Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos



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Abril de 2012 Expectativa de expansão da safra 2012/13 do complexo sucroalcooleiro no Brasil poderá ser afetada pelo clima seco Regina Helena Couto Silva Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Neste mês a Conab divulgou o 1º levantamento 1 do complexo sucroalcooleiro para a safra 2012/13, que tem início de colheita em abril na região Centro-Sul e em setembro no Nordeste. Os números da safra brasileira, segundo esta primeira expectativa, apontam para um cenário de cotações internacionais mais baixas para o açúcar neste ano, comparativamente ao ano passado, por conta do aumento de 5,3% da produção brasileira. No entanto, os baixos estoques globais da commodity, dentre outros fatores, analisados a seguir, devem continuar dando um piso ainda elevado para as cotações. Os preços do etanol no mercado mil ha 9.000 8.500 7.500 7.000 6.500 5.500 5.000 4.556 4.500 4.211 4.189 4.345 3.868 3.500 90/91 91/92 5.840 5.625 5.393 5.2785.300 5.055 4.8324.8764.924 4.8484.829 Além da ampliação da área, foram renovados 956,4 mil hectares, um acréscimo de 20% em relação à área renovada na safra passada. Em que pese essa expansão, a renovação representa 11% da área total, sendo o nível ideal considerado pelos técnicos, próximo a 1.400 mil hectares ou 17%. Ainda segundo os cálculos da Conab, para ter uma ideia mais clara do que isso signifi ca, um canavial renovado produz em média 115 doméstico devem ceder a partir da entrada da safra, com a expectativa de elevação de 4,8% da produção, no entanto, o piso para os preços será dado pela demanda doméstica robusta pelo álcool anidro, misturado à gasolina, em função da forte expansão da frota de veículos leves nos últimos anos. O referido relatório apontou continuidade de expansão da área plantada em 2,4%, com destaque para as regiões Sudeste e Centro-Oeste onde a expectativa é de expansão de 1,6% e 9,1% respectivamente. 6.163 7.080 7.058 7.410 8.567 8.368 8.056 Área plantada com cana-de-açúcar 1990-2012 Fonte e (*) Projeção: CONAB toneladas/hectare, ao passo que um canavial no 6º corte produz em média 55 toneladas/hectare. Assim, uma produtividade média de 60 toneladas/ hectare multiplicada pela área que deixou de ser renovada 444 mil hectares (diferença entre os 956 mil hectares renovados e o que seria ideal 1.400 mil hectares), chega a uma perda de 26.700 mil toneladas de produção, o equivalente a 4,5% da produção nacional 2. 1 A Conab Companhia Nacional de Abastecimento, realiza três levantamentos para a safra anual de cana, sendo o 1º em abril, o 2º em agosto e o último em dezembro de 2012. 2 Em fevereiro o Governo Federal divulgou o Plano Estratégico do Setor Sucroalcooleiro, com o objetivo de aumentar a oferta de canade-açúcar. No programa está prevista a renovação de 6,4 milhões de hectares até 2015, com investimentos estimados em R$ 29 bilhões, financiados com recursos do BNDES. 1

em mil t em Kg por ha 85 80 77,0 79,0 81,0 81,6 77,4 Produtividade da cana-deaçúcar 75 73,9 73,9 70 67,8 68,3 70,3 65 60 57,8 59,0 61,7 65,0 63,6 58,0 60,7 55 52,9 52,0 50 50,3 47,8 45 Fonte e (*) Projeção: CONAB Com esta renovação, é esperado aumento de 2,9% da produtividade média na safra atual. No entanto, o nível de produtividade ainda está bem abaixo da média registrada entre 2008 e 2009, em razão da renovação do canavial ainda estar abaixo do ideal e também pela estiagem ocorrida nas regiões produtoras entre o fi nal de 2011 e os primeiros meses deste ano. Com o incremento de área e de produtividade, a estimativa para a produção de cana-de-açúcar é de elevação de 5,4% em relação à safra passada. Mas vale ressaltar, que no levantamento da Conab, os técnicos visitaram as propriedades entre os dias 05 e 16 de março de 2012 e os efeitos da continuidade da estiagem podem afetar estas estimativas. Em sentido contrário do ocorrido na safra passada, quando a produção de cana foi mais voltada para o açúcar, cujos preços estavam mais remuneradores, na safra deste ano, a distribuição está mais equilibrada, sendo a expectativa de expansão de 5,3% para o açúcar e de 4,3% para o etanol. em mil toneladas 690.000 559.432 623.905 604.514 571.439 602.179 Produção nacional de cana-deaçúcar 1990-2012 510.000 431.413 474.800 359.316 330.000 222.429 223.460 240.944 287.810 314.969 257.592 320.650 150.000 90/91 91/92 Produção nacional de açúcar e de etanol (açúcar em mil toneladas etanol em mil litros) 1993 2012 Fonte e (*) Projeção: CONAB 43.000 3 29.000 22.000 15.000 12.692 11.700 AÇÚCAR ÁLCOOL 19.380 13.078 16.020 10.518 27.500 14.640 23.007 38.168 38.853 36.883 27.595 25.763 23.956 22.858 2

O levantamento da Conab apontou maior interesse das usinas na expansão da produção de etanol anidro (misturado à gasolina), para o qual é estimada alta de 7,4%, em detrimento do etanol hidratado (usado diretamente nos carros flex), sendo a estimativa de elevação de 3,1%. Lembrando que isso pode mudar ao longo da safra, em razão do replanejamento das usinas. De todo modo, configurando-se esse cenário, os preços médios anuais do hidratado devem ficar em patamares elevados, em que pese uma tendência de retração sazonal com a entrada da safra. 20.000 1 1 ÁLCOOL ANIDRO - misturado à gasolina ÁLCOOL HIDRATADO - usado nos veículos flex fuel 16.620 19.579 Produção nacional de etanol anidro e hidratado 1995 2012 1 14.213 12.000 13.788 10.000 9.590 9.723 8.768 9.105 10.064 9.069 9.744 2.999 2.000 5.700 4.933 5.872 6.950 Fonte e (*) Projeção: Conab De fato, os preços do etanol hidratado estão elevados desde o final de 2010, permanecendo todo o ano de 2011 acima de ponto de equilíbrio considerado em 70% do preço da gasolina nos postos de combustíveis, em função da quebra de safra provocada pela seca. Por conta disso as vendas de etanol hidratado estão em retração desde meados de 2010. 40.000 35.000 30.000 Gasolina C Álcool Hidratado 35.452 36.538 Vendas internas de gasolina C e etanol hidratado 2000-2012 25.000 22.630 22.610 24.008 25.409 (*) acumulado 12 meses até fevereiro em milhões de litros 20.000 21.791 16.471 15.000 10.000 5.000 0 9.367 10.718 10.024 4.604 4.355 6.187 3.502 3.245 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* Fonte: ANP Relativo de preços etanol hidratado x gasolina 2002-2012 Fonte: ANP 85,0% 80,0% 75,0% 70,0% 65,0% 60,0% 55,0% 50,0% 58% 66% 52% 72% 59% 62% 52% 64% 55% 60% 56% 77% 64% 59% 66% 53% 70% 60% 59% 61% 67% 56% 76% 61% 83% 75% 73% 71% 70% 70% mar/02 mai/02 jul/02 set/02 nov/02 jan/03 mar/03 mai/03 jul/03 set/03 nov/03 jan/04 mar/04 mai/04 jul/04 set/04 nov/04 jan/05 mar/05 mai/05 jul/05 set/05 nov/05 jan/06 mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07 mai/07 jul/07 set/07 nov/07 jan/08 mar/08 mai/08 jul/08 set/08 nov/08 jan/09 mar/09 mai/09 jul/09 set/09 nov/09 jan/10 mar/10 mai/10 jul/10 set/10 nov/10 jan/11 mar/11 mai/11 jul/11 set/11 nov/11 jan/12 mar/12 3

Para os próximos meses é possível esperar recuo dos preços de etanol ao consumidor, refl etindo de um lado, a entrada da safra, e de outro, a acomodação da demanda. No entanto, a baixa esperada será limitada pelo abastecimento bastante justo no mercado doméstico. Além disso, outro fator que deverá dar piso aos preços do etanol é o consumo robusto de etanol anidro utilizado para a mistura na gasolina C, na proporção de 20%, lembrando que o consumo de combustíveis continua robusto, em razão da forte expansão da frota nos últimos anos. Dessa forma, o principal condicionante dos preços do etanol continuará sendo a demanda doméstica, já que as exportações perderam relevância para a commodity nos últimos anos representavam 20% da produção em 2008 e hoje estão em 8%. Mas ainda assim, continuaremos exportando para o mercado norte-americano, pois segundo o mandato de uso de combustíveis sustentáveis, os EUA precisam usar uma parte de combustíveis que emitem menos de 50% de Co 2 em relação à gasolina, o que é atendido pelo etanol de cana e não pelo etanol de milho, que reduz em apenas 20%. Vale chamar a atenção para a novidade relativa à importação de etanol de milho que o Brasil realizou dos EUA em 2011. Na verdade, exportamos o etanol de cana para os EUA atender ao mandato e importamos o de milho para complementar o suprimento interno, que foi prejudicado pelo clima adverso da safra passada, provocando a retração de 17% da produção. As importações foram viabilizadas desde que o governo zerou a alíquota de importação de álcool em abril de 2011 3, visando manter o abastecimento interno. Com isso as importações de etanol chegaram a 1,1 bilhão de litros em 2011, o equivalente a 60% do volume que o País exporta e a 5% do nosso consumo interno. Para este ano, não deveremos repetir este nível de importação, dada a expectativa de ampliação da produção nacional, mas é importante ter em conta que em caso de nova quebra de safra de cana, há a possibilidade de importação de etanol. em mil litros 5.000 3.429 3.533 5.124 3.296 Exportações e Importações Brasileiras de Etanol 2001-2011 3.000 2.321 2.592 2.000 1.900 1.964 1.137 1.000 759 757 0 346 118 2 6 0 0 0 4 0 4 76 Fonte: Secex Elaboração: Bradesco 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 No tocante aos preços de açúcar, a ampliação de oferta em diversos players produtores, como Índia, Tailândia e Rússia está forçando uma tendência de baixa. De fato, a safra 20, que ainda está sendo processada no Hemisfério Norte, conta com um superávit de 9 milhões de toneladas. em mil toneladas 17.000 31,0% 29,8% 29,1% 14.115 13.000 11.499 26,3% 9.569 9.000 8.927 27,0% 9.000 24,9% 6.312 5.188 5.357 5.000 3.9593.984 2.210 2.7042.542 2.809 1.893 23,0% 21,7% 737 1.000 20,2% -3.000-7.000-11.000-184 -749-966 -2.665-2.063 19,0% 19,2% 18,9% 18,8% excedente de produção sobre o consumo Relação Estoque Consumo -9.573 15,0% 90/91 91/92 * Excedente de produção sobre o consumo mundial e relação estoque consumo de açúcar 1991-2012 Fonte: USDA Elaboração: Bradesco 3 Em abril 2010 o governo federal reduziu de 20% para 0% a tarifa de importação de etanol. 4

Preços internacionais de açúcar NYBOT Preço futuro 1º Vencto 2000 2013 Em US$ cents por libra peso 33,0 27,0 24,9 28,4 30,6 27,4 29,3 21,0 17,9 15,8 22,9 23,46 23,4 Projeção de preço: média dos preços futuros 15,0 9,0 5,6 3,0 10,7 7,0 9,0 6,6 5,4 8,8 7,0 4,7 9,0 8,4 13,1 11,7 10,4 8,9 11,3 14,6 Fonte: Bloomberg jan/00 jan/01 jan/02 jan/03 jan/04 jan/05 jan/06 jan/07 jan/08 jan/09 jan/10 jan/11 jan/12 jan/13 dez/13 No entanto, outros elementos darão um piso às cotações internacionais do açúcar: (i) o superávit não será suficiente para recompor estoques, mantendo a relação estoque consumo muito abaixo da média histórica; (ii) a safra brasileira 4, inicialmente prevista com expansão de 5,3%, poderá ser revisada para baixo por conta da continuidade de estiagem nas regiões produtoras; (iii) os preços atuais já estão muito próximos dos custos de produção, o que limita maiores baixas de preços, pois as usinas integradas podem diversificar a produção em favor do etanol; e (iv) expansão das importações chinesas de açúcar. De fato, o consumo doméstico de açúcar na China cresceu 24% nos últimos seis anos, e as importações subiram quase 80%. A China passou a consumir açúcar brasileiro a partir de 2008, elevando a participação nas exportações brasileiras da commodity de 1% para 10% em 2011. O país importa 15% do seu consumo interno, sendo seus principais fornecedores, o Brasil que atende 41% das importações e a Coréia do Sul que atende 34%. em mil toneladas 1 consumo importação 1 12.000 11.600 13.500 14.500 1 14.300 Consumo e importação de açúcar na China - 2001-2012 10.000 9.355 11.600 11.500 2.000 0 2.130 1.375 1.234 1.465 2.200 1.535 842 1.250 972 * Fonte: USDA Nesse sentido, cabe ressaltar que as exportações brasileiras de açúcar, antes muito concentradas na Rússia, estão mais pulverizadas. Com efeito, a participação da Rússia nas exportações brasileiras foi reduzida de 50% em 2001 para 16% em 2011, ao passo que outros países ganharam participação, como os países árabes, que passaram de 15% para 21%, e os países africanos, que saltaram de 6% para 15% no período analisado. Dentre os asiáticos, o principal destaque foi a China. Apesar da demanda na Rússia continuar crescendo, em média 4% nos últimos cinco anos, o país reduziu o volume importado pela metade. Claramente o país vem elevando a produção doméstica e reduzindo a dependência externa. A participação das importações no consumo interno russo caiu de 50% para 27% entre 2006 e 2011. No mesmo período, a participação da Rússia nas importações globais caiu de 6% para 3%. Por fi m, podemos concluir que a safra atual de canade-açúcar permitirá incremento de produção de açúcar e de etanol, mas ainda será insuficiente para recompor estoques globais de açúcar e para dar conta de todo o incremento de demanda por combustível, dando piso às cotações dos dois produtos, em que pese o natural recuo de preços na entrada da safra. 4 O Brasil é o único grande player com safra no 1º semestre do ano. O Brasil é o maior exportador mundial, responde por 42% das exportações globais de açúcar. 5

60,0% 50,0% 44,5% 40,0% 30,0% 19,7% 20,0% 10,0% 7,9% 0,0% 0,0% 50,5% 33,3% 32,0% 19,7% 9,9% 0,0% 0,0% 22,7% 10,8% 31,1% Rússia China Países Árabes Países Africanos Países Asiáticos 22,7% 8,9% 1,4% 5,4% 21,5% 16,0% 14,3% 13,7% 10,0% Participação % dos países de destino nas exportações brasileiras de açúcar 2002-2011 -10,0% 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Fonte: Secex Retrato do Setor O Brasil exporta quase 70% do açúcar que produz, sendo 73% em bruto e 27% refi nado. Os principais mercados de destino do açúcar bruto são: 16% Rússia e China 10%. Para o açúcar refi nado os principais mercados são os países árabes e africanos; Do etanol produzido, 32% é do tipo anidro (misturado à gasolina na proporção e 20% a 26%) e 68% é do tipo hidratado (usado diretamente como combustível). O processamento da cana ocorre de abril a novembro, período no qual as usinas operam 24 horas por dia. O Brasil é o único grande player mundial com safra no 1º semestre do ano. Os demais: EUA, Europa, Índia, Tailândia e Austrália têm início de safra a partir do 2º semestre do ano. 90% da safra de cana se concentra no Centro-Sul e 10% do Norte-Nordeste, destacando-se o estado de São Paulo, com 55% da produção. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de açúcar, respondendo por 23,5% da produção mundial e por 49% do comércio internacional. O Brasil é o 2º maior produtor global de etanol, com 33,5% do mercado, precedido pelos EUA que respondem por 45%. Segundo o Ministério da Agricultura, existem no País 437 unidades produtoras de açúcar e etanol (em 2009), sendo: 253 unidades mistas (58%) 16 produtoras de açúcar (4%) 168 produtoras de etanol (38%) 6

Equipe Técnica Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Marcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivo Economia Internacional: Fabiana D Atri / Daniela Cunha de Lima /Igor Velecico / Thomas Henrique Schreurs Pires / Matheus Ribeiro Machado Economia Doméstica: Robson Rodrigues Pereira / Andréa Bastos Damico / Ellen Regina Steter / Myriã Bast / Priscila Pereira Deliberalli Análise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo / Rita de Cassia Milani Pesquisa Proprietária: Fernando Freitas / Ana Maria Bonomi Barufi / Leandro Câmara Negrão Estagiários: Mirella P. Amaro Hirakawa / Gabriel Lyrio de Oliveira / Priscila Monteiro Ortega / Ricardo Romano / Thunay Mota Raia / Ana Beatriz Ract Pousada / Thiago Chaves-Scarelli O BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsabilidade e uso. A reprodução total ou parcial desta publicação é expressamente proibida, exceto com a autorização do Banco BRADESCO ou a citação por completo da fonte (nomes dos autores, da publicação e do Banco BRADESCO). 7