CAPITAL DE GIRO E OTIMIZAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA



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Transcrição:

CAPITAL DE GIRO E OTIMIZAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA Josimar Scolar Perez* RESUMO A correta demonstração do Capital de Giro de uma empresa, aliada à sua adequação dentro de um Fluxo de Caixa compatível com a organização vem resultar numa importante ferramenta de controle das finanças e passo inicial para análises de investimentos possíveis ou de financiamentos necessários. Analisado estrategicamente, o Fluxo de Caixa serve de instrumento não só na política de decisões a curto prazo, como nas orientações da política a longo prazo, sempre voltado a potencializar o giro da atividade principal empresarial. Conclui-se portanto, depois do apontamento de dados coletados em empresas pesquisadas, que o Capital de Giro e a otimização do Fluxo de Caixa contribuem para que as áreas financeira e contábil também busquem a geração de receitas, proporcionando diferenciais importantes às empresas usuárias destes métodos. PALAVRAS-CHAVE Controle, Capital de Giro, Fluxo de Caixa, Decisões. ABSTRACT The correct demonstration of the Working Capital of a company, allied to its adaptation inside of a compatible Cash Flow with the organization comes to result in an important tool of control of the finances and initial step for analyses of possible investments or of necessary financings. Analyzed strategically, the Cash Flow serves as instrument not * Professor da Faculdade de Ciências Contábeis do IEDA

only in the short term politics of decisions, as in the orientations of the long term politics, always returned to potential the working of the managerial main activity. It is ended therefore, after the note of data collected in researched companies, that the Working Capital and the development of the Cash Flow contribute so that the financial and accounting areas also look for the generation of revenues, providing differentiates important to the companies users of these methods. KEYWORDS Control, Working Capital, Cash Flow, Decisions. INTRODUÇÃO O presente trabalho de pesquisa tem por objetivo estudar as características e as relações existentes em uma correta aplicação da administração financeira por meio da demonstração do capital de giro e da otimização do fluxo de caixa correspondente. Na época atual, com a globalização da economia e as suas conseqüências dentro das organizações, tais como maior concorrência, produtos similares a menores custos e escassez de recursos, a gestão de empresas destina ao administrador financeiro mais do que tarefas de pagar e receber. Entre outros papéis, podemos destacar a realização de análises e planejamento financeiro, que dependendo do ramo de atuação da empresa deverão ser extensivos a cenários regionais, nacionais e até internacionais, além de tomadas de decisões sobre investimentos e financiamentos, sendo que estes últimos procedimentos envolvem questões relativas a taxas de juros, prazos de retorno, produção, etc. Assim, a integração com outras áreas e a busca de um maior volume de informações adicionais para assuntos que já pareciam esgotados é de suma importância para que a empresa não seja surpreendida com situações adversas de mercado. Adentrando mais ao objetivo proposto, buscar-se-á a verificação de procedimentos de controle e simulações por meio de dados oferecidos pelos demonstrativos afins, ou seja, o CCL (Capital Circulante Líquido) e o Demonstrativo de Fluxo de Caixa.

Alguns aspectos financeiros podem ser visualizados por meio da interpretação de documentos contábeis, tais como o DRE (Demonstrativo de Resultado do Exercício) e o Balanço Patrimonial, que demonstra estatisticamente o posicionamento das contas de bens, direitos e obrigações das empresas. Todavia, quando estes documentos, principalmente o último citado, são desenvolvidos por meio do regime contábil de competência, que classifica as receitas e despesas considerando o período a que competem as operações, algumas distorções financeiras podem acontecer. Daí a necessidade de grande interação dos setores contábil e de administração financeira para a geração de documentos informativos de maior confiabilidade e que consigam prever um maior número de ocorrências, dada uma determinada situação econômica e, também, considerando a natureza de cada negócio. Assim, a correta evidenciação do capital de giro disponível e a sua adequação dentro de um fluxo de caixa com várias formas de informações adicionais podem resultar num instrumento eficaz de controle das finanças da empresa e subsídio relevante para tomada de decisões que influenciam em toda a empresa, mobilizando seus setores e ditando o ritmo das atividades principais. Como exemplo à citação anterior, podemos elencar situações de promoções de venda a vista, busca de novos clientes por antecipação de um lançamento ou planos especiais de pagamento, levantamento de capital de terceiros (financiamentos) para melhorias no setor industrial (visando aumento de produção), destinação para estoques antigos e onerosos, concessão de descontos especiais para quitação de dívidas até então negociadas para períodos futuros, captação de recursos para que a empresa tenha seu Contas a Pagar antecipado motivado por descontos de campanha, até procedimentos administrativos e gerenciais que visem uma valorização e, porque não dizer, um Investimento junto aos colaboradores da empresa, no sentido de melhorias salariais, concessão de benefícios e cursos de aperfeiçoamento e treinamentos. Todas essas situações aqui descritas devem partir de decisões gerenciais que obrigatoriamente passem pelo apontamento e análise de informações contidas num fluxo de caixa determinante da real capacidade da empresa de transformar seus ativos em disponibilidades financeiras, e conseqüentemente, aumentar o giro de sua atividade principal. Considerando o exposto acima e a problematização que antecede e acompanha cada tomada de decisão gerencial, acredita-se que o presente trabalho encontra sua justificativa ao abordar temas que ainda hoje sofrem certa rejeição por parte do

empresariado, principalmente as micro e pequenas empresas, seja por despreparo seja simplesmente por falta de conhecimento de sua aplicabilidade. Nesse contexto, a pesquisa tem importante contribuição no sentido de demonstrar resultados positivos que são alcançados à medida que rotinas de previsão de dados (receitas e despesas), sua análise e comparações com os fatos efetivamente realizados (acompanhamento do orçamento) e determinação do capital de giro resultante são corretamente interpretados por seus utilizadores, ou seja, pelos profissionais das áreas financeira, contábil e de controladoria. Experiências profissionais em pequenas e médias empresas, as quais apresentavam entradas de numerários bastante fracionadas ou com prazos, e desembolsos financeiros em considerável valor monetário, serviram para visualizar situações de insolvência pelo fato da não adoção de medidas como as mencionadas acima, e ainda de certo conforto financeiro gerado pela utilização de tais instrumentos, motivos pelos quais a opção em abordar este tema e tentar desenvolvê-lo a contento. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E CONCEITUAÇÃO Na introdução deste trabalho informamos que a evidenciação do Capital de Giro ou Capital Circulante Líquido aconteceria por meio de um demonstrativo financeiro. Com origem na Contabilidade, o citado demonstrativo é conhecido pela sigla DOAR (Demonstrativo das Origens e Aplicações dos Recursos) e integra o grupo de documentos que mostram a dinâmica patrimonial, caracterizada pela evolução dos fenômenos do patrimônio empresarial em determinado período administrativo, mostrando o resultado da atividade operacional da empresa exercida sobre o patrimônio nesse período. Retomando a evidenciação do Capital de Giro, de acordo com o próprio texto da Lei das S.A., a publicação e utilização do Demonstrativo das Origens e Aplicações de Recursos é uma exigência legal em razão de sua utilidade como instrumento para facilitar ao leitor a análise das modificações na posição financeira da companhia. A origem dos recursos pode ser entendida como a fonte da qual os sócios ou empreendedores se utilizaram para montar (ou iniciar) uma estrutura de negócio, ou seja, se a captação de dinheiro e demais bens ocorreu com recursos próprios por meio de

cotas de subscrição de capital (onde os sócios se comprometem com o negócio) ou por intermédio da utilização de numerários provenientes de outras instituições (bancos comerciais, bancos de desenvolvimento social, financeiras, empréstimos, etc). Tais situações recebem a denominação de Capital Próprio e Capital de Terceiros, respectivamente. Para melhor entender os termos, a estrutura e as funções do Demonstrativo de Origens e Aplicações dos Recursos, também conhecido como fluxo de capital circulante, na forma e terminologia definidas, há que começar reclassificando as contas do Balanço Patrimonial em duas classes: a dos Circulantes e a dos Não-Circulantes. ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC) Ativo Não Circulante (ANC) Passivo Não Circulante (PNC) Ressaltadas as características de cada grupo e suas funções dentro da representação do patrimônio empresarial, pode-se evidenciar o Capital de Giro como sendo a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante, segundo o Professor Nélio Domingues Pizzolato (1997, p.115). Por se tratar de uma diferença entre dois grupos que totalizam vários outros sub-grupos, a terminologia correta passa a ser então Capital de Giro Líquido (CGL) ou Capital Circulante Líquido (CCL), representada pela seguinte equação: CCL = AC - PC O Capital Circulante Líquido pode ser positivo ou negativo e oferece uma primeira idéia do excesso ou falta de recursos para cobrir as obrigações de curto prazo. O objetivo básico do Demonstrativo de Origens e Aplicações de Recursos consiste em especificar as alterações ocorridas e respectivas causas, na posição do Capital Circulante Líquido entre dois exercícios consecutivos.

O CCL está inserido dentro do patrimônio da empresa, porém, não em um grupo específico que facilite a sua visualização. Assim, por meio de um modelo de Balanço Patrimonial resumido e simplificado (como o citado anteriormente) cria-se o espaço para sua indicação, conforme o demonstrativo a seguir: ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO AC 51.538 PC 26.230 ANC 52.789 PNC 78.097 Total...104.327 Total...104.327 Demonstrativo do Balanço Patrimonial resumido com grupos de contas habituais. Ativo Circulante 51.538 ( - ) Passivo Circulante (26.230) = Capital Circulante Líquido 25.308 + Ativo Não - Circulante 25.308 = Passivo Não - Circulante 78.097 Demonstrativo Patrimonial em forma de equação, com indicação do CCL. Como se observa, o Capital Circulante Líquido não tem em sua composição contas específicas como os demais grupos, pois é formado pelo resultado do confronto entre as contas patrimoniais do Ativo Circulante e Passivo Circulante. O Professor Hilário Franco, em sua obra Estrutura, Análise e Interpretação de Balanços, apresenta uma outra expressão para o tema:

A diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante representa o capital de giro próprio, ou seja, o capital circulante menos o capital circulante de terceiros. Os elementos que compõem o capital de giro próprio são, portanto, os mesmos que compõem o quociente de liquidez geral. (FRANCO, 1992, p.176). Em se tratando de Capital de Giro Próprio, é importante não confundi-lo com o termo Capital em Giro que, segundo o mesmo autor (1992, p.177), compreende a totalidade dos capitais envolvidos na atividade patrimonial, ou seja, a soma dos capitais próprios (patrimônio líquido) mais os capitais de terceiros (exigível). Ainda em relação ao termo Capital de Giro Próprio e sua relação com os elementos que compõem o quociente de liquidez geral, há que se definir que tal quociente reúne todos os valores conversíveis, ativo circulante e realizável a longo prazo, em comparação com o total das responsabilidades, passivo circulante e exigível a longo prazo. Daí, este quociente não possui, por considerar o realizável e o exigível a longo prazo, a mesma utilidade do quociente de liquidez comum, que tem por finalidade determinar o estado de liquidez do organismo econômico em face dos compromissos correntes. Num exemplo com valores hipotéticos, teríamos o seguinte quociente de liquidez corrente ou comum: Ativo Circulante 14.931.636 = 1,856 ou 185,6% Passivo Circulante 8.045.380 O quociente apurado indica que, para cada R$ 1,00 de obrigações, a empresa possui R$ 1,85 de valores conversíveis para pagamento. Quando o resultado do CCL é positivo, como no quadro acima, significa que a saúde financeira da empresa está bem, porém não se sabe até quando e nem em que proporção ele continuará assim. Com resultados negativos, então, é que medidas reparadoras tornam-se mais urgentes. Assim, neste contexto de sobras de recursos, sua iminente falta e situações de resultado líquido negativo com comprometimento da saúde financeira empresarial é que cabem medidas que possibilitem a antecipação destas situações. Para tanto, uma das ferramentas mais utilizadas é o Fluxo de Caixa, cuja grande utilidade é permitir a visualização de sobras ou faltas de caixa antes mesmo que

ocorram, possibilitando ao empresário planejar melhor suas ações. Trata-se de um instrumento de controle que tem por objetivo auxiliar o empresário a tomar decisões sobre a situação financeira da empresa. Consiste em um relatório gerencial que informa toda a movimentação de dinheiro (entradas e saídas), sempre considerando um período determinado, que pode ser uma semana, um mês, enfim, o período que melhor atender as necessidades da entidade. No Relatório para Fluxo de Caixa encontram-se campos que, pela sua utilização, devem ser melhor explicados, conforme segue abaixo: Saldo Inicial: trata-se do valor constante no caixa no início do período considerado para a elaboração do Fluxo. É composto pelo dinheiro existente na empresa, mais os saldos bancários disponíveis para saque. Entradas de Caixa: correspondem às vendas realizadas à vista, bem como a outros recebimentos, tais como duplicatas, cheques pré-datados, faturas de cartão de crédito, etc., disponíveis como dinheiro na respectiva data. Saídas de Caixa: correspondem a pagamentos de fornecedores, pró-labore (retiradas dos sócios), aluguéis, impostos, folha de pagamento, contas de água, energia elétrica, telefone e outros. Saldo Operacional: representa o valor obtido pelas entradas menos as saídas de caixa no período. Este saldo possibilita avaliar como se comportam seus recebimentos e gastos periodicamente, sem a influência dos saldos de caixa anteriores. Em resumo, o saldo operacional indica o desempenho financeiro da empresa num dado momento. Saldo Final de Caixa: representa o valor obtido da soma do Saldo Inicial com o Saldo Operacional. Permite constatar a real sobra ou falta de dinheiro em seu negócio no período considerado, e passa a ser o Saldo inicial do próximo período. Junto aos relatórios de Fluxo de Caixa sempre existirão espaços (colunas) para apontamento dos valores Previstos e Realizados. Isso porque um dos fatores mais importantes para o sucesso na gestão de uma empresa é o planejamento adequado. Portanto, a gestão financeira deve ser cuidadosamente planejada, executada, acompanhada e avaliada. Tal situação só é possível se as entidades estabelecerem metas (objetivos, previsões) que as orientem a fim de evitar surpresas desagradáveis.

A projeção de recebimentos e pagamentos com base nos conhecimentos anteriores e expectativas futuras quanto ao que se espera do mercado, pode preparar a empresa para enfrentar dificuldades antes que elas ocorram. Assim, trabalhar com valores previstos e compará-los com o realizado (acontecido na data), além de mostrar futuras faltas ou sobras de caixa, permite tomar decisões antecipadas sobre aumento de compras, liquidações, racionalizações de custos, momento certo para fazer investimentos e até mesmo sobre a possibilidade de retirar mais pró-labore sem sangrar a empresa. Um comentário interessante do Professor Nélio Domingues Pizzolato resume bem a afirmação acima: O fluxo de caixa admite uma analogia hidráulica com uma caixa d água contendo medidores de vazão de entrada e saída. O volume de água final é igual ao volume inicial mais a vazão de entrada menos a vazão de saída. Assim, o Demonstrativo de Fluxo de Caixa especifica as origens do fluxo de entrada (fregueses, venda de ativo, receitas financeiras, etc.) e os diversos destinos do fluxo de saída (fornecedores, despesas operacionais, dividendos, aquisição de ativos, aplicações financeiras, etc.) (PIZZOLATO, 1997, p.121) As diferenças entre o fluxo de caixa e o fluxo de capital circulante podem ser ilustradas por meio de três exemplos: a) Seja o empréstimo bancário de R$ 10.000,00, abstraído dos juros: o Capital Circulante Líquido (CCL) fica inalterado, pois tanto o Ativo Circulante quanto o Passivo Circulante aumentaram em R$ 10.000,00; quanto ao fluxo de caixa houve uma alteração, pois o caixa aumentou em R$ 10.000,00; b) Seja um dividendo declarado e não pago: o Capital Circulante Líquido diminuiu, pois o Passivo Circulante incorporou tal obrigação; quanto ao fluxo de caixa, este fica inalterado; c) À medida que o dividendo é pago, o Capital Circulante Líquido não se altera; já o fluxo de caixa sofre uma saída de recursos. Em conseqüência do que foi dito até aqui, na elaboração do Demonstrativo do

Fluxo de Caixa quatro regras devem ser observadas: Aumentos em contas de Ativo: diminuem caixa; Decréscimos em contas de Ativo: aumentam caixa; aumentos em contas de Passivo ou de Patrimônio Líquido: aumentam caixa; diminuições em contas de Passivo ou de Patrimônio Líquido: diminuem caixa. Em um trabalho sobre conhecimentos financeiros e contábeis mais avançados, o Professor Marcos Freire Guimarães (2003, p.145) indica o entendimento do Fluxo de Caixa como uma abordagem tática ou como uma abordagem estratégica. Analisado como uma abordagem tática, o Fluxo de Caixa representa o acompanhamento constante da movimentação dos recursos permitindo, com isso, tomada de decisões mais rápidas e eficientes como, por exemplo, antecipar entradas de recursos ou adiar pagamentos. Uma rapidez na tomada de decisão quanto ao fluxo de recursos facilita a administração de um modo geral. Analisado como uma abordagem estratégica, o Fluxo de Caixa serve de instrumento não só na política de decisões a curto prazo, como nas orientações da política a longo prazo. Nestes casos citados, há um fundamento importante quanto ao funcionamento do Fluxo de Caixa - trata-se de um constante acompanhamento. Na programação financeira a longo prazo as decisões são tomadas com antecedência, no entanto, ao longo da execução acontecem eventos que não estavam previstos e que precisam de solução rápida. No planejamento estratégico toda a empresa está envolvida no que diz respeito à utilização dos recursos materiais, tecnológicos, humanos e financeiros, visando alcançar metas a longo prazo. Nesse planejamento as empresas elaboram Fluxo de Caixa para 10 ou 15 anos, visando avaliar sua capacidade de pagamento dos financiamentos, bem como alterar investimentos que não promovam liquidez. O Fluxo de Caixa pode ser elaborado pelo Método Direto e Método Indireto. O método direto usa as informações contidas na conta Caixa, refletindo todos os recebimentos e pagamentos efetuados pela empresa em determinado período, como por exemplo: recebimento das vendas à vista; recebimentos de clientes; recebimento de juros e dividendos;

outros recebimentos; pagamentos de despesas operacionais: empregados, aluguel, propaganda, despesas financeiras, impostos, etc. O Fluxo de Caixa Direto pode ser elaborado a partir das informações colhidas com as operações registradas pela contabilidade por meio dos lançamentos. Há de se lembrar que transações do tipo depreciação, exaustão, provisão para devedores duvidosos e reavaliação de bens, entre outras, não afetam o Caixa, pois são consideradas operações não-monetárias, e apesar de influenciarem o resultado do exercício, não representam desembolso, pois não circulam pelo Caixa. Quanto ao método Indireto de Fluxo de Caixa, este promove a ligação entre o Lucro Líquido do Exercício e o Caixa oriundo das operações. A DFC (Demonstração do Fluxo de Caixa) pelo método Indireto permite que os usuários tenham condições de avaliar quanto do lucro se transformou em Caixa num determinado período. No entanto, deve-se observar as operações que tiveram origem fora do período, principalmente os direitos e as obrigações a que se refere o lucro que está sendo apurado. O Fluxo de Caixa pelo Método Indireto tem por base as informações colhidas nas demonstrações contábeis, principalmente a DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), que é um documento informativo e demonstrativo da dinâmica patrimonial, ou seja, um medidor do desempenho da empresa em dado momento, e de sua eficiência traduzida em ganhos ou de uma situação negativa originada por perdas no período. ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS Com a concretização dos procedimentos de pesquisas, sob a forma de modelos de Demonstrativos de Fluxo de Caixa e a metodologia utilizada pelos setores financeiros de algumas empresas consultadas, alguns dados estarão disponíveis para análise, levando-se em conta as doutrinas e conceitos apresentados pelos diferentes autores pesquisados, e também a relação destes dados com as situações práticas evidenciadas pelas empresas pesquisadas.

A administração do Capital de Giro de uma empresa, além de ser uma tarefa difícil para os profissionais das áreas financeiras, principalmente pelo aspecto de manutenção entre as receitas e as despesas realizadas no período, também é complexa para os Departamentos de Contabilidade, os quais além de subsidiar o financeiro com as informações de direitos e obrigações em curto prazo (ou no período solicitado), ainda têm que demonstrar tais recursos, mesmo sabendo que, como o próprio nome diz, estão sempre em giro. Como citado no início deste capítulo, a Administração Financeira e a Contabilidade, responsáveis pela determinação do Capital de Giro da empresa, podem indicar, e assim prestar informações de maneiras diferentes, de acordo com o instrumento que utilizam. É o que se observa a partir do exemplo resumido abaixo. A empresa Náutica, que negocia iates, no final do último exercício fiscal, vendeu um iate por $ 100.000. Este foi adquirido durante o ano pelo custo de $ 80.000. Embora a empresa já tivesse arcado com o custo total do iate ao longo do ano, no encerramento do exercício ainda não havia recebido os $ 100.000 do cliente a quem a venda fora realizada. As visões do Contador, que usa o método do regime de competência, e do Administrador Financeiro, que usa o método do regime de caixa, podem ser dadas pelo Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE) e pelo Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC), respectivamente: Visão do Contador Visão do Administrador Financeiro DRE em 31/12 Fluxo de Caixa em 31/12 Vendas 100.000 ( - ) 80.000 = Lucro Líquido 20.000 Entrada de Caixa 0 ( - ) Saída de Caixa 80.000 Fluxo de Caixa Líquido (80.000) Pode-se verificar que, enquanto no sentido contábil a empresa é bastante lucrativa, em termos de efeito de Fluxo de Caixa ela pode apresentar problemas. A falta de Fluxo de Caixa da Náutica resultou da quantia de $ 100.000 ainda não recebida. Sem uma adequada entrada de caixa para quitar suas obrigações, a empresa não sobreviverá,

apesar do nível de lucratividade. Aproveitando o exemplo citado, segue a seguir um relato de pesquisa efetuada junto à empresa do ramo agrícola, sobre políticas de Administração do Capital de Giro e utilização do Fluxo de Caixa. SITUAÇÃO VERIFICADA EM EMPRESA DO RAMO AGRÍCOLA, REVENDEDORA DE SEMENTES E INSUMOS (ADUBOS, HERBICIDAS, ETC). - com atuação no mercado regional há três anos, mais de 90% das vendas da empresa têm condições de pagamento a prazo, com grande variação dos períodos, sendo a maioria sob a condição prazo safra, evidenciando os meses em que se dá a colheita e comercialização da produção. Em alguns casos o prazo fica superior a seis meses; - tais condições de pagamento só são possíveis porque os fornecedores da revenda também trabalham neste esquema, ou seja, entregando seus produtos (sementes, herbicidas, adubos) em meados do 2º semestre e faturando-os para os meses de março e abril do ano seguinte; - devido à preparação das lavouras, alguns produtos têm sua comercialização antecipada para que os produtores rurais os utilizem a tempo. Daí a compra também antecipada pela Revenda, com antecipação respectiva do prazo para pagamento, ficando a data ainda dentro do exercício em curso (dezembro); - o faturamento mensal é alto, sendo que as notas fiscais de maior valor são emitidas para poucos clientes, ou seja, uma quantidade mínima de clientes é que são responsáveis por grande parte das vendas realizadas; - a empresa possui orçamento anual de vendas, com acompanhamento mensal dos resultados e prévia semestral para verificação do desempenho. Desempenho este que, se atender aos objetivos e metas estipulados no orçamento, é compensado com a participação dos colaboradores nos lucros da empresa; - a empresa também utiliza o expediente de Fluxo de Caixa com periodicidade de

elaboração mensal e previsão de acontecimentos em seis períodos, sendo: os quatro meses subseqüentes ao mês de elaboração, os demais meses do ano até dezembro e o ano seguinte; - o modelo de Fluxo de Caixa utilizado possui campos para todos os grupos de contas (receitas e despesas) comuns em empresas desse ramo, com destaque para as previsões de recebimentos de clientes, os quais podem ter classificação entre clientes A, B e C, sendo este último o grupo com maior probabilidade de inadimplência. Com a elaboração do Fluxo de Caixa nas condições descritas, até o 2º dia útil do mês, o mesmo é encaminhado à Gerência Geral, para que junto das Gerências Administrativa e Comercial, analisem os dados e adiantem algumas providências. A comparação do Fluxo de Caixa atual com os anteriores e sua extensão aos próximos quatro meses dá parâmetros para a verificação de aumentos, reduções ou manutenções de algumas situações-chave, como: - os níveis de inadimplência em relação à carteira de contas a receber e ao faturamento; - a migração de clientes entre as faixas de classificação A, B, C; - as variações no volume de despesas operacionais; - níveis de estoques próprios, empréstimos a clientes. A rotina de elaboração do Demonstrativo de Previsão de Fluxo de Caixa, somada à sua consulta e verificação em qualquer época do mês, vai tornando seu administrador e outros profissionais afins, quase que dependentes das informações e constatações que surgem por intermédio desse instrumento de gestão tendo, como conseqüência, um conhecimento maior da empresa e de seus recursos. Numa situação prática ali verificada, as informações contidas no Fluxo de Caixa contribuíram para antecipar a visualização de um cenário que aconteceria ao final de 120 dias, configurando falta de liquidez para dar conta de obrigações gerais e principalmente com fornecedores multinacionais (de difícil renegociação de prazos de vencimentos). Com a antecipação e análise de todos os dados projetados no Demonstrativo de Fluxo de Caixa, foi possível tomar uma decisão que teve resultados positivos dentro do período de quatro meses.

A implementação de uma Campanha Promocional de Venda a Vista, com condições especiais de preços e entrega, foi rapidamente assimilada pela equipe comercial e financeira, que puderam, por meio dos resultados parciais e das previsões e simulações dos outros três Fluxos de Caixa, equacionar a situação negativa, de modo que as entradas de recursos fossem suficientes para arcar com as obrigações assumidas, inclusive com uma pequena folga financeira. A decisão da Campanha de Vendas a vista também teve embasamento, em outras informações do Fluxo, tais como: nível de estoque suficiente para atender a demanda, caixa suficiente para alguma aquisição de reposição do estoque, aumento das entregas compatível com a programação já existente, até a intensificação dos procedimentos de cobrança a clientes inadimplentes, indicados nas últimas edições do demonstrativo. Uma outra decisão tomada na empresa pesquisada e que também teve informações derivadas da análise do Fluxo de Caixa previsto, foi a antecipação parcial de pagamento efetuada junto a uma empresa fornecedora. Tal empresa (multinacional do ramo de defensivos agrícolas) era a maior credora da empresa pesquisada e oferecia planos para a antecipação do pagamento de suas duplicatas, com taxas de desconto fixadas mês a mês de forma decrescente. Assim, se uma antecipação de pagamento fosse efetuada até o dia trinta de cada mês, a entidade pagadora se beneficiaria de um desconto considerável. A obrigação de pagamento ao fornecedor mencionado, de acordo com as informações dos Fluxos de Caixa mensais, era para cinco meses à frente, de modo que no mês presente não havia recursos (sobras) para um pagamento ou sinal de antecipação num valor considerável, e que valesse a pena devido ao desconto. Utilizando, então, as informações do Fluxo de Caixa, no que se referia às duplicatas a receber, seu montante, datas de vencimento e principalmente o cliente devedor, procedeu-se a uma seleção de alguns deles classificados no Fluxo como de categoria A (certeza de pagamento na data prevista), e após pesquisa da Gerência Financeira junto aos Bancos para verificação das taxas de descontos de títulos, fora efetuada a operação de desconto de duplicatas que tinham vencimento após 45 dias da data da transação financeira. Como resultado, o dinheiro originado da operação (o qual foi entregue pelo Banco a uma taxa que variou de 8,0 a 8,7%) foi utilizado integralmente para

antecipação do pagamento de parte das obrigações com a multinacional, a qual descontou de 13,0 a 13,5% por causa de sua promoção de antecipação daquele mês. Há de se salientar que o dinheiro antecipado pelo Banco não faria mais parte das entradas de recursos do mês seguinte (como estava previsto) porém, tal situação pôde ser antecipada, visualizada e analisada em data presente para a tomada de decisão, por meio ainda das informações veiculadas pelo Demonstrativo de Fluxo de Caixa que, descontando os percentuais de inadimplência do período, acrescentando as vendas à vista para clientes com bom histórico de pagamento e ainda a todas as despesas do período devidamente mensuradas e classificadas, proporcionou segurança e tranqüilidade para a empresa efetuar tal operação financeira. Um outro aspecto que deve ser lembrado diz respeito à característica de imediatismo da operação, pois ela foi definida, planejada e operacionalizada em um curtíssimo espaço de tempo, considerando a data limite para transferência dos recursos antecipados pelo percentual daquele mês. A não existência do Fluxo de Caixa inviabilizaria o procedimento, pois não se teriam dados concretos para embasar a decisão. Em resumo, a diferença percentual do desconto de duplicatas e do desconto obtido do fornecedor, traduzidas em valores monetários, foram suficientes para compensar despesas correntes da empresa nas áreas comercial e administrativa, provando que a geração de receitas e de origem de recursos também pode ser evidenciada por procedimentos de análise de documentos gerenciais, e não apenas pelo setor comercial, responsável pelas vendas. CONCLUSÃO Situações descritas na introdução deste trabalho, e que envolvem principalmente procedimentos de financiamentos ou investimentos, estratégias de mercado, inclusão de campanhas promocionais, antecipações de pagamentos, entre outras, partem de decisões gerenciais que obrigatoriamente passam pelo apontamento e análise de informações contidas num fluxo de caixa determinante da real capacidade da empresa de transformar seus ativos em disponibilidades financeiras e, conseqüentemente, aumentar o giro de sua atividade principal.

Conforme o relato de algumas situações reais pesquisadas em empresas locais, verifica-se que a afirmação acima tem procedência, embasada nos problemas que essas empresas apresentavam, e que, com a implementação de procedimentos de identificação do cenário financeiro do qual faziam parte (Fluxo de Caixa e classificação correta das despesas e receitas em seus campos), conseguiram controlar melhor suas contas, antecipar situações futuras e ter um maior domínio gerencial dos negócios. Como já mencionado, a análise e o desenvolvimento de documentos gerenciais também contribui para a origem de recursos pela obtenção de receitas. Tratam-se de receitas que podem ser provenientes de setores da empresa conhecidos apenas por gerarem despesas, mas que, com a utilização de informações bem definidas, e porque não dizer pela otimização do Fluxo de Caixa, podem e já estão auxiliando as empresas a racionalizarem seus ativos e investi-los novamente na atividade operacional. A previsão do Fluxo de Caixa permite saber antecipadamente de quanto recurso financeiro a empresa precisará, e se este pode ser gerado pelas vendas e pelos recebimentos. Caso não seja suficiente, dará parâmetros para que se negociem alternativas de obtenção de financiamentos com mais critério e segurança, e maiores chances na negociação das taxas. Vale lembrar que um Caixa em nível adequado com a atividade operacional evita surpresas quando da ocorrência de inadimplências na empresa. Organizações com estes diferenciais têm condições de se destacarem em meio a grande concorrência que a globalização da economia vem proporcionando nos últimos anos e, assim, solidificarem suas atuações.

REFERÊNCIAS CALDERELLI, Antonio. Enciclopédia contábil e comercial brasileira. São Paulo: CETEC, 1996. FRANCO, Hilário. Estrutura, análise e interpretação de balanços. 15ª ed. São Paulo: Atlas, 1992. GUIMARÃES, Marcos Freire. Contabilidade avançada. 6ª ed. Brasília: Vestcon, 2003. PIZZOLATO, Nélio Domingues. Introdução à contabilidade gerencial. 1ª ed. São Paulo: Makron Books, 1997. BRASIL.SENAC. Centro de Tecnologia em Gestão de Negócios. Deptº Regional do Estado de São Paulo. BRASIL. Sebrae. São Paulo, 2003.