Margarete Bertolo Boccia Marie Rose Dabul Sandra da Costa Lacerda (orgs.) GESTÃO ESCOLAR EM DESTAQUE



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Transcrição:

Margarete Bertolo Boccia Marie Rose Dabul Sandra da Costa Lacerda (orgs.) GESTÃO ESCOLAR EM DESTAQUE

Conselho Editorial Av Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 11 4521-6315 2449-0740 contato@editorialpaco.com.br Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt 2013 Margarete Bertolo Boccia; Marie Rose Dabul e Sandra da Costa Lacerda Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. B6309 Boccia, Margarete Bertolo; Dabul, Marie Rose; Lacerda, Sandra da Costa (orgs.) Gestão Escolar em Destaque (Pedagogia de A a Z; vol.5)/ Margarete Bertolo Boccia, Marie Rose Dabul e Sandra da Costa Lacerda (orgs.). Jundiaí, Paco Editorial: 2013. 208 p. Inclui bibliografia. Vários autores. ISBN: 978-85-8148-230-9 1. Pedagogia 2. Gestão Escolar 3. Política Escolar 4. Administração. I. Boccia, Margarete Bertolo II. Dabul, Marie Rose III. Lacerda, Sandra da Costa Índices para catálogo sistemático: Educação Pedagogia 370 Administração Escolar Organização Escolar 371.2 CDD: 370 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi feito Depósito Legal

Sumário Apresentação...5 Prefácio...7 Capítulo 1 Competências Necessárias à Equipe Gestora...11 Margarete Bertolo Boccia Marie Rose Dabul Capítulo 2 Organização e Gestão da Escola na Perspectiva Democrática: Desafios...43 Márcia Cristina Barragan Moraes Toledo Capítulo 3 A Equipe Gestora e o Investimento na Formação dos Professores...57 Nilza Donizetti Dias Ferreira Capítulo 4 Direção e Coordenação Pedagógica: Foco no Aluno...81 Simone Santoro Romano Capítulo 5 Gestão e a Cultura Organizacional...105 Sandra da Costa Lacerda

Capítulo 6 Gestão Escolar e Avaliação da Aprendizagem: Um Encontro Necessário à Qualidade do Desempenho...123 Maria do Socorro Taurino Capítulo 7 Gestão Escolar: Processos Inclusivos...141 Denys Munhoz Marsiglia Capítulo 8 A Gestão da Diversidade Cultural na Escola: Por uma Gestão Multicultural...163 Rosiley Aparecida Teixeira Capítulo 9 Gestão Escolar: A Escola em Situação de Vulnerabilidade Social...187 Jadilson Lourenço da Silva Os Autores...201

apresentação O 5º volume da Coletânea de A a Z aborda a Gestão Escolar tendo como objetivo contribuir para que diretores, coordenadores, supervisores e demais membros da equipe, reflitam sobre as bases da gestão para norteamento do seu trabalho, contribuindo assim para o estabelecimento de ações de gestão mais consistentes e orientadas, cujo foco principal é a aprendizagem dos alunos e sua formação. Segundo a professora Graziela Zambão que honrosamente prefaciou a obra, o material aqui reunido instiga a polêmica ao trazer à tona questões referentes, por exemplo, às competências da equipe gestora e a vulnerabilidade social. Para ela ainda os autores apontam possibilidades de enriquecimento a partir de novas leituras e ou/trabalho coletivo de diálogo, além de desafiar o debate terminológico na área de gestão educacional que já se constitui como preocupação dos clássicos da teoria administrativa escolar. O presente volume parte das características da tríade gestora, definindo competências, habilidades, atribuições e saberes, apresenta os desafios que enfrenta no espaço escolar procurando sinalizar ao leitor o caminho a ser percorrido, sob a luz dos autores que pesquisam e contribuem para a plena efetivação de uma gestão escolar democrática. Os autores versam ainda sobre o investimento da equipe gestora na formação dos professores como um ato contínuo, ressaltando a importância de um trabalho integrado e articulado entre direção e coordenação, pois é no cotidiano da escola que se estabelecem as interações numa permanente (re) construção de valores, crenças, modos de ser, pensar, sentir e de agir. A preocupação com os resultados obtidos, em termos de aprendizagem, faz-se sentir na comunidade escolar e foi tema abordado neste volume, como também a discussão dos processos 5

Margarete Bertolo Boccia, Marie Rose Dabul e Sandra da Costa Lacerda inclusivos, o papel da escola e de seus gestores quanto às aprendizagens multiculturais na e pela escola. Finalmente há uma análise sobre o trabalho da equipe gestora em situação de vulnerabilidade social e dificuldades enfrentadas pelos gestores na realização da política educacional oficial, nas situações de ensino aprendizagem e na gestão de recursos humanos e financeiros. Esperamos que a presente obra possibilite questionamentos, norteie reflexões sobre a gestão contribuindo assim para a plena efetivação de uma gestão escolar democrática. Margarete Marie Rose Sandra (orgs) 6

prefácio [...] há um modo de fazer e de criar conhecimentos no cotidiano, diferente daquele aprendido na modernidade, especialmente, mas não só, com a ciência. Para poder estudar estes modos diferentes de fazerpensar, nos quais se misturam agir, pensar, lembrar, criar e dizer, em um movimento a que podemos denominar práticateoriaprática, é preciso nos dedicarmos a questionar os caminhos já sabidos e indicar a possibilidade de traçar novos caminhos no mais das vezes, apenas atalhos. (ALVES e GARCIA, 2001, p. 1-37) Ao realizar a primeira leitura desse Caderno de Gestão para atender ao honroso convite de redigir o prefácio, lembrei-me imediatamente das leituras e reflexões que vêm sendo realizadas no Centro de Estudos e Pesquisas em Administração da Educação (Cepae), ao longo dos últimos cinco anos, que, de certa forma, estão contempladas na citação em destaque. Ao ser instigado pelo movimento da área da Administração da educação, que compartilha da especificidade da escola e da necessidade de construção do conhecimento a partir de seu cotidiano, o grupo mergulhou nos estudos que privilegiam diferentes perspectivas para compreender seu modo de fazer/pensar a pesquisa e se encontrou com inúmeras possibilidades advindas, principalmente, da afirmação: O cotidiano se inventa com mil maneiras de caça não autorizada (CERTEAU, 1994). No sentido indicado e não desconsiderando os debates sobre a contraposição entre os processos gerados pelos novos padrões de regulação e as perspectivas rumo à emancipação social, o grupo discute as possibilidades de contribuição do espaço escolar para a efetivação da justiça social e/ou da Administração escolar na lógica do direito à educação (SILVA apud MACHADO e FERREIRA, 2002, p. 199 212). 7

Graziela Zambão Abdian Maia Nesse ínterim, está presente, de forma direta, a preocupação com a qualidade da escola pública de educação básica. Não desconsiderando o debate lançado por alguns autores nos anos 1990, que, de certa forma, trabalharam com perspectivas dicotômicas de educação e de qualidade de ensino, as possibilidades de contribuição nos sentidos indicados passam, necessariamente, pela construção coletiva, no interior da escola, de seu processo de qualidade. É preciso qualificar a comunidade pais, alunos, funcionários, professores e equipe de gestão a partir de um processo de formação baseado no diálogo e na problematização. O material que ora se apresenta, fruto de proposta de um grupo de professores universitários com larga experiência em escolas de educação básica, proporcionará inúmeras e ricas reflexões a respeito da gestão escolar na perspectiva apresentada. Inúmeras razões me convencem de tal afirmação e gostaria de compartilhar ao menos algumas com o leitor. A obra trabalha com diversos temas que tocam diretamente a realidade da escola pública brasileira, o que possibilita ao leitor transitar por inúmeros debates que vêm sendo realizados no que tange à gestão escolar. Sendo assim, o material instiga a polêmica ao trazer à tona, em um mesmo compêndio, questões referentes, por exemplo, às competências da equipe gestora e à vulnerabilidade social. E, ao levantar diferentes temas e referenciais teóricos, os autores apontam possibilidades de enriquecimento a partir de novas leituras e/ou de trabalho coletivo de diálogo e de problematização dos profissionais da educação em formação inicial ou continuada. Outro aspecto a ser indicado é a possibilidade de a leitura lançar, de forma indireta, o desafio do debate terminológico na área da Gestão Educacional, que já se constituiu como preocupação dos clássicos da teoria administrativa escolar e, até recentemente, não foi superada. Trata-se de um debate indireto porque não foi oferecida tal preocupação ao leitor, no entanto, há o emprego de diferentes usos da terminologia de acordo com as especificidades e subsídios teóricos das pesquisas de cada autor. 8

Gestão Escolar em Destaque Destinada aos profissionais da educação em formação inicial e continuada, o material apresenta-se coerente com este desafio ao instigar os leitores, a partir de listagem de filmes e sites específicos, a buscarem novos elementos integrantes do debate. Retomando a primeira frase da epígrafe e apontando-a em forma interrogativa há um modo de fazer e de criar conhecimentos no cotidiano, diferente daquele aprendido na modernidade?, não teria muitas dúvidas ao afirmar que sim e que a leitura deste Caderno de Gestão vai ao encontro da afirmação ao pressupor que seu leitor principal parte de uma rica experiência profissional (prática), tendo a oportunidade de problematizar e dialogar com os autores (teoria) e retornar à sua atividade de trabalho com novas perspectivas (prática). Nesse sentido, a obra possibilita o questionamento dos caminhos já sabidos e indica a possibilidade de traçar novos caminhos, mas que, necessariamente, não precisam se constituir como atalhos. REFERÊNCIAS Graziela Zambão Abdian Maia 1 ALVES; N.; GARCIA, R. L. A necessidade da orientação coletiva nos estudos sobre o cotidiano duas experiências. Revista Portuguesa da Educação, v. 14, n. 2, Universidade do Minho Portugal, p. 1-37, 2001. 1. Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995), mestrado e doutorado em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2000; 2004) e pós-doutorado, pelo Programa PDJ do CNPq, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, sob supervisão da Profª. Drª Flávia Obino Correa Werle. Professora assistente doutora da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Marília/SP). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Administração de Sistemas Educacionais, atuando principalmente nos seguintes temas: administração da educação, política educacional, administração escolar, formação e função do administrador escolar. 9

Graziela Zambão Abdian Maia CERTEAU, M. A invenção do cotidiano I: as artes do fazer. Petrópolis: Vozes, 1994. SILVA JR., C. A. O espaço da administração no tempo da gestão. In: MACHADO, L. M.; FERREIRA, N. S. C. (orgs.). Política e gestão da educação: dois olhares. Rio de Janeiro: DP&A, 2002, p. 199 212. 10

Capítulo 1 ComPETÊNCiAS NECESSáriAS À EQuiPE GESTorA Margarete Bertolo Boccia Marie Rose Dabul INTRODUÇÃO O presente capítulo versa sobre as competências necessárias aos gestores escolares, compreendendo entre esses gestores os coordenadores pedagógicos, os diretores e os supervisores de escola. Segundo Terezinha Rios (2004, p. 9-10), o termo competência é compreendido como: O fato de se estabelecer uma polêmica com relação à competência já revela uma preocupação com o dever ser do desempenho do educador. Se analisarmos a expressão saber fazer bem como explicitadora do que é necessário ao educador para que ele ocupe o lugar que lhe compete na organização social, vamos verificar que o advérbio bem indica algo que diz respeito tanto à verdade, do ponto de vista do conhecimento, como ao valor, do ponto de vista da atitude que se exige do educador. Ser competente é saber fazer bem o dever. Ao dever se articulam, além do saber, o querer e o poder. Assim, para Rios (2004, p. 10), qualquer que seja o espaço de atuação dos indivíduos, necessita-se da competência profissional, pois, a dimensão ética da competência não está presente apenas na competência do educador. Ainda para efeito de compreensão, trataremos de modo articulado buscando marcar distinções e aproximações entre as rea- 11

Margarete Bertolo Boccia e Marie Rose Dabul lidades apresentadas por estes gestores nas redes de ensino em que podem atuar, principalmente, na cidade de São Paulo, a saber: a rede municipal, a rede estadual de ensino e a rede privada de ensino. Nas redes municipal e estadual de ensino, as legislações pertinentes farão o pano de fundo para as análises apresentadas. O eixo condutor do texto será sempre a apresentação das competências, habilidades, atribuições e saberes necessários aos gestores para sua atuação no cotidiano das escolas. Visa-se discutir possibilidades e alternativas à prática gestora. O trabalho a ser realizado pelos pedagogos atualmente, a partir da promulgação da LDB n. 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), está pautado, prioritariamente, na prática docente em sala de aula atuação como professor ou, ainda, na prática gestora considerando atuações em situações fora do espaço de sala de aula, de gestão de espaços, pessoas, procedimentos, ações, etc, de fundamental importância na escola para sua estruturação, organização e funcionamento em todos os sentidos. Dentro da prática gestora, o coordenador pedagógico, o diretor e o supervisor de ensino formam a tríade gestora e apresentam-se com suas características e diferenças, nas três redes de ensino que serão consideradas. Outros gestores que não se configuram nas redes a serem tratadas não participarão desse estudo devido às particularidades que não poderão ser tratadas. Para desenvolvimento da temática proposta faz-se necessário definirmos inicialmente que competência é a qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa: capacidade, habilidade, aptidão, idoneidade (QUEIROZ, 2003, p. 57). Ao discutir neste capítulo o termo habilidade verifica-se que é capacidade, aptidão, destreza (QUEIROZ, 2003, p. 137), enquanto atribuição é o ato ou efeito de atribuir, prerrogativa; privilégio, faculdade inerente a um cargo (FERREIRA, 2004, p. 152). O termo saber está definido no Dicionário Prático de Pedagogia como: conjunto de 12

Gestão Escolar em Destaque conhecimentos mais ou menos sistematizados; capacidade de pôr em prática uma atividade, um ofício ou conhecimento aprendido (QUEIROZ, 2003, p. 219). Como educadores, o trio gestor, no exercício de seu papel, deve procurar executar um trabalho articulado de pessoas, no qual todos se reúnem em torno de tarefas específicas, com objetivos e metas bem definidos, visando, a partir desse trabalho coletivo, favorecer o crescimento do compromisso e da competência de todos os envolvidos. Como afirma Christov (2007, p. 9), esses estudos se fazem necessários também pela própria natureza do saber e do fazer humanos como práticas que se transformam constantemente. A realidade muda e o saber que construímos sobre ela precisa ser revisto e ampliado sempre. Lorieri (2004, p. 7), ao tratar as conceituações que devem direcionar o papel político, ético e social do educador, declara que, se escolhemos ser professores, Primeiro, pensemos no ser educador: educador somos todos, na verdade. Pois todos nós somos mediação para outros seres humanos serem gente de algum modo e os demais seres humanos o são, também para nós. É que nós necessitamos uns dos outros para ser gente: nós nos fazemos humanos, também, nas inter-relações. Uns influenciando os outros e vice-versa. Somos meios, não no sentido de instrumentos, mas no sentido de ambiência necessária que media a nossa humanização. Nossos encontros nos marcam sempre: tanto para querermos algo, como para querermos ser de alguma forma, ou querermos pensar de alguma maneira, ou para sermos ou querermos ser diferentes. Enfim, o coordenador pedagógico, o diretor escolar e o supervisor devem ser pessoas essencialmente humanas, educadores por excelência. 13

Margarete Bertolo Boccia e Marie Rose Dabul Cabe à escola e seus membros, entretanto, aceitar e valorizar o trabalho desses profissionais enquanto peças essenciais na articulação do grupo, capazes de construir caminhos de aproximação, negociação, diálogo, mediação e troca. 1. COORDENADOR PEDAGÓGICO O coordenador pedagógico, como educador dos educadores, é um dos sujeitos que se posiciona à frente de uma equipe, deve ser um profissional da educação presente no cotidiano escolar, deve ter clareza de seus objetivos e dos objetivos da escola, deve estar seguro de seu papel e ser, ainda, um indivíduo que reflete sobre suas ações, de maneira compromissada e envolvida com a escola da qual faz parte. Assim, cabe-lhe a tarefa de acompanhar e assessorar os professores, apoiando-os nas atividades pedagógicas e didáticas inerentes ao currículo das suas respectivas disciplinas. Para ter sucesso, o coordenador pedagógico deve se manter em sintonia com as questões que emergem das distintas identidades e pareceres dos professores referentes às mesmas questões e também exercer um papel influente ante a construção de trabalhos coletivos, com base e desencadeados por meio da cooperação e da troca de saberes e experiências advindas da comunidade educativa. Para Libâneo (2005, p. 342), o coordenador pedagógico é aquele que coordena, acompanha, assessora, apoia e avalia as atividades pedagógico-curriculares. Sua atribuição prioritária é prestar assistência pedagógico-didática aos professores em suas respectivas disciplinas, propiciando momentos de estudos coletivos, renovando conhecimentos, repensando a práxis educativa, buscando alternativas para superar desafios e avaliando permanentemente o desempenho docente, no que diz respeito ao trabalho interativo com os alunos, para o alcance da qualidade de ensino. O papel do coordenador pedagógico está vinculado à sua autoridade e 14

Gestão Escolar em Destaque (...) nasce do seu conhecimento, da sua competência e do fato de estar distanciado do professor. Distância não no sentido de indiferença, mas no sentido de (...) outra função (...) uma posição de distanciamento crítico, para poder ver o seu professor, perceber suas dificuldades, suas incertezas, seu processo na constituição dos instrumentos metodológicos, etc. O distanciamento permite então que o leia e, através desta leitura objetiva, encaminhe seu processo de construção de conhecimentos pedagógicos. O coordenador precisa ter clareza de que é diferente do professor, o que não significa ser superior, mas que contribui de forma diferente. Não é uma troca justamente porque não são iguais. O coordenador dirige o processo (...) o coordenador intervém no processo de crescimento do professor instrumentalizando-o a partir de uma reflexão conjunta aberta, crítica e sincera. Acompanha as dificuldades e explicita-as, sugerindo encaminhamentos para a sua superação. (SÃO PAULO, SME, 1992, p. 3 apud BARTMAN, 1992) Deste modo parece admissível propor que esse processo de constituição do fazer do coordenador, sugerido por Bartman (1992), é construído ao longo de um trabalho cujo amadurecimento vem, dentre outros fatores, do enfrentamento de desafios. Libanêo (2005, p. 342) afirma também que outra atribuição do coordenador pedagógico é o relacionamento com os pais e com a comunidade, especialmente no que se refere ao funcionamento pedagógico-curricular e didático da escola, à comunicação das avaliações dos alunos e à interpretação feita delas. Uma boa relação entre o coordenador e a comunidade, além de contribuir reforçando os direitos da cidadania, fortaleceria os princípios de uma parceria construtiva e participativa, o que facilitaria a efetivação do projeto pedagógico-curricular e didático da escola e possibilitaria uma reflexão crítica sobre os procedi- 15