UM EVENTO CIENTÍFICO COM CARÁTER EDUCATIVO TRANSFORMADOR: A EXPERIÊNCIA DO VII CBSAF DIÁLOGO E INTEGRAÇÃO DE SABERES PARA SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS
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- Rosa Campelo Fortunato
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1 1 UM EVENTO CIENTÍFICO COM CARÁTER EDUCATIVO TRANSFORMADOR: A EXPERIÊNCIA DO VII CBSAF DIÁLOGO E INTEGRAÇÃO DE SABERES PARA SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS Ynaiá Masse Bueno Embrapa Sede / DF Fabiana Mongeli Peneireiro Mutirão Agroflorestal / Lab. da Complexidade - UnB 1.1. Descrição: a. Resumo: O VII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais (VII CBSAF) foi um evento que congregou cerca de 600 pessoas (pesquisadores, agricultores, gestores, técnicos, educadores, estudantes), do Brasil todo, inclusive de outros países da América Latina, com diferentes olhares, envolvidas nessa temática. Caracterizou-se em um evento de caráter educativo, propositivo e inovador. A metodologia propiciou o diálogo entre os participantes, convidando-os à escuta sensível, à abertura, à solidariedade, ao respeito, à proatividade, ao convívio, à abordagem transdisciplinar. Esse grande círculo de aprendizagem promoveu a emergência de uma consciência crítica multidimensional, para promover o avanço do conhecimento e políticas públicas, relacionados a sistemas agroflorestais (SAFs), com foco na sustentabilidade. Palavras-chaves: diálogo de saberes, sistemas agroflorestais, educação para a sustentabilidade. b. Contexto: O VII CBSAF foi promovido pela Sociedade Brasileira de Sistemas Agroflorestais (SBSAF) e realizado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a ONG Mutirão Agroflorestal e Emater/DF (Empresa de assistência técnica e extensão rural do DF). A participação efetiva de diferentes atores da sociedade foi preponderante para a construção de um evento dialógico e propositivo. Participaram do evento, aproximadamente 600 pessoas, que dialogaram sobre diversas temáticas referentes a SAFs e sociedades sustentáveis. c. Cronograma: Etapa preparatória: julho de 2008 à junho de 2009; Etapa de realização: 22 a 25 de junho de 2009.
2 2 d. Sete saberes: Vários saberes foram abordados, mas podemos evidenciar: a cegueira do conhecimento (ao se questionar o paradigma científico dominante, cartesiana, incompatível com a construção do conhecimento e tecnologias sustentáveis), ensinar a compreensão (ao promover o diálogo de saberes, convidando a todos para se expressarem e praticarem a escuta sensível), e ensinar a identidade terrena, ao focar em educação para a sustentabilidade Detalhamento Breve histórico da instituição A SBSAF é uma sociedade civil, de caráter técnico-científico, sem fins lucrativos, promotora dos congressos relacionados a este tema. A sétima versão do congresso construiu-se por uma parceria entre a SBSAF, a EMBRAPA, a ONG MUTIRÃO AGRO- FLORESTAL a EMATER/DF. Pode-se dizer que o perfil da comunidade a quem se dirigia o congresso até sua sexta edição era quase que exclusivamente a científica. No entanto, a ampliação das parcerias e a inserção de diferentes olhares ampliaram o perfil da comunidade beneficiada. Todos os presentes: agricultores, gestores, técnicos, professores, estudantes, pesquisadores, integrantes de movimentos sociais tornaram-se protagonistas nos diálogos de saberes estabelecidos, ensinando e aprendendo uns com os outros, dado seus diferentes pontos de vista, realidades, crenças e visão de mundo. a. Objetivos gerais Fazer de um evento científico, um espaço de aprendizagem coletiva, por meio do compartilhamento de conhecimentos e experiências em SAFs que promovam a sustentabilidade local e global. b. Objetivos específicos: Dentre os objetivos específicos, o VII CBSAF buscou: i) disseminar conhecimentos, experiências e métodos de construção do conhecimento em SAFs oriundos da pesquisa científica clássica e das inovações dos agricultores; ii) subsidiar a formulação de políticas públicas para a sustentabilidade; iii) discutir diversos temas relacionados a SAFs; iv) promover nos participantes a reflexão e a construção de conhecimentos e valores pertinentes à sustentabilidade. Buscou-se abordar a complexidade por meio de diferentes abordagens e olhares sobre diversos temas; utilizar metodologias apropriadas e ambientes acolhedores, como círculos de aprendizagem, que estimulassem a reflexão do participante. No que se refere a atitudes, buscou-se estimular a escuta sensível, a valorização dos diferentes saberes, o respeito à diversidade, a abertura para o novo, o aprender com o outro.
3 3 c. Conteúdos curriculares: Os temas abordados, com foco em SAFs e sustentabilidade, foram: SAFs na agricultura familiar e na realidade indígena; segurança e soberania alimentar; conceitos e indicadores de sustentabilidade; sistemas silvipastoris; recuperação de áreas degradadas; mudanças climáticas; biodiversidade; pesquisa; educação; crédito; legislação ambiental; políticas públicas; viabilidade socioambiental e econômica; economia ecológica, serviços ambientais e produtos da sociobiodiversidade; beneficiamento de produtos agroflorestais; mercado justo e certificação; e construção do conhecimento. d. Estratégias utilizadas Para construir um evento inovador, a participação ativa e efetiva dos representantes da sociedade1 nos diferentes momentos do evento foi fundamental. Dentre as premissas básicas que centraram a construção deste evento destacam-se: participação, valorização dos saberes científicos e populares, respeito à diversidade e o cuidado incondicional com as pessoas. Duas oficinas foram realizadas para definir o tema, o formato e buscar sugestões de experiências científicas e populares em SAFs. A partir dos resultados das oficinas decidiu-se utilizar uma metodologia inovadora que promovesse o diálogo e a integração de saberes em todos os momentos do evento. Neste sentido, cada temática deveria ser apresentada por dois convidados evidenciando mais de um olhar (pesquisador(a), gestor(a) público(a), agricultor(a), educador(a), técnicos); os palestrantes teriam o papel de introduzir o tema e fornecer elementos para a discussão coletiva; os participantes do evento teriam tempo para debater e contar suas experiências; além dos trabalhos científicos também seria estimulado o envio de experiências de agricultores e técnicos; os debates deveriam gerar reflexões, aprendizagens, construções e desconstruções individuais e coletivas; a programação deveria refletir os temas atuais e as demandas da sociedade para o avanço do conhecimento e de políticas públicas em SAFs. e. Avaliação: Os objetivos esperados foram plenamente alcançados. O evento cumpriu seu papel educativo ao funcionar como uma comunidade de aprendizagem, estimulada por metodologias participativas. As oficinas apontaram encaminhamentos de ações propositivas para subsidiar políticas públicas relacionadas à educação, pesquisa, legislação, assistência técnica e extensão rural. O círculo de experiência criou uma rede de intercâmbio entre profissionais que atuam com SAFs e o círculo de integração gerou uma forte reflexão individual e coletiva sobre aprendizagens e desconstruções2. Além disso, o evento contribuiu para a formação de uma rede social que tem como objetivo integrar os participantes e dar continuidade nas ações construídas durante o evento3. Em relação às aprendizagens, destacamos: i) o desafio e a riqueza da construção coletiva na diversidade de saberes e vivências; ii) a fluidez dos processos dado à criação de laços de confiança mútua; iii) não ter medo de inovar; iv) a eficácia da metodologia adequada para atingir distintos objetivos; v) a importância de cuidar das pessoas; vi) a ênfase às atitudes humanas desejáveis no evento; vii) o poder da vivência, do lúdico e dos ambientes de convívio sociocultural e intelectual; viii) a importância dos princípios e propósitos comuns na equipe, coerentes com a proposta.
4 4 f. Projeto: Os pontos fortes que podemos destacar são: Inovação: diálogo entre vários atores Envolvimento efetivo dos participantes Mobilização das dimensões afetivas/emotivas na construção do conhecimento Clima favorável para abertura na aprendizagem Intercâmbio de experiências Diálogo de saberes Redes / integração / laços entre as pessoas Caminhos para a sustentabilidade foram apontados Ações propositivas Abordagem transdisciplinar / não cartesiana Metodologia acertada para promover o diálogo g. Considerações sobre Os Sete Saberes e sua relação com o projeto apresentado. Abaixo se apresenta a relação dos saberes com o projeto apresentado, exemplificado por alguns comentários dos participantes (entre aspas): Enfrentar as incertezas: quando se abre ao diálogo, quando a metodologia é participativa, aberta, se expõe à incerteza, pois não se tem o controle da situação. Estar ciente de que o caminho se faz ao caminhar, orientado por uma ética, por valores e princípios, por uma metodologia coerente com o propósito maior, certamente resultará em algo construído no coletivo, complexo e apropriado para o grupo. SAFs numa abordagem da sustentabilidade, tema desse congresso, traz algo inovador carregado de incertezas, por não termos controle de todos os processos, porém, se tivermos confiança e trabalharmos com a complexidade intrínseca à natureza, promovendo os processos de vida em sinergia, podemos obter o esperado sem efeitos socioambientais colaterais. Ensinar a compreensão: diálogo de saberes, co-responsabilidade, solidariedade moral e intelectual, aprender com o outro, querer ouvir o outro, respeitar as diferenças, compartilhar seus aprendizados e suas dúvidas, escuta sensível, simpática, se colocar no lugar do outro (compaixão). Todos esses aspectos emergiram durante o evento O individualismo leva a ações longe de harmonizar o convívio ; O outro está certo no caminho dele. Por meio de músicas, danças e dinâmicas, construiu-se um clima receptivo, acolhedor, um convite à gentileza. Princípios do conhecimento pertinente: Ao propiciar que cada palestrante apresentasse sua experiência contextualizada e dialogasse com os demais, criou-se uma comunicação horizontal e pertinente, por instigar a construção de propostas concretas a serem encaminhadas. Durante o diálogo, ao vir à tona diferentes racionalidades, a abordagem, muitas vezes, foi transdisciplinar.
5 5 As cegueiras do conhecimento: A pesquisa clássica em geral é descontextualizada da realidade local. Existem várias experiências relevantes acontecendo em diferentes contextos socioambientais.ao invés de repassar o conhecimento expositivamente e hierarquicamente, experimentamos a construção do conhecimento coletivo. A abordagem da sustentabilidade traz necessariamente o pressuposto de se ter que lidar com a complexidade, pois há inúmeras questões envolvidas e se enraíza em valores éticos. Esse evento proporcionou essa abordagem sistêmica e carregada de propósito (com foco na sustentabilidade: manutenção da vida com justiça social). Ensinar a condição humana: No evento pudemos perceber: a compreensão do outro e a consciência da complexidade humana, a identificação do ser humano como parte da natureza, reconhecendo nossa identidade terrena física e biológica. Evidenciou a importância de se ver o ser humano como integral, não somente um ser racional, mas também da afetividade, dos sonhos. Esse evento propiciou a abordagem do conhecimento racional-empírico-técnico juntamente com o conhecimento simbólico, poético. Ensinar a identidade terrena: Aprender a estar no planeta: durante todo o evento a tônica foi, a partir dos espaços de troca, promover a educação para a sustentabilidade, considerando as múltiplas dimensões (técnicas, ecológicas, políticas, educacionais, socioambientais, econômicas, etc). Nessa abordagem pressupõe-se o desenvolvimento de uma consciência ecológica, de uma educação para a solidariedade, a cooperação e a cidadania. A ética do gênero humano: exerceu-se a cidadania ao se propor encaminhamentos a órgãos competentes responsáveis por políticas públicas e fomento com relação à pesquisa, crédito, educação, legislação ambiental e extensão rural. As moções propostas ao final do evento refletiram preocupações de ordem local e global, evidenciando a co-responsabilidade e cidadania, numa oportunidade de exercer seu papel como ser humano, transformador da realidade.
6 Um evento científico com caráter educativo transformador: a experiência do vii cbsaf Diálogo e integração de saberes para sociedades sustentáveis Ynaiá Masse Bueno Embrapa Sede / DF Fabiana Mongeli Peneireiro Mutirão Agroflorestal / Lab. da Complexidade - UnB Resumo: O VII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais (VII CBSAF) foi um evento que congregou cerca de 600 pessoas (pesquisadores, agricultores, gestores, técnicos, educadores, estudantes), do Brasil todo, inclusive de outros países da América Latina, com diferentes olhares, envolvidas nessa temática. Caracterizou-se em um evento de caráter educativo, propositivo e inovador. A metodologia propiciou o diálogo entre os participantes, convidando-os à escuta sensível, à abertura, à solidariedade, ao respeito, à proatividade, ao convívio, à abordagem transdisciplinar. Esse grande círculo de aprendizagem promoveu a emergência de uma consciência crítica multidimensional, para promover o avanço do conhecimento e políticas públicas, relacionados a sistemas agroflorestais (SAFs), com foco na sustentabilidade. Os pontos fortes que podemos destacar são: Inovação: diálogo entre vários atores Envolvimento efetivo dos participantes Objetivos Fazer de um evento científico, um espaço de aprendizagem coletiva, por meio do compartilhamento de conhecimentos e experiências em SAFs que promovam a sustentabilidade local e global. Buscou-se abordar a complexidade por meio de diferentes abordagens e olhares sobre diversos temas; utilizar metodologias apropriadas e ambientes acolhedores, como círculos de aprendizagem, que estimulassem a reflexão do participante. No que se refere a atitudes, buscou-se estimular a escuta sensível, a valorização dos diferentes saberes, o respeito à diversidade, a abertura para o novo, o aprender com o outro. Mobilização das dimensões afetivas/emotivas na construção do conhecimento Clima favorável para abertura na aprendizagem Intercâmbio de experiências Diálogo de saberes Redes / integração / laços entre as pessoas Caminhos para a sustentabilidade foram apontados Ações propositivas Abordagem transdisciplinar / não cartesiana Metodologia acertada para promover o diálogo Os temas abordados, com foco em SAFs e sustentabilidade, foram: SAFs na agricultura familiar e na realidade indígena; segurança e soberania alimentar; conceitos e indicadores de sustentabilidade; sistemas silvipastoris; recuperação de áreas degradadas; mudanças climáticas; biodiversidade; pesquisa; educação; crédito; legislação ambiental; políticas públicas; viabilidade socioambiental e econômica; economia ecológica, serviços ambientais e produtos da sociobiodiversidade; beneficiamento de produtos agroflorestais; mercado justo e certificação; e construção do conhecimento. Vários saberes foram abordados, mas podemos evidenciar: a cegueira do conhecimento (ao se questionar o paradigma científico dominante, cartesiana, incompatível com a construção do conhecimento e tecnologias sustentáveis), ensinar a compreensão (ao promover o diálogo de saberes, convidando a todos para se expressarem e praticarem a escuta sensível), e ensinar a identidade terrena, ao focar em educação para a sustentabilidade. Palavras-chaves: diálogo de saberes, sistemas agroflorestais, educação para a sustentabilidade.
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