Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: 00077.00087/201-12; 00077.00089/201-01 Assunto: Restrição de acesso: Recurso contra decisão denegatória de acesso à informação. Não há restrição de acesso. Ementa: Despesas A regra é a publicidade, o sigilo exceção. Interesse pessoal. Local da fácil acesso Identidade de processos Acata-se a decisão do recorrido Não conhecimento. Órgão ou entidade recorrido (a): Secretaria-Geral da Presidência da República - SGPR Recorrente: G.L.A. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº 12.527/2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor Pedido 01/08/201 O cidadão solicita o envio dos arquivos XML relativos às compras públicas feitas de 01/01/2012 até a presente data. Alternativamente, requer o envio de informação que consiste nas chaves de acesso às Notas Fiscais eletrônicas relativas às compras públicas feitas de 01/01/2012 até a presente data. Resposta Inicial 25/08/201 A SGPR informa que a resposta ao pedido de informação, por ter conteúdo repetido, foi respondido por meio do NUP 21
Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior Recurso à Autoridade Máxima Resposta do Recurso à Autoridade Máxima Recurso à CGU É o relatório. 27/08/201 01/09/201 10/09/201 16/09/201 2/09/201 00077.00086/201-60. Cidadão solicita que seja reformada a decisão que indeferiu o acesso aos dados das notas fiscais eletrônicas de compras do órgão, uma vez que a Comissão Mista de Reavaliação de Informações - CMRI já decidiu reiteradamente que é dever do órgão fornecer as informações solicitadas, pois não se trata de dado sigiloso e nem impõe trabalho adicional e que, conforme consta na solicitação, no portal da Nota Fiscal Eletrônica, é possível se obter todas as notas fiscais eletrônicas emitidas contra o órgão público. A SGPR reitera que não possui a informação solicitada. A SG/PR não recebe nenhuma NF em meio eletrônico, apenas em papel, por não ser contribuinte credenciado para a emissão de NF-e, de modo que não existe banco de dados com as notas fiscais eletrônicas pagas. Porém, é possível consultar os gastos, por elemento de despesa, realizados pelos órgãos que compõem a Presidência da República (PR) no Portal da Transparência (http://www.portaldatransparencia.gov.br/), conforme instruções apresentadas na resposta original ao seu pedido (NUP 00077.00086/201-60). Cidadão afirma que basta o órgão solicitar à Secretaria da Fazenda do DF para que ela disponibilize todos os arquivos xmls das compras efetuadas pelo Ministério, como fora feito pela FUNASA, e pedido anterior: Protocolo 2582000281120126. A Secretaria Geral da Presidência da República reitera que não possui as informações solicitadas pelo senhor, por não receber nenhuma NF em meio eletrônico, apenas em papel, tendo em vista que não é contribuinte credenciado para a emissão de NF-e. Dessa forma, inexiste o banco de dados solicitado pelo senhor. Reitera argumentos anteriores. Análise 22
2. Registre-se que o Recurso foi apresentado à CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº 12.527/2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 772/2012, in verbi: Lei nº 12.527/2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 772/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.72/2012, observa-se que a Secretaria- Geral da Presidência da República cumpriu todos os dispositivos legais elencados na legislação de acesso, como se pode verificar abaixo: Art. 21. No caso de negativa de acesso à informação ou de não fornecimento das razões da negativa do acesso, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à autoridade hierarquicamente superior à que adotou a decisão, que deverá apreciá-lo no prazo de cinco dias, contado da sua apresentação. Parágrafo único. Desprovido o recurso de que trata o caput, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à autoridade máxima do órgão ou entidade, que deverá se manifestar em cinco dias contados do recebimento do recurso.. Primeiramente, deve-se esclarecer que os NUP s 00077.00087/201-12 e 00077.00089/201-01 serão analisados conjuntamente neste parecer, visto que, em ambos os 23
processos, se tratam de pedidos de informação que possuem o mesmo objeto, o mesmo requerente e o mesmo órgão recorrido. Ademais, verificou-se que as argumentações produzidas, tanto pelo recorrido quanto pelo recorrente, em primeira e em segunda instância recursal foram as mesmas. Dessa maneira, justifica-se a análise conjunta de ambos pedidos de acesso, com base no princípio administrativo da economicidade processual e no princípio constitucional da eficiência. 5. Verificou-se, por conseguinte, durante a instrução processual que o objeto dos pedidos de acesso a informação em epígrafe e as partes envolvidas são idênticos ao objeto do pedido de acesso de NUP 00077.00086/201-60, cujo recurso já se encontra em análise nesta Controladoria- Geral da União. Dessa forma, percebe-se que ocorreu o fenômeno jurídico da litispendência, o qual é conceituado da seguinte maneira, no Código de Processo Civil: Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) V - litispendência; 3 o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; (...). 6. Nesse sentido, o artigo 267 do mesmo Código de Processo Civil aponta fatos que dão causa à extinção processual, sem a resolução de mérito. A saber: Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005) V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; 7. Assim, observa-se que ocorre litispendência, na área cível, quando há litígio pendente de julgamento por juiz competente, de forma que não se poderá impetrar ação com as mesmas partes e sobre o mesmo objeto, sendo-a extinta sem o julgamento do seu mérito. Dessa forma, também pode ocorrer analogamente o mesmo fenômeno na seara administrativa. A Lei de Acesso à Informação não trata diretamente sobre a ocorrência de litispendência nos pedidos de acesso à informação. No entanto, a jurisprudência que vai se firmando na análise de pedidos de acesso por esta Controladoria-Geral da União aborda o fenômeno do pedido duplicado, que se assemelha à litispendência. 2
8. Segundo Cunha Filho e Xavier 1, a identidade de pedidos existe quando um mesmo interessado apresenta a uma mesma Instituição Pública pedido com o mesmo objeto. Os autores acreditam que a posição mais segura é aquela que inadmite a duplicidade de pedidos, devendo o segundo ser extinto, sem o julgamento do seu mérito. Fundamenta esta decisão os princípios da segurança jurídica, da eficiência e da economicidade, que regem a atividade da administração pública. É o que se entende da leitura do artigo 2 da Lei n 9.78/99, Lei Geral do Processo Administrativo, utilizada de maneira subsidiária à Lei n 12.527/11: Art. 2 o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 9. Assim, o mérito sobre o objeto pleiteado pelo recorrido já está sendo analisado pela Controladoria-Geral da União na instrução processual do pedido de acesso n 00077.00086/201-60. No âmbito deste pedido de acesso, esta CGU enviou pedido de solicitação de informações adicionais, por meio do Ofício n 65 de 13 de Janeiro de 2015, ao Serviço de Informações ao Cidadão do Palácio do Planalto, que representa a Secretaria-Geral da Presidência da República. A reposta a este ofício foi recebida em 19 de Fevereiro de 2015 e o respectivo recurso será julgado, portanto, conforme estabelece a Lei Geral do processo Administrativo, Lei n 978/99, em até 30 dias desta data, caso não haja prorrogação. Por esse motivo, acredita-se que o recurso referente não deve ser conhecido em seu mérito, uma vez que se trata de pedido duplicado. Conclusão 10. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do referido recurso, uma vez que a análise do objeto dos pedidos de informação em epígrafe já se encontra em trâmite nesta Controladoria-Geral da União. JORGE ANDRÉ FERREIRA FONTELLES DE LIMA Analista de Finanças e Controle. 1 Cunha Filho; Xavier: Lei de Acesso à Informação: teoria e prática. Rio de Janeiro, Lumen Juris, 201. 25
D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n. 1.567 da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento dos recursos interpostos, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito dos pedidos de informação nº 00077.00087/201-12 e n 00077.00089/201-01 direcionados à Secretaria-Geral da Presidência da República. Gilberto Waller Júnior Ouvidor-Geral da União - Substituto 26
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 326 de 19/02/2015 Referência: PROCESSO nº 00077.00089/201-01 Assunto: Recurso contra decisão denegatória de acesso à informação. Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 19/02/2015 Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 19/02/2015 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: d383eda9_8d21a6f282251c0