AMBIENTES DE TRATAMENTO. Hospitalização
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- Fernando Pinheiro Escobar
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1 FONTE: Ferigolo, Maristela et al. Centros de Atendimento da Dependência Química Maristela Ferigolo, Simone Fernandes, Denise C.M. Dantas, Helena M.T. Barros. Porto Alegre: Editora AAPEFATO. 2007, 152p. AMBIENTES DE TRATAMENTO O enquadre terapêutico se dá a partir da composição entre equipe profissional, ambiente de tratamento e tipo de tratamento. Os locais de tratamentos disponíveis são muito variados e levam em conta o número de horas diárias de tratamento e a restrição à circulação no meio externo. Hospitalização Ocorre em local diferenciado da ala psiquiátrica, dentro de um hospital geral ou clínica, podendo dar suporte aos pacientes que apresentam comorbidade com outras patologias psiquiátricas, riscos de suicídio, problemas clínicos agudos, convulsões ou delírio. Pode ser indicado para pacientes que necessitam de ambientes com supervisão constante para atingirem a abstinência, com pouco apoio social, que sofrem pressão para não suspenderem o uso da droga, que não possuem seguro saúde ou meios de transporte para chegar ao local de tratamento, ou ainda, que demonstre forte preferência pela hospitalização. Oferece o acompanhamento por terapeutas e profissionais da saúde por um período de 21 a 28 dias. Devido aos custos elevados muitas vezes precisa ser substituído por tratamentos ambulatoriais. É também visto como um espaço para motivação do paciente com problemas relacionados ao uso de drogas. O departamento que trata desse tipo de problema costuma ser chamado de enfermaria de desintoxicação, a internação e permanência nesses locais são voluntárias e acompanham o período de abstinência. Hospital-dia Oferece o mesmo programa de tratamento que a hospitalização, mas é menos restritivo já que os pacientes vivem em suas residências. As abordagens utilizadas podem ser intensiva, que incluem freqüência diária e integral; intermediária, com algumas vezes na semana e integral ou parcial ou quase ambulatorial, com visitas semanais e durante meio período. Aplica-se aos dependentes que tem a capacidade de se manter abstinentes por períodos curtos de tempo. Pode ser indicado para pacientes com história de desistência do tratamento ambulatorial ou de recaída imediata após a hospitalização, com ambivalência quanto ao tratamento ou programas de mudanças. O hospital-dia oferece programas de 8 horas/dia, 5 dias da semana e pode durar semanas ou meses. Nesse caso, é preciso que o paciente tenha um bom apoio social/familiar.
2 Ambulatório O tratamento ambulatorial é mais indicado para aqueles indivíduos que descrevem tentativas prévias bem-sucedidas de abstinência, por conta própria ou histórias de sucesso com este método, que tenham dificuldades de recursos para tratamentos intensivos ou dificuldade para serem dispensados do trabalho por períodos mais longos. Funciona com uma equipe multidisciplinar composta por médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas ocupacionais e educadores, todos capacitados para diagnóstico e tratamento do dependente químico. O bom apoio social e a preferência pessoal por esse tipo de tratamento devem ser levados em conta. O tratamento ambulatorial intensivo é um programa de 20 horas por semana, durante o dia ou à noite e tende a durar 4 a 8 semanas. Aplica-se a indivíduos que conseguem ficar abstinentes por períodos mais longos de tempo e não necessitam ser removidos do seu ambiente residencial, do estudo ou do trabalho, mas necessitam de estruturação e apoio. O tratamento ambulatorial menos intensivo pode ser utilizado para pacientes com dependências menos severas, tanto em programas como em consultórios particulares. Presta-se para pacientes com complicações mínimas relacionadas à dependência, que possuem suporte emocional e social, e são capazes de se manter abstinentes em ambientes pouco restritivos. São necessárias 4 h/semana por 2 a 4 meses, podendo ser reduzidas a 1h/semana para se manter períodos mais longos de acompanhamento. Também podem ser utilizados para acompanhamento de pacientes após os programas mais intensivos. Casas de recuperação ou Comunidades terapêuticas Envolvem um local para habitação em uma comunidade com outros dependentes em um ambiente monitorado. Esta vivência de habitação na comunidade, envolvendo-se com outros indivíduos permite que o dependente aprenda a viver enquanto abstêmio. Está indicado para pacientes com história de recaída após a hospitalização ou carência de apoio social. Se combinado com hospital-dia ou programas ambulatoriais noturnos, podem substituir ambientes de hospitalização. De fato, neste caso, há bastante interdependência entre os pacientes da comunidade, inclusive em programas dos 12 passos. As comunidades terapêuticas oferecem um balanço entre reclusão objetiva e suporte afetivo, com o intuito de diminuir as resistências defensivas e iniciar o processo de aprendizagem. A equipe é composta de ex-dependentes e ao menos um profissional para auxiliar nas terapias de grupo, que estimulam aceitação mútua, confronto de defesas, compartilhamento de inventário de vida, fraquezas e forças individuais, documentação de processos de doenças destrutivas, e oferecem auxílio para correção e elogios. Se espera uma experiência corretiva emocional com reconhecimento, pelo dependente, de falta de controle sobre a droga, aceitação de ajuda continuada e resolução de reconstrução de uma identidade mais saudável.
3 Os planos terapêuticos devem ser individualizados para cada paciente, considerando-se as dificuldades e forças do paciente para manter a abstinência em longo prazo. São alterados os detalhes de vida do dependente, com estímulo dos bons hábitos de higiene, maneiras, linguagem, atitude e conduta; no nosso meio, muitos programas valorizam a religiosidade. O ambiente evita contato com outros indivíduos, com imersão total do paciente no tratamento, preenchendo o dia com atividades bem estruturadas do ponto de vista cronológico, não sendo permitidas interferências do mundo externo sobre as atividades, sendo que, em alguns programas, não são permitidos televisão, jornais ou revistas. Consultórios Médicos e outros profissionais da área da saúde, treinados em psicoterapia de apoio ou breve, podem atender em consultórios os pacientes com dependências leves a moderadas e sem complicações associadas importantes. De uma forma geral, estes pacientes devem também freqüentar reuniões de recuperação que seguem os 12 passos. CAPS AD Atenção às Pessoas com Transtornos Decorrentes do Uso de Substâncias Psicoativas na Rede Pública Organização da atenção em saúde mental Toda a atenção baseia-se nos princípios do SUS (Sistema Único de Saúde). Acesso universal, público e gratuito às ações e serviços de saúde; integralidade das ações, cuidando do indivíduo como um todo e não como um amontoado de partes; eqüidade, como o dever de atender igualmente o direito de cada um, respeitando suas diferenças; descentralização dos recursos de saúde garantindo cuidado de boa qualidade o mais próximo dos usuários que dele necessitam; controle social exercido pelos conselhos municipais, estaduais e nacional de saúde com representação dos usuários, trabalhadores, prestadores, organizações da sociedade civil e instituições formadoras. Para alcançar esses princípios propõem-se a organização de uma rede de atenção às pessoas que sofrem com transtornos mentais e suas famílias, amigos e interessados. Para constituir essa rede, todos os recursos afetivos (relações pessoais, familiares, amigos etc.), sanitários (serviços de saúde), sociais (moradia, trabalho, escola, esporte etc.), econômicos (dinheiro, previdência etc.), culturais, religiosos e de lazer estão convocados para potencializar as equipes de saúde nos esforços de cuidado e reabilitação psicossocial. As redes possuem vários centros, muito complexas e resistentes. O fundamental é que não se perca a dimensão de que o eixo organizador dessas redes são as pessoas, sua existência e seu sofrimento. Criados no intuito de assumir um papel estratégico na articulação e no tecimento dessas redes, surgem os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Estes têm papel tanto de cumprir funções na assistência direta e na regulação da rede de serviços de saúde, trabalhando em conjunto com as equipes de Saúde da Família e Agentes
4 Comunitários de Saúde, quanto na promoção da vida comunitária e da autonomia dos usuários, articulando os recursos existentes em outras redes: sócio-sanitárias, jurídicas, cooperativas de trabalho, escolas, empresas, etc. A criação dos CAPS fez parte de um intenso movimento social, inicialmente de trabalhadores da saúde mental, que buscavam a melhoria da assistência no Brasil e denunciavam a situação precária dos hospitais psiquiátricos, que ainda eram o único recurso destinado aos usuários portadores de transtornos mentais. Nesse contexto os serviços de saúde mental surgem em vários municípios do país e vão se consolidar como dispositivos eficazes na diminuição de internações e na mudança do modelo assistencial. Considerando os serviços de saúde, a rede de saúde mental pode ser constituída por vários dispositivos assistenciais que possibilitem a atenção psicossocial aos pacientes com transtornos mentais, segundo critérios populacionais e demandas dos municípios. Esta rede pode contar com ações de saúde mental na atenção básica, CAPS, serviços residenciais terapêuticos (SRT), leitos em hospitais gerais, ambulatórios, bem como os CAPS AD e os Serviços Hospitalares de Referência para Álcool e outras Drogas (SHRad). Ela deve funcionar de forma articulada, tendo os CAPS como serviços estratégicos na organização de sua porta de entrada e de sua regulação. Organização da atenção às pessoas com transtornos decorrentes do uso de SPA Os CAPS AD são serviços para municípios com população acima de habitantes, especializados em saúde mental que atendem pessoas com problemas decorrentes do uso ou abuso de álcool e outras drogas em diferentes níveis de cuidado: intensivo (diariamente), semi-intensivo (de 2 a 3 vezes por semana) e não-intensivo (até 3 vezes por mês). São serviços ambulatoriais territorializados, tendo como princípio a reinserção social. Realizam ações de assistência (medicação, terapias, oficinas terapêuticas, atenção familiar), de prevenção e capacitação de profissionais para lidar com os dependentes. Tendo ainda a função de organizar a rede mais ampla de atenção às pessoas com problemas decorrentes do uso ou abuso de álcool e outras drogas. A política de atenção a álcool e outras drogas prevê que nessa rede insiram-se leitos para internação em hospitais gerais (para desintoxicação e outros tratamentos), os chamados Serviços Hospitalares de Referência para Álcool e outras Drogas (SHRad) para municípios acima de habitantes. Os principais objetivos dos SHRad serão o atendimento de casos de urgência/emergência relacionados a álcool e outras drogas (Síndrome de Abstinência Alcoólica, overdose, etc) e a redução de internações de alcoolistas e dependentes de outras drogas em hospitais psiquiátricos. Estes serviços devem trabalhar com a lógica da redução de danos como eixo central ao atendimento aos usuários/dependentes de álcool e outras drogas. Ou seja, o tratamento deve estar pautado na realidade de cada caso, o que não quer dizer abstinência para todos os casos.
5 Os CAPS AD possuem essa linha teórica norteadora da redução de danos e executam um trabalho independente do Ministério da Saúde (MS), não sendo imposto nenhum método de funcionamento, e sim, de descentralização, de respeito à realidade local. Existe a perspectiva de estabelecer protocolos de avaliação, pensando-se em criar uma política metodológica norteadora mais específica para todos. Já existem no país diversos CAPS AD, com horário de funcionamento das 8 às 18h, de segunda a sexta-feira, podendo ter um terceiro período, funcionando até às 21h. Até o final de 2006, existiam no país 138 CAPS AD já credenciados como tal no MS, e diversos outros ainda em fase de estruturação. As informações sobre os CAPS AD, CAPS e CAPS i (infância e adolescência) como localidade, endereço, telefone, etc. podem ser obtidas no VIVAVOZ ( ). O número de serviços aumentou em 2 vezes e meia entre 2003 e 2006 e, embora a maioria deles ainda se concentre nas regiões Sul e Sudeste, é evidente o impacto, no acesso ao tratamento, da expansão de serviços em estados onde a assistência extra-hospitalar em saúde mental era praticamente inexistente, especialmente nas regiões Nordeste e Centro-Oeste. A busca por um modelo ideal de atenção a saúde é um processo em constante evolução, que como qualquer processo sofre as influências dos diversos aspectos presentes na rede em que está inserido. O modelo apresentado é o que no presente momento retrata toda a evolução e influências condensadas, sendo visto como um modelo de ponta em todo o mundo. Saiba mais: VIVA VOZ:
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