Cenários para Precificação do Petróleo e do Gás Natural Adriano Pires 17/03/2009 1
O Ano de 2009 Uma queda no crescimento da demanda global de energia conduzirá a preços menores de petróleo e de gás em 2009. No médio prazo, no entanto, espera-se uma recuperação dos preços de petróleo e gás natural devido ao fato da maior parte da atual produção mundial de petróleo ser proveniente das bacias maduras. A indústria de refino terá um ano difícil devido à queda na demanda dos derivados. As empresas de petróleo buscarão manter a produção, desenvolver projetos grandes geradores de caixa e reduzir custos. Forte ação em gestão é necessária. A existência de um mercado global de gás natural será adiada em 2009, em função dos preços baixos do petróleo. Novos projetos de GNL são menos prováveis. O acesso a longo prazo ao abastecimento de gás contínua sendo critica para Europa e China. 2
O espaço para a energia alternativa diminui em 2009. As energias alternativas com melhor desempenho tecnológico e econômico poderão ser beneficiadas. Um fator fundamental será a política energética do novo governo americano. No Brasil, a Petrobras aumentou em 55% o montante de investimentos previstos para o período 2009-13 em relação ao planejado para o período 2008-12. A Petrobras tentará adiar qualquer modificação nos atuais preços da gasolina e do diesel. Em 2009 ocorrerá queda no preço do gás natural e no preço do GNV em decorrência dos baixos preços do petróleo. Com a aprovação da Lei do Gás o momento é apresentação de uma Lei dos Biocombustíveis. propício para a 3
Mercado de Petróleo A crise econômica produziu um crash, no entanto, os preços do petróleo não se manterão tão baixos por muito tempo. Retomada da demanda e queda no nível de estoques associadas a maiores taxas de declínio da produção em bacias maduras são pontos chave para a re-elevação do preço do petróleo. $140 $120 $100 $80 $60 $40 $20 $0 Evolução do Preço do Petróleo* jan/94 jan/95 jan/96 jan/97 jan/98 jan/99 jan/00 jan/01 jan/02 jan/03 jan/04 jan/05 jan/06 jan/07 jan/08 jan/09 * Média de NY Crude Oil Future Contract 1 ($/bbl) Fonte: Gazeta Mercantil 4
Mercado de Petróleo O mercado de petróleo começa 2009 com excesso de oferta. A OPEP através de cortes na produção está tentando segurar o preço do barril. Produção OPEP passou de 32 milhões de barris por dia em agosto de 2008 para 29 milhões de barris por dia atualmente. A maior parte da destruição da demanda em 2008 foi na gasolina nos EUA: queda de 5% a 8% dependendo da região. Equilíbrio do Mercado Global de Petróleo em 2009 90 84,8 80 29,2 29,0 milhões de barris/dia 70 60 50 40 30 20 10 0 50,1 Demanda total Produção não-opep Ajuste OPEP OPEP atual Fonte: Credit Suisse 5
Nível de Estoques Elevado milhões de barris Estoques Semanais de Petróleo Cru dos EUA 360 340 320 300 280 260 07/jan/00 07/nov/01 07/set/03 07/jul/05 07/mai/07 * excluindo-se as Reservas Estratégicas de Petróleo (SPR) 351 06/mar/09 20% 15% 10% 5% 0% -5% -10% -15% -20% jan/01 jun/01 nov/01 Estoques de Petróleo dos EUA* e Preço do WTI** (var % yoy) abr/02 set/02 fev/03 Estoques de Petróleo EUA * excluindo-se as Reservas Estratégicas de Petróleo (SPR) ** média de NY Crude Oil Future Contract 1 ($/bbl) jul/03 dez/03 mai/04 out/04 mar/05 ago/05 jan/06 Preço WTI jun/06 nov/06 abr/07 set/07 fev/08 jul/08 dez/08 120% 100% 80% 60% 40% 20% 0% -20% -40% -60% -80% Fonte: EIA Fonte: EIA Estoques de petróleo elevados em países como EUA e China exercem pressão baixista sobre os preços. Cortes de produção da OPEP buscam baixar o volume de estoques. Entretanto, como a demanda por petróleo continua em baixa, o volume de estoques só deve se reduzir a partir do 3T09. 6
Não-resposta da oferta indica elevação nos preços Oferta de Petróleo Não-OPEP e Preços do Petróleo WTI 2.000 Não-OPEP Antiga União Soviética Preço WTI 120 1.500 100 mil barris/dia 1.000 500 0-500 80 60 40 US$ 2007-1.000 20-1.500 0 1966 1968 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 Fonte: BP Não houve resposta de oferta para o o recente ciclo de alta nos preços do petróleo 7
A oferta dos países não participantes da OPEP cairá, conduzida pela Rússia A oferta de países não participantes da OPEP tornou-se mais dependente de campos maduros. As taxas de declínio da produção dos campos maduros caíram devido aos altos preços do petróleo. Espera-se que campos maduros e bacias retomem às taxas de declínio tradicionais em 2009 e 2010. Em 2008 as companhias da Rússia tentaram, sem sucesso, aumentar a produção. Em 2009 dado a situação econômica financeira das empresa russas, ficará mais difícil ainda aumentar a produção. Toda a produção dos países não participantes da OPEP provavelmente cairá. 8
A principal questão em relação à demanda permanece sem resposta Demanda por transporte automotivo fortemente reprimida nos países em desenvolvimento. Insuficiência na disponibilidade de petróleo convencional para alimentar a futura frota de carros mundial. Veículos elétricos híbridos: provável solução, porém ainda não é viável economicamente. Espaço para os biocombustíveis. Fonte: Credit Suisse 9
Recuperação dos Preços do Petróleo Ponto chave será a volta da demanda por petróleo nos EUA e países emergentes. A China terá um papel fundamental. $120 Projeção de Preço do WTI (média anual) $100 $80 $70 $60 $50 $60 $40 $20 $0 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009E 2010E 2011E Fonte: Gazeta Mercantil e Credit Suisse 10
Margens de Refino em Queda Fonte: Credit Suisse A significativa capacidade das refinarias na Ásia e o colapso da demanda deverão reduzir as margens de refino. O balanço global de 2009 para o segmento de refino parece pior do que o previsto anteriormente devido ao enfraquecimento da demanda por petróleo. 11
Margens de Refino em Queda Margens de refino da gasolina estão negativas dos EUA. Margens do diesel foram cortadas pela metade desde meados do verão de 2008 e têm tendência para baixo em 2009. Fonte: Credit Suisse Fonte: Credit Suisse 12
Preços da Gasolina e do Diesel Comparação Preços Nacionais e Internacionais: Gasolina* Comparação Preços Nacionais e Internacionais: Diesel* 1,4 140% 1,2 95% 1,2 120% 100% 1,0 80% 65% 1,0 80% 0,8 50% US$/litro 0,8 0,6 0,4 60% 40% 20% 0% US$/litro 0,6 0,4 35% 20% 5% -10% 0,2-20% -40% 0,2-25% -40% 0,0-60% 03/jan/05 06/set/05 12/mai/06 26/jan/07 04/out/07 13/jun/08 23/fev/09 Golfo (Paridade Importação) Petrobras Diferença (%) *Paridade de importação Fonte: ANP, EIA & Banco Central 0,0-55% 03/jan/05 26/out/05 23/ago/06 01/jul/07 30/abr/08 02/mar/09 Golfo (Paridade Importação) Petrobras Diferença (%) * Paridade de importação Fonte: ANP, EIA & Banco Central De jan/08 a set/08, os preços da gasolina e do diesel no Brasil calculados a partir da paridade de importação estiveram, em média, 20% e 16% abaixo dos preços praticados no Golfo do México, respectivamente. No entanto, com a queda do preço do petróleo, a partir de outubro, o preço da gasolina no Brasil esteve em média 36% e o do diesel 33% acima do praticado no Golfo do México. O diferencial só não foi maior devido à forte desvalorização cambial ocorrida no período. A Petrobras tentará adiar qualquer reajuste negativo nos atuais preços da gasolina e do diesel, pois isso significaria menos caixa para a empresa, dificultando ainda mais a realização dos investimentos previstos para 2009. 13
Preços do Gás Natural Gás Natural Boliviano Preço de venda do gás = Preço da commodity + Tarifa de transporte Reajuste do preço: Commodity: Trimestral Preço da commodity: a atualização está atrelada ao reajuste da cesta de óleos combustíveis composta de um óleo pesado (HSFO) e dois óleos leves (LSFO) com cotações no golfo americano e no sul e no norte da Europa, onde o óleo HSFO tem um peso de 50% na fórmula enquanto os dois óleos LSFO têm um peso de 25% cada um. Transporte: Anual em US$/MMBTU Gás Nacional A partir de 01/01/2002, pela legislação vigente, os preços foram liberados. Na prática, são fixados pela Petrobras (monopolista de fato no suprimento de gás natural no Brasil). Reajuste do preço: Falta transparência à política de preços adotada pela Petrobras, porém, os preços convergem com os do gás importado. 14
Preços do Gás Natural 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1Trim02 3Trim02 1Trim03 3Trim03 Preços do Gás Natural* (Commodity + Transporte US$**/MMBTU) Nacional Térmico Importado 1Trim04 3Trim04 1Trim05 3Trim05 1Trim06 3Trim06 1Trim07 3Trim07 1Trim08 3Trim08 Durante o ano de 2008, o preço do gás natural aumentou acompanhando a variação no preço do petróleo. Para 2009 ocorrerá queda no preço do gás natural e do GNV pela mesma razão. *Preços no City Gate sem PIS/COFINS e ICMS **Dólar comercial média mensal de venda - PTAX SISBACEN Fonte: Petrobras e CBIE. Preço sem impostos no city-gate Paridade de Preços ao Consumidor 0,30 Gasolina Etanol GNV 0,25 0,25 Mesmo com os aumentos de preço durante o ano de 2008, o GNV ainda é bastante competitivo frente aos seus combustíveis substitutos. R$ / Km 0,20 0,15 0,10 0,05 fev/05 abr/05 jun/05 ago/05 out/05 dez/05 fev/06 abr/06 jun/06 ago/06 out/06 dez/06 fev/07 abr/07 jun/07 ago/07 out/07 dez/07 fev/08 abr/08 jun/08 ago/08 out/08 0,23 0,13 dez/08 fev/09 Fonte: ANP e CBIE. 15
Lei do Gás - Principais Novidades Regime misto autorização e concessão no segmento de transporte Criação das definições de autoprodutor e autoimportador Definição de consumidor livre a cargo dos governos estaduais 16
Conclusões O preço do petróleo em torno de US$ 50 a US$ 60 o barril provocará queda de arrecadação nos Estados, em particular nos que dependem mais das participações governamentais em seus orçamentos A maior disponibilidade na oferta de gás natural poderá incentivar a criação do consumidor livre nos Estados, seguindo o exemplo do R.J. e S.P. 17
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