A verticalização como estratégia de gestão: viabilidade, problemas e implicações



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Transcrição:

A verticalização como estratégia de gestão: viabilidade, problemas e implicações!!

O que está sendo chamado de verticalização Operadoras montando hospitais e outros serviços próprios: Embora o fenômeno fosse observado anteriormente, nos últimos dois anos o número de hospitais pertencentes à operadoras saltou de 300 para 500 (crescimento de 66% segundo dados da ANS). Hospitais estruturando planos de saúde: Apesar da ausência de estudos relevantes sobre o tema temse a informação que um grande número de hospitais estão montando seus planos próprios, isoladamente ou em associações com outros tipos de organização (Ex.: Santas Casas e UNIMEDS do interior do País)

Verticalização Na saúde suplementar o principal uso do termo Verticalização tem sido o de apontar no sentido da Integração vertical entre operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços médicoassistenciais, em especial hospitais, que acontece em variadas formas, como aquisições, fusões, contratualizações especiais (arrendamentos, exclusividade sobre leitos e serviços hospitalares) etc.

Verticalização em outros setores Na indústria: quando os custos de se adquirir tudo no mercado ficam muito altos, as empresas optam por internalizar a produção. (Ex.: montadoras de automóveis) Na saúde americana: fenômeno ficou conhecido como concentração (formação de blocos ou conglomerados, fusões, aquisições de hospitais, planos de saúde, associações de médicos etc.) conforme muito bem analisado por Scott (2000).

Verticalização na saúde suplementar no Brasil Poucos estudos sobre o tema; Fenômeno relativamente antigo, que acelerou-se nos últimos anos; Os principais protagonistas desta aceleração até aqui tem sido as empresas de medicina de grupo, as cooperativas e algumas redes de hospitais.

Temores do mercado Queda da qualidade dos serviços oferecidos pelas operadoras (por exemplo a redução do número de exames, adoção de protocolos clínicos muito rígidos e outras técnicas para redução de custos); Interferência na autonomia dos médicos; Domínio de parcela muito substantiva do mercado (incluindo o de insumos) por poucas operadoras verticalizadas, com redução da concorrência. Neste contexto, uma ou poucas empresas poderiam elevar os custos ou bloquear a entrada de novas operadoras e até de fornecedores. O envolvimento das operadoras no mercado de ações pode acelerar o processo de concentração de mercado pois facilita a consecução de recursos para que uma empresa adquira outra. Esta pode se tornar o principal tipo de crescimento das operadoras. O problema com este tipo de crescimento é que ele não necessariamente implica no aumento de novos usuários no mercado da saúde suplementar.

Viabilidade Tamanho da carteira; Capacidade de direcionar a clientela aos serviços próprios; Capacidade de investimento Construção, aquisição, contratação especial Conhecimento dos outros negócios (hospitais e laboratórios são empresas altamente complexas) Situação do mercado (a verticalização já demonstrou em outros setores ser efetivamente um bom negócio quando os custos da aquisição de serviços ou produtos no mercado se mostram altos ou instáveis).

Captação de recursos para investimento Operadoras do segmento de medicina de grupo têm possibilidade jurídica de fazer abertura de capital e podem captar recursos (inclusive em bolsa) internacionais para investir em hospitais. As seguradoras não tem ainda, juridicamente, a possibilidade de adquirir serviços próprios. As auto-gestões podem lançar mão de reservas financeiras que possuam, contratualizações especiais ou parcerias com os fundos de pensão para construir ou adquirir hospitais. Para os hospitais, isoladamente, captar recursos no mercado financeiro é trabalho mais complexo.

Possíveis benefícios para as operadoras Redução do custo de aquisição de serviços e produtos. Redução do gasto com negociação, acompanhamento de contratos, auditoria, fiscalizações, etc.). Maior capacidade de regulação do acesso aos serviços de maior complexidade e gestão da qualidade da clínica. Aumento do poder de compra, em especial de insumos, com redução dos custos. Aumento do poder de negociação em função de menor dependência do mercado. Incorporação controlada de novas tecnologias. Redução de incertezas relacionadas à evolução futura dos custos médicos, possibilitando um horizonte de planejamento de longo prazo.

Possíveis problemas para as operadoras Possibilidade da perda de foco não compensar o sinergismo das ações e aumento do poder de barganha em relação ao mercado. Incapacidade de gerir bem os novos negócios. Mudanças tanto no mercado quanto no marco regulatório que tornem desvantajosas a integração das ações.

Conclusão A verticalização pode se tornar uma alternativa viável e precisa ser seriamente levada em consideração pelas operadoras em função das seguintes questões: Elevação excessiva dos custos, Dificuldade de controle da qualidade dos serviços atualmente prestados, Garantia de estabilidade na oferta dos serviços.

CUSTO MÉDIO DE INTERNAÇÕES HOSPITALARES 5.863,68 6.112,73 3.173,87 3.897,82 2004 2005 2006 2007 Fonte: Pesquisa Nacional Unidas

TAXA DE CESÁREAS 85% 89% 87% 79% 2004 2005 2006 2007 Fonte: Pesquisa Nacional Unidas