' 4 AC no 073.2010.004128-1/001 "; ^ Cipii[46:41,112 ft,,c ; Poder Judiciário do Estado da Par Tribunal de Justiça Gabinete da Desembargadora Maria das Neves di Eito de. D. Ferreira I ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N 073.2010.004128-1/001- CABEDELO RELATORA: Desa Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira APELANTES: Ricardo Luiz Barreto da Fonseca e Walter Luiz Rocha da Fonseca Júnior ADVOGADO: Kaline Gomes Barreto APELADO: Sul América Vida e Previdência ADVOGADOS: Clávio de Melo Valença Filho APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO DE VIDA. DOENÇA PREEXISTENTE. AUSÊNCIA DE EXAMES PRÉVIOS. MÁ-FÉ COMPROVADA. SEGURADO QUE SABIA SER PORTADOR DE DOENÇA NÃO DECLARADA QUANDO ASSINOU O CONTRATO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. DESPROVIMENTO. - É entendimento do Superior Tribunal de Justiça de que a doença preexistente só pode ser oposta pela seguradora, quando há a realização de exame prévio ou comprovada a má-fé do segurado. - Na hipótese em deslinde, uma vez que restou comprovada nos autos a má-fé do segurado, mostra-se indevido o pagamento de indenização pela seguradora. VISTOS, relatados e discutidos estes autos. ACORDA a Colenda Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, à unanimidade, negar provimento à apelação.
AC no 073.2010.004128-1/001 2 RICARDO LUIZ B. DA FONSECA e ALTER LUIZ ROCHA DA FONSECA JÚNIOR, ambos já qualificados, interpuseram apelação cível, inconformados com a sentença proferida pela Juíza de Direito da 4a Vara Mista da Comarca de Cabedelo que, nos autos da ação de cobrança de seguro de vida ajuizada contra SUL AMÉRICA SEGUROS DE VIDA E PREVIDÊNCIA S/A, julgou improcedente o pedido exordial e condenou os autores ao pagamento de custas e honorários, estes arbitrados em 10% sobre o valor da causa, observada a aplicação do art. 12 da Lei no 1.060/50. Os apelantes aduzem que a sentença merece ser reformada, pois constitui dever da apelada cercar-se dos cuidados necessários no momento de firmar o contrato de seguro, ou seja, exigir exames médicos para verificar a existência de alguma doença preexistente (fls. 122/130). Contrarrazões (fls. 132/136) pela manutenção da sentença. A Procuradoria de Justiça, no parecer de fls. 144/147, opinou pelo desprovimento do recurso. É o relatório. VOTO: Desa MARIA DAS NEVES DO EGITO DE A. D. FERREIRA Relatora Historiam os autos que no dia 07 de maio de 1996 foi entregue ao senhor Walter Luiz Rocha da Fonseca, pai dos recorrentes, uma apólice de seguro de vida, que tinha como beneficiários os apelantes. No dia 19 de fevereiro de 1997, o genitor dos autores faleceu por morte natural, tendo como causa a síndrome hepato renal e hemorragia digestiva alta. Contudo, ao ser solicitado o pagamento do seguro firmado, os apelantes foram informados que não teriam direito ao seu recebimento, pois, quando do preenchimento da apólice, o pai dos recorrentes teria afirmado gozar de perfeitas condições de saúde, quando, na verdade, era portador de doença preexistente. Pois bem, em situação como a narrada nos autos, faz-se necessária a comprovação se a parte segurada teria agido com má-fé quando da assinatura do contrato de seguro de vida, omitindo doença de que era conhecedor.
AC no 073.2010.004128-1/001 3 Como é cediço, a boa-fé sempre ptesumida, enquanto a má-fé deve ser provada. É entendimento do Superior Trib:).inal de Justiça que a doença preexistente só pode ser oposta pela seguradora quando há a realização de exame prévio ou comprovada a má-fé do segurado, In verbis. AGRAVO REGIMENTAL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - DOENÇA PREEXISTENTE - MÁ-FÉ DO SEGURADO - OCORRÊNCIA - SÚMULA 83/S13 - REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO - IMPOSSIBILIDADE - SÚMULA 7/ST3 - DECISÃO AGRAVADA MANTIDA - IMPROVIMENTO. I. Esta Corte possui jurisprudência firmada no sentido de que a doença preexistente só pode ser oposta pela seguradora mediante a realização de prévio exame médico ou prova inequívoca da má-fé do segurado. II. A conclusão a que chegou o Acórdão recorrido decorreu da análise do conjunto fático-probatório, e o acolhimento da pretensão recursal demandaria o reexame dos referidos suportes, obstando a admissibilidade do Especial à luz da Súmula 7/STJ. III. O Agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar a conclusão alvitrada, a qual se mantém por seus próprios fundamentos. IV - Agravo Regimental improvido. 1 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CARÁTER EXCLUSIVAMENTE INFRINGENTE. ACLARATÓRIOS RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGURO. EXAME PRÉVIO.NECESSIDADE. DOENÇA PRÉ-EXISTENTE. CONHECIMENTO PELO SEGURADO. MÁ-FÉ. REEXAME DE FATOS E PROVAS. SÚMULA 7 DO ST3. 1. A doença preexistente pode ser oposta pela seguradora ao segurado quando houver prévio exame médico ou prova inequívoca da má-fé do segurado. Precedentes específicos. AgRg no Ag 1186345/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENET', TERCEIRA TURMA, julgado em 24/11/2009, D3e 02/12/2009.
AC no 073.2010.004128-1/001 4 2. Embargos laratórios recebidos como agravo regimental, ao çu se nega provimento. 2 Na hipótese em deslinde,' observa-se, às fls. 65/71, a existência de documentos que demonstram que o segurado, pai do recorrente, sabia que possuía doença preexistente, ou seja, restou comprovada a má-fé dele quando da contratação do seguro de vida. Nesse sentido, faz-se necessário observar o que' fora constatado pela Seguradora recorrida, em "relatório de averiguação", às fls. 65 dos autos, nos termos a seguir transcritos: DR. LUIZ GONZAGA DA SILVA SANTOS ESTIVEMOS EM SEU CONSULTÓRIO, ONDE EM CONVERSA COM O MESMO, ESTE NOS CONFIRMOU QUE ATENDEU O SEGURADO EM 1995, E QUE APÓS SOLICITAR ALGUNS EXAMES, FOI DIAGNÓSTICADO A DIABETE MELLIT1JS (CID No 250.7/0), ABSCESSO DO FÍGADO HEPATITE (CID No 573.3/9) E HIPERTENSÃO PORTAL (CID No 572.3/1), SOLICITAMOS DECLARAÇÃO, ONDE FOMOS ATENDIDOS PRONTAMENTE (SEGUE EM ANEXO DECLARAÇÃO). CENTRO INTEGRADO DE DIAGNÓSTICO DR. ROBERTO NEY DOS LABORATÓRIOS CONSULTADOS, ESTE FOI O ÚNICO EM QUE PUDEMOS ENCONTRAR ALGUNS EXAMES FEITOS PELO SEGURADO, ONDE EM CONVERSA COM A SRa ANGLEA, QUE APÓS FAZER O LEVANTAMENTO EM SEUS REGISTROS, NOS FORNECEU 03 EXMAES REALIZADOS EM 29/08/95, 11/0196 E 29/01/97, ONDE TODOS CONFIRMAM O DIAGNÓSTICO DO DR. LUIZ GONZAGA, HIPERTENSÃO PORTAL (CID No 572.3/1 E 573.3/9), (ANEXO 2a VIA DOS EXAMES). Como visto, antes da assinatura do contrato de seguro de vida, o segurado era sabedor que sofria de doença hepática, tendo, inclusive, realizado consultas e exames, conforme documentos encartados aos autos. Nesse sentido, não constitui demasia reproduzir parte do parecer do membro do Parquet 2 EDcl no Ag 1162957/DF, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/05/2011, DJe 24/05/2011.
AC no 073.2010.004128-1/001 5 De fato, verifica-se das provas doüme tais acostadas às fls. 68 e 69/70, que o segurado padecia doença hepática e vinha realizando exames e tratamentos desde 1995, antes mesmo da assinatura do contrato em 07/05/1996, pelo que se pode concluir que tinha ciência inequívoca da doença que o acometia, antes de aderir à apólice de seguro de vida. Com efeito, lícito é que a apelada invoque o disposto nos artigos 765 e 766 do Código Civil de 2002 para se eximir da obrigação pactuada, porquanto restou demonstrada a má-fé do seguro, na medida em que tinha conhecimento de que era portador de doença hepática e omitiu este fato na declaração de saúde firmada. (fls. 146) Diante do exposto, sem maiores delongas, em consonância com o parecer Ministerial, nego provimento à apelação, mantendo incólume a sentença vergastada. É como voto. Presidiu a Sessão ESTA RELATORA, que participou do julgamento com a Excelentíssima Desembargadora MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI (Revisora) e o Excelentíssimo Desembargador MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE. Presente à Sessão o Excelentíssimo Doutor FRANCISCO SAGRES MACEDO VIEIRA, Procurador de Justiça. Sala de Sessões da Segunda Câmar. Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa/PB 6 de dezembro de 2011. Desa MARIA DAS NE DO EGITO DE A. D. FERREIRA ft latora