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Transcrição:

INTRODUÇAO Brv histórico do projto Escola Intrcultural Bilingu d Frontira Flors, Olga Viviana (PG-UNIOESTE) A Linguística Aplicada (LA) é a ára d psquisa qu stá dirtamnt rlacionada à rsolução d problmas práticos na ralidad linguística das socidads tm contribuído muito para a ára d nsino/aprndizagm d línguas strangiras. Sgundo Moita Lops(1998), A Lingüística Aplicada (LA) é uma ára d invstigação aplicada, mdiadora, intrdisciplinar, cntrada na rsolução d problmas d uso da linguagm, qu tm su foco na linguagm d naturza procssual, qu colabora com o avanço do conhcimnto tórico, qu utiliza métodos d invstigação d naturza positivista intrprtativista. (MOITA LOPES, 1998, p.21-22). Tndo como prmissa a rsolução dos problmas d uso da linguagm na vida ral, prssupõ-s qu a linguagm stablc strita rlação com os indivíduos com suas idntidads com a socidad. A linguagm nasc da ncssidad da comunicação do ntndimnto ntr intgrants d uma comunidad é sta comunicação qu mov a ação humana. É o mio plo qual os homns stablcm rlaçõs d rciprocidad linguístico/culturais no intuito d, m difrnts contxtos situacionais, construírm rlaçõs intrpssoais. Através d difrnts formas d comunicação /ou linguagm nossas práticas sociais são rgularizadas, rproduzidas ou lgitimadas. No Brasil o tma da frontira ra pouco studado na Educação bm como pouco rfltido nas políticas públicas, m razão talvz da tradição institucional nacional brasilira m rlação às suas frontiras, sjam las simbólicas, políticas ou, como m alguns casos, fruto do ntrcruzamnto das duas vrtnts. É important citar qu aspctos ducativos da ára d frontira, até rcntmnt, tnham sido tratados nas políticas ducacionais nacionais, rgionais locais d forma unilatral homogêna, ou sja, sm lvar-s m conta a particularidad frontiriça qu prssupõ, plo mnos, rlaçõs bilatrais. Prira (2009) coloca qu, d modo gral, os studos sobr ára d frontira têm como foco, na sua maioria, qustõs d linguagm, mostram o plurilinguismo dscritivo dssa ára, pouco claros para outros aspctos sócio-ducativos qu prmiam ssa ralidad, tais como: a) O câmbio d modas; I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN - 2236-3203 - p. 1-9 881

b) A força da visão nacionalista d cada país, quando o assunto gurras é abordado somnt m uma prspctiva; c) O contrabando a ilgalidad constatando a inficiência da sgurança pública qu gra xploração d pssoas produtos; d) A qustão do rspito à idntidad do outro. ) O incntivo ao prconcito linguístico, racial rligioso drivado da não acitação às difrnças. f) O intrcâmbio ntr scolas d frontira. Entr sts pontos citados dstaca-s o intrcâmbio cultural ntr as scolas dos paíss, dando força a hipóts d qu a scola cumpr a tarfa d stablcr frontiras ducacionais nssas áras. A burocracia da scola é um dos pontos qu s opõ à intgração rgional no contxto d frontiras intrnacionais. Msmo tndo passado séculos após a colonização ainda há difrnças culturais, criadas pla divisão Portugal Espanha. Dvido a isso praticamnt podaram a criação d políticas públicas qu lvass a uma união rgional. Para Hall (2005), a partir da sgunda mtad do século XX, com a aclração do procsso d globalização conômico, social cultural, o sujito ntra numa condição d socialização pós-modrna pois inicia um procsso d intração com outras socidads, culturas mundos, nfrnta-s com idntidads múltiplas torna-s fragmntado. Hall (2005) afirma qu é ss procsso qu, produz o sujito pós-modrno, concptualizado como não tndo uma idntidad fixa, ssncial ou prmannt (Ibidm, p. 12). Há, dssa forma, uma dsconstrução da noção d sujito como portador d uma idntidad, idntificado por um u. Para Santos Cavalcanti (2008), A vrtigm causada pla vlocidad das mudanças contmporânas vm aclrando a disprsão das pssoas ao rdor do mundo, o qu tm provocado a diluição das frontiras tornado o mundo mais intgrado conctado. Mas, sss msmos mios maciços qu possibilitam o contato, s concrtizam d forma parcial, contribuindo também para a sparação, a marginalização, a xclusão. Isso vm causando impactos sm prcdnts sobr a humanidad, qu não ncontra corrspondência com a força unificadora, nm ancoragm m mitos como um povo, uma tnia, uma nação, uma língua, uma cultura. (Santos; Cavalcanti,2008 s/p) Rajagopalan (1998) sustnta qu, a construção da idntidad d um indivíduo na língua através dla dpnd do fato d a própria língua m si sr uma atividad m volução vic-vrsa. Em outras palavras, as idntidads da língua do indivíduo têm implicaçõs mútuas. Isso por sua vz significa qu as idntidads m qustão stão smpr num stado d fluxo. (Rajagopalan, 1998, p. 41), I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN - 2236-3203 - p. 1-9 882

O modlo d nsino comum m scolas d zonas d frontira do Brasil com os paíss do Mrcado Comum do Con Sul (Mrcosul) comçou a sr adotado no ano d 2005. No ntanto, para s chgar ao acordo bilatral para dsnvolvr, m conjunto, a criação do Projto Escolas Bilíngus d Frontiras(PEIBF), foi prcdido d uma séri d convrsaçõs até houv acordos maiors m anos antriors. O PEIBF criado por uma ação bilatral Brasil-Argntina, propõ a progrssiva transformação das scolas d frontira m instituiçõs intrculturais bilíngus qu ofrçam aos sus alunos uma formação com bas num novo concito d frontira, ligado à intgração rgional, ao conhcimnto rspito pla cultura às produçõs do país vizinho. O documnto qu rg o PEIBF diz qu [...] toda frontira s caractriza por sr uma zona d indfinição instabilidad sociolingüística ond atuam duas ou mais línguas. Essa intração s produz a partir dos falants da língua da influência dos mios d comunicação, m particular o rádio a tlvisão d um d outro lado da frontira. É assim na frontira do Brasil com os paíss d língua spanhola, por xmplo, ond stão prsnts o português o spanhol. Há altrnâncias nos usos d ambos os códigos com propósitos comunicativos idntitários. Encontram-s frqüntmnt na frontira, ainda, fnômnos d mscla lingüística d mpréstimos maciços m uma ou outra dirção. (MEC; MECT, p.10-11) O PEIBF tm por objtivo, como dscrito no documnto m vrsão prliminar prmitir, organizar, fomntar a intração ntr os agnts ducacionais as comunidads ducativas nvolvidas, d tal manira a propiciar o conhcimnto do outro a supração dos ntravs ao contato ao aprndizado (MEC MECT, 2006, p. 21). Tm como bas o intrcâmbio docnt oriundo d scolas-splho, qu funcionam igualmnt como as cidads-gêmas, ou sja, são scolas parciras qu atuam juntas formando uma unidad opracional somando sus sforços na construção do bilingüismo da intrculturalidad. A ducação para as scolas d frontira, nss contxto, implica o conhcimnto, a valorização a produção das culturas nvolvidas, tndo por bas práticas qu caminhm para a intração o diálogo ntr os grupos nvolvidos fazndo surgir novos concitos d cultura, o rconhcimnto das caractrísticas próprias o rspito mútuo. Além disso, s proporciona o conhcimnto o uso d mais uma língua, o qu contribui para o aprimoramnto d suas rlaçõs comunicativas, tndo m vista qu sss alunos ncontram-s, m maior ou mnor grau, xpostos a situaçõs d utilização d ambos idiomas. Sgundo Moita Lops (2001) I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN - 2236-3203 - p. 1-9 883

a scola, ntão, tm um papl fundamntal na formação das idntidads, por rprsntar gralmnt o primiro spaço social m qu a criança tm a oportunidad d tr contato com outros modos d vida difrnts daqul homognizant da família. Assim, dntr os spaços institucionais m qu atuamos, a scola tm sido continuamnt apontada como um dos mais importants na construção d qum somos ou dssa fragmntação idntitária. (Moita Lops, 2001, p. 16). HISTORICO DO PEIBF Em 26 d março d 1991, é firmado plos paíss mmbro do Mrcosul Mrcado Comum do Sul o Tratado d Assunção qu m su artigo 23 dclara o português o spanhol como idiomas oficiais do Mrcosul. Como part dss procsso, o SEM Stor Educacional do Mrcosul aponta, nos sus planos d ação, a ncssidad d difundir o aprndizado do português do spanhol por mio dos sistmas ducacionais formais não-formais, considrando como áras prioritárias o fortalcimnto da idntidad rgional, lvando, dssa forma, ao conhcimnto mútuo, a uma cultura d intgração à promoção d políticas rgionais d formação d rcursos humanos visando à mlhoria da qualidad da ducação Na runião d Ministros da Educação do SEM - Mrcosul, ralizada m Assunção Paraguai, no ano d 2001, foi aprovado o Plano d Ação do Stor para 2001-2005, o qual aponta, ntr outros aspctos, a ducação como spaço cultural para o fortalcimnto d uma consciência favorávl à intgração, qu valoriz a divrsidad rconhça a importância dos códigos culturais lingüísticos. É nss contxto qu o SEM busca avançar na snsibilização para o aprndizado dos idiomas oficiais do Mrcosul. Com o objtivo d stritar os laços na ára ducacional, foi firmada, inicialmnt com a Argntina, Dclaração Conjunta m dzmbro d 2003. Nssa Dclaração, a ducação foi rafirmada como spaço cultural para o fortalcimnto d uma consciência favorávl à intgração rgional, passando-s a atribuir grand importância ao nsino do spanhol no Brasil do português na Argntina. A rfrida Dclaração dispõ implmntar, dntr outras, a sguint ação: (...) dsnvolvimnto d um modlo d nsino comum m scolas d zona d frontira, a partir do dsnvolvimnto d um programa para a ducação intrcultural, com ênfas no nsino do português do spanhol, uma vz cumpridos os dispositivos lgais para sua implmntação. (MEC, 2005, p. 3) Em atndimnto ao acima disposto, ao longo do sgundo smstr d 2004, iniciou-s ntndimntos, junto aos sistmas staduais municipais d nsino da I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN - 2236-3203 - p. 1-9 884

rgião sul do Brasil, buscando a adsão d scolas localizadas na rgião d frontira. Foram dfinidas duas scolas brasiliras localizadas nos municípios d Uruguaiana-RS Dionísio Crquira-SC qu fazm frontira com as províncias argntinas d Corrints Misions, rspctivamnt. O Projto foi inaugurado m março d 2005 plos Minisstros da Educação do Brasil, Frnando Haddad, da Argntina, Danil Filmus, m Dionísio Crquira, stado d Santa Catarina comçou m apnas duas scolas uma m Dionísio Crquira outra m Uruguaiana, na 1.ª séri. Em 2006, o projto foi ampliado para os Municípios d Foz do Iguaçu, m Paraná, São Borja Itaqui, no Rio Grand do Sul, totalizando 6 scolas. Em 2007, a ampliação s du para as 2ªs 3ªs séris do nsino fundamntal. Em 2008, o Projto chgou à 4ª séri fchando o ciclo inicial do nsino fundamntal. Além disso, foram incluídas mais quatro scolas: duas scolas m São Borja/ Santo Tomé duas m Itaqui/Alvar. Ainda m 2008, o programa foi struturado alargado para o Paraguai, o Uruguai a Vnzula. Foram ralizados os Diagnósticos Sócio-institucionais nas scolas municípios slcionados indicados plos Ministérios os Diagnósticos Sociolingüísticos, xcutados plas quips d assssors dos paíss rprsntants dos Ministérios, nssas scolas Em 2009, o projto continuou a sr xcutado nas scolas antigas, na frontira Brasil-Argntina: 2 scolas-gêmas m Uruguaiana- RS/ Paso d los Librs, 4 scolas-gêmas m São Borja (RS)/ Santo Tomé, 4 scolas-gêmas m Itaqui (RS)/ Alvar La Cruz, 2 scolas-gêmas m Dionísio Crquira (SC)/ Brnardo d Irigoyn 2 scolas-gêmas m Foz do Iguaçu (PR)/ Purto Iguazú. Em 2010 novas scolas foram incorporadas no projto: 2 scolas-gêmas m Chuí- RS/ Chuy (Uruguai), 4 scolas-gêmas m Jaguarão- RS/ Rio Branco (Uruguai), 2 scolas-gêmas m Ponta Porã-MS/ Pdro Juan Caballro (Paraguai) 4 scolas-gêmas m Pacaraima RR/ Santa Elna d Uiarén (Vnzula). Apnas as scolas da frontira d Foz do Iguaçu com a Argntina saíram do programa, o qu dsprtou o intrss m sabr as provávis causas já qu é considrada uma important frontira tanto nacional como intrnacional, ond dito projto cabria duplamnt, já qu trata-s d uma tríplic frontira. A jornalista Fabíula Wurmistr publicou no jornal Gazta do Povo no dia 30/03/2010 uma matéria intitulada: Aulas m scolas bilíngus são suspnsas na I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN - 2236-3203 - p. 1-9 885

frontira Dita matéria informa qu crca d 500 alunos qu sriam bnficiados plo projto Escolas Bilíngus d Frontira m Foz do Iguaçu na vizinha cidad d Purto Iguazú, na Argntina ainda não triam tido aulas nss ano dvido a qu a prfitura tinha dcidido suspndr o convênio qu vinha mantndo com o Ministério da Educação (MEC) dsd 2005 não tinha prvisão d rtomá-lo As profssoras da Escola Municipal Adl Zanotto s prparavam para propor qu o projto foss stndido às scolas d Ciudad dl Est, no Paraguai, quando rcbram a trist noticia,através da dirção da scola, a qual tinha sido convocada para uma runião somnt qu não s daria mais continuidad ao projto. com a Scrtária da Educação. Essa informou Na msma rportagm, uma docnt participant do projto qu não quis s idntificar, afirma: Uma iniciativa dssas não pod simplsmnt acabar, A msma opinião foi dividida pla dirtora da scola participant do lado argntino qu muito dcpcionada comunicaria a dcisão da prfitura d Foz do Iguaçu à rprsntação do Ministério da Educação da provincia d Misions sprando qu a qustão foss rsolvida. A população d Foz do Iguaçu mais uma vz fica sm rsposta prant tamanho dscaso plas autoridads comptnts dixando notória a idéia d qu as políticas linguísticas prcisam urgntmnt d uma rvisão, obviamnt, tratandos da criação d um novo cidadão d frontira. Para tr uma visão gral das frontiras qu participam do projto anxamos o quadro abaixo: EM BRASIL EM OUTROS PAÍSES Dionísio Crquira (SC) 1 scola Brnardo Irigoyn (Argntina) - 1 *Foz do Iguaçu (PR)-? *Purto Iguazu (Argntina)? Uruguaiana (RS) 1 scola Paso d Los Librs (Argntina) - 1 São Borja (RS) 2 scolas Santo Tomé (Argntina) - 2 Itaqui (RS) 1 scola Alvar (Argntina) - 1 Itaqui 1 scola La Cruz (Argntina) - 1 Chuí (RS) 1 scola Chuy (Uruguai) - 1 Jaguarão (RS) 2 scolas Rio Branco (Uruguai) - 2 Ponta Porã (MS) - 1 scola Pdro Juan Caballro (Paraguai) 1 Pacaraima (RR) 2 scolas Santa Elna d Uiarén (Vnzula) 2 I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN - 2236-3203 - p. 1-9 886

Total 13 scolas no Brasil Total 13 scolas nos 4 paíss CONSIDERAÇÕES FINAIS Sndo m rgiõs d frontira ou não, como profssors d língua strangira, conscints d qu o aprndizado ocorr dntro fora d uma sala d aula sprançosos d qu a disciplina sja valorizada considrada imprscindívl no contxto ducativo, dvríamos rfltir a rspito da mtodologia qu utilizamos para o aprndizado da msma, não squcndo qu somos mdiadors nss procsso rsponsávis pla formação d um cidadão capaz d comunicar-s m situaçõs rais, utilizando o gênro txtual adquado discursivamnt confiant. As scolas d frontira cumprm divrsas atividads sociais, procupam-s tanto com a idntidad cultural (tradiçõs, línguas) dos studants, como m criar condiçõs qu valorizm o rspito ntr todos, nativos migrants, d forma qu no su intrior s contmpl a pluralidad a intgração. A scola na frontira possui o dsafio d invstir no apagamnto da discriminação mostrando a riquza do patrimônio sociocultural brasiliro rprsntada pla divrsidad étnico-cultural. Tal atitud fará com qu s valoriz a individualidad histórica d cada grupo qu forma a socidad. A scola possibilita um trabalho ético na ducação, pois é local d diálogo ond a qustão do rspito valorização do outro pod sr, d fato, colocado m prática. Ensjamos qu st studo possa provocar profundas rflxõs m rlação ao nsino d língua strangira como um todo, à divrsidad cultural ao à participação das instituiçõs d nsino fundamntal no PEIBF colabor para construir uma ducação d qualidad com políticas lingüísticas justas. Uma qustão cntral da política linguística é qu [...] há dois tipos d gstão das situaçõs linguísticas: uma qu procd das práticas sociais outra da intrvnção sobr ssas práticas. (CALVET, 2007, p.69). A primira stá ligada às soluçõs dadas plas pssoas diant dos problmas d comunicação no dia-a-dia, indpndntmnt do Estado, por xmplo, o uso d portunhol. A sgunda, às torias laboradas plos linguistas avaliadas plo Estado, concordando ou não com os sntimntos linguísticos dos falants. I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN - 2236-3203 - p. 1-9 887

Calvt (2007) nos nsina qu o planjamnto linguístico é intrvnção do Estado sobr as práticas sociais, a qual quas smpr provoca mudanças linguísticas dv ocorrr, prfrncialmnt, m consonância com as soluçõs intuitivas postas m prática plo povo. O linguista, d crto modo, auxilia a política do Estado para qu as soluçõs intuitivas postas m prática plo povo tnham crta corência. REFERÊNCIAS I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN - 2236-3203 - p. 1-9 888

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. MEC MECT (2010): Escolas d Frontiras. Disponívl m http://portal.mc.gov.br/sb/arquivos/pdf/escolafrontiras/doc_final.pdf. Acsso m 02 out 2010. CALVET, Jan-Louis(2007): As políticas linguísticas. São Paulo, Parábola Editorial. HALL, Stuart (2005): Idntidads Culturais na Pós-modrnidad. Rio d Janiro: DP&A. MOITA LOPES, Luiz Paulo da (1996) Oficina d Lingüística Aplicada: a naturza social ducacional dos procssos d nsino/aprndizagm d línguas. Campinas: Mrcado d Ltras. MOITA LOPES, L.P (2002): Idntidads fragmntadas. Campinas: Mrcado d Ltras. PEREIRA, Maria Crs COSTA, Rinaldo Vitor da (2009): Bilinguismo opção pla sgunda língua m contxto formal: uma política linguística. ISSN: 1517-7238 v. 8 nº. 14 1º sm. p. 37-50. RAJAGOPALAN, K. (1998): O concito d idntidad m lingüística: é chgada a hora para uma rconsidração radical? Trad. d Almiro Pistta. In: Signorini, I. (org.) Lingua(gm) Idntidad. Campinas: Mrcado d Ltras, p. 21-45. SANTOS, Maria Elna Pirs; CAVALCANTI Marilda Do Couto (2008): Idntidads híbridas, língua(gns) provisórias-alunos "brasiguaios" m foco. Scilo Brasil.Trab. linguist. apl. vol.47 nº.2 Campinas: July/Dc. I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN - 2236-3203 - p. 1-9 889