INVESTIMENTO-ANJO MANUAL BÁSICO PARA EMPREENDEDORES



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Transcrição:

INVESTIMENTO-ANJO MANUAL BÁSICO PARA EMPREENDEDORES 1ª EDIÇÃO - ANO 2014

4 INTRODUÇÃO Este e-book traz um panorama geral do mercado de investimento-anjo e startups, além de apresentar mecanismos de análise de empresas, técnicas de investimento, jargões do meio e dicas fundamentais para empreendedores e investidores que buscam atualização e conhecimento sobre a área. Trata-se de um material claro e direto, onde o leitor poderá encontrar informações sobre o ecossistema de startups. Aproveite a leitura!

O QUE É INVESTIMENTO-ANJO?

6 Nascido nos Estados Unidos no início do século passado, o investimentoanjo foi concebido para ser uma forma de fi nanciamento de peças teatrais e espetáculos. O investidor-anjo custeava parte da produção e participava dos resultados a partir da venda de entradas e outras receitas. Este investidor, muitas vezes, atuava também como um conselheiro ou mentor, contribuindo também com suas experiências profi ssionais para o sucesso daquele empreendimento. Com o tempo esse tipo de investimento evoluiu e passou a ser feito por mais pessoas e em uma diversidade maior de negócios. O empreendedor que tinha uma boa ideia ou que possuía uma empresa que ainda estava engatinhando recebia apoio fi nanceiro e intelectual de empresários, executivos bem-sucedidos e profi ssionais de diversas áreas com expertise, bom network e recursos fi nanceiros disponíveis para fi nanciar o surgimento ou amadurecimento desse novo negócio. É daí que vem a expressão Smart Money, uma vez que o objetivo não era apenas a injeção de dinheiro no negócio, mas a participação mais efetiva do dono do dinheiro nas decisões estratégicas e na caminhada da nova empresa. Por toda essa colaboração oferecida pelo investidor, ele passa a ser também dono do novo negócio que ele ajudou a fi nanciar. Geralmente o investidor-anjo tem uma participação minoritária no negócio e não vivencia o dia a dia da nova empresa. Porém, participa das decisões estratégicas e opina em momentos chave, como mudanças de estratégia, busca por novos sócios ou parceiros estratégicos, novas rodadas de investimento, etc.

7 O investidor-anjo tem um papel importante porque ele oferece condições para que o negócio se desenvolva em uma velocidade maior e com isso se torne rentável em um curto espaço de tempo. A rede de relacionamentos que o investidor traz consigo também é outro ponto importante nesse processo, já que ela pode ser fundamental para o sucesso do empreendimento através da abertura de canais de distribuição de produtos ou serviços, compartilhamento de base de clientes, fechamento de contratos, expansão de mercado, etc. Os investimentos nessas empresas nascentes hoje conhecidas como startups podem ser feitos de forma individual ou coletiva, modalidade em que o risco do investimento é diluído e as chances de sucesso são maiores, já que a experiência e a rede de relacionamento dos investidores se fundem em prol do novo negócio. Nesse caso, em investimentos realizados por mais de um investidor, é normal que um deles assuma a liderança e seja o ponto de maior apoio e contato com o empreendedor. Os investimentos, como foi dito acima, são realizados em dinheiro ou até mesmo em trabalho efetivo do investidor em prol da nova empresa. Quando o apoio é realizado em dinheiro, costuma variar de R$ 50 mil a R$ 400 mil, dependendo de cada tipo de negócio, suas projeções fi nanceiras, condições de mercado e escalabilidade.

E QUAL É O PERFIL DO INVESTIDOR-ANJO?

9 No Brasil os investidores anjo têm perfi l parecido com o de outros países onde este tipo de investimento já é um movimento consolidado, como Estados Unidos, Israel e alguns países europeus. Em sua maioria, os investidores anjo são homens, com índice bem próximo dos 98%. Apesar do surgimento de algumas organizações para realização de investimento-anjo por mulheres, ainda há um bom caminho a ser percorrido. Esses investidores possuem idade entre 23 e 70 anos, com a maior parte se concentrando na faixa dos 40 anos, momento em que empresários, executivos e profi ssionais atingem o ápice da sua maturidade corporativa. Nesse universo, pouco mais de 50% dos investidores anjo são empresários em busca de novas realizações através do investimento em empresas nascentes. Cerca de 30% dos investidores anjo são executivos com posição de liderança em empresas sólidas. Outros investidores, ainda, são profi ssionais liberais e gestores, totalizando os 20% restantes desse ecossistema. O tempo desses investidores é dividido da seguinte forma: dedicam 23% do seu dia para a busca por startups ou gestão dos investimentos realizados e os outros 77% são dedicados às suas atividades principais. A expectativa é de que cada investidor-anjo realize pelo menos dois investimentos por ano, mas esse número pode chegar a cinco investimentos em 12 meses.

10 O valor aportado em cada investimento varia de R$ 50 mil a R$ 400 mil, mas os valores médios costumam fi car na casa dos R$ 200 mil. Como já se sabe, a maioria dos investidores anjo seguem a tendência do mercado em relação ao que mais se consome naquele espaço de tempo. Hoje, os maiores investimentos estão concentrados em startups ligadas a TI, mobile, saúde, biotecnologia, e-commerce e educação. pode A expectativa é de que cada investidor-anjo realize pelo menos dois investimentos por ano, mas esse número chegar a cinco investimentos em 12 meses.

MAS AFINAL, O QUE É UMA STARTUP?

12 O termo startup fi cou mais conhecido no Brasil depois da chamada bolha da internet, entre 1996 e 2001. Nos Estados Unidos esse termo já é utilizado há décadas e identifi cava um grupo de pessoas que trabalhavam em uma ideia diferente e que pudesse render algum dinheiro. Sob a ótica dos investidores, uma startup é formada por um grupo de pessoas que trabalham em cima de um novo modelo de negócio que possa ser replicável e escalável em um curto espaço de tempo, mas sob um terreno de grandes incertezas. Esse pequeno conceito traz uma série de implicações que conferem a empresa o caráter de startup: a. Trabalhar em um terreno de grandes incertezas signifi ca que não há qualquer garantia de que essa nova ideia ou o novo modelo de negócios dará certo. Seria o mesmo que afi rmar, há 10 anos, que as pessoas comprariam tênis pela internet, sem antes experimentá-los, como fazem na NetShoes, ou que pediriam táxi pelo celular, como é feito através do Easy Taxi. b. O modelo de negócio precisa ser consistente, já que ele é a base onde está fundamentada a entrada de dinheiro no negócio. Por exemplo: a empresa de vendas online OLX cobra um valor determinado para que o seu anúncio seja exibido primeiro nas pesquisas em relação àqueles produtos que são anunciados gratuitamente. É através do modelo de negócios que as franquias determinam a sua fonte de receita, em outro exemplo, expandindo seus canais de venda, faturamento com royalties, etc.

13 c. A repetição na entrega do produto ou serviço também é fator determinante para que uma empresa se enquadre no conceito de startup. É o caso do NetFlix, serviço de assinatura de online de fi lmes e séries, que possui 34 milhões de usuários em todo o mundo. Produzir uma série inteira em DVD e comercializá-la gera uma operação enorme que torna o processo caro, lento e difícil de ser repetido. No caso da NetFlix, milhões de pessoas podem assistir à mesma série, ao mesmo tempo, instantaneamente. Ou seja, a repetição nessa experiência de entrega de produtos e serviços deve ser praticamente ilimitada, pode ser replicada tantas vezes quantas forem necessárias, sem prejuízos com logística, produção, etc. d. A escalabilidade - fator de crescimento em larga escala - é um dos pilares para que uma empresa nascente seja uma startup. Crescimento rápido de receitas e número de clientes, com os custos crescendo em marcha lenta. Isso faz com que as margens de lucro sejam cada vez maiores e a empresa gere cada vez mais riqueza. O melhor exemplo disso tudo - e que se encaixa perfeitamente em todos os pontos - é o WhatsApp, que você deve ter utilizado pelo menos umas 3 vezes durante a leitura deste e-book. São 100 milhões de novos usuários a cada ano e o ritmo de crescimento será muito maior agora, após a compra da empresa pelo Facebook. Para tocar uma operação desse tamanho são necessários menos que 60 funcionários. O custo para o usuário fi nal é baixíssimo e a empresa cresce a níveis astronômicos sem alterar o modelo de negócios inicial.

14 E é por ter feito o dever de casa tão bem que o valor da venda da empresa impressionou o mercado no início de 2014: US$ 16 bilhões de dólares. As startups podem ser empresas de qualquer segmento, porém a maioria delas é ligada a internet, já que é bem mais barato abrir uma empresa nesse segmento do que desenvolver tecnologias e elaborar pesquisas em áreas como saúde, agronegócio ou biotecnologia, por exemplo. Além do fato de que a internet torna a expansão do negócio mais fácil, já que em um clique milhares de pessoas passam a saber da sua existência. Mesmo assim, desde que se tenha as características comentadas aqui, qualquer empresa de qualquer segmento pode ser considerada uma startup. tempo, Uma startup é formada por um grupo de pessoas que trabalham em cima de um novo modelo de negócio que possa ser replicável e escalável em um curto espaço de mas sob um terreno de grandes incertezas.

COMO CHEGAR AO VALOR DE MERCADO DE UMA STARTUP?

16 Não é fácil defi nir quanto vale uma startup. Em muitos momentos, ela ainda não chegou ao modelo de negócio ideal ou ainda tem obstáculos a superar no seu caminho até a estabilidade. Além do mais, não tem nenhum histórico de receitas e muitas vezes estão abrindo um novo mercado, o que torna a sua medida de valor ainda mais difícil. Os especialistas no tema dizem que o valor de uma startup é encontrado durante as negociações entre investidor e empreendedor, após ponderações e avaliação de oportunidades. Mas é bom que o empreendedor já tenha uma noção de quanto espera captar pelo negócio que fundou. O empreendedor precisa se aprofundar no tema, buscar conhecimento especifi co sobre como encontrar o valuation da sua startup. Buscar a ajuda de profi ssionais é outra saída, mas às vezes esse serviço custa caro. Existem duas técnicas que são as mais comumente utilizadas para se chegar ao valor aproximado de uma startup: a. Técnica do FCD Fluxo de Caixa Descontado: nesse modelo a empresa projeta um futuro estimado de cinco anos e traz o fl uxo de caixa para o valor presente, determinando o retorno sobre o investimento e considerando o custo de oportunidade do investidor. Trocando em miúdos, este cálculo ajuda o investidor a entender que a startup que, de acordo com as projeções futuras valerá X daqui à cinco anos, vale Y hoje. Assim ele passa a ter uma base de comparação com outras opções de investimento disponíveis.

17 b. Técnica de múltiplos em diversas bases: para utilizar essa técnica primeiro você precisa encontrar uma empresa de referência, que tenha sido vendida, para comparar com sua startup. Pesquise reportagens sobre o tema e descubra o valor da venda e o número de usuários dessa empresa. Vamos voltar ao exemplo do WhatsApp: O valor da venda foi de US$ 16 bilhões de dólares e a empresa possuía 450 milhões de usuários. Ou seja, o Facebook pagou U$ 35,56 por usuário. Então, se você tem uma startup que faz o mesmo que o WhatsApp, é só fazer a conta e descobrir o quanto pode valer o seu negócio. encontrar O empreendedor precisa se aprofundar no tema, buscar conhecimento especifi co sobre como o valuation da sua startup.

FAÇAM TODOS BONS NEGÓCIOS!

19 Existem alguns mecanismos que auxiliam investidores e empreendedores durante o período de negociação para captação de investimento para uma startup. São documentos que dão segurança às duas partes e fazem com que uma especulação transforme-se em um compromisso de intenções. Em um processo de investimento, o Term Sheet é o primeiro documento a ser assinado e apresenta os principais termos e as condições para que a transação se efetive. A partir dele é que é preparada a documentação da operação. Dessa forma, um Term Sheet robusto facilita e agiliza a implementação do investimento, reduzindo as chances de aparecerem questões novas a serem negociadas nos contratos defi nitivos. O Term Sheet contribui, muitas vezes, para evitar frustrações na assinatura dos contratos defi nitivos. Depois de assumidos os compromissos, é hora de conhecer a fundo a startup que receberá o investimento. Este processo é chamado de Due Diligence, que nada mais é do que uma investigação a cerca das condições fi nanceiras, contábeis e legais da startup, informações sobre os sócios, pesquisa de mercado e outros pontos importantes sobre o produto ou serviço que a startup oferece. É uma espécie de pente fi no, onde tudo o que acontece na startup passa a ser conhecido pelo investidor antes da concretização do negócio e realização do investimento. Depois de feita eswa análise e não sendo detectada nenhuma situação desconhecida anteriormente que impeça a efetivação do negócio e havendo

Investimento-Anjo: Manual Básico para Empreendedores 20 acordo sobre a redação fi nal dos contratos, o investimento é efetivado de acordo com o que foi pactuado no Term Sheet. Estes trâmites são muito importantes para que a negociação entre investidor e empreendedor seja saudável para ambos e não deve ser encarada como burocracia ou perda de tempo. São etapas que precisam ser superadas para que o negócio decole e traga excelentes resultados a todos os envolvidos. Term Sheet é o primeiro documento a ser assinado e apresenta os principais termos e as condições para que a transação se efetive. Due Diligence, é uma investigação a cerca das condições fi nanceiras, contábeis e legais da startup, informações sobre os sócios, pesquisa de mercado e outros pontos importantes sobre o produto ou serviço que a startup oferece.

INVESTIDOR EMPREENDEDOR AS PRINCIPAIS DICAS PARA TER SUCESSO COM UMA STARTUP

22 Conhecimento, além de dinheiro: toda startup precisa de dinheiro para se desenvolver, mas o conhecimento do novo sócio pode ser fundamental para o sucesso do negócio. Então, ao buscar investimento, dê prioridade para investidores que se interessem realmente pelo seu negócio e que tenham tempo disponível para partilhar experiências e relacionamento. Clareza e transparência: durante a apresentação do projeto o empreendedor deve ser o mais claro e transparente possível. Primeiro porque o investidor não tem muito tempo disponível e segundo porque é importante que o que está sendo vendido é aquilo que será entregue. A falta de confi ança e credibilidade nessa fase do processo pode fazer com que a negociação não evolua. Olhe longe: existe um mar de oportunidades de investimento em startups no Brasil. Há excelentes projetos em todas as regiões do país e por isso é importante olhar para fora da caixa e buscar boas opções de investimento em polos como Manaus, Recife, Salvador e tantos outros. Paciência é a alma do negócio: para cada sim, uma startup recebe pelo menos 10 nãos. E essas negativas não signifi cam que o negócio seja ruim. Talvez ele precise apenas de mais desenvolvimento ou talvez não tenha encontrado ainda o investidor certo. A ordem é seguir em frente sempre atento aos ajustes de leme que forem necessários durante o trajeto.

23 Mostre algo concreto: é muito mais seguro para investidores e empreendedores que a negociação pelo investimento seja feita sob coisas palpáveis, ou seja, é importante que já exista o software ou produto ou pelo menos o protótipo deles durante as negociações. Isso estreita o relacionamento e faz com que haja mais conforto para as duas partes seguirem adiante. Seja realista: ao apresentar projeções de mercado, planilhas com expectativa de faturamento e escala de crescimento da empresa tente imprimir nos dados a percepção real do mercado. Não seja muito otimista e também não se desvalorize. Seja apenas realista e coerente com o que você tem e com o que pode ter daqui a algum tempo. Forçar um número apenas para impressionar o investidor pode ser um tiro no pé se as coisas não se confi rmarem lá na frente. Não crie expectativas, prefi ra minhocas! Seja confiante: se nem você acredita na sua startup, como espera convencer o investidor? Os investidores procuram empreendedores que tenham brilho nos olhos, que sejam apaixonados por aquilo que fazem e que, por isso, não medirão esforços para que o negócio dê certo. Para ter confi ança, é preciso ter conhecimento, dominar o assunto e se posicionar em relação a suas convicções. É este o perfi l que o investidor espera que tenha o comandante deste barco!

24 Mostre que você é capaz: tanto para investidores e empreendedores é importante ter um histórico positivo de sucesso e trabalho. Manter contato com pessoas que sabem que você é capaz de cumprir o que promete é fundamental para o sucesso da negociação. Traduza, em experiências passadas, a sua capacidade de execução, de entregar aquilo que promete. Pense grande, pense global: já virou clichê dizer que hoje com a internet e a globalização não existem mais fronteiras, mas é sempre bom reforçar. Pensar grande e pensar pequeno gera o mesmo esforço, então pense no seu negócio lá na frente. Veja 10 dicas através dos infográficos: - Para Empreendedor - Para Investidor

RUIM PRA UNS, EXCELENTE PARA OUTROS!

26 Uma característica que diferencia o investimento em startups de qualquer outro tipo de investimento é a subjetividade na hora de fazer o julgamento sobre a viabilidade de um negócio. Na Bolsa de Valores, por exemplo, o investidor busca os índices que trazem maior retorno, não importando se são da Petrobras, da Vale ou da OGX. O que o investidor busca é o mesmo que os demais, uma taxa de retorno superior às outras tantas oportunidades de investimento listadas ali naquele cenário. Já no mercado de startups isso é bem diferente. Uma startup que tenha um software que meça o número de passos que um boi dá durante o dia pode não interessar a 99,9% dos investidores que o analisarem, mas ela pode valer ouro nas mãos de uma empresa frigorífi ca gigante que está de olho em cada grama perdida pelos bois durante o período de confi namento. E esta subjetividade leva muitos investidores anjo a realizarem negócios com startups impulsionados por outro fator importante, que é o network. Todo mundo sabe que é muito importante manter uma boa rede de relacionamentos. Mas principalmente no mercado de startups, muitas oportunidades de negócio surgem porque dentro dessa rede há parceiros que têm a capacidade de transformar, por exemplo, o software que conta os passos do boi citado acima no maior sistema de monitoramento de rebanhos bovinos do país, através de download gratuito em um grande portal de internet que é gerido por um membro da rede de contatos do investidor, através de pontos de venda em cooperativas e casas agrícolas que são presididas por alguém com quem o investidor fez negócios no passado, etc.

27 Resumindo, uma boa rede de relacionamento que venha de carona com o investidor pode dar a startup o combustível que falta para que ela alcance uma larga escala de crescimento em um curto espaço de tempo. É ter o olhar voltado para as oportunidades disfarças que talvez estejam presentes em muitos novos negócios.

ENTENDA O QUE VOCÊ OUVE!

29 Cada indústria tem sua lista de jargões. No mundo do empreendedorismo são vários os termos que você vai encontrar pela frente ao longo de sua jornada. Como empreendedor, é importante que você esteja familiarizado com eles. Conheça uma lista com 25 termos que todo empreendedor precisa saber: Aceleradora: é o nome moderno para as incubadoras. Enquanto as incubadoras estão mais ligadas a universidades e a projetos governamentais, as aceleradoras são fi nanciadas com capital privado e apoiam startups, empresas de alto potencial de crescimento. A aceleração pode incluir apoio fi nanceiro, mas está baseada principalmente no suporte à criação e ao desenvolvimento do negócio, com sessões de coaching e mentoria durante um período. Break-even: em português, um ponto de equilíbrio. É quando os custos da empresa são iguais às suas receitas. Como tudo que a empresa recebe paga somente as despesas, o lucro (ou resultado do período), acaba sendo 0, nesse caso. Capital de giro: são os recursos fi nanceiros utilizados para cobrir os custos do dia a dia da empresa e para sustentá-la entre o pagamento de despesas e o recebimento da receita de clientes. Captação de recursos: obter investimentos, o que pode ser feito por meio de empréstimos bancários, agências de fomento, fundos de investimentos ou investidores-anjos.

30 Co-working: espaço de trabalho compartilhado por diversas empresas, que passam a poder se relacionar e a trocar conhecimentos. Crowdfunding: obtenção de capital através de fi nanciamento coletivo, em geral de pessoas físicas interessadas na iniciativa. Existem plataformas on-line especializadas nisso. Crowdsourcing: forma de conseguir serviços/ajuda de forma colaborativa para geração de conteúdos, solução de problemas, desenvolvimento de novas tecnologias, geração de fl uxo de informação e afi ns. Early stage: são consideradas empresas em early stage (estágio inicial) as que possuem até três anos de existência. Elevator pitch: apresentação da ideia do negócio em aproximadamente 30 segundos (o tempo que uma pessoa passaria no elevador). Escalabilidade: capacidade de replicar o produto/serviço com facilidade atendendo a um grande público ou abrangendo um grande mercado consumidor. Incubadora: as incubadoras têm um perfi l mais adequado para quem precisa de tempo e muito conhecimento para estruturar seu negócio. Depende de subsídios governamentais e provavelmente vai precisar de uma quantidade relativamente grande de investimentos para acontecer.

31 Investidor-anjo: os angels são profi ssionais experientes que têm capital disponível para investir em novos empreendimentos. Em troca desse capital, esperam um percentual da empresa investida. MEI: sigla para Micro Empreendedor Individual, é a pessoa que trabalha por conta própria e se legaliza como empresário. Mergers and Acquisitions (M&A): termo em inglês para Fusões e Aquisições (abreviado M&A), é tanto um aspecto da estratégia corporativa e fi nanças corporativas quanto compra, venda, divisão e combinação de diferentes empresas. Networking: ter ou estabelecer uma rede de contatos. Fazer networking, como é empregado, costuma ser uma ótima forma de ampliar a qualidade de seus relacionamentos e transformá-los em benefício mútuo no meio profi ssional. PME: é a sigla para pequenas e médias empresas. Uma pequena empresa possui de dez a 49 funcionários. Já uma empresa de médio porte possui entre 50 e 249 funcionários. ROI: sigla da tradução de Retorno sobre Investimento, corresponde a um percentual da quantidade de dinheiro ganho em relação à quantidade de dinheiro investido. Seed capital: capital semente, aquele capital que se capta quando o negócio está em sua fase inicial, para que ele possa dar seus primeiros passos no mercado.

32 Spin-off: criação de uma nova empresa de produtos ou serviços inovadores, criados inicialmente a partir de um projeto em uma empresa-mãe. Geralmente, os empreendedores do novo negócio trabalharam antes no desenvolvimento desse projeto na empresamãe, que gerou o spin-off. Stakeholders: são todos os impactados pelo negócio, sejam eles sócios, acionistas, funcionários, clientes ou segmentos da sociedade. Startups: uma empresa projetada desde o início para ser grande! Eric Ries, autor do livro Lean startup, defi ne startup como um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza. Validação: ter alguém validando sua ideia, ou seja, se tornando um cliente, usuário, ou estando engajado de qualquer forma ativa em seu negócio, é o sinal verde de que ele pode dar certo. Mas a validação é um exercício constante, um processo que exige fl exibilidade, agilidade e resiliência para recomeçar diversas vezes e não desistir. VC (Venture Capital): traduzido como capital de risco, os VCs apoiam empresas de pequeno e médio porte já estabelecidas e com potencial de crescimento. Com duração média de 5 a 7 anos, os recursos investidos fi nanciam as primeiras expansões, levando o negócio a novos patamares no mercado.

33 AUTOR: Junior Borneli VP de Negócios e Relacionamento do Angels Club Junior Borneli, 32 anos, é empreendedor há mais de 10 anos, co-fundador do Angels Club e investidoranjo de algumas startups. Possui larga experiência na gestão de empresas de diversos segmentos e realiza palestras sobre o ecossistema de startups em todo Brasil. Ocupa a Vice-Presidência de Negócios e Relacionamento do Angels Club. O Angels Club nasceu com o objetivo de democratizar o acesso dos empreendedores a investidores potenciais. Com a missão de apoiar pessoas que têm o poder de movimentar a sociedade, gerar empregos e fortalecer a economia, o Angels Club é um clube privado de investidores dispostos a fomentar novos projetos, ideias ou startups cadastrados em sua plataforma. Fazer parte do Angels Club é ser parte da transformação. www.angelsclub.com Referências: Organização Anjos do Brasil Endeavor Brasil ABS - Associação Brasileira de Startups Startup Brasil