Diário da Justiça de 23/06/2006 11/04/2006 PRIMEIRA TURMA RELATOR ADVOGADO(A/S) EMBARGADO(A/S) : MIN. JOAQUIM BARBOSA : STAROUP S/A INDÚSTRIA DE ROUPAS : REGINALDO CAPITULINO DE ANDRADE : ANDRAS GYORGY RANSCHBURG : EDUARDO FRANCISCO DE MOURA : NELSON DOS SANTOS : LUIZ FLÁVIO BORGES D'URSO : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIME DE SONEGAÇÃO FISCAL (LEI 8.137/1991, ART. 1º). ORDEM CONCEDIDA, PARA TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL, DADA A AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. NÃO-EXAURIMENTO DA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ALEGADA OMISSÃO DO ACÓRDÃO QUANTO À DESCONSTITUIÇÃO DE HIPOTECA LEGAL. INEXISTÊNCIA. Inexistente a omissão apontada pelo embargante, pois a ordem de habeas corpus foi conhecida nos termos da impetração. O habeas corpus não é o instrumento adequado para controle da validade de constrição a direitos patrimoniais e bens que não versem sobre a liberdade de locomoção (art. 5º, LXVIII). Embargos de declaração rejeitados. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os ministros do Supremo Tribunal Federal, em Primeira Turma, sob a presidência do ministro Sepúlveda Pertence, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração no habeas corpus, nos termos do voto do relator. Brasília, 11 de abril de 2006. JOAQUIM BARBOSA - Relator
11/04/2006 PRIMEIRA TURMA RELATOR ADVOGADO(A/S) EMBARGADO(A/S) : MIN. JOAQUIM BARBOSA : STAROUP S/A INDÚSTRIA DE ROUPAS : REGINALDO CAPITULINO DE ANDRADE : ANDRAS GYORGY RANSCHBURG : EDUARDO FRANCISCO DE MOURA : NELSON DOS SANTOS : LUIZ FLÁVIO BORGES D'URSO : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (Relator): Trata-se de embargos de declaração interpostos do acórdão de fls. 264-271, cuja ementa tem o seguinte teor: HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA AINDA NÃO ESGOTADA. ORDEM CONCEDIDA. 1. Na linha do julgamento do HC 81.611 (rel. min. Sepúlveda Pertence), o crime de sonegação fiscal, definido no art. 1.º da Lei 8.137/1990, somente se consuma com o lançamento definitivo do crédito tributário. 2. De igual forma, se houver recurso administrativo pendente, não terá início o curso do lapso prescricional, nos termos do art. 111, I, do Código Penal. 3. Ordem concedida, para trancar a ação penal em que os pacientes figuram como réus. Afirmam os embargantes que, por ocasião do trâmite da respectiva ação penal em primeira instância, os bens dos pacientes foram hipotecados a pedido do Ministério Público Federal, como garantia de pagamento dos créditos tributários tidos por suprimidos.
HC 83.901-ED / SP Supremo Tribunal Federal Requerem, assim, que a decisão seja esclarecida quanto à manutenção da hipoteca legal, com o conseqüente trancamento daquele feito em apenso, por temerário e constrangedor (fls. 290). Posteriormente à apresentação dos embargos, na petição avulsa 6994/2006, os embargantes afirmaram que, em 10 de agosto de 2005, a Colenda Primeira Câmara, do Egrégio Terceiro Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, proferiu a decisão, que segue acostada a esta, onde extingue totalmente o débito constante no processo administrativo (fls. 312). É o relatório.
11/04/2006 PRIMEIRA TURMA V O T O O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (Relator): Inexistente a omissão apontada. A ordem de habeas corpus foi conhecida e decidida nos termos da impetração, no que se referia ao sobrestamento liminar da audiência de interrogatório criminal, até a apreciação do constrangimento ilegal e ao trancamento da ação penal movida pelo Ministério Público Federal por falta de justa causa e inépcia da inicial (fls. 65). O habeas corpus não é o instrumento adequado para a aferição da validade de hipoteca legal, porquanto a constrição atinge bens e direitos patrimoniais, e não a liberdade de locomoção (art. 5º, LXVIII, da Constituição). Registro, nesse sentido, a ementa do HC 74.887-QO (rel. min. Néri da Silveira, Segunda Turma, DJ de 29.09.2000): Habeas Corpus. Questão de ordem. 2. Ação penal por crimes capitulados nos arts. 288 e 312, combinados com os arts. 69 e 71, todos do Código Penal, por desvios de recursos dos cofres estaduais e de dotações provenientes do orçamento da União Federal, mediante convênio, e destinados ao Sistema Único de Saúde - SUS. 2. Habeas corpus deferido, para anular o processo criminal em curso perante o Tribunal de Justiça do Estado, a partir da denúncia inclusive, determinando a
HC 83.901-ED / SP Supremo Tribunal Federal remessa dos autos ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região. 3. Petição pleiteando providências para o cumprimento da decisão concessiva do habeas corpus, inclusive no que diz respeito às medidas cautelares, o seqüestro e o arresto de bens, com hipoteca legal, que foram tornadas insubsistentes, com a anulação do processo na íntegra. 4. Parecer da Procuradoria-Geral da República pelo indeferimento do pedido. 5. Não constitui matéria a ser examinada em habeas corpus, eis que não concerne à liberdade de ir e vir do paciente. Precedentes. 6. Petição não conhecida. Assim, quando mencionei a manutenção da hipoteca legal ao conceder a medida liminar (fls. 229), buscava tão-somente esclarecer os limites da decisão, para evitar ambigüidade ou vagueza que pudessem comprometer o cumprimento da liminar e a eficácia de futura decisão de mérito. Do exposto, rejeito os embargos de declaração. É como voto.
11/04/2006 PRIMEIRA TURMA O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO - Senhor Presidente, pondero apenas com relação à necessidade, talvez, de ficarmos no primeiro fundamento do voto. Não teria ocorrido omissão, porque, senão, sinalizaríamos, inclusive junto ao Juízo, quanto à hipoteca, apontada como legal, a garantia. Na petição inicial, não se veiculou nada. Na liminar, Vossa Excelência fez referência. O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) Nas informações que vieram posteriormente, veio a notícia de que, na verdade, a conclusão do processo administrativo não seria aquela indicada por ele. O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO Se admitir que, realmente, há pleito no sentido de afastar também esse ato de constrição, como foi concedida a ordem para trancar a ação penal, ele não subsiste, porque resultou, justamente, da ação penal. Foi uma cautelar. O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE (PRESIDENTE) Pois não houve omissão, porque isso não era a matéria adequada ao habeas corpus. O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) Mas isso é matéria a ser tratada pelo juiz.
HC 83.901-ED / SP Supremo Tribunal Federal O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO Por isso é que aponto a conveniência de lançar-se tão-somente que não houve omissão e desprovermos os embargos declaratórios. Deixemos que ele requeira ao Juízo. O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (RELATOR) Não tenho problema em me limitar ao primeiro fundamento, ou seja, remeter ao juiz.
PRIMEIRA TURMA EXTRATO DE ATA RELATOR ADVOGADO(A/S) EMBARGADO(A/S) : MIN. JOAQUIM BARBOSA : STAROUP S/A INDÚSTRIA DE ROUPAS : REGINALDO CAPITULINO DE ANDRADE : ANDRAS GYORGY RANSCHBURG : EDUARDO FRANCISCO DE MOURA : NELSON DOS SANTOS : LUIZ FLÁVIO BORGES D'URSO : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Decisão: A Turma rejeitou os embargos de declaração no habeas corpus. Unânime. Não participaram, justificadamente, deste julgamento os Ministros Cezar Peluso e Ricardo Lewandowski. 1ª. Turma, 11.04.2006. Presidência do Ministro Sepúlveda Pertence. Presentes à Sessão os Ministros Marco Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto e Ricardo Lewandowski. Compareceu o Ministro Joaquim Barbosa, ocupando a cadeira do Ministro Ricardo Lewandowski, a fim de julgar processos a ele vinculados. Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner de Castro Mathias Netto. Ricardo Dias Duarte Coordenador