Racionalidade do Dinheiro. Contrapontos à racionalidade ambiental
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- Manoel Felipe Aleixo de Andrade
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1 Racionalidade do Dinheiro Contrapontos à racionalidade ambiental
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4 Conselho Editorial Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antônio Carlos Giuliani Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Eraldo Leme Batista Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Magali Rosa de Sant Anna Prof. Dr. Marco Morel Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Prof. Dr. Sérgio Nunes de Jesus Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt 2016 Carlos Alberto Franco da Costa; Marcos Fábio Freire Montysuma Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. F8482 Franco da Costa, Carlos Alberto; Montysuma, Marcos Fábio Freire Racionalidade do Dinheiro: Contrapontos à racionalidade ambiental/carlos Alberto Franco da Costa; Marcos Fábio Freire Montysuma. Jundiaí, Paco Editorial: p. Inclui bibliografia. ISBN: Racionalidade econômica 2. Crise ambiental 3. Racionalidade ambiental 4. Meio ambiente I. Franco da Costa, Carlos Alberto II. Montysuma, Marcos Fábio Freire. CDD: 332 Índices para catálogo sistemático: Dinheiro Recursos naturais e energia IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi feito Depósito Legal Av. Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP contato@editorialpaco.com.br
5 Dedicamos este livro a nossas esposas: Bianca e Rose.
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7 O dinheiro representa uma nova forma de escravidão impessoal, em lugar da escravidão pessoal (León Tolstoi)
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9 Agradecemos a todos que colaboraram direta e indiretamente com a publicação deste livro, especialmente aos professores do Programa de Pós- -Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC.
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11 Sumário Apresentação...13 CAPÍTULO 1 As Relações Homem-Natureza e a Construção de uma Racionalidade Instrumental A dialética das relações Homem-Natureza: do mito à razão instrumental...21 CAPÍTULO 2 Da Razão Instrumental à Racionalidade Econômica: Não basta instrumentalizar, tem que maximizar Razão e racionalidade Comportamento racional e racionalidade econômica Racionalidade e desenvolvimento técnico: A Escola de Frankfurt Racionalidade econômica dos indivíduos: valoração e escolha racional...55 CAPÍTULO 3 As Mutações do Dinheiro: Da desconfiança a modelo de racionalidade A primeira mutação: a desconfiança virou aceitação geral A segunda mutação: o econômico virou crematístico A terceira mutação: da maximização do lucro à maximização do poder A quarta mutação: o meio virou fim...102
12 CAPÍTULO 4 O Sistema Econômico Consolida a Racionalidade do Dinheiro A racionalidade econômica do capitalismo A racionalidade econômica da empresa CAPÍTULO 5 Racionalidade Ambiental: Contrapontos à racionalidade do dinheiro Racionalidade Ambiental como proposta de uma racionalidade alternativa Contrapontos à racionalidade do dinheiro CAPÍTULO 6 Irracionalidades e Patologias do Dinheiro Racionalidade do dinheiro: uma irracionalidade produtiva e termodinâmica Racionalidade do dinheiro: uma esquizofrenia social Considerações Finais Referências...177
13 Apresentação Quando se usa o termo racionalidade no cotidiano, normalmente as pessoas o associam a três ideias: A primeira é a de que é preferível agir usando a razão, a se deixar dominar pelos perigos das emoções, a segunda se refere à identificação automática com o uso de técnicas ou tecnologias que buscam a padronização e a eficiência na realização de trabalhos rotineiros, e a terceira diz respeito ao uso do conceito de racionalidade econômica como sinônimo de maximização de benefícios, normalmente monetários, consolidando a ideia de que o importante na vida é ganhar dinheiro. Além do mais, ganhar dinheiro é considerado um comportamento racional, como se fosse uma ação exclusivamente econômica, desconsiderando processos e interconexões históricas, sociais, ideológicas, culturais e biológicas. Nosso objetivo é fazer uma discussão sobre a concepção de racionalidade oriunda da Grécia Antiga até a consolidação do conceito de racionalidade econômica contemporâneo. Propomos colocar o conceito de racionalidade ambiental como um contraponto ao conceito dominante de racionalidade econômica, levando-se em conta o seguinte questionamento: É possível a construção de uma racionalidade ambiental que seja capaz de colocar a natureza e os limites físicos do planeta à frente da supremacia da racionalidade econômica? Para responder a este questionamento é preciso remontar ao significado do termo racionalidade na Grécia Antiga, em que a busca por objetivos de vida mais abrangentes entrelaçava o homem, a sociedade e a natureza em sua concepção de mundo, ao passo que na sociedade capitalista, o conceito de racionalidade sofreu mutações até assumir a forma de racionalidade econômica, tendo a ciência moderna e seus processos de racionalização e tecnificação como seus principais indutores. Nos dias de hoje, assumiu a forma monetária para dominar as relações econômicas. 13
14 Carlos Alberto Franco da Costa Marcos Fábio Freire Montysuma A análise toma como ponto de partida a visão psicoeconômica de Georg Simmel, pela qual o dinheiro, mais que um objeto intermediário nas relações de troca, é visto como um símbolo, e assim sendo, afirmamos que o dinheiro se tornou o principal símbolo de riqueza e poder na sociedade capitalista. Principalmente pelo fato da mundialização financeira ter deslocado o centro de gravidade do capitalismo da esfera produtiva para a esfera financeira, fazendo com que as pessoas, cada vez mais, passassem a acreditar que o principal objetivo da vida é ganhar dinheiro. Do ponto de vista metodológico, abordamos o tema do dinheiro com uma perspectiva transdisciplinar, por considerar que o conhecimento cartesiano deve ser ampliado para imagens do mundo conectadas com a totalidade da vida e, por isso, o dinheiro não pode ser compreendido a partir de uma ciência isolada. Nossa reflexão aborda ainda o fato de que a humanidade vive problemas sem precedentes que ameaçam a sua existência, porém, não aceita esta afirmação associada à ideia de que existe uma crise ambiental, como se a natureza passasse por uma crise na qual todos os problemas são de ordem passageira e nunca baterão à nossa porta. Esta visão dominante trata a natureza como uma adolescente rebelde, fazendo crer que superando esta crise, a natureza retomaria um possível equilíbrio anterior, e voltaríamos a viver em condições normais de produção, consumo, geração de resíduos e ganhos financeiros, evidenciando sua impotência para resolver os problemas ambientais. Por isso, apresenta soluções paliativas para conviver com os problemas e adequá-los à racionalidade do dinheiro. O livro aborda a crise ambiental como um processo de mutação global que se manifesta na forma de transformações ambientais, sociais e econômicas, principalmente nas relações do homem com a natureza. As mutações são ambientais, enquanto a crise é de uma civilização, que vê seus equilíbrios econômicos ameaçados por constantes e irreparáveis falhas de mercado e 14
15 Racionalidade do Dinheiro crescente entropia. Neste processo, mostramos a necessidade de mudanças na racionalidade do sistema, nas relações interpessoais e no trato com o ambiente natural. Pressupomos a perspectiva de uma mudança na racionalidade econômica, principalmente no aspecto potencializador dos problemas, a financeirização excessiva da sociedade e a racionalidade dela derivada. Não propomos medidas para enfrentar diretamente as mudanças climáticas, o aquecimento global, a poluição de rios e mares, ou a destruição das florestas tropicais, o que propomos é mostrar que existe um modelo de racionalidade que está por trás de todos estes problemas, e que, mais difícil que propor soluções é mudar os comportamentos individuais e coletivos arraigados há séculos em uma sociedade excessivamente racionalista e acumuladora de dinheiro sob as mais diversas formas, principalmente como capital financeiro. Também não é pretensão propor uma sociedade sem mercado ou sem dinheiro, mas, discutir os problemas e limites de uma racionalidade guiada pela acumulação de dinheiro, e que por isso, coloca tudo o mais em segundo plano, inclusive a dignidade do homem e da natureza. Como fio condutor do trabalho, usamos o conceito de racionalidade do dinheiro, assumindo a perspectiva de que o dinheiro não é um objeto neutro, mas o principal símbolo que expressa características e contradições da sociedade contemporânea, atuando em toda a sociedade, induzindo conceitos, relações sociais, padrões de comportamento e de poder, moldando a forma de viver e de pensar da sociedade contemporânea. Assim sendo, para compreender esta racionalidade é preciso considerar interações entre os indivíduos, a sociedade, e a natureza que os rodeia, levando-se em conta que o individuo sofre influência decisiva, mas não exclusiva, do sistema econômico dominante, ao ponto de atribuir ao dinheiro, um instrumento constitutivo do sistema, características racionais, não esquecendo que os sistemas econômicos são construídos culturalmente. 15
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