Teoria do ACR BI-RADS : Ultrassonografia com exemplos práticos Rodrigo Hoffmeister, MD

Documentos relacionados
Teoria do ACR BI-RADS : Ultrassonografia Rodrigo Hoffmeister, MD

Casos Práticos: Aplicação do ACR BI-RADS Ultrassonográfico Álvaro Antonio Borba, MD

TEMÁTICA. 08 de Outubro Cristina Roque Ferreira (Interna de Radiologia 3º ano)

Respostas às Dúvidas Frequentes na Aplicação do ACR BI-RADS

Laudos - como eu faço: o que posso e o que não posso escrever

O DESAFIO DIAGNÓSTICO DO CÂNCER DE MAMA ASSOCIADO A GESTAÇÃO: ENSAIO PICTÓRICO

MÉTODOS DIAGNÓSTICOS EM IMAGEM DA MAMA: CONCEITOS BÁSICOS. Diagnóstico Por Imagem 5 o Período FEPAR Prof. Lucas Gennaro

SISTEMA BI-RADS: CONDUTAS

FALSO NEGATIVO NA RESSONÂNCIA DE MAMA:

CASO CLÍNICO Pós graduação em Mastologia 28 Enfermaria Santa Casa da Misericórdia RJ María Priscila Abril Vidal

Paciente jovem, gestante e lactante casos que não posso errar. Lourenço Sehbe De Carli Junho 2018

ENFERMAGEM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA. Parte 15. Profª. Lívia Bahia

Discussão de Caso Clínico Nathalia Rossato

US DE MAMAS MARATONA DE CASOS LUCIANO FERNANDES CHALA

GINCANA DE ULTRASSOM. Ana Cláudia Mendes Rodrigues Radiologista Rio de Janeiro

US + Elastografia+ Doppler: funcionam no rastreamento?

LESÕES MAMÁRIAS BENIGNAS MIMETIZADORAS DE MALIGNIDADE

TERAPÊUTICA DIAGNÓSTICA

Como as técnicas de oncoplastia e reconstrução mamária podem influenciar na avaliação ultrassonográfica das mamas?

PROVA TEÓRICO-PRÁTICA TÍTULO DE ESPECIALISTA EM MASTOLOGIA ) Complete o desenho abaixo com os nomes das respectivas drogas: a) b) c)

O EXAME DE ULTRASSONOGRAFIA DE MAMA

A classificação TI-RADS é realmente útil?

TÍTULO: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL PARA CARCINOMA MAMÁRIO ATRAVÉS DE MAMOGRAFIA CONTRASTADA

NÓDULOS DA TIROIDE: ABORDAGEM ACR TI-RADS. Nuno Campos, Carolina Terra, Elisabete Pinto, Luis Curvo Semedo

Imagiologia Mamária. Manuela Gonçalo. Director: Prof. Doutor F. Caseiro Alves. Serviço de Radiologia HUC

Lesões simuladoras de malignidade na RM

Está indicada no diagnóstico etiológico do hipotireoidismo congênito.

I Curso Internacional Pre -Congresso de Imaginologia Mama ria. 1st International Breast Imaging Pre-conference Course. 15 de maio de 2014

BIÓPSIAS PERCUTÂNEAS. Dificuldades Quando Cancelar Quando é Seguro Acompanhar após a Biópsia

Caracterização de lesões Nódulos Hepá8cos. Aula Prá8ca Abdome 2

Ultrassonografia na miomatose uterina: atualização

BI-RADS MAMOGRAFIA. Introdução MAMOGRAFIA

BREAST IMAGING REPORTING AND DATA SYSTEM (BI-RADS ): COMO TEM SIDO UTILIZADO?*

Terapia conservadora da mama em casos multifocais/multicêntricos

Exérese Percutânea de Lesões Benignas de Mama Assistida à Vácuo

DENSIDADE MAMÁRIA. Risco de densidade mamária e cancro da mama

Qual a conduta em pacientes com mutação de BRCA 1/2?

CARCINOMA DUCTAL IN SITU APRESENTAÇÃO NA MAMOGRAFIA, NA ULTRASSONOGRAFIA E NA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

Reunião temática. António Pedro Pissarra

ELASTOGRAFIA MAMÁRIA

MAMOGRAFIA LEIA COM ATENÇÃO AS SEGUINTES INSTRUÇÕES

BREAST IMAGING REPORTING AND DATA SYSTEM NOVO BI-RADS EM MAMOGRAFIA

SAÚDE MAMÁRIA E CÂNCER DE MAMA

BI-RADS 30/05/2016 BIÓPSIAS MAMÁRIAS RASTREAMENTO MAMOGRÁFICO

Métodos de imagem. Radiologia do fígado. Radiologia do fígado 12/03/2012

Nódulos da tireóide. Nilza Scalissi. Departamento de Medicina Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

É um nódulo pulmonar?

TeleCondutas Nódulo de Tireoide

QUESTÕES PROVA DISCURSIVA TEMA 2018

Análise do SISMAMA mediante avaliação de exames

08 de março 29 anos 1984 / 2013 D. Theolina de Andrade Junqueira

Análise Clínica No Data de Coleta: 22/04/2019 Prop...: ADRIANA RODRIGUES DOS SANTOS

Diagnóstico por Imagem em Oncologia

APLICAÇÕES PRÁTICAS DA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NAS PATOLOGIAS MAMÁRIAS

Mesa Redonda: Best papers in BC Radiologia / Radiology

Sistemas CAD em Patologia Mamária

FEBRASGO - Manual de Orientação

Lesões Ovarianas na Pré e Pós-Menopausa. Laura Massuco Pogorelsky Junho/2018

Quais as características propostas pelo BIRADS-US que melhor diferenciam nódulos malignos dos benignos?

Clínica Universitária de Radiologia. Reunião Bibliográfica. Mafalda Magalhães Director: Prof. Dr. Filipe Caseiro Alves

Mastologista e o Radiologista: O que um espera do outro?

Manejo Ambulatorial de Massas Anexiais

1a consulta (09/06/2015) DPRH 64anos, branca, do lar QD: tumor em mama esquerda identificado em auto exame hà 5 meses (janeiro 2015)

Linfonodos axilares e suas implicações: novas discussões e avaliação por imagem.

Guião de Referenciação à Consulta Externa - Cirurgia

DIAGNOSTICOS INVASIVOS EM MAMA

Oncologia. Caderno de Questões Prova Discursiva

em biópsias mamárias INTRODUÇÃO

Lesões hiperecogênicas na mama: correlação anatomopatológica e diagnósticos diferenciais à ultrassonografia *

AVALIAÇÃO DOS ACHADOS MAMOGRÁFICOS CLASSIFICADOS CONFORME SISTEMA BI RADS¹. Beatriz Silva Souza², Eliangela Saraiva Oliveira Pinto³

Uma proposta de classificação ecográfica mamária

Casos Práticos Complexos: Uso da Multimodalidade

USO ADEQUADO DA CATEGORIA 3 EM MAMOGRAFIA, ULTRASSONOGRAFIA E RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EDWARD A. SICKLES

ENFERMAGEM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA. Parte 14. Profª. Lívia Bahia

LESÕES MAMÁRIAS INCOMUNS: ENSAIO ICONOGRÁFICO*

NÓDULO PULMONAR SOLITÁRIO

ULTRASSONOGRAFIA PEQUENOS ANIMAIS

Tumores anexiais: O que valorizar?

Nódulos e massas pulmonares

AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE NEOPLASIAS MAMÁRIAS EM CADELAS (Ultrasonographic evaluation of mammary gland tumour in dogs)

30/05/2016 LESÕES SIMULADORAS AO US CAUSAS COMUNS: BACKGROUND

CEDI DIAGNÓSTICOS Palestrante: Dr. Miguel Alexandre Membro Titular do CBR

PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA

ULTRASSONOGRAFIA PEQUENOS ANIMAIS

TEXTO 10 ACHADOS DE IMAGEM NO EXAME DE MAMOGRAFIA

Imagem da Semana: Ressonância nuclear magnética

Exame Clínico das Mamas

Residente em Cirurgia de Cabeça e Pescoço

Nódulos Tireoideanos. Narriane Chaves P. Holanda, E2 Endocrinologia HAM Orientador: Dr. Francisco Bandeira, MD, PhD, FACE

PROTOCOLOS INICIAIS DE RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA INTRODUÇÃO

Exames que geram dúvidas - o que fazer? SELMA DE PACE BAUAB

30/05/2016. Como solucionar dúvidas na mamografia. Como melhorar? - Controle de Qualidade - Experiência. Dicas Úteis

DENSIDADE MAMOGRÁFICA ASSIMÉTRICA: COMO INVESTIGAR? (REVISÃO DE LITERATURA E APRESENTAÇÃO DE ROTINA DE INVESTIGAÇÃO)*

Qualidade da interpretação do diagnóstico mamográfico*

PRINCIPIOS DA ULTRA-SONOGRAFIA. Profa. Rita Pereira

CREATININA Valores de referência RESULTADO...: 2,40 mg/dl De 0,5 a 1,5 mg/dl MATERIAL UTILIZADO : SORO SANGUÍNEO MÉTODO : CINÉTICO

Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética qual a melhor opção para cada caso?

Transcrição:

Teoria do ACR BI-RADS : Ultrassonografia com exemplos práticos Rodrigo Hoffmeister, MD Médico Radiologista Serviço de imagem da mama. Hospital Mãe de Deus - Porto Alegre/RS CDU- Unimed- Porto Alegre/RS Centro Eco Novo Hamburgo/RS

ACR BI-RADS - US SUMÁRIO 1. Considerações gerais 2. Léxico de imagem da mama US 3. Sistema de laudos 4. Orientação Apêndice BI-RADS, 5th ed. Reston, VA:American College of Radiology, 2013.

2- Léxico de imagem da mama-us A - Composição da mama B - Nódulos ( forma, orientação, margem, padrão de eco, características acústicas posteriores). C - Calcificações D - Achados associados E - Casos especiais

A. Composição mamária: a. Ecotextura de fundo homogênea adiposa b. Ecotextura de fundo homogênea - fibroglandular c. Ecotextura de fundo heterogênea

B. Nódulos 1. Forma:

B. Nódulos 2. Orientação:

Circunscritas B. Nódulos 3. Margens: Não Circunscritas

B. Nódulos 4. Padrão de eco: Anecoico Hiperecoico Hipoecoico Isoecoico Heterogêneo

Nódulo complexo sólido-cístico Nódulo intracístico Paredes espessadas Septos espessos Nódulo sólido com espaços císticos

B. Nódulos 5. Características acústicas posteriores : Sem características posteriores

Quantas características devo usar na descrição de um nódulo? No mínimo: forma, margem e orientação.

C. Calcificações: Calcificações dentro de um nódulo Calcificações fora de um nódulo Calcificações Intraductais

D. Achados Associados 1. Distorção Arquitetural:

D. Achados Associados 2. Alteração Ductal: Dilatação cística ductal Ectasia Ductal Nódulo intraductal

ARB 71 anos BI RADS 4A

D. Achados Associados 3. Alterações cutâneas Espessamento Espessamento Retração Pele normal até 2mm. Na aréola e prega inframamária, normal até 4 mm.

D. Achados Associados 4. Edema Aumento da ecogenicidade da mama, com rede hipoecoica

D. Achados Associados 5. Vascularização: Ausente Interna Periférica

D. Achados Associados 5. Vascularização:

Medir o maior eixo. E. Casos especiais 1. Cisto simples: Documentar o maior cisto de cada mama. No prolongamento axilar, diferenciar de linfonodo metastático com Doppler. BI-RADS Atlas, Breast Imaging Reporting and Data System. Reston, VA, American College of Radiology, 2013

2. Microcistos agrupados: BI-RADS 2: concomitante com cistos simples, múltiplos, bilaterais ou se forem estáveis. Berg WA et all. Radiol Clin North Am 2010; 48: 931-987 BI-RADS Atlas, Breast Imaging Reporting and Data System. Reston, VA, American College of Radiology, 2013.

E. Casos especiais 2. Microcistos agrupados: BI-RADS 3: achado isolado. Chance de malignidade de 0,8%. Berg WA et all. Radiol Clin North Am 2010; 48: 931-987 BI-RADS Atlas, Breast Imaging Reporting and Data System. Reston, VA, American College of Radiology, 2013.

2. Microcistos agrupados: BI RADS 2 BI RADS 3 BI RADS 4

E. Casos especiais 3. Cisto complicado: -cistos com ecos homogêneos -sem componente sólido -parede imperceptível BI-RADS Atlas, Breast Imaging Reporting and Data System. -Podem ter nível líquido Reston, VA, American College of Radiology, 2013

Cisto complicado - isolado: BI-RADS 3 Estudo mostrou que 12% dos achados classificados como cistos complicados eram sólidos. Destes, menos de 2% eram malignos. Chance de malignidade : 0,3% ( 0 a 2 % de malignidade). Se múltiplos cistos complicados: BI-RADS 2. Berg WA et all. Radiology. 2003 Apr;227(1):183-91. BI-RADS Atlas, Breast Imaging Reporting and Data System. Reston, VA, American College of Radiology, 2013.

Cisto complicado - isolado:

E. Casos especiais 4. Nódulo na ou sobre a pele: Incluem: cisto sebáceo, epidérmico, quelóide, verrugas, espinhas, neurofibromas, mamilo acessório. Raramente metástase. -Reconhecer interface entre pele e parênquima. -Nódulo deve estar entre as 2 linhas ecogênicas da pele. BI-RADS Atlas, Breast Imaging Reporting and Data System. Reston, VA, American College of Radiology, 2013

E. Casos especiais 5. Linfonodo intramamário: Podem existir em qualquer lugar da mama, mas são vistos com maior frequência no QSE. Doppler. Documentar : se aparecer na mamografia se for em área de queixa da paciente.

E. Casos especiais 6. Linfonodo axilar ATENÇÃO: - Espessamento cortical. - Ficar redondo - Perder hilo ou ele ficar comprimido - Saliência na cortical BI-RADS 4

Linfonodos axilares: Como classificar adenopatias axilares? Se há achados na mama - BI-RADS da mama. Se mama normal: Doença sistêmica conhecida -BI-RADS 2. Sem doença sistêmica conhecida- BI-RADS 4. BI-RADS Atlas, Breast Imaging Reporting and Data System. Reston, VA, American College of Radiology, 2013

E. Casos especiais 7. Anormalidades Vasculares Doença de Mondor

3. Sistema de laudos Estrutura do laudo:

3. Sistema de laudos Estrutura do laudo: Indicação do exame: nódulo palpável complementar à mamografia biópsias prévias, cirurgias com AP história familiar de ca de mama.

3. Sistema de laudos Estrutura do laudo: Descrição objetiva dos achados: Nódulo : forma, margem e orientação tamanho: mínimo 2 medidas- 3 ideal localização em horas, distância papila, mama D ou E Complementar se necessário: com distorção, ecogenicidade, sombra, reforço, Doppler Relatar casos especiais: microcistos agrupados, linfonodos,...

3. Sistema de laudos Estrutura do laudo: Comparação e correlação com anteriores (MMG e RM) e com exame físico: Se não houver esta observação, supõe-se que o exame não foi comparado. Aumento >/= 20% nas dimensões do nódulo significa crescimento relevante

3. Sistema de laudos Estrutura do laudo: Laudos compostos: Se MMG e ecografia forem realizadas pelo mesmo médico, na mesma data, descrever um laudo conjunto. BI-RADS único

C 44 anos IC 44 anos 8/03/19 08/03/19

IC 42 anos IC 44 anos 07/03/17 08/03/19

IC 42 anos IC 44 anos 07/03/17 08/03/19

08/03/19

BI-RADS 4C AP Ca Lobular Invasor GI

Categoria 0 Avaliação incompleta requer avaliação adicional por imagem. Ex.: imagem sugestiva de esteatonecrose na ecografia. Necessária correlação com mamografia

Categoria 2 Achado benigno cistos simples / complicados implantes linfonodos intramamários coleções pós-cirúrgicas nódulos de aspecto benigno estáveis por 2 ou 3 anos Múltiplos nódulos sólidos ovóides e circunscritos bilateralmente

CISF 42 anos CISF 42 anos 04/04/19 04/04/19

CISF 41 anos CISF 42 anos 03/05/18 04/04/19

CISF 42 anos CISF 42 anos 04/04/19 04/04/19

BI-RADS -4C Ca Ductal Infiltrativo GII

Carcinona Ductal Infiltrativo GIII BI-RADS US 4

Categoria 3 (VPP de 0 a 2 %) Achado provavelmente benigno nódulo oval, circunscrito, paralelo à pele microcistos agrupados único cisto complicado único Controle em 6 meses

Categoria 4 (VPP 2 A 95%). Achado suspeito 4 A baixa suspeita de malignidade(vpp < 10%) 4 B moderada suspeita de malignidade (VPP 10-50%) 4 C alta suspeita de malignidade (VPP de 50-95%). Recomendação de biópsia.

Categoria 5(VPP >95%) Achado altamente sugestivo de malignidade recomenda-se biópsia na ausência de contraindicação clínica

Categoria 6 Malignidade comprovada por biópsia

Teoria do ACR BI-RADS : Ultrassonografia com exemplos práticos obrigado.