A importância do diagnóstico municipal e do planejamento para a atuação dos Conselhos dos Direitos do Idoso. Fabio Ribas Recife, março de 2012
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1 A importância do diagnóstico municipal e do planejamento para a atuação dos Conselhos dos Direitos do Idoso Fabio Ribas Recife, março de 2012
2 Uma pauta para nosso diálogo: 1)Desafios para o fortalecimento dos Conselhos Gestores 1)Diagnóstico e planejamento como fundamento para a atuação dos Conselhos e para a gestão de recursos públicos 1)Visão sobre o processo de diagnóstico e planejamento das políticas de garantia dos direitos dos idosos
3 Conselhos Gestores: desafios e caminhos Os conselhos emergem, no Brasil, associados a um ideal de transformação das formas de governo local: Ampliação da participação da sociedade na gestão das políticas municipais Novos padrões de governo baseados na gestão democrática O alcance da ação dos Conselhos é fortemente afetado pelos padrões de cultura cívica, de interação entre governo e sociedade e de associativismo existentes nos municípios
4 O autoritarismo social e as visões hierárquicas e excludentes da sociedade e da política constituem obstáculos cruciais na constituição mas também no funcionamento dos espaços públicos. DAGNINO, Eveline. Democracia, teoria e prática: a participação da sociedade civil (2002).
5 Os conselhos poderão ser tanto instrumentos valiosos para a constituição de uma gestão democrática e participativa, caracterizada por novos padrões de interação entre governo e sociedade em torno de políticas sociais setoriais, como poderão ser também estruturas burocráticas formais, e/ou simples elos de transmissão de políticas sociais elaboradas por cúpulas, meras estruturas para a transferência de parcos recursos para a comunidade, tendo o ônus de administrá-los; ou ainda instrumentos de acomodação dos conflitos e de integração dos indivíduos em esquemas definidos previamente. GOHN, Maria da Glória. Conselhos gestores e participação sociopolítica. São Paulo, Cortez, 2001.
6 Novas formas de gestão, baseadas na atuação dos Conselhos, deverão ampliar a efetividade das políticas públicas e a qualidade e transparência no uso dos recursos públicos. É nesse processo que se insere a necessidade e o desafio de diagnóstico e planejamento!
7 Experiência cotidiana junto aos Conselhos: Muitos Conselhos de Direitos não conseguem exercer plenamente suas principais atribuições: Formular políticas de proteção e promoção que expressem prioridades locais Captar e gerir os recursos dos Fundos Influir na definição do orçamento municipal Acompanhar e controlar a execução da política de garantia de direitos Em consequência, as instituições e programas de atendimento têm dificuldades para: Alcançar públicos com direitos violados ou mais vulneráveis Atuar de forma integrada com as demais instâncias do SGD Enfrentar e prevenir violações, reduzir danos, garantir direitos
8 Qual tem sido a atuação dos Conselhos Municipais do Idoso? (Pesquisa Caravana da Cidadania Pernambuco, 2011) Atividades
9 O que diz a Política Nacional e o Estatuto do Idoso sobre o papel dos Conselhos do Idoso? Os Conselhos têm como responsabilidade maiores deliberar sobre prioridades, formular políticas, influir nos orçamentos públicos Os Conselhos não foram criados para operar programas de atendimento à pessoa idosa ou para executar diretamente ações de aprimoramento dos sistemas e redes de atendimento A execução de ações de atendimento, fiscalização, capacitação, etc., cabe às instituições e programas das diferentes áreas setoriais de políticas públicas (saúde, assistência, trabalho e renda, moradia etc.) e do SGD Para que possam propor políticas consequentes, os conselhos devem promover a realização de processos de diagnóstico e planejamento local.
10 O processo vivido pelos Conselhos da Criança tem algo a ensinar para que possamos fortalecer e empoderar os Conselhos e os Fundos dos Direitos do Idoso
11 Definição da Política Pública e Ciclo Orçamentário: A definição das ações prioritárias a serem financiadas com as verbas dos fundos é de competência dos Conselhos dos Direitos, mas deve ser baseada e extraída de diagnósticos sólidos, capazes de demonstrar o que há de mais grave a ser enfrentado e quais localidades merecem maior atenção. Inexistente o diagnóstico, a deliberação estará eivada de vício insanável do ponto de vista jurídico, posto que descoberta do conteúdo técnico-objetivo necessário a atingir a finalidade pública específica de promover ações prioritárias que objetivem enfrentar a situação de crianças e adolescentes da territorialidade respectiva. FONTE: Parecer conjunto do FONCAIJE (Fórum Nacional de Coordenadores de Centros de Apoio da Infância e Juventude e de Educação dos Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal) e do MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, a propósito da discussão no CONANDA que resultou na Resolução 137/2010.
12 Resolução Conanda 137/2010 (disciplina os Fundos da Criança) Artigo 9º - Cabe aos Conselhos, entre outras atribuições: Elaborar e deliberar sobre a política de promoção, proteção, defesa e atendimento dos direitos da criança e do adolescente no seu âmbito de ação. Promover a realização periódica de diagnósticos relativos à situação da infância e da adolescência, bem como do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente no âmbito de sua competência. Elaborar planos de ação anuais ou plurianuais, contendo os programas a serem implementados no âmbito da política de promoção, proteção, defesa e atendimento dos direitos da criança e do adolescente, e as respectivas metas, considerando os resultados dos diagnósticos realizados e observando os prazos legais do ciclo orçamentário. Elaborar anualmente o plano de aplicação dos recursos do Fundo, considerando as metas estabelecidas para o período, em conformidade com o plano de ação.
13 A Lei nº de 18 de janeiro de 2012, que instituiu o SINASE, trouxe inovações para os Conselhos e Fundos da Criança Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais divulgarão amplamente à comunidade: I - o calendário de suas reuniões; II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendimento à criança e ao adolescente; III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário e o valor dos recursos previstos para implementação das ações, por projeto; V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de dados do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência; VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais.
14 Portanto: Os Conselhos devem se organizar e trabalhar para garantir a publicização do funcionamento da política de atendimento O desafio não é só publicizar, mas diagnosticar, formular e deliberar sobre uma política de atendimento consistente, da qual deve decorrer o plano de aplicação dos recursos do Fundo. Essa política deve ganhar espaço nos orçamentos municipais. Comunicada à sociedade com clareza e transparência, a política poderá favorecer um maior engajamento da sociedade em doações aos Fundos e no acompanhamento das ações (controle social).
15 Se os conselhos não têm realizado as tarefas de diagnosticar a realidade local, formular políticas de atendimento e incidir no orçamento municipal É PRECISO INICIAR ESSE PROCESSO!
16 Antevisão do processo de diagnóstico e planejamento
17 1. Formar uma comissão de diagnóstico e planejamento Conselheiros de direitos (governamentais e não governamentais) Profissionais da saúde Profissionais da assistência social Representantes de outras políticas sociais básicas Cronograma do trabalho de diagnóstico e planejamento deve ser articulado ao cronograma do ciclo orçamentário do município
18 2. Fazer uma autoavaliação da situação do Conselho do Idoso Legislação e normas locais Composição e representatividade Infraestrutura Capacitação dos conselheiros Relacionamento com os demais agentes do SGD
19 3. Formar uma visão geral do perfil do município Consultar dados secundários (Censo IBGE, Datasus, CadÚnico, etc.): Demografia Saúde Trabalho e renda das famílias Saneamento Moradia Transporte Segurança Identificar fragilidades, potencialidades e diversidades territoriais do município
20 4. Mapear as violações e ameaças aos direitos dos idosos Buscar informações junto às fontes locais: Centros de Defesa Polícias Defensoria MP Poder Judiciário CREAS Unidades de Saúde Organizações de atendimento Os próprios idosos Identificar a incidência e distribuição territorial das violações Estabelecer prioridades (violações a serem enfrentadas)
21 5. Analisar a situação do SGD e dos programas de atendimento ao idoso no município Serviços e programas existentes: Centros de convivência Centros de cuidados diurnos Centros de reabilitação Serviços de atenção à saúde física e cognitiva Serviços de apoio ao idoso em seu local de residência Serviços de atendimento domiciliar ILPIs Serviços de apoio à geração de trabalho e renda e à inclusão produtiva Etc. Distribuição territorial dos serviços e programas Lacunas quanto a modalidades e capacidades da rede de
22 6. Formular propostas de ação Estabelecer prioridades: Criação, ampliação ou aprimoramento de serviços e programas que, em seu conjunto, constituirão a política municipal Apontar recursos necessários à execução das ações e as respectivas fontes de recursos (inclusive o Fundo do Idoso) Ampliar a discussão das propostas, mobilizando a sociedade e fortalecendo consensos
23 7. Encaminhar as propostas para inclusão no orçamento municipal Aprovar as propostas na esfera do Conselho do Idoso Traduzir as propostas em Programas de Trabalho Encaminhar ao Executivo Municipal Acompanhar o processo de apreciação e aprovação na esfera do Legislativo
24 8. Acompanhar o processo de execução da política municipal Avaliar se o município registra avanço, estabilidade ou retrocesso na garantia dos direitos do idoso Trabalhar para que o processo de diagnóstico e planejamento seja periodicamente atualizado e renovado
25 Duas faces do processo de diagnóstico e planejamento Conhecer a realidade para formular propostas de ação fundamentadas Fortalecer vínculos locais de cooperação a partir de uma visão compartilhada sobre prioridades
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