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Transcrição:

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 10171-CE (0002911-36.2012.4.05.8100) APTE : FRANCISCO CARLOS MARTINS BARBOSA ADV/PROC : BALTAZAR PEREIRA DA SILVA JUNIOR E OUTROS APTE : ESPEDITO JOSÉ PEREIRA ADV/PROC : LUIS ÁTILA DE HOLANDA BEZERRA FILHO E OUTROS APTE : MARIA CARMÉLIA PEREIRA D'ALENCAR ADV/PROC : JOSE MOREIRA LIMA JUNIOR E OUTRO APDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ORIGEM : 11ª VARA FEDERAL DO CEARÁ RELATOR : DES. FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO (CONVOCADO) RELATÓRIO O Exmº Des. Federal IVAN LIRA DE CARVALHO (Relator Convocado): Cuida-se de apelações interpostas contra sentença de fls. 223/245, proferida em 13 de março de 2013, que julgou procedente a denúncia para condenar Francisco Carlos Martins Barbosa, Espedito José Pereira e Maria Carmélia Pereira D'Alencar, pelo cometimento do capitulado no art. 171, 3º, do Código Penal c/c arts. 1º e 3º da Lei nº 7.134/1983, os dois primeiros às penas de 3 (três) anos e 4 (quatro) meses de reclusão e de 30 (trinta) dias-multa, cada qual valorado em 1/2 (metade) do salário mínimo e, a última, às penas de 3 (três) anos e 10 (dez) meses de reclusão e de 20 (vinte) dias-multa, cada qual valorado em 1 (um) salário mínimo, substituídas as penas privativas de liberdade impostas individualmente por duas restritivas de direitos consistentes, para todos, em prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas e em prestação pecuniária. Diz a denúncia (fls. 3/10) que em auditoria realizada pela Secretaria de Controle Externo, do Tribunal de Contas da União no Ceará, na Associação Beneficente Cearense de Reabilitação(ABCR) foram constatados procedimentos fraudulentos com relação às notas fiscais emitidas para aquisição de cadeiras de rodas com recursos de convênio celebrado com o Fundo Nacional de Saúde (FNS), ali se verificando que as datas de emissão das notas fiscais por parte da empresa Cave Comércio de Material Hospitalar Ltda., responsável por vender e entregar o material à ABCR, seriam anteriores à data de Autorização para Impressão de Documentos Fiscais (AIDF), no caso teriam sido emitidas entre os dias 3 de janeiro a 12 de maio de 2006 quando a AIDF referente às notas fiscais data de 8 de setembro de 2006. Acrescenta que Francisco Carlos Martins Barbosa consta como sóciogerente da pessoa jurídica, sendo-lhe designada a administração isolada; Espedito José Pereira como seu contador; e Maria Carmélia Pereira D'Alencar a presidente da ABCR à época dos fatos. Recebida a denúncia em 9 de maio de 2012 (fls. 11/12). ACR10171-CE/15 1

Nos apelos carreados aos autos aduzem, em síntese, que não restou configurado o delito de estelionato, por ausência do dolo, cabia à empresa a plena e exclusiva responsabilidade pela regular emissão das notas fiscais, ausência de comprovação da participação no crime imputado e, subsidiariamente, fixar a pena no mínimo legal (Maria Carmélia Pereira D'Alencar - fls. 273/296); ausência de prova da malversação dos recursos públicos e haver emitido as notas fiscais por determinação do representante legal da pessoa jurídica, onde prestava serviços (Espedito José Pereira - fls. 316/324); e que laudo pericial comprovou não ser sua a grafia constante nas notas fiscais apontadas como "frias"; ausência de comprovação da autoria do crime, mas tão somente da utilização de blocos de notas fiscais da empresa para o cometimento do crime imputado e. subsidiariamente, fixar a pena no mínimo legal (Francisco Carlos Martins Barbosa - fls. 329/331). Contrarrazões às fls. 300/306 e 338/344, pela negativa de provimento aos recursos interpostos. Subiram os autos, sendo conclusos por força de distribuição, em 7 de maio de 2013, ao Des. Federal Fernando Braga. O Parquet Federal, em parecer de fls. 349/359, opina no sentido de serem desprovidos os apelos. Vêm os autos, agora, em 9 de abril de 2015, a mim redistribuídos por sucessão, em um acervo superior a 4.000 (quatro mil) processos, dos quais mais de duzentos em matéria penal, diante da sua posse na mesa diretora deste eg. Regional para o biênio 2015/2017. É o relatório. À revisão. ACR10171-CE/15 2

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 10171-CE (0002911-36.2012.4.05.8100) APTE : FRANCISCO CARLOS MARTINS BARBOSA ADV/PROC : BALTAZAR PEREIRA DA SILVA JUNIOR E OUTROS APTE : ESPEDITO JOSÉ PEREIRA ADV/PROC : LUIS ÁTILA DE HOLANDA BEZERRA FILHO E OUTROS APTE : MARIA CARMÉLIA PEREIRA D'ALENCAR ADV/PROC : JOSE MOREIRA LIMA JUNIOR E OUTRO APDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ORIGEM : 11ª VARA FEDERAL DO CEARÁ RELATOR : DES. FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO (CONVOCADO) VOTO O Exmº Des. Federal IVAN LIRA DE CARVALHO (Relator Convocado): Noticia a denúncia em auditoria realizada pela Secretaria de Controle Externo, do Tribunal de Contas da União no Ceará, na Associação Beneficente Cearense de Reabilitação(ABCR) foram constatados procedimentos fraudulentos com relação às notas fiscais emitidas para aquisição de cadeiras de rodas com recursos de convênio celebrado com o Fundo Nacional de Saúde (FNS), ali se verificando que as datas de emissão das notas fiscais por parte da empresa Cave Comércio de Material Hospitalar Ltda., responsável por vender e entregar o material à ABCR, seriam anteriores à data de Autorização para Impressão de Documentos Fiscais (AIDF), no caso teriam sido emitidas entre os dias 3 de janeiro a 12 de maio de 2006 quando a AIDF referente às notas fiscais data de 8 de setembro de 2006, imputando a Francisco Carlos Martins Barbosa, sócio-gerente e administrador da empresa suso referida, a Espedito José Pereira, contador da mesma, e Maria Carmélia Pereira D'Alencar, então presidente da ABCR, as sanções do art. 171, 3º, do Código Penal, restando eles, ao final, condenados, pelos crimes do art. 171, 3º, do Código Penal c/c arts. 1º e 3º da Lei nº 7.134/1983, os dois primeiros às penas de 3 (três) anos e 4 (quatro) meses de reclusão e de 30 (trinta) dias-multa, cada qual valorado em 1/2 (metade) do salário mínimo e, a última, às penas de 3 (três) anos e 10 (dez) meses de reclusão e de 20 (vinte) dias-multa, cada qual valorado em 1 (um) salário mínimo, substituídas as penas privativas de liberdade impostas individualmente por duas restritivas de direitos consistentes, para todos, em prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas e em prestação pecuniária. Em seus apelos aduzem, em síntese, que não restou configurado o delito de estelionato, por ausência do dolo, cabia à empresa a plena e exclusiva responsabilidade pela regular emissão das notas fiscais, ausência de comprovação da participação no crime imputado e, subsidiariamente, fixar a pena no mínimo legal (Maria Carmélia Pereira D'Alencar - fls. 273/296); ausência de prova da malversação dos recursos públicos e haver emitido as notas fiscais por determinação do representante legal da pessoa jurídica, onde prestava serviços (Espedito José Pereira - fls. 316/324); e que ACR10171-CE/15 3

laudo pericial comprovou não ser sua a grafia constante nas notas fiscais apontadas como "frias"; ausência de comprovação da autoria do crime, mas tão somente da utilização de blocos de notas fiscais da empresa para o cometimento do crime imputado e. subsidiariamente, fixar a pena no mínimo legal (Francisco Carlos Martins Barbosa - fls. 329/331). Antes de apreciar o mérito dos apelos formulados, necessária a análise de eventual ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, notadamente ao se considerar que a corré Maria Carmélia Pereira D'Alencar, à época da prolação da sentença, em 13 de março de 2013, contava com idade superior a 70 (setenta) anos, eis que nascida em 13 de abril de 1940, e, assim, incidir a hipótese do art. 115 do Código Penal para se observar o prazo prescricional pela metade. Fixada a ela pena privativa de liberdade em 3 (três) anos e 10 (dez) meses, verificar-se-á a ocorrência da prescrição na forma do art. 109, IV, c/c art. 115, ambos do Código Penal, ou seja, se decorridos 4 (quatro) anos entre os marcos regulatórios, o que se constata entre as datas do fato (observando-se que a auditoria remonta ao ano de 2007) e do recebimento da denúncia (9 de maio de 2012), acrescentando-se ser inaplicável ao caso concreto a Lei nº 12.234/2010, por posterior ao fato delituoso e em prejuízo da parte ré. Posto isso, declaro extinta a punibilidade, pela ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, a teor do art. 107, IV, c/c arts. 109, IV, e 115, todos do Código Penal, em relação à apelante Maria Carmélia Pereira D'Alencar, e julgo prejudicada a apelação por ela interposta. Em relação aos corréus Francisco Carlos Martins Barbosa e Espedito José Pereira, aos quais não incide a hipótese do art. 115 do Código Penal e, assim, pelas penas a eles fixadas, ambos em 3 (três) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, observar-se na sua inteireza o lapso previsto no art. 109, IV, do Código Penal, ou seja, de 8 (oito) anos, não se verifica haver sido superado em qualquer dos intervalos, pelo que passo à apreciação dos apelos por eles manejados. 238/241): Para o deslinde da questão colho os seguintes excertos da sentença (fls. (...) observa-se que FRANCISCO CARLOS MARTINS BARBOSA e ESPEDITO JOSÉ PEREIRA atribuem reciprocamente a responsabilidade pelos fatos delitivos em questão, senão vejamos: a) FRANCISCO CARLOS afirmou que as notas fiscais fraudulentas estavam em poder do seu contador,espedito JOSÉ PEREIRA, sendo por ele emitidas sem sua autorização e prévio conhecimento. Este, por sua vez, admitiu tê-las emitido, mas que assim o fez a mando de FRANCISCO CARLOS; b) FRANCISCO CARLOS alega que os livros contábeis foram extraviados pelo contador/corréu ESPEDITO JOSÉ PEREIRA, fato por ACR10171-CE/15 4

este negado, inclusive afirmando não ser verdade que guardasse blocos de notas da empresa de FRANCISCO CARLOS em seu escritório. Observa-se no depoimento de FRANCISCO CARLOS MARTINS que o mesmo entra em contradição, senão vejamos. Como explicar que, apesar de familiar e de pequeno porte, sua empresa tinha intensa movimentação, chegando a vender cerca de R$ 100.000,00 (cem mil reais) mensais em 2006, o que daria um faturamento brito naquele ano em torno de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais)? Em sendo assim, como explicar o encerramento da CAVE COMÉRCIO DE MATERIAL HOSPITALAR LTDA. em razão da aplicação pelo órgão fazendário local de multa de aproximadamente R$ 90.000,00 - inexpressiva ante o alegado faturamento -, em decorrência do extravio da documentação contábil e fiscal daquela empresa atribuído a ESPEDITO JOSÉ PEREIRA? Se realmente ESPEDITO JOSÉ PEREIRA foi o responsável pela perda da documentação que resultou, inclusive, no encerramento das atividades da CAVE, por que FRANCISCO CARLOS não procurou as medidas judiciais cabíveis? No tocante à conduta de ESPEDITO, pergunta-se: se ele sabia que a empresa de FRANCISCO CARLOS não tinha estoque de mercadorias, como anuir em emitir notas fiscais, não sequenciadas, todas em favor da ABCR, representativas de uma comercialização de um total de 160 (cento e sessenta) cadeiras de rodas, sem sequer desconfiar da idoneidade de tais transações, mesmo sendo um experiente técnico em contabilidade? Em não sendo proprietário das mercadorias (cadeiras de rodas), também não constando procuração da CAVE/contribuinte, por que emiti-las? A tais questionamentos não se pode chegar ilação outra senão a de que tanto FRANCISCO CARLOS MARTINS BARBOSA quanto ESPEDIDO JOSÉ PEREIRA participaram da fraude mediante a emissão de notas fiscais "frias", utilizadas pela corré MARIA PEREIRA D'ALENCAR para justificar a compra de cadeiras de rodas em face do Convênio nº 5631/2003 firmado entre a ABCR e FNS, restando patente que os recursos oriundos do citado Convênio foram utilizados para obtenção de vantagem ilícita, em prejuízo do erário público. A propósito, confira-se o depoimento da testemunha de defesa, JOSÉ RIBAMAR SANTOS DE RESENDE, de onde extraio os seguintes excertos (fls. 122/123): "QUE a CAVE funcionava na casa de FRANCISCO CARLOS, sendo pequena; que nunca viu cadeira de rodas na empresa; que desconhece qualquer fato que desabone a conduta do réu, tendo-o como pessoa honesta e trabalhadora; que esteve no escritório de ESPEDITO em companhia de FRANCISCO CARLOS para requerer cópias de documentos necessários à expedição de certidão negativa; que aparentemente, a documentação da CAVE ficava no escritório de ESPEDITO; QUE realizou as transações com a CAVE diretamente com FRANCISCO CARLOS, sem a intervenção de ESPEDIDO; que pelo que se recorda, os documentos recolhidos no escritório de ESPEDITO correspondiam à certidão negativa, contrato social e alvará; que FRANCISCO CARLOS entregava as mercadorias ACR10171-CE/15 5

diretamente aos hospitais, cabendo-lhe a emissão das notas; que pelo que se recorda o escritório de ESPEDITO era de dimensões correspondentes à desta sala de audiências; que não sabe dizer quais os documentos da empresa CAVE estavam em poder do contador; QUE nunca viu cadeiras de rodas na empresa,e o espaço físico era muito pequeno; QUE dos réus, conhece FRANCISCO CARLOS, da empresa CAVE, e ESPEDITO, esclarecendo que esteve uma vez junto com FRANCISCO CARLOS no escritório de ESPEDITO; que a empresa CAVE encerrou suas atividades, salvo engano em 2008; que já realizou algumas vendas de matérias médico-hospitalares descartáveis para a empresa CAVE; que não teve qualquer problema com tais vendas; que nada sabe sobre os fatos narrados na denúncia." (grifo nosso). Por fim, tem-se que os fatos delitivos em questão melhor se amoldam, em face do princípio da especialidade, ao previsto no art. 3º c/c o art. 1º da Lei nº 7.134/83 c/c art. 171, 3º, do Código Penal, este apenas em relação às penas da conduta delituosa. Não se trata de aplicação ao presente caso do próprio tipo penal do estelionato, mas do tipo penal próprio previsto nos dispositivos da Lei nº 7.134/83, apenas com a sujeição da respectiva conduta criminosa às mesmas penas do crime de estelionato. Nessa hipótese, estaria prejudicada a alegação da defesa do acusado ESPEDITO JOSÉ PEREIRA, em sede de memoriais, quanto à ausência de prova das elementares do tipo penal do estelionato, mais especificamente na obtenção de vantagem indevida, pois o crime previsto no art. 3º c/c art. 1º da Lei nº 7.134/83 não exige a presença dessas elementares, sendo suficiente à caracterização a ausência de prova de que as verbas do convênio foram aplicadas nas finalidades pretendidas (...). Como visto, o corréu Espedito José Pereira admitiu que emitiu as notas fiscais em comento, contudo a mando do corréu Francisco Carlos Martins Barbosa, sócio administrador da empresa Cave Comércio de Material Hospitalar Ltda. Tal situação é inusual, não cabendo ao contador da empresa a emissão de notas fiscais, tarefa essa cotidiana dos prepostos da empresa quando das operações de venda. Contudo, por ser conhecedor da situação da empresa da qual era contador tinha ele ciência da impossibilidade da aludida venda, em significativo volume de 160 (cento e sessenta) cadeiras de rodas, ou seja, tinha consciência da inexistência do estoque. E, no que se refere ao corréu Francisco Carlos Martins Barbosa, diante do pequeno porte da empresa que administrava, não há como afastar o conhecimento do seu cotidiano ou mesmo de haver o contador se apossado das aludidas notas fiscais sem que viesse a saber ou a dar falta das mesmas. Por fim, no que diz respeito ao pedido subsidiário constante do apelo formulado por Francisco Carlos de ver fixada a pena no patamar mínimo, não se apercebe um necessário suporte ao seu atendimento, tendo em vista pesar em seu desfavor os motivos, as circunstâncias e as consequências do crime, como expendido na sentença recorrida, por visar à obtenção de dinheiro fácil em detrimento do erário, ACR10171-CE/15 6

frustrar interesse público de regular aplicação de verbas que se destinavam à distribuição de cadeiras de rodas às pessoas carentes mediante notas fiscais fraudulentas e, com a conduta perpetrada, permitir que um considerável número de cidadãos deixasse de se beneficiar com os equipamentos a eles destinados. Posto isso, nego provimento aos apelos formulados por Francisco Carlos Martins Barbosa e Espedito José Pereira. É como voto. ACR10171-CE/15 7

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APELAÇÃO CRIMINAL Nº 10171-CE (0002911-36.2012.4.05.8100) APTE : FRANCISCO CARLOS MARTINS BARBOSA ADV/PROC : BALTAZAR PEREIRA DA SILVA JUNIOR E OUTROS APTE : ESPEDITO JOSÉ PEREIRA ADV/PROC : LUIS ÁTILA DE HOLANDA BEZERRA FILHO E OUTROS APTE : MARIA CARMÉLIA PEREIRA D'ALENCAR ADV/PROC : JOSE MOREIRA LIMA JUNIOR E OUTRO APDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ORIGEM : 11ª VARA FEDERAL DO CEARÁ RELATOR : DES. FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO (CONVOCADO) EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTELIONATO MAJORADO. ART. 171, 3º, DO CÓDIGO PENAL. PROCEDIMENTO FRAUDULENTO DE EMISSÃO DE NOTAS FISCAIS PARA AQUISIÇÃO DE CADEIRAS DE RODAS COM RECURSOS PROVENIENTES DO FUNDO NACIONAL DE SAÚDE. APELANTE COM IDADE SUPERIOR A 70 (SETENTA) ANOS QUANDO DA PROLAÇÃO DA SENTENÇA. BENESSE DO ART. 115 DO CÓDIGO PENAL. PRAZO PRESCRICIONAL PELA METADE. PENA FIXADA EM 3 (TRÊS) ANOS E 10 (DEZ) MESES DE RECLUSÃO. HIPÓTESE DO ART. 109, IV, DO CÓDIGO PENAL. DECURSO DE LAPSO SUPERIOR ENTRE AS DATAS DO FATO E DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. INAPLICABILIDADE DA LEI Nº 12.234/2010, POR POSTERIOR AOS FATOS E EM PREJUÍZO À PARTE RÉ. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO QUANTO À CORRÉ SEPTUAGENÁRIA. APELAÇÃO POR ELA INTERPOSTA PREJUDICADA. AUTORIA DELITIVA COMPROVADA. DOSIMETRIA. PENA-BASE NO MÍNIMO LEGAL. PRESENÇA DE CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DO ART. 59 DO CÓDIGO PENAL EM DESFAVOR DO CORRÉU. IMPOSSIBILIDADE. APELAÇÃO DOS CORRÉUS IMPROVIDA. I. Noticia a denúncia em auditoria realizada pela Secretaria de Controle Externo, do Tribunal de Contas da União no Ceará, na Associação Beneficente Cearense de Reabilitação(ABCR) foram constatados procedimentos fraudulentos com relação às notas fiscais emitidas para aquisição de cadeiras de rodas com recursos de convênio celebrado com o Fundo Nacional de Saúde (FNS), ali se verificando que as datas de emissão das notas fiscais por parte da empresa Cave Comércio de Material Hospitalar Ltda., responsável por vender e entregar o material à ABCR, seriam anteriores à data de Autorização para Impressão de Documentos Fiscais (AIDF), no caso teriam sido emitidas entre os dias 3 de janeiro a 12 de maio de 2006 quando a AIDF referente às notas fiscais data de 8 de setembro de 2006, imputando a Francisco Carlos Martins Barbosa, sócio-gerente e administrador da empresa suso referida, a Espedito José Pereira, contador da mesma, e Maria Carmélia Pereira ACR10171-CE/15 9

D'Alencar, então presidente da ABCR, as sanções do art. 171, 3º, do Código Penal, restando eles, ao final, condenados, pelos crimes do art. 171, 3º, do Código Penal c/c arts. 1º e 3º da Lei nº 7.134/1983, os dois primeiros às penas de 3 (três) anos e 4 (quatro) meses de reclusão e de 30 (trinta) dias-multa, cada qual valorado em 1/2 (metade) do salário mínimo e, a última, às penas de 3 (três) anos e 10 (dez) meses de reclusão e de 20 (vinte) dias-multa, cada qual valorado em 1 (um) salário mínimo, substituídas as penas privativas de liberdade impostas individualmente por duas restritivas de direitos consistentes, para todos, em prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas e em prestação pecuniária. II. Em seus apelos aduzem, em síntese, que não restou configurado o delito de estelionato, por ausência do dolo, cabia à empresa a plena e exclusiva responsabilidade pela regular emissão das notas fiscais, ausência de comprovação da participação no crime imputado e, subsidiariamente, fixar a pena no mínimo legal (Maria Carmélia Pereira D'Alencar); ausência de prova da malversação dos recursos públicos e haver emitido as notas fiscais por determinação do representante legal da pessoa jurídica, onde prestava serviços (Espedito José Pereira); e que laudo pericial comprovou não ser sua a grafia constante nas notas fiscais apontadas como "frias"; ausência de comprovação da autoria do crime, mas tão somente da utilização de blocos de notas fiscais da empresa para o cometimento do crime imputado e. subsidiariamente, fixar a pena no mínimo legal (Francisco Carlos Martins Barbosa). III. A corré Maria Carmélia Pereira D'Alencar, à época da prolação da sentença, em 13 de março de 2013, contava com idade superior a 70 (setenta) anos, eis que nascida em 13 de abril de 1940, e, assim, incidir a hipótese do art. 115 do Código Penal para se observar o prazo prescricional pela metade, no caso concreto, diante da pena privativa de liberdade a ela fixada em 3 (três) anos e 10 (dez) meses, se decorridos 4 (quatro) anos entre os marcos regulatórios, o que se constata entre as datas do fato (observando-se que a auditoria remonta ao ano de 2007) e do recebimento da denúncia (9 de maio de 2012), acrescentando-se ser inaplicável ao caso concreto a Lei nº 12.234/2010, por posterior ao fato delituoso e em prejuízo da parte ré. IV. O corréu Espedito José Pereira admitiu que emitiu as notas fiscais em comento, contudo a mando do corréu Francisco Carlos Martins Barbosa, sócio administrador da empresa Cave Comércio de Material Hospitalar Ltda., situação essa inusual por não caber ao contador da empresa a emissão de notas fiscais, tarefa essa cotidiana dos prepostos da empresa quando das operações de venda. Contudo, por ser conhecedor da situação da empresa da qual era contador tinha ele ciência da impossibilidade da aludida venda, em significativo volume de 160 (cento e sessenta) cadeiras de rodas, ou seja, tinha consciência da inexistência do estoque. V. O corréu Francisco Carlos Martins Barbosa, diante do pequeno porte da empresa que administrava, não tem como afastar o conhecimento do ACR10171-CE/15 10

seu cotidiano ou mesmo de haver o contador se apossado das aludidas notas fiscais sem que viesse a saber ou a dar falta das mesmas. VI. Do carreado aos autos outra não pode ser a ilação senão a de que tanto Francisco Carlos Martins Barbosa quanto Espedido José Pereira participaram da fraude mediante a emissão de notas fiscais "frias", utilizadas pela corré Maria Carmélia Pereira D'Alencar para justificar a compra de cadeiras de rodas em face do Convênio nº 5631/2003 firmado entre a ABCR e FNS, restando patente que os recursos oriundos do citado Convênio foram utilizados para obtenção de vantagem ilícita, em prejuízo do erário. VII. Fazendo-se presentes, em desfavor do corréu Francisco Carlos Martins Barbosa, os motivos, as circunstâncias e as consequências do crime, como expendido na sentença recorrida, por visar a obtenção de dinheiro fácil em detrimento do erário, frustrar interesse público de regular aplicação de verbas que se destinavam à distribuição de cadeiras de rodas às pessoas carentes mediante notas fiscais fraudulentas e, com a conduta perpetrada, permitir que um considerável número de cidadãos deixasse de se beneficiar com os equipamentos a eles destinados, não há como conduzir a pena-base ao mínimo legal. VIII. Extinção da punibilidade, pela ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, a teor do art. 107, IV, c/c arts. 109, IV, e 115, todos do Código Penal, em relação à apelante Maria Carmélia Pereira D'Alencar, restando prejudicada a apelação por ela interposta. IX. Apelações formuladas por Francisco Carlos Martins Barbosa e Espedito José Pereira improvidas. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de APELAÇÃO CRIMINAL, em que são partes as acima mencionadas. ACORDAM os Desembargadores Federais da Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, à unanimidade, em declarar extinta a punibilidade em relação à apelante Maria Carmélia Pereira D'Alencar, pela ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, e em negar provimento às apelações formuladas por Francisco Carlos Martins Barbosa e Espedito José Pereira, nos termos do voto do Relator e das notas taquigráficas que estão nos autos e que fazem parte deste julgado. Recife, 1º de dezembro de 2015. Des. Federal Ivan Lira de Carvalho Relator Convocado ACR10171-CE/15 11