ENSINO DE CARTOGRAFIA UTILIZANDO DIFERENTES RECURSOS DIDÁTICOS



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Transcrição:

ENSINO DE CARTOGRAFIA UTILIZANDO DIFERENTES RECURSOS DIDÁTICOS Resumo Tuane Telles Rodrigues 1 -UFSM Cibele Stefanno Saldanha 2 - UFSM Letícia Ramires Corrêa 3 - UFSM Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: Programa Bolsas de Licenciatura PROLICEN. Sabemos que os recursos didáticos contribuem muito e favoravelmente para o entendimento dos conteúdos a serem discutidos em aula, portanto saber o que, e como realizar uma oficina pedagógica é algo importante, que pode diferir consideravelmente o aproveitamento das aulas em relação a uma turma cujo aprendizado segue de maneira tímida e convencional. As oficinas de alfabetização cartográfica ofereceram uma visão mais ampla sob a perspectiva do desenvolvimento e o aproveitamento dos conteúdos de caráter físico da Geografia considerados de difícil compreensão por parte dos educandos. A leitura simples de mapas é muitas vezes um grande desafio, quanto mais a compreensão sobre os significados das características de uma carta topográfica, onde o uso da abstração mental é necessária. As oficinas de alfabetização cartográfica oferecem aos professores a oportunidade de seu aperfeiçoamento enquanto educador e seus métodos de ensino, e aos alunos uma nova visão mais abrangente que possa atender as necessidades de compreensão individuais em aula com atividades coletivas. No primeiro contato com a turma, foi realizado um questionário simples e acessível sobre Cartografia, em seguida realizamos uma aula teórica expositiva dos principais conteúdos cartográficos, em seguida a turma foi dividida em quatro grupos de pesquisa sobre recursos didáticos, porém dois grupos foram responsáveis por construírem um recuso didático e os outros dois deveriam pesquisar recursos disponíveis na internet, todos deveriam apresentar na semana seguinte. Após as apresentações a turma realizou outro questionário com questões mais elaboradas, onde comparamos as respostas entre os dois questionários e o desenvolvimento quanto ao recurso didático para saber qual método de estudo corresponderam melhor às expectativas de aprendizagem dos conteúdos onde ficou claro que os grupos que realizaram suas pesquisas e elaboração de recursos didáticos artesanais obtiveram melhor resposta ao aprendizado cartográfico. 1 Graduanda do Curso de Geografia Licenciatura Plena: Departamento de Geociências da UFSM. Laboratório de Cartografia. E-mail: tuanytel@hotmail.com 2 Graduanda do Curso de Geografia Licenciatura Plena: Departamento de Geociências da UFSM. E-mail: cyka_stefanno@hotmail.com 3 Graduanda do Curso de Geografia Licenciatura Plena: Departamento de Geociências da UFSM. E-mail: leticiarcorrea@gmail.com ISSN 2176-1396

9985 Palavras-chave: Cartografia. Alfabetização. Oficinas. Ensino. Mapas. Introdução O conhecimento geográfico é desenvolvido de maneira gradual, com muito esforço e continuidade, características indispensáveis para esta ciência, e também criatividade, sim, pois nos dias de hoje é comum trabalhar com jovens mais atentos as tecnologias e consequentemente a enorme quantidade de informação que a eles chega de diversas formas. Tentando corresponder às expectativas tanto dos alunos em sala de aula quando do próprio educador em executar um bom trabalho que satisfaça o máximo possível à habilidade de entender a influência da Geografia no cotidiano de todos nós. A Cartografia é base fundamental na Geografia, e sendo de grande importância temos nela o instrumento importante que necessita de grande empenho para que o aprendizado seja o melhor possível, diante de tantos desafios que encontramos, seja pelo tempo, pelo interesse dos educados, pelas habilidades cognitivas desenvolvidas ou em desenvolvimento, ou ainda pela questão estrutural do espaço onde esse conhecimento ocorre. A Alfabetização Cartográfica vem com o intuito de dar aos educandos alguns dos muitos conhecimentos que a Cartografia possui, nela ajudamos a construir nos alunos uma das habilidades fundamentais, a abstração mental, pois estes mesmos indivíduos somente serão capazes de executar uma leitura dinâmica de mapas sabendo o que representam através dessa abstração, de tentar proporcionar o formar de compreensão significativa e eficaz através de métodos simples que talvez em meio a esse novo paradigma tecnológico tenha se perdido. A esse respeito os Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia (BRASIL, 1998, p. 33) afirmam que: a Cartografia é um conhecimento que vem se desenvolvendo desde a pré-história até os dias de hoje. Esta linguagem possibilita sintetizar informações, expressar conhecimentos, estudar situações, entre outras coisas, sempre envolvendo a ideia de produção do espaço: sua organização e distribuição. As questões espaciais e de localização são questões importantes no estudo cartográfico, a topografia representada nas curvas de nível, entre outras questões constituem a alma da Cartografia necessitam de atenção para que os educandos sejam capazes de edificar mentalmente aquela representação observada. A linguagem cartográfica deve ser utilizada, desde o início da escolaridade pois a dificuldade dos alunos que chegam ao Ensino Médio em compreender ocorre com frequência.

9986 O que mostra o quanto é difícil ensinar a linguagem cartográfica, e essa problemática é a principal preocupação dos educadores que tentam atenuar essa dificuldade por meio de recursos didáticos apropriados. Partindo do princípio que a construção desse desenvolvimento faz-se extremamente necessário propõe-se trabalhar juntamente com os professores de geografia os princípios básicos da cartografia para se formar um educando apto a interpretar e compreender os objetos e áreas no mapa representadas. Podemos enfatizar o papel fundamental que o trabalho em equipe muitas vezes pode fazer grande diferença seja para um aluno que apresente algumas dificuldades ou até mesmo para o grupo em si, ao tentar tornar palpável aquilo que se está estudando faz com que a interação entre o grupo e o professor aconteça dinamicamente, pois nessa sociedade tecnológica, a palavra interatividade toma conta do cotidiano seja nos jogos online ou nas redes sociais, sendo assim tornar um conteúdo tão complexo interativo facilita a absorção desse conteúdo, mas fugindo um pouco desse mundo tecnológico e trazendo novamente um método tão eficiente quanto, que levará o aluno para além das suas percepções corriqueiras como espectador que interage através de uma tela Castrogiovanni; Costella (2006, p. 32) a esse respeito enfatizam que: alfabetizar cartograficamente não consiste em desmistificar as noções de representação do mundo através de imagens ou mapas, mas, sim construir noções através de propostas concretas oficinas, que permitam uma interpretação espontânea dos sinais gráficos, os quais representam um mapa e a organização dessas representações de maneira coerente, dentro de uma perspectiva do ponto de vista de cada mapeador. Sobre a leitura de mapas e o aprendizado de conceitos cartográficos Lacoste (2006, p. 55) salienta que Desenvolvimento vai-se à escola para aprender a ler, escrever e a contar. Por que não para aprender a ler uma carta? Por que não para compreender a diferença entre uma carta em grande escala e uma outra em pequena escala e se perceber que não há nisso apenas uma diferença de relação matemática com a realidade, mas que elas não mostram as mesmas coisas? Por que não aprender a esboçar o plano da aldeia ou do bairro? A oficina foi realizada na escola de Ensino Médio de Itaara (sem nome específico), RS, sendo a única escola de ensino médio no município, situada na Av. Guilherme Kurts, telefone para contato (55) 32271157.

9987 Figura 1: Mapa de localização Itaara, Rio Grande do Sul, Brasil.. Figura 2- Bandeiras hasteadas em frente à escola Figura 3- Frente da escola

9988 Figura 4- Frente da escola e quadra As atividades ocorreram no período das aulas a pedido da professora, pois ela iniciaria Cartografia em algumas semanas, disponibilizando duas de suas aulas na segunda-feira a tarde, com uma turma de 25 alunos aproximadamente. Figura 5- Foto com a turma A escola possui bons equipamentos o que facilitou o acesso de todos as mesmas apresentações incluindo o data show e laboratório de informática, todos disseram ter computadores com internet em suas casas.

9989 Metodologia Iniciamos o primeiro dia com a aplicação de um questionário (questionário destacado nos Resultados) com perguntas acessíveis para medir o nível de conhecimento sobre Cartografia trazido do ensino fundamental, em seguida iniciei uma aula teórica utilizando slides, enquanto mostrava a Carta Topográfica de Camobi em pdf através do data show, os alunos observavam a carta em mão que havia levado. Ao término da aula dividi a turma em quatro grupos para que apresentassem seminários na aula seguinte com temáticas diferentes que pudessem escolher, porém, dois desses grupos foram responsáveis por realizarem uma pesquisa de recursos didáticos com conteúdos interativos na internet e os outros dois grupos deveriam trazer recursos didáticos artesanais. Disponibilizei para quem tivesse o interesse o material utilizado na aula através do pen drive e pelo meu email pessoal o qual deixei o endereço com a turma. Na semana seguinte o primeiro grupo (responsável por pesquisar recursos didáticos online) não apresentou o segundo grupo trouxe para explicar o Google Earth, onde foram questionados se conheciam antes dos seminários e a resposta foi positiva, a pergunta foi direcionada a turma também, e a resposta foi a mesma, então perguntei a eles para que utilizavam a ferramenta, e maio parte da turma respondeu que usaram para encontrar suas casas, e terem uma visão aérea delas. Figura 6- Apresentação grupo 2

9990 O terceiro grupo responsável por trazer recursos didáticos artesanais demonstrou grande empenho e construíram uma maquete de um perfil topográfico, enquanto explicavam mostravam maquete para a turma. Figura 7- Apresentação grupo 3 Figura 8- Foto da maquete O quarto grupo também responsável por atividades artesanais trouxe um mapa com os continentes mesmo sem conseguirem terminar com algumas coordenadas desenhadas, a seguir imagem da apresentação enquanto o mapa era visto pela turma

9991 Figura 9- Apresentação grupo 4 Por fim, realizei outro questionário com perguntas mais complexas para medir o conhecimento obtido. No local de identificação dos alunos era questionado o grupo a que pertencia par a que pudesse ser medido também a diferença de aprendizagem entre os dois métodos de estudo, e o resultado dos acertos dos grupos que realizaram atividades com recursos artesanais foi superior aos acertos dos demais grupos. Resultados Tabela 1: Representação da Porcentagem de Acertos em Cada Questão. Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 1 Questionário 95% 68% 25% 30% 75% 2 Questionário 72% 83% 76% 100% 92%. Gráfico Representativo da Porcentagem de Acertos em Cada Questão 120% 100% 80% 1 Questionário 2 Questionário 60% 40% 20% 0% Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5.

9992 Questionário Cartográfico I Questão 1: O que é Geografia? Questão 2: Você conhece projeções Cartográficas? O que são? Cite uma. Questão 3: O que é carta topográfica? Questão 4: Você sabe o que é escala? Para que serve? Questão 5: O que é cartografia? (A) Serve para representar o clima das regiões. (B) Sua função é mostrar o relevo da Terra. (C) Arte e ciência de compor cartas geográficas ou topográficas. (D)Estuda rochas e minerais dentro de uma área delimitada para pesquisa. Questionário Cartográfico II Questão 1: Preencha as alternativas abaixo quanto ao tamanho das escalas: A escala 1:50. 000 é considerada uma escala A escala 1:500.000 é considerada uma escala Questão 2: Qual a diferença entre Carta, Mapa e Planta? Questão 3: Identifique no fragmento da Carta topográfica abaixo em cores diferentes, as coordenadas geográficas e UTM. Questão 4: Quais os valores de todos os topos representados nas cotas de nível na imagem da questão anterior? Questão 5: Desenhe um perfil simples de acordo com a imagem representada abaixo. Discussão Os resultados mostraram a efetividade da oficina, mesmo que com tempo inferior ao planejado. Ao compararmos o nível de dificuldade de cada questão entre os dois questionários, observamos a eficiência do método trabalhado. Se compararmos a primeira questão do questionário cartográfico I que indaga o que é Geografia, sendo uma pergunta ampla e generalista, tivemos uma porcentagem muito satisfatória, enquanto a pergunta 1 do questionário cartográfico II, foi muito mais objetiva e complexa, onde teve graças a algumas questões realizadas junto a turma ainda no primeiro dia sobre a escala (considerada difícil por grande parte dos alunos na fase de alfabetização

9993 cartográfica) uma porcentagem ainda mais satisfatória mesmo com uma diferença de 23% entre os dois questionários. A questão 2, do primeiro questionário, trouxe a temática projeções cartográfica, enquanto no segundo quasetionário indaga a diferença entre Carta, Mapa e Planta, outro assunto discutido com a turma, que aparentou ter algum conhecimento sobre quanto ao primeiro questionário, alguns alunos inclusive relataram que tinham em seus materiais didático um pouco sobre os dois temas. A terceira questão no Questionário Cartográfico I pergunta O que é carta topográfica? enquanto no Questionário Cartográfico II pede que o aluno identifique os topos em um fragmento de carta topográfica disponibilizada abaixo, isso mostra a evolução no conhecimento sobre a leitura de cartas topográficas, pois é evidente que desde saber o que é para então reconhecer alguma informação nela representada necessita de estudo e familiaridade, algo que os índices favoráveis mostraram com uma diferença superior de 51% no segundo questionário. Quanto a quarta questão foi necessário o conhecimento teórico para a resolução no primeiro questionário quanto a escalas, e uma boa capacidade de observação por parte dos alunos no segundo questionário. A quinta e última questão no primeiro questionário exigiu dos alunos um conhecimento prévio que deveria advir do ano anterior, que apresentou ser satisfatória com um índice de 75%, já no questionário II, foi exigido o desenvolvimento cognitivo e de abstração mental dos educados, uma vez que seria necessário interpretar ainda que de forma simples um perfil topográfico representado em uma imagem simples colocada abaixo, e a resposta foi muito boa, lembrando que um dos grupos que apresentou um dos seminários escolheu perfil topográfico como temática realizando uma maquete e explicando para turma. Podemos considerar produtivo o trabalho desenvolvido com esta turma com os principais objetivos alcançados. Durante as aulas percebi o interesse da turma com o novo conteúdo e responderam positivamente em ambos os métodos, porém os integrantes dos 2 grupos que realizaram atividade artesanais nos seminários tiveram uma vantagem com um número de acertos, principalmente nas questões práticas dos questionários. A professora assistiu as oficinas de maneira neutra e me pediu para que avaliasse a turma e lhe passasse os dados de cada aluno, pois ela usaria ao fim daquele semestre como uma avaliação regular para que também servisse como participação avaliativa, porém esse

9994 fato não foi dividido com a turma, pois poderia gerar uma iniciativa compensatória da turma. Tanto que o primeiro grupo não apresentou alegando a falta de um membro do grupo, mostrando falta de interesse na oficina. Analisando o fato de que uma pessoa diferente conduzindo a turma proporcione uma curiosidade e isso faça com que os alunos possam que comportar de maneira diferente, as vezes mais quietos e prestativos, outras uma turma mais agitada e difícil de trabalhar, possa ter influenciado mesmo que infimamente do desempenho dos alunos, vejo que a turma se portou muito bem e que a efetividade se deu a forma como os alunos foram instigados e desafiados a desenvolver e revelar suas habilidades tanto cognitivas quanto interativas com o professor quanto os colegas. Em linhas gerais considero que os objetivos foram atingidos com sucesso, que o conhecimento desenvolvido com a turma ficará e se desenvolverá, pois os conteúdos foram compreendidos de maneira significativa e não apenas decorados, algo que gratifica de alguma maneira todo o esforço em ambos os lados, do educador ao educando. Os conteúdos objetivos dentro da Cartografia sempre precisam de maior atenção para o seu desenvolvimento, por ser necessário o verdadeiro entendimento sobre a ciência que não apenas representa objetos tridimensionais em um plano bidimensional mas que proporciona a visão do leitor para a materialização do que está representado. Considerações Finais Este estudo demonstrou a importância de um aprendizado dinâmico e integrado, não exclusivamente através de uma tela de computador, mas também e principalmente entre as pessoas, pois o coletivo, a discussão, os acertos e os erros releram uma capacidade muito maior de copreensão por parte dos alunos. Devemos utilizar a tecnologia a nosso favor, porém o educador enquanto agente transformador, pode mostrar como tornar aquilo que em primeiro momento parece abstrato em algo conhecido, de fácil compreensão e o mais importante, ao alcance das mãos que revelam de forma concreta as perspectivas dos objetos, dos espaços, das dimensões, enfim, do mundo que certa o homem, o aluno que hoje em dia se encontra ainda mais sentado em uma cadeira tentando ver o mundo através de representações singulares, dando aos educando a oportunidade de a si mesmo no mundo que o cerca.

9995 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Rosângela Doin de; PASSINI, Elza Yasuko. O espaço geográfico: ensino e representação. 12. ed. São Paulo: Contexto, 2002. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Terceiro ao Quarto Ciclos do Ensino Fundamental Geografia, Brasília: MEC/SEF, 1998, p.33. CALLAI, Helena Copetti. Estudar o lugar para compreender o mundo. In. CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (Org.). Ensino de geografia: práticas e textualizações no cotidiano. 6 ed. Porto Alegre: Mediação, 2008. p. 83-133. CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (Org). Ensino de Geografia: práticas e textualizações no cotidiano. 6. ed. Porto Alegre: Mediação, 2008. CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos; COSTELLA, Roselane Zordan. Brincar e cartografar com os diferentes mundos geográficos: a alfabetização espacial. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006. LACOSTE, Yves. A geografia isso serve em primeiro lugar para fazer a guerra. 12. ed. São Paulo: Papirus, 2006.