10 ANOS DE TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA EM LONDRINA: avanços e desafios na Saúde Pública



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Transcrição:

10 ANOS DE TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA EM LONDRINA: avanços e desafios na Saúde Pública MARIA DA GRAÇA PEDRAZZI MARTINI Coordenadora e intervisora

Márcia Santana Fonseca, auxiliar de enfermagem, 07/10/05 Tentei esconder meus sentimentos E de nada adiantou Resisti mostrar minha emoção Aí tudo piorou Pensei em desistir de ser quem sou Isto em nada adiantou Até que conheci a Terapia Comunitária Compartilhei meus sentimentos Ouvi o íntimo do meu lamento Mexi com o pior de mim Uni minhas qualidades Neguei não ser mais eu Insisti em mudar Transpus a barreira do preconceito Aceitei os meus defeitos Ri das minhas dores Ignorei o meu orgulho Aprendi a amar o meu próximo

Nosso berço: Secretaria de Assistência Social Secretaria de Saúde Secretaria da Mulher Parcerias locais: EPSMEL SESC UNOPAR PITÁGORAS Templo Budista Colégio Pio XII Igreja N. Sra. Aparecida Igreja Brasil para Cristo Ong Londrinapazeando Fundação Tamarozzi

BREVE HISTÓRICO: 2002-2003 UFCE/PML Primeira Formação de Terapeutas Comunitários em Londrina. 2005 - Criação da ABRATECOM e Reconhecimento de Londrina como Pólo Formador. 2005-2007- Realiza o 2º Curso de TCI em parceria com a SENAD /UFC/ PML.

2008 a PML leva a Formação para Palotina- 11 municípios foram beneficiados através do convênio com o Ministério da Saúde. 2009-2010 Nova parceria com o MS em Apucarana- 16 municípios e em Londrina envolvendo funcionários do PSF. 2011-2012 - Nova turma de TCI promovida pela PML para funcionários, intervisões, comemoração 10 anos.

Como lidar com o desconhecimento total do que é terapia comunitária: desde resistência ao nome até à metodologia? Como passar de um modelo que gera dependência(eu SOU O SEU SALVADOR) para um modelo que nutre autonomia e protagonismo (CADA UM É DOUTOR DA PRÓPRIA DOR)? Como romper com a concentração da informação e fazê-la circular numa linguagem acessível para que todos possam se beneficiar dela? Como acolher o sofrimento sem ter que medicalizá-lo como se tudo fosse patologia? Como ultrapassar um modelo centrado na figura do especialista, na atenção individual, na cura medicamentosa, no assistencialismo e clientelismo e possibilitar uma ação de promoção da saúde coletiva?

Foco na medicalização e no atendimento individual. Dificuldade em sair do papel de salvador da pátria. Profissionais extintores de incêndio: onde cada um faz sua parte, mas não vão na mesma direção. Alta demanda, nº reduzido de funcionários. Falta de vínculo com a comunidade. Dificuldade em realizar o trabalho em grupo.

Conflitos, competições, exclusões Feudos de poder, intolerância, boicotes ao trabalho; Dificuldade na criação de uma ação transdisciplinar e preventiva; Fragilidade na criação de redes de cooperação e transformação de indivíduos e comunidades; Sem apoio aumentava a dificuldade em manter as rodas de TCI na comunidade.

DESAFIOS COTIDIANOS DA SAÚDE PÚBLICA: Mudança de gestores, H1N1, dengue, Demissão de terceirizados Dificuldade em manter os grupos cheios. Falta de local para as rodas. Falta de apoio da equipe de trabalho.

Grupos fechados ( de hipertensos, diabéticos, gestantes, etc) tem outras programações além da TCI, Dificuldade do terapeuta comunitário em articular apoio da equipe de trabalho e da comunidade.

Diminuição do uso de medicação, Diminuição da procura pela UBS daqueles pacientes poli queixosos, Diminuição das visitas médicas domiciliares, Maior agilidade nos encaminhamentos, Melhora do acolhimento e vínculo com a comunidade, Parceiras e articulações com outros setores da PML facilitando o trabalho da UBS. Prevenção de recaídas. E muitooooooooo mais!!!!!

Continuidade do trabalho nestes 10 anos sem interrupção Maior visibilidade no macrosistema : TCI ganha cargo de coordenação no novo organograma da Saúde. Página das PNPIC com um link no site para TCI e fitoterapia.

Um instrumento valioso de humanização das relações no SUS. Metodologia simples e eficaz de intervenção psicossocial na saúde pública. Espaço de acolhimento, escuta, palavra e vínculo entre funcionários - funcionários, funcionários comunidade e comunidade familiares e COMUNIDADE-COMUNIDADE. Espaço de atendimento em nível primário permitindo que só sigam para os níveis secundários aqueles que de fato precisam. (11% pesquisa nacional) A TCI não tem a pretensão de ser uma panacéia e nem de substituir os outros serviços da rede de saúde, mas complementá-los.

2002-2012 Mais de 6.000 rodas de TCI Mais de 600 grupos já formados Mais de 150 mil participações

SAÚDE ATENÇÃO BÁSICA SAÚDE MENTAL CISMEPAR MATERNIDADE PROJETO VIVA VIDA/ ASSISTÊNCIA SOCIAL PRESÍDIO FEMININO INSTITUTO DOS CEGOS INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS PROGRAMA DE APOSENTADORIA Atualmente: 28 equipes 32 rodas mensais de TCI

Cuidar da doença e cuidar da saúde, duas faces da mesma moeda da vida. Geralmente o sofrimento precede e acompanha a doença.

Esta compreensão nos abre os horizontes. Faz da saúde um território público, plural, um processo dinâmico, onde todos somos chamados a intervir preventivamente em um conjunto de fatores, num movimento mobilizador de diferentes atores sociais e dos diferentes saberes.

Terapia Comunitária Integrativa: Resgata e Valoriza competências: da comunidade da família do indivíduo

TCI EM TODAS AS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE LONDRINA CRIAR UM INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO DA TCI NO MUNICÍPIO AMPLIAR A EQUIPE DE FORMAÇÃO E SUPERVISÃO REALIZAR VISITAS PERIÓDICAS ÀS RODAS DE TCI NA COMUNIDADE

Finalizando... A proposta da Terapia Comunitária Integrativa vem, portanto, somar às práticas comunitárias já existentes, apresentando-se como uma abordagem efetiva e promissora para a imensa demanda por serviços de atenção à saúde.

MARIA DA GRAÇA PEDRAZZI MARTINI Psicopedagoga/ Coordenadora e Intervisora do Serviço de Terapia Comunitária PML/DAS/GSM/TC Pólo Formador - Londrina -PR VILA DA SAÚDE/ Fone: 33729830 e-mail: londrina.tc@gmail.com