Palavras-chave: Comunicação alternativa. Terapia Ocupacional. Paralisia Cerebral.



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Transcrição:

2 A TERAPIA OCUPACIONAL UTILIZANDO-SE DA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AMPLIADA, COMO MEDIADORA EM UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL VISANDO FAVORECER AS HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO E INTERAÇÃO DE UMA CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL. Ana Paula da SilvaTavares, Unisalesiano de Lins,e-mail: paulatavares_1@hotmail.com Mayara Moreira Silva, Unisalesiano de Lins, e-mail: mayaramto@yahoo.com.br Mayla Ferreira Pavezzi, Unisalesiano de Lins, e-mail: mayla_ferreira@hotmail.com Nara Bianca Campaner, Unisalesiano de Lins, e-mail: nara.campaner@yahoo.com.br Renata Tunes Antoneli, Unisalesiano de Lins e-mail: renataantoneli@ig.com.br Resumo A comunicação alternativa e ampliada tem por objetivo promover a integração nos mais diversos ambientes freqüentados e pertinentes ao individuo que apresenta algum tipo de dificuldade que o faz necessitar desta tecnologia para o desempenho em seu cotidiano. A fala é a forma de comunicação mais valorizada e utilizada pelo ser humano, porém à comunicação inclui aspectos não verbais. Uma dificuldade na comunicação é limitante para o individuo, sendo este déficit uma das maiores barreiras para sua integração. Com a incapacidade de comunicar suas necessidades, o sujeito desenvolve um sentimento de impotência perante o meio. Quando facilitada a utilização de modelos diferentes este é encorajado a comunicar e interagir, levando-nos a acreditar na necessidade da utilização de outro meio de comunicação para suprir a interação do individuo, tornando indispensável o uso de sistema de comunicação alternativa e ampliada. Palavras-chave: Comunicação alternativa. Terapia Ocupacional. Paralisia Cerebral. INTRODUÇÃO A comunicação alternativa e ampliada - CAA é toda forma que substitui ou complementa a fala, auxiliando as pessoas que não utilizam a comunicação verbal para se expressarem; a utilização desta destina-se a compensar os déficits e proporcionar capacidades equivalentes aos da maioria das pessoas, envolvendo o uso dos gestos manuais, expressões faciais e corporais e símbolos gráficos, como fotografias, gravuras, desenhos, objetos, entre outros. Segundo Fernandes (2003), a comunicação alternativa se propõe a complementar a comunicação, suplementando ou substituindo os níveis usuais de fala ou escrita, onde eles estiverem comprometidos. A comunicação Alternativa e Ampliada deve ser iniciada o mais precocemente possível, a fim de se evitar a diferença entre a linguagem receptiva e expressiva bem como suas conseqüências no desenvolvimento global da pessoa com dificuldade de expressão, tanto no aprendizado, como no nível de autonomia e integração social. Os objetivos são variados e complexos, mas o principal é o de capacitar o indivíduo a se comunicar eficientemente, de forma que ele possa tomar parte ou

3 retornar à sociedade como um indivíduo participativo e produtivo. (GUANELLA, 1999,p.82). Baseado na citação acima pode-se dizer que a CAA, visa promover uma melhor participação no meio escolar, interação interpessoal e social, funcionando como uma ponte que conduz ou amplia o acesso à comunicação permitindo ao indivíduo mais independência na sua vida cotidiana. O grupo que pode ser beneficiado pela comunicação alternativa é bastante heterogêneo. São crianças e adultos com patologias que comprometem a aquisição e/ou desenvolvimento da linguagem, fala, escrita, quer seja temporária ou permanente. (FERNANDES, 2003, p.01). São inúmeras as possibilidades de materiais a se oferecer a indivíduos portadores de dificuldades na área de comunicação, cujo déficit constitui-se em um empecilho para interações e uma vida produtiva. Com certeza, a diversidade de opções e a oferta dessa ampla variedade de equipamentos possibilitando acesso a elas proporcionam uma melhor qualidade de vida. Estas opções vão desde jogos adaptados, pranchas nas quais o individuo tem a chance de expressar suas vontades e ser compreendidos pelos demais, sem a constante presença de um interlocutor, até aparelhos mais sofisticados e recursos eletrônicos. Cabe ao terapeuta ocupacional, avaliar e estudar qual a melhor opção para cada paciente. Os recursos de baixa tecnologia, são os que incluem gestos, sinais manuais, vocalizações, expressões faciais e podem utilizar-se principalmente de: a) Objetos: podem ser reais, em miniatura ou objetos parciais. b) Fotografias: encontra-se o uso de fotografias entre símbolos representacionais que podem ser produzidas por uma câmera fotográfica, recorte de revistas, rótulos de produtos ou folhetos de propaganda. São utilizadas para representar objetos, pessoas, ações, lugares ou atividades. c) Símbolos Gráficos: existem inúmeros grupos gráficos, cada qual desenvolvido com objetivos de complementar a comunicação de uma ou varias pessoas. PCS Símbolos de comunicação Pictórica (Picture Communication Symbols) Para Johnson (1998) os símbolos de comunicação Pictórica (PCS) formam um sistema de comunicação completo que foram originalmente desenhados para criar, rápida e economicamente, recursos de comunicação consistentes e com acabamento profissional. São utilizados extensivamente em inúmeros tipos de atividades de aprendizado e foram criados por esta fonoaudióloga no início dos anos 80, compondo atualmente o conjunto de símbolos mais difundido no mundo inteiro. Características da simbologia PCS: a) Desenhos simples e claros, de fácil reconhecimento; b) Adequados para usuários de qualquer idade; c) Estão divididos em seis categorias de palavra: social, pessoas, verbos, descritivos, substantivos e miscelânea; d) Facilmente combináveis com outros sistemas e símbolos, figuras e fotos para a criação de recursos de comunicação individualizados; e) Extremamente úteis numa grande variedade de atividades e lições. f) Disponíveis em livro ou software.

4 O presente estudo utilizou-se de recursos de baixa tecnologia para a promoção de uma melhor comunicação e interação em uma escola de educação especial, onde estuda uma criança portadora de paralisia cerebral o terapeuta ocupacional interviu diretamente na elaboração e orientação à professora e demais profissionais da equipe para atingir os objetivos propostos pela CAA. COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AMPLIADA Para Glennen (1997) a comunicação alternativa e ampliada é definida como uma maneira alternativa à comunicação oral e escrita que compreende o uso de gestos, sinais manuais, expressões faciais, pranchas com símbolos pictográficos, pranchas de alfabeto, comunicadores de voz gravada ou sintetizada até sistemas sofisticados de computador. Na comunicação alternativa o terapeuta ocupacional analisa os aspectos motores, cognitivos, sensoriais, emocionais e sociais envolvidos na utilização de um determinado símbolo, recurso, estratégia ou técnica para determinar o sistema mais adequado para o usuário. Em cada um dos aspectos que compreendem o sistema de comunicação o papel do terapeuta ocupacional é fundamental. O trabalho realizado com a comunicação alternativa possui diversas fases, sendo que na fase inicial o terapeuta ocupacional procura apenas observar os comportamentos naturais da criança, a fim de captar suas necessidades, seus interesses, razões de motivação e, principalmente, como ela se organiza para atingir um objetivo ou fazer um pedido. Com isso, é possível descobrir sinais que possibilitarão ao profissional reconhecer qual o melhor caminho a ser efetuado para dar início a uma relação comunicativa. Dando continuidade ao trabalho, é de extrema importância que o terapeuta ocupacional proporcione à criança a capacidade de tornar-se ativa, e que por sua vontade e uma ação realizada ela crie outras ações, que irão estimulá-la a experimentar, acomodar e elaborar os processos de pensamento no intuito de interagir cada vez mais com o ambiente. Os pais devem ser orientados quanto à utilização da comunicação alternativa, pois quando o indivíduo a utiliza ele pode mostrar que apesar das suas limitações, pode fazer parte da sociedade, pensar e ter sentimentos como todos, porém necessita desses equipamentos. Aos pais também devem ser mostrados o objetivo do trabalho, que não está voltado ao equipamento a ser utilizado, mas em oferecer condições de vida mais próximas daquelas consideradas normais, favorecendo a linguagem e consequentemente, a interação e integração social do sujeito, contribuindo dessa forma para o exercício de sua cidadania. RELATO DE UM CASO W.N.O., nascido em 27/10/2000, é o terceiro de um total de três filhos. Encontra-se em tratamento de terapia ocupacional, encaminhado pelo seu medico neurologista. W.nasceu de parto normal, a bolsa rompeu e sem tempo hábil para se deslocar ao hospital a criança nasceu em casa. Em seguida foram para o hospital onde foi seccionado o cordão umbilical. Mãe e filho permaneceram em observação por três dias. Durante o período de internação não houve complicações com o bebê, não necessitou de internação na UTI e nem permaneceu na incubadora. Nasceu a termo, pesando 2.700 Kg e 47 cm. Chorou ao nascer, não teve circular de cordão, nem icterícia. Quanto ao desenvolvimento neuropsicomotor, apresentou controle cervical com um ano e quatro meses, não arrastou, não engatinhou, sentou-se com

5 dois anos, não andou, não falou e não apresenta controle esfincteriano. A mãe percebeu alteração aos quatro meses pela dificuldade em adquirir controle cervical, procurando o médico após um ano de idade, sendo diagnosticada paralisia cerebral. O ambiente familiar é tranqüilo, relaciona-se bem com o pai, mãe e irmãos. A paralisia cerebral de W. é classificada em tetraparesia espástica moderada, apresentando alteração de tônus em todo o corpo; ambos os membros superiores e inferiores, tronco e cabeça; sendo o tônus caracterizado por uma hipertonia com grau de incapacidade moderada. Entrou-se em contato com a equipe que o atende e a escola que freqüenta surgindo à necessidade do trabalho de comunicação alternativa, concluindo-se que o mesmo se beneficiaria, uma vez que todas as suas necessidades são decodificadas e traduzidas pela mãe, pela dificuldade encontrada por outras pessoas para reconhecer suas vontades e desejos, o que pode tornar-se uma frustração e fator limitante na extensão de sua comunicação. Foi realizada avaliação com o paciente, onde verificou-se que o mesmo possui habilidades visuais, auditivas e perceptuais presentes, com comprometimento da habilidade motora. Comunica-se através de gestos, sorrisos, apontar e há presença de sim/não estruturado através de movimentos com a cabeça. Demonstra motivação e interesse em estabelecer comunicação com as pessoas. Foi constatado que o sistema de comunicação necessário ao paciente deve ser com ajuda, através de símbolos que permitam a realização de uma comunicação. A técnica a ser utilizada será a de seleção direta, na qual W. aponta diretamente os símbolos, utilizando para tanto uma ponteira adaptada (engrossada). Será utilizada uma prancha, montada com símbolos que expressem suas principais necessidades (emoções, necessidades alimentares, de higiene, vestuário e outras). Esta prancha será posicionada em um apoio de madeira elevado revestido por E.V.A., removível e adaptado tanto à cadeira de rodas quanto à carteira, para proporcionar maior adequação postoral, evitando a hiperflexão cervical para visualização dos símbolos. Atualmente estuda em uma escola de educação especial chamado 30 de julho, situada na cidade de Santos-SP. Os alunos freqüentam o setor de reabilitação, conhecido como sistema de rodízio, onde tem o período alternado entre as áreas de coordenação motora global, livre expressão e estimulação sensorial. No setor de estimulação sensorial, a aula tem início com a professora mostrando e questionando aos alunos sobre o clima do dia, estimulando a orientação temporal. O desenho era feito de giz na lousa, e observou-se uma dificuldade grande de simbolização dos alunos. Pensando-se em uma maneira de facilitar essa compreensão por parte do mesmo, foi elaborada pelo terapeuta ocupacional uma placa de orientação temporal, na qual o clima é representado por figuras emborrachadas; ensolarado, nublado, chuva; o quadro permanece pregado e suspenso na parede, as figuras são coladas com velcro respeitando o respectivo tempo. CONCLUSÃO A comunicação abrange uma dimensão especial e é uma necessidade fundamental na vida das pessoas, tornando-se para o sujeito, fonte do seu bem estar psíquico, biológico e social. Um dos objetivos da reabilitação da pessoa com deficiência deve ser certamente o de melhorar suas competências comunicativas, para suprir suas necessidades, melhorar seu desempenho no cotidiano e favorecer a vivência de novas experiências.

6 O objetivo não deve ser aquele de recuperar ou desenvolver a função de falar, mas de comunicar, trata-se, então, de manter vivo o máximo possível o desejo de comunicação, oferecendo continuamente ocasiões de relacionamento que propicie uma comunicação interativa, desfrutando da melhor maneira as múltiplas possibilidades oferecidas na vida cotidiana. O presente estudo buscou através da introdução desse sistema criar condições para que W. avance em sua escala de desenvolvimento, suprindo suas necessidades físicas e sociais, proporcionando não apenas um meio para expressar suas necessidades e pedidos, mas também permitir a interação de informação, contribuindo para uma maior evolução em termos sociais. Dessa forma, vamos interferir diretamente no seu cotidiano, dentro e fora do ambiente de terapia, favorecendo o desenvolvimento de relações interpessoais e sendo concedido um maior grau de privacidade em seu relacionamento pessoal, promovendo-se uma melhor qualidade de vida e comunicação interativa no meio em que vive. A partir da introdução da placa de orientação temporal, houve um aumento significativo no entendimento e participação dos alunos, que definem como está o tempo, pegam o símbolo e cola na placa, conferindo maior dinamismo à aula e promovendo maior interação entre eles, ocorrendo uma participação muito mais ativa de W. com os demais alunos. De um modo geral, a sociedade está se tornando cada vez mais inclusivista, se adaptando para poder incluir em seus sistemas, pessoas com necessidades especiais que, se preparam para assumir os seus papéis na sociedade. Cabe ao Terapeuta Ocupacional ajudar nesta luta, para que o deficiente seja incluso e se torne membro ativo, pleno de direitos e com livre expressão de suas idéias. Desta forma, vamos colaborar na efetivação da equiparação de oportunidades para todos. REFERÊNCIAS FERNANDES, A.S. A comunicação alternativa na escola especial. Temas sobre desenvolvimento, v.10, n.58-9, p.85-88, 2001. GLENNER, Caderno de Terapia Ocupacional da UFSCar, V.13, N.1, Jan./Jun. 2005. GUANELLA, obra Dom.... e se falta a palavra, qual comunicação, qual linguagem? Discursos sobre comunicação alternativa. MEMNON, São Paulo: 1999. JONHSON, ROXANA M. Guia dos símbolos de comunicação pictóricas, Click Recursos tecnológicos para educação e facilitação. Porto Alegre: 1998

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