comparecimento, com urgência, ao SEJUR/DAP da UFAL para tratar do processo de nomeação que estava em andamento (fl. 80). Assim, tanto era possível, como a própria UFAL se utilizou de meios alternativos para cientificar o impetrante. 10. Portanto, não merece acato os argumentos da autoridade coatora no sentido de que bastaria o envio das correspondências ao endereço do impetrante para fins de satisfazer o postulado da publicidade, já que essa interpretação viola os termos do Edital, bem como os parâmetros aceitáveis do caso concreto, cujas nuances possibilitavam o uso de meios alternativos para informar o candidato aprovado da respectiva nomeação. 11. De conseqüência, revela-se ilegal e abusiva a não convocação pessoal do impetrante para que exerça o seu direito líquido e certo de tomar posse concurso público em que fora aprovado. Apelação e remessa obrigatória improvidas. Opostos embargos de declaração, não foram providos. No recurso extraordinário, sustenta-se violação dos artigos 2º, e 37, caput e incisos I e II, da Constituição Federal. Decido. 3

4 Anote-se, inicialmente, que o recurso extraordinário foi interposto contra acórdão publicado após 3/5/07, quando já era plenamente exigível a demonstração da repercussão geral da matéria constitucional objeto do recurso, conforme decidido na Questão de Ordem no Agravo de Instrumento nº /RS, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 6/9/07. Todavia, apesar da petição recursal haver trazido a preliminar sobre o tema, não é de se proceder ao exame de sua existência, uma vez que, nos termos do artigo 323 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, com a redação introduzida pela Emenda Regimental nº 21/07, primeira parte, o procedimento acerca da existência da repercussão geral somente ocorrerá quando não for o caso de inadmissibilidade do recurso por outra razão. A irresignação não merece prosperar. No que se refere ao artigo 2º da Constituição Federal, apontado como violado, carece do necessário prequestionamento, sendo certo que os acórdãos proferidos pelo Tribunal de origem não cuidaram da referida norma, a qual, também, não foi objeto dos embargos declaratórios opostos pela parte recorrente. Incidem na espécie as Súmulas nºs 282 e 356 desta Corte. Ainda que assim não o fosse, ressalte-se que não procede a alegação de contrariedade ao referido dispositivo constitucional, haja vista que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica no sentido de que o julgamento pelo Poder Judiciário da legalidade dos atos dos demais Poderes não representa ofensa ao princípio da separação dos poderes. Anote-se, nesse sentido: CONSTITUCIONAL. SEPARAÇÃO DOS PODERES. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE ATO DO PODER EXECUTIVO PELO PODER JUDICIÁRIO. DECISÃO BASEADA NA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL LOCAL. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA E INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS EDITALÍCIAS. SÚMULAS 279, 280 E 454. AGRAVO IMPROVIDO. I - Cabe ao 4

5 Poder Judiciário a análise da legalidade e constitucionalidade dos atos dos três Poderes constitucionais, e, em vislumbrando mácula no ato impugnado, afastar a sua aplicação. II - O acórdão recorrido dirimiu a questão dos autos com base na legislação infraconstitucional local aplicável à espécie. Incidência da Súmula 280 desta Corte. III - O exame de matéria de fato e a interpretação de cláusulas editalícias atrai a incidência das Súmulas 279 e 454 do STF. IV - Agravo regimental improvido (AI nº /DF-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJ de 31/10/07). AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. ILEGALIDADE DO ATO QUE INDEFERIU O PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO DO SERVIDOR NO QUADRO DA POLÍCIA MILITAR. OFENSA AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. INEXISTÊNCIA. 1. Ato administrativo vinculado. Indeferimento do pedido de reintegração do servidor na Corporação. Ilegalidade por não terem sido observados os direitos e garantias individuais assegurados pela Constituição Federal. 2. Reexame da decisão administrativa pelo Poder Judiciário. Ofensa ao princípio da separação de poderes. Inexistência. A Carta Federal conferiu ao Poder Judiciário a função precípua de controlar os excessos cometidos em qualquer das esferas governamentais, quando estes incidirem em abuso de poder ou desvios inconstitucionais. Precedente. Agravo regimental não provido (RE nº /RJ-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Maurício Corrêa, DJ de 7/12/2000). Ademais, para se entender de forma diversa do assentado pelo acórdão recorrido faz-se imprescindível a análise das cláusulas do edital que regulou o certame, além da revisão dos fatos e provas presentes nos autos, providências vedadas em sede de recurso extraordinário. 5

6 Incidência, na espécie, das Súmulas nºs 279 e 454 desta Corte. Sobre o tema: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. NOMEAÇÃO DE CANDIDATO APROVADO EM CONCURSO PÚBLICO. IRREGULARIDADE NA CONVOCAÇÃO. 1) REEXAME DE PROVAS E DE CLÁUSULAS EDITALÍCIAS. SÚMULAS N. 279 E 454 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 2) INTERPOSIÇÃO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO PELA ALÍNEA C DO INC. III DO ART. 102 DA CONSTITUIÇÃO. INADMISSIBILIDADE. SÚMULA 284 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO (ARE nº /RJ-AgR, Segunda Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe de 6/8/13). AGRAVO REGIMENTAL. CONCURSO PÚBLICO. LEGALIDADE E ISONOMIA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. PUBLICIDADE DO ATO DE CONVOCAÇÃO. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. ÓBICE DA SÚMULA 279 DO STF. A questão relativa aos artigos 5º, caput e II, e 37, caput, da Constituição não foi ventilada no acórdão recorrido e nem foi objeto de embargos de declaração. Falta-lhe, pois, o indispensável prequestionamento. Incidência dos enunciados 282 e 356 da Súmula do STF. Para se chegar a conclusão diversa daquela a que chegou o acórdão recorrido, seria necessário reexaminar os fatos da causa, o que é vedado na esfera do recurso extraordinário, de acordo com a Súmula 279/STF. Agravo regimental a que se nega provimento (RE nº /RR-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Joaquim Barbosa, DJe de 13/6/12). AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. NOMEAÇÃO DE CANDIDATO APROVADO EM CONCURSO PÚBLICO. IRREGULARIDADE NA CONVOCAÇÃO. 6

7 REEXAME DE PROVAS E DE CLÁUSULAS EDITALÍCIAS. SÚMULAS N. 279 E 454 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO (ARE nº AgR, Segunda Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe de 10/5/13). Ante o exposto, nos termos do artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, nego seguimento ao recurso extraordinário. Publique-se. Brasília, 23 de setembro de Ministro DIAS TOFFOLI Relator Documento assinado digitalmente 7