PROCESSO Nº: 0800721-84.2014.4.05.8201 - APELAÇÃO APELANTE: UNIERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE ADOGADO: FRANCISCO DAS CHAGAS BATISTA LEITE (e outros) APELANTE: ASSOCIACAO DOS DOCENTES UNIERSITARIOS DE CAJAZEIRAS (e outros) ADOGADO: PAULO GUEDES PEREIRA (e outros) RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIEIRA ERHARDT - 1º RELATÓRIO 1. Cuida-se de apelação interposta pela Universidade Federal de Campina Grande contra sentença do Juiz Federal da 4ª ara da Seção Judiciária da Paraíba, Dr. Rafael Chalegre do Rêgo Barros, que, acolhendo os cálculos da Contadoria do Foro, julgou parcialmente procedentes os embargos do devedor, para afastar o excesso de execução de título judicial. Sem condenação em honorários advocatícios em razão da sucumbência recíproca. 2. Alega a apelante, em suma, que a base de cálculo do terço constitucional de férias é de 30 dias e não de 45 dias, tendo em vista que aos docentes das universidades públicas federais se aplica a Lei nº 8.112/90. 3. Recorre também o Sindicato, pugnando pela aplicação do IPCA em vez da TR e requerendo a condenação da UFCG em honorários advocatícios. 4. Contrarrazões da UFCG. 5. É o relatório. PROCESSO Nº: 0800721-84.2014.4.05.8201 - APELAÇÃO APELANTE: UNIERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE (e outros) ADOGADO: FRANCISCO DAS CHAGAS BATISTA LEITE (e outros) APELANTE: ASSOCIACAO DOS DOCENTES UNIERSITARIOS DE CAJAZEIRAS (e outros) ADOGADO: PAULO GUEDES PEREIRA (e outros) RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIEIRA ERHARDT - 1º OTO 1. Com efeito, no que diz respeito à base de cálculo das férias, tem razão a UFCG, ora embargante. O art. 77 da Lei nº 8.112/90 dispõe que o servidor público federal fará jus a trinta dias de férias, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação específica. 2. O professor da universidade federal é considerado servidor público federal, portanto a base de cálculo da execução do terço constitucional de férias é 30 dias e não 45, uma vez que o Regime
Jurídico Único revogou a legislação anterior (art. 8º do Decreto-Lei nº 465/69 e art. 38 do Decreto nº 94.664/87). 3. Ademais, não se aplica o art. 36 da Lei nº 12.772/12, que dispõe sobre a estruturação do Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal e majorou as férias novamente para quarenta e cinco dias, porque a ação foi ajuizada antes da edição desta norma, que não retroage para alcançar fatos pretéritos. 4. A título de ilustração, colaciono os seguintes precedentes: ADMINISTRATIO. PROFESSORES UNIERSITÁRIOS. CONERSÃO DE FÉRIAS EM PECÚNIA. APELAÇÃO DISSOCIADA DAS RAZÕES DA SENTENÇA. ART. 515, CAPUT, DO CPC. ART. 39 DO DECRETO N.º 94.664/87. ART. 78, 2º, DA LEI N.º 8.112/90. REOGAÇÃO. MEDIDA PROISÓRIA N.º 1.195/95 E LEI N.º 9.527/97. INEXISTÊNCIA DO DIREITO. 1. Ainda que as razões recursais refiram-se a matéria completamente distinta da tratada na inicial da ação originária e na sentença, como foi nela formulado pleito de reforma da decisão recorrida para deferimento de todos os pedidos deduzidos na exordial, devem ser apreciadas todas as questões suscitadas no primeiro grau de jurisdição, consoante permitido pelo art. 515, caput, do CPC. 2. A Lei n.º 7.596/87 determinou a criação de Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos para o pessoal docente das universidades federais de ensino superior, contudo ressalvou que as demais regras do regime jurídico único ainda a eles se aplicavam. 3. Referido Plano de Cargos foi instituído pelo Decreto n.º 94.664/87, em cujo art. 39 restou assegurada a possibilidade de conversão em pecúnia de um terço das férias dos professores, constando idêntica previsão no art. 78, 1º e 2º, da Lei n.º 8.112/90. 4. A Medida Provisória nº 1.195, de 24.01.95, e suas sucessivas reedições, posteriormente convertida na Lei n.º 9.527/97 revogou os 1º e 2º do art. 78 da Lei n.º 8.112/90, a partir de então não mais existindo a possibilidade de conversão. 5. Os professores universitários, ainda que submetidos ao Decreto nº 94.664/87, apenas o são nas matérias não tratadas na Lei nº 8.112/90, de modo que, com a revogação do direito de conversão de férias em pecúnia, todos os servidores públicos federais foram atingidos, inclusive os docentes. 6. Precedentes (TRF - 5ª REGIAO - Segunda Turma: AMS 83773; e TRF - 2ª REGIAO - Segunda Turma: AMS 37466). 7. Apelação a que se nega provimento. (AC nº 311.793-PE, Rel. Des. Amanda Lucena - Convocada, julg. 06/08/09, 3ª T - TRF5) ADMINISTRATIO E PROCESSUAL CIIL. IOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC INEXISTENTE. DOCENTES. DECRETO N. 94.664/87. FÉRIAS. CONERSÃO EM PECÚNIA. REQUERIMENTO APÓS A MEDIDA PROISÓRIA N. 1.195/95. DIREITO INEXISTENTE. SÚMULA 83/STJ. 1. Inexistente a alegada violação do art. 535 do CPC, pois a prestação jurisdicional foi dada na medida da pretensão deduzida, como se depreende da leitura do acórdão recorrido, que enfrentou os temas abordados no recurso de apelação. 2. "Esta Corte definiu que os servidores das Universidades Federais, ex-celetistas, passaram a ser regidos pela Lei n. 8.112/90, a qual revogou tacitamente o Decreto n. 94.664/87, razão pela qual não é devida a conversão de um terço de férias em pecúnia, salvo se pleitearam o benefício antes do advento da Medida Provisória n.º 1.195/95" (AgRg no REsp 783.673/RJ, Rel. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP), Sexta Turma, julgado em 12.5.2009, DJe 1º.6.2009). Agravo regimental improvido. (AGARESP nº 89,472-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julg. 12/06/12, 2ª T - STJ) CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIO. SERIDORES DOCENTES. CONERSÃO DE 1/3 FÉRIAS EM ABONO PECUNIÁRIO. DECRETO Nº 94.664/87- INAPLICABILIDADE. ADOÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO. 1. Os servidores das Universidades Federais passaram a ser
regidos pela Lei 8.112/90, razão pela qual não há que se falar em direito ao abono de férias com base no Decreto nº 94.664/87 (STJ, RESP 382780, DJ de 22/05/2006). 2. Os servidores públicos federais, inclusive os pertencentes a instituições de ensino federal, com a edição da Lei n. 8.112/90, passaram a ser disciplinados por ela e a se submeter a suas normas, restando, portanto, revogadas normas, como a do art. 39 do Decreto n. 94.664/87, que disciplinavam direitos tratados pela nova lei (art. 2o 1o, da LICC). Mais tarde, com a revogação dos 1º e 2º, do art. 78, da Lei nº 8.112/90, impossível haver como válido o art. 39 do Decreto n. 94.664/87, uma vez que este já fora revogado, sendo que a represtinação de uma norma depende de expressa previsão (art. 2o 3o, da LICC), o que, no caso, não houve (TRF 1ª Reg., AC 200001000075795/MG, DJ de 3/11/2005). 3. Com a adoção do Regime Jurídico Único, também os docentes passaram a ser disciplinados pela Lei nº 8.112/90, não tendo mais eficácia o art. 39 do Decreto nº 94.664/87, que alicerça a pretensão posta em exame. Precedentes. 4. Recurso desprovido. (AC nº 386.578-RJ, Rel. Des. Poul Erik Dyrlund, julg. 15/05/07, 8ª T Especializada - TRF2) 5. Com relação à TR, em decorrência da declaração de inconstitucionalidade por arrastamento do art. 5º da Lei nº 11.960/2009 e de entendimento pacificado no Pleno desta Corte Regional (sessão do dia 17/06/2015), os juros moratórios são devidos, a contar da citação e sem necessidade de modulação (aplicável apenas ao pagamento de precatórios), no percentual de 0,5% (meio por cento) ao mês (art. 1º-F da Lei 9.494/97). A correção monetária deverá seguir as orientações do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal vigente à época do trânsito em julgado do título executivo, que inclui o IPCA. 6. Nesse sentido: PROCESSUAL CIIL E ADMINISTRATIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. USO DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. 1. Apela o DNOCS de sentença que, em embargos à execução contra ele movidos, acolheu os cálculos da contadoria judicial; 2. Sem razão o apelante quando defende que a partir de julho/2009 deve ser aplicada a TR, dado que o STF declarou inconstitucional o seu uso como índice de correção monetária, por não ser ela medida de desvalorização da moeda; 3. Ademais, as conclusões da contadoria devem ser acatadas quando apresentadas em laudo bem elaborado e fundamentado, ante sua imparcialidade e equidistância dos interesses das partes; 4. Apelação improvida. (AC nº 566.389-CE, Rel. Des. Paulo Roberto de Oliveira Lima, julg. 21/07/15, 2ª T) 7. Diante do exposto, dou parcial provimento à apelação do Sindicato e dou provimento à apelação da UFCG, reformando a sentença recorrida, para afastar a TR e reduzir a base de cálculo da execução das férias para 30 dias, mantendo a sucumbência recíproca, haja vista que ambas as partes restaram vencedoras e vencidas. 8. É como voto.
PROCESSO Nº: 0800721-84.2014.4.05.8201 - APELAÇÃO APELANTE: UNIERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE (e outros) ADOGADO: FRANCISCO DAS CHAGAS BATISTA LEITE (e outros) APELANTE: ASSOCIACAO DOS DOCENTES UNIERSITARIOS DE CAJAZEIRAS (e outros) ADOGADO: PAULO GUEDES PEREIRA (e outros) RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIEIRA ERHARDT - 1º EMENTA PROCESSO CIIL E ADMINISTRATIO. EMBARGOS DO DEEDOR. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL. DOCENTE. UNIERSIDADE FEDERAL. FÉRIAS. BASE DE CÁLCULO. TRINTA DIAS. LEI Nº 8.112/90. CONTADORIA DO FORO. EXCESSO AFASTADO. TR. CORREÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. 1. No que diz respeito à base de cálculo das férias, tem razão a UFCG, ora embargante. O art. 77 da Lei nº 8.112/90 dispõe que o servidor público federal fará jus a trinta dias de férias, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação específica. 2. O professor da universidade federal é considerado servidor público federal, portanto a base de cálculo da execução do terço constitucional de férias é 30 dias e não 45, uma vez que o Regime Jurídico Único revogou a legislação anterior (art. 8º do Decreto-Lei nº 465/69 e art. 38 do Decreto nº 94.664/87). 3. Ademais, não se aplica o art. 36 da Lei nº 12.772/12, que dispõe sobre a estruturação do Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal e majorou as férias novamente para quarenta e cinco dias, porque a ação foi ajuizada antes da edição desta norma, que não retroage para alcançar fatos pretéritos. 4. Com relação à TR, em decorrência da declaração de inconstitucionalidade por arrastamento do art. 5º da Lei nº 11.960/2009 e de entendimento pacificado no Pleno desta Corte Regional (sessão do dia 17/06/2015), os juros moratórios são devidos, a contar da citação e sem necessidade de modulação (aplicável apenas ao pagamento de precatórios), no percentual de 0,5% (meio por cento) ao mês (art. 1º-F da Lei 9.494/97). A correção monetária deverá seguir as orientações do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal vigente à época do trânsito em julgado do título executivo, que inclui o IPCA. 5. Apelação do Sindicato parcialmente provida e apelação da UFCG provida. PROCESSO Nº: 0800721-84.2014.4.05.8201 - APELAÇÃO APELANTE: UNIERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE (e outros) ADOGADO: FRANCISCO DAS CHAGAS BATISTA LEITE (e outros) APELANTE: ASSOCIACAO DOS DOCENTES UNIERSITARIOS DE CAJAZEIRAS (e outros) ADOGADO: PAULO GUEDES PEREIRA (e outros) RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIEIRA ERHARDT - 1º
ACÓRDÃO istos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Primeira Turma do TRF da 5ª Região, por unanimidade, em dar provimento à apelação da UFCG e dar parcial provimento à apelação do Sindicato, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado. Recife, 20 de agosto de 2015.