FORMAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO: REFLEXÃO DA PRÁTICA SOB A ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR NO PENSAMENTO COMPLEXO 1.

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Transcrição:

FORMAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO: REFLEXÃO DA PRÁTICA SOB A ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR NO PENSAMENTO COMPLEXO 1. Orientadora: Ana Paula Cunha Fernandes Francisca Janice Silva, Josenilda Rita Texeira Alves Universidade Estadual do Pará, janjan38@hotmail.com Universidade Estadual do Pará, jossenildalves2017@gmail.com RESUMO O presente artigo tem por objetivo evidenciar a necessidade do pensamento complexo na abordagem transdisciplinar, se apresenta como um dos grandes desafios ao coordenador pedagógico frente ao processo formativo do professor. A diversidade de saberes, opiniões e contradições presente no espaço escolar exige um olhar holístico e dialógico do processo educacional, logo a postura do formador deve ser diferenciada acerca de como o aprendiz se apropria do conhecimento, para propiciar a qualidade do ensino e da aprendizagem. Palavras chave: Educação. Formação. Coordenador pedagógico. Transdisciplinaridade. Complexidade. INTRODUÇÃO Este artigo é fruto de reflexões decorrentes de estudos realizados na disciplina de mestrado Epistemologia e Educação cursada na universidade Estadual do Pará-UEPA. O objetivo do mesmo é elucidar a necessidade da implantação do pensamento complexo, no processo de aprendizagem do coordenador pedagógico, especialmente enfatizando os princípios da abordagem transdisciplinar e multidimensional na formação do mesmo. Sendo que, as reflexões propostas por essa temática apontam para os desafios que envolve a formação e a atuação desse profissional, sobretudo, com a prática deste no contexto escolar, exige uma postura diferenciada frente ao ensino, ou seja, sensível, investigadora, crítica e reflexiva. Tal postura implica necessariamente em um novo modelo de educação, que permita o ser humano se compreender frente ao conhecimento como um ser inacabado, isso só será possível por meio de uma visão global de mundo, onde os conhecimentos sejam religados uns aos outros, em que as partes se interligam com as partes de maneira a formar o todo, para não haver fragmentação no conhecimento, essa é uma concepção complexa, porém 1 Artigo elaborado a partir das leituras e discussões realizadas durante a Disciplina Epistemologia e Educação, ministrada pela Professora Dr.ª Ivanilde Apoluceno de Oliveira.

necessária na formação de sujeitos mais críticos e dispostos a intervir na realidade social. Morin (2005), afirma que: Pascal já havia dito que todas as coisas estavam ligadas umas às outras, que era impossível conhecer as partes. Para ele, o conhecimento era um vaivém permanente de todas as partes, que escapava à alternativa estúpida que opõe os conhecimentos particulares não religados entre si ao conhecimento global, oco e vago (MORIN, 2005, p. 66). Nesse sentido, tanto a formação inicial como a continuada do coordenador pedagógico que atua no processo de aprendizagem do professor precisa abarcar não só os conhecimentos específicos de sua área de atuação, mas de outras que favoreça uma visão ampla do conhecimento, não sendo isolada, compartimentalizada e fragmentada, mas globalizada e articulada, oportunizando a religação dos saberes. O ensino transdisciplinar não se resume simplesmente na reunião de disciplinas ou apenas no diálogo entre duas ou mais áreas do conhecimento, se faz na relação dos conhecimentos entre todas as áreas. Assim, esse estudo justifica-se, por possibilitar ao coordenador pedagógico, maior compreensão sobre o seu papel na formação do professor, a partir de um olhar crítico e investigativo para ressignificar os conhecimentos já adquiridos, modificar a própria prática e contribuir com o trabalho do professor na sala de aula. Assim, ao optar por desenvolver a formação do coordenador pedagógico tendo por base a abordagem transdisciplinar e multidimensional do pensamento, é necessário ter em mente os obstáculos que podemos encontrar pela frente, esse profissional enfrenta no seu cotidiano escolar vários desafios, a saber: a quebra de concepções tradicionais tidas como verdades absolutas, o baixo salário, a aquisição de diversas doenças (estresse e síndromes), a própria indefinição de papel, a falta de bom relacionamento entre a equipe e o não reconhecimento da profissão, entre outros fatores que, na maioria das vezes, contribuem com o descompromisso da inserção de novas práticas pedagógicas no processo educacional. Tais desafios implicam, sobretudo, na mudança do perfil desse profissional, exige de certo modo um olhar diferenciado a respeito da sua formação. Nesse sentido, conceitos como de dúvida, incerteza e de incompletude devem sempre estar presente não formação desse profissional, Morin (2000, p.176), assinala que: [...]o problema da complexidade não é o da completude, mas o da incompletude do conhecimento. Partindo desse pressuposto, o objetivo desse trabalho é promover maior reflexão sobre a formação do coordenador, bem como inserir a teoria da complexidade e da

transdisciplinaridade na prática desse profissional. Freire (2000, p.43), [...] A prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer. Assim, a formação de professor precisa acontecer de forma dinâmica e dialógica, de modo que permita a reflexão sobre o fazer pedagógico desse profissional e de outros agentes envolvidos direto ou indiretamente. O procedimento metodológico adotado à realização desse artigo se deu por meio do levantamento bibliográfico de autores: Morin (2000; 2010; 2012), Freire (2000; 2017), MORAES (2008), Pimenta (2012) e estudo dos textos. No primeiro momento foi feito um debate reflexivo acerca do pensamento complexo, bem como sobre a sua importância à compreensão da educação moderna, depois se realizou uma provocação a respeito da atuação do coordenador pedagógico, frente a abordagem transdisciplinar. Por fim, sobre a temática proposta, como resultado das discussões travadas, concluo ressaltando a relevância da abordagem transdisciplinar estudo que a formação de professores e a educação são peças chaves para desencadear a transformação da realidade. REFLETINDO O PENSAMENTO COMPLEXO O homem é um ser eminentemente biológico, social, político, econômico e cultural, por isso é necessário pensar de maneira complexa os fenômenos presentes no seu dia a dia, algo ainda muito desafiador e difícil para a maioria dos seres humanos, não por que querem, mas por que a vida toda foram educados a pensar tais fenômenos de forma simplificante. Por isso, para compreender determinados fenômenos e sua relação com o meio, na maioria das vezes, costumam ordenar, simplificar, reduzir, separar e isolar os conhecimentos, agem sem fazer reflexão acerca da relação existentes entre os mesmos, Morin (2000), afirma que: Como a nossa educação nos ensinou a separar, compartimentar, isolar e não, a unir os conhecimentos, o conjunto deles constitui um quebra-cabeças ininteligível. As interações, as retroações, os contextos e as complexidades que se encontram na man s land entre as disciplinas se tornam invisíveis. (MORIN, 2000, p.43). Assim, é necessário enfatizar que a complexidade presente nas disciplinas e nas áreas do conhecimento sempre existiram, mas raramente são percebidas dentro do contexto educacional, pois a construção do conhecimento na maioria das escolas acontece deforma isolada e compartimentalizada, essa situação aponta para o grande desafio à educação do século XXI. Nesse contexto, a formação inicial e continuada dos profissionais que atuam na

educação precisa considerar as complexidades presentes nos espaços escolares. Assim, a formação do coordenador pedagógico dentro da perspectiva do pensamento complexo e da abordagem transdisciplinar pode contribuir com a formação do ser humano, por possibilitar a compreensão de que essa abordagem não afasta e tão pouco ignora o paradigma tradicional cientifico, ao contrário, dialoga, reuni e convive com as diversidades e com as contradições presentes, acredita que os conhecimentos são entrelaçados e tecidos em conjunto uns com os outros, Morin(2000), assinala que: Complexus é o que está junto; é o tecido formado por diferentes fios que se transformam numa só coisa. Isto é, tudo isso se entrecruza, porém, a unidade do complexus não destrói a variedade e a diversidade das complexidades (MORIN, 2000, p.188). As reflexões apresentadas nos convidam a refletir sobre o processo de formação, aponta principalmente para a necessidade da mudança da construção do conhecimento do coordenador pedagógico, a partir da necessidade de uma abordagem transdisciplinar, que o possibilite uma visão multidisciplinar e transdisciplinar do processo educacional. FORMAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO: UMA IDENTIDADE NECESSÁRIA Na educação, ao se falar em formação logo vem à mente a formação de professores, dando a impressão de que esses profissionais precisam se qualificar mais que os outros, não sendo muito comum encontrar estudos sobre a formação do coordenador pedagógico. Essa situação nos remete a uma série de questionamentos: Por que será que é mais comum encontrar documentos escritos sobre formação de professor? O coordenador pedagógico tem identidade própria? Tem compreensão clara sobre sua importância no processo educativo? A quem cabe a formação do coordenador pedagógico? Como esses sujeitos se tornam formadores? Os conhecimentos adquiridos nas formações contribuem com os saberes dos professores? Como se dá a atuação do coordenador pedagógico junto aos professores? Essas e outras indagações são necessárias, apontam para a indefinição do papel do coordenador pedagógico no processo educacional, mas também para a necessidade de sua qualificação e uma boa atuação frente a formação do professor, visando a qualidade das aprendizagens dos alunos, Pimenta (2012), afirma que: Uma identidade profissional se constrói, pois, a partir da significação social da profissão; da revisão constante dos significados sociais da profissão; da revisão das tradições. Mas também da reafirmação de práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativa (PIMENTA, 2012, p. 20).

As considerações revelam que a identidade profissional não é permanente e tão pouco adquirida, mas é construída por meio das relações sociais existentes entre os indivíduos, nesse sentido, a formação do coordenador pedagógico é de suma importância para a construção de sua identidade profissional, precisa ser significativa, investigativa, crítica e reflexiva, para superar a visão fragmentada dos saberes construídos ao longo dos tempos. Em decorrência disso Moraes (2008), ressalta que: Se faz urgente a necessidade de nos distanciarmos de modelos absolutos, certezas incontestáveis, propondo uma nova maneira de encarar o conhecimento de forma integrada aos contextos, interligando áreas diferentes no desenvolvimento de significados (MORAES, 2008, p. 41). A abordagem do pensamento complexo corrobora com a construção de uma consciência aberta, planetária, busca a conexão entre os conhecimentos e a superação da visão de mundo fragmentado, preconizado pelo paradigma simplificador e reducionista. As reflexões sobre a formação do coordenador pedagógico sinalizam para uma mudança urgente, no que tange a atuação desse profissional delineia uma formação consciente, reflexiva e permite os envolvidos irem muito além dos conhecimentos específicos que aparentemente se apresentam. De acordo com a abordagem transdisciplinar, é necessário um novo olhar sobre o ato educativo, primando principalmente pelo desenvolvimento de uma visão total acerca da realidade, que a ética, a contradição e o diálogo sejam ser elementos sempre presentes no debate, como bem ressalta Freire (2017, p.109): Por isto, o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de ideias a serem consumidas pelos permutantes. Diante disso, é cada vez mais necessário a formação do coordenador pedagógico ser em conformidade com o que propõe a abordagem transdisciplinar do pensamento complexo, por contribuir com a construção de pessoas com posturas diferenciadas, ou seja, reflexiva e dialógica ajuda na formação de sujeitos éticos e comprometidos com a formação de pessoas mais humanizadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O pensamento complexo, assim como a abordagem transdisciplinar se apresentam como alternativas viáveis na transformação do processo de ensino e aprendizagem, o coordenador pedagógico é um dos agentes importantes na condução dessa abordagem, por isso precisa investir mais na sua formação, para melhorar a prática pedagógica do professor e assim sistematizar as aprendizagens dos seus alunos. As reflexões desencadeadas por esse estudo apontam para um novo caminho a ser seguido pela a educação, onde o pensamento humano precisa passar por grandes transformações, considerar o ser humano como sujeito de suas ações e construtor do próprio conhecimento, que essa abordagem prima principalmente pela articulação dos saberes entre todas as áreas do conhecimento, buscando envolver o coordenador pedagógico como um agente de mediação nesse processo. Portanto, o estudo dos autores contribuiu para ampliar mais o meu olhar acerca das formações ocorridas nas escolas, com eles pude refletir que as formações precisam ser significativa e desestabilizar o conhecimento adquirido e considerado por muitos como verdades absolutas, a fim de promover as mudanças necessárias na educação. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia, Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo, ed. Paz e Terra, 2002.. Pedagogia do Oprimido. São Paulo, ed. Paz e Terra, 2017 MORAES, M. C. Ecologia dos saberes: Complexidade, Transdisciplinaridade e Educação. São Paulo: Antakarana/ Prolibera, 2008. MORIN, E. Os sete saberes necessários a educação do futuro. São Paulo, ed. Cortez 2000.. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.. Cabeça bem- feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.. O Método 3: O conhecimento do conhecimento. Tradução Juremir Machado da

Silva. Porto Alegre: Sulina, 2012. PIMENTA. S. G. (Org). Saberes Pedagógicos e Atividade Docente: formação de professores: Identidade e saberes da docência. São Paulo, Cortez, 2012. GHEDIN, E. (Org). Professor Reflexivo no Brasil, gênese e crítica de um conceito: Professor reflexivo, construindo uma crítica. São Paulo, 2012.