AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NA PERSPECTIVA DOS CICLOS DE FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO



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Transcrição:

1 AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA PERSPECTIVA DOS CICLOS DE FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO Ana Paula Gomes dos Santos. Especializanda pela FEF/UFG Anegleyce Teodoro Rodrigues. Mestre pela FEF/UFG RESUMO Este trabalho trata de uma pesquisa que tem como objetivo geral identificar, analisar e propor práticas e concepções de avaliações em uma escola municipal de Goiânia. Para tanto, utilizamos a pesquisa-ação como método, pois esta se propõe a resolver um problema coletivo de modo cooperativo. A partir deste trabalho verificamos que é possível elaborar uma proposta de avaliação em Educação Física na escola por Ciclos de Formação e Desenvolvimento Humano que tenha como base uma educação crítica, transformadora, buscando contrariar a lógica excludente, seletiva e classificatória do sistema seriado. ABSTRACT This job is about a research that has as a general main to identify, analyse and propose practice and conceptions of evaluations in a municipal school in Goiânia. Towards, we use the action research as a method, cause it proposes to solve a collective problem in a cooperative way. By this job we could see that is possible to elaborate a propose of evaluation in gym classes in schools by cycles of formation and Human Devolopment which has as a basis a criticism education, transformer, seeking to go against the logical that exclude, selective and sorter in the serial system. RESUMEN Ésto trabajo expone una investigación que tiene el objetivo general identificar, analizar y proponer prácticas y concepciones de evaluación en una escuela municipal de Goiânia. Para tal, utilizamos la pesquisa acción como método, pues esta propoese a resolver un problema colectivo de función cooperativa. Desde ésto trabajo percibimos que es posible elaborar una propuesta de evaluación en Educación Física en la escuela por ciclos de formación y desarrollo humano que tenga como base en la educación crítica, transformadora, en busca de decepcionar a lógica excludente, selectiva y clasificatória del sistema seriado. 1. JUSTIFICATIVA Segundo Arroyo (2001:167) a escola é uma comunidade especializada na aprendizagem entre todos os seus membros, e por isso é fator primordial na socialização da cultura e do conhecimento. Assim, o papel da escola consiste, através da ruptura com a linguagem do senso comum, em elevar o nível de pensamento da sociedade, aproximandoo de algo mais elaborado. Um agente insubstituível para colaborar com este processo de ruptura é o professor, que vai se colocar como mediador entre o aluno e o conhecimento, e não como mero reprodutor de conhecimentos.

2 No âmbito da escola, a Educação Física (EF) esteve e está presente enquanto componente do currículo escolar, mas desde então, grandes mudanças aconteceram e estão acontecendo na sua trajetória histórico-social. Para contextualizar podemos dizer que a Educação Física é uma disciplina que trata pedagogicamente de uma área denominada aqui de cultura corporal (COLETIVO DE AUTORES, 1992:61). Entendendo que a avaliação é um dos elementos importantes na escola, pois é um elemento integrante que norteia novas ações, verificamos a necessidade de estar aprofundando este estudo. Para isto, o ponto de partida foi o trabalho de Brito (2004), que constatou que a prática avaliativa na escola por ciclos pouco se alterou em relação à seriada. Assim, a hipótese desse estudo é de que a avaliação da aprendizagem em EF no ciclo se pauta na memória visual, e vêm priorizando objetivos relacionados aos aspectos de valores, habilidades e comportamento, em detrimento do conhecimento sistematizado da cultura corporal. Outro motivo que estimulou a pesquisar esta realidade, é que a escola por ciclos, que vem sendo implantada na Rede Municipal de Goiânia, é um processo novo e complexo que vem trazendo dificuldades para o cotidiano dos professores, principalmente no que concerne à avaliação, além de ser um campo importante de atuação dos profissionais de EF. Os Ciclos de Formação constituem uma nova concepção de escola para o ensino fundamental, na medida em que encara a aprendizagem como um direito da cidadania, propõem o agrupamento dos estudantes onde as crianças e adolescentes são reunidos pelas suas fases de formação: infância (6 a 8 anos), pré-adolescência (9 a 11 anos) e adolescência (12 a 14 anos) (KRUG, 2002:17). Assim, o objeto de estudo da pesquisa é a avaliação em EF na escola por ciclos. Desta maneira, pretendo, através deste trabalho, sem negar as práticas e saberes dos professores, estar colaborando com os mesmos no que se refere à avaliação na escola por ciclos, e com isso contribuir com um processo de transformação no quadro do sistema educacional. (...) podemos então definir a avaliação escolar como um componente do processo de ensino que visa, através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes com os objetivos propostos e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes (FREITAS, 1995:273). 2. OBJETIVOS O objetivo geral da pesquisa foi identificar e analisar as práticas e concepções de avaliação utilizadas nas aulas de EF, em uma escola da Rede Municipal de Goiânia no Ciclo II, no ano de 2004, e contribuir com a construção de uma proposta de avaliação na perspectiva dos Ciclos de Formação e Desenvolvimento Humano (CFDH). Quanto aos objetivos específicos, o primeiro foi identificar as mudanças quanto à avaliação da aprendizagem do sistema seriado para o sistema de ciclos; o segundo foi contribuir com a construção de uma proposta de avaliação de aprendizagem em EF, com a elaboração de materiais e instrumentos pedagógicos de avaliação, a partir da pesquisaação; o terceiro foi contribuir com a tomada de consciência sobre a relação avaliação/objetivo/conteúdo/método da EF nos CFDH.

3 3. METODOLOGIA O método de pesquisa escolhido para esse trabalho foi a pesquisa-ação, que de acordo com Thiollent (1985), envolve os pesquisadores e os participantes de modo cooperativo ou participativo, além de possuir base empírica é realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo. A pesquisa-ação possui quatro fases que foram seguidas durante todo o estudo: fase exploratória; planejamento coletivo da ação para sistematizar uma proposta de avaliação em EF, com a elaboração de materiais e instrumentos pedagógicos; implementação da proposta; avaliação e divulgação dos resultados. Os instrumentos de coleta de dados utilizados durante a pesquisa foram: observação; entrevista semi-estruturada com a professora de EF e com a coordenadora do ciclo II; questionário de identificação sócio-cultural dos alunos; análise de documentos oficiais da Rede Municipal de Ensino; seminário de discussão; planos de ação para implementar a proposta; pesquisa bibliográfica e leitura/fichamento de referenciais teóricos. 4. RESULTADOS A primeira fase da pesquisa nos possibilitou identificar alguns aspectos relacionados à organização da escola pesquisada, em relação aos alunos, aos professores e às dificuldades de implantação do ciclo. A partir de uma análise do plano gestor da escola pode-se observar que seus objetivos contemplam concepções progressistas de educação, dando ênfase a uma formação ampla do educando no contexto de sua realidade, buscando transformar a mesma. Foi identificado através das entrevistas que das categorias que caracterizam o trabalho docente (objetivo, conteúdo, método e avaliação), no que se referem às mudanças do regime seriado para o de ciclos, somente houve mudança real na forma do registro das avaliações, que de notas passaram à descrição do desenvolvimento e aprendizado dos alunos. Essas mudanças ocorreram apenas no momento final da avaliação, ou seja, a construção da ficha descritiva. Identificamos que nas aulas de EF a avaliação é entendida como contínua, dinâmica, mas as práticas avaliativas se pautam apenas na memória visual. A partir desses dados, entende-se que as mudanças que ocorreram na rede de ensino em Goiânia, no plano do ideal, nem sempre são realizadas na prática, pois os professores não compreenderam a proposta na sua totalidade, mas apenas de forma fragmentada. No caso dessa pesquisa, que abrange apenas uma realidade escolar, não temos pretensão de generalização das análises aqui realizadas. Na segunda fase da pesquisa foi construída uma proposta de avaliação considerando a necessidade de se ter clareza dos objetivos, dos conteúdos, dos instrumentos avaliativos e da função da avaliação na escola enquanto auxílio da aprendizagem e do desenvolvimento do aluno, já que, segundo Freitas (1995), o par dialético, objetivos/avaliação (considerado o eixo central do processo didático e da organização do trabalho escolar), é essencial para compreender e transformar a escola, pois o desenvolvimento do conteúdo/método (outro par dialético) está modulado pelo par dialético objetivos/avaliação. A terceira fase se deu com a construção de um plano de ensino a partir do conteúdo ginástica. A experimentação ocorreu entre os meses de agosto e outubro, do ano de 2004, com uma turma de 32 alunos (entre 8 e 10 anos), perfazendo um total de 15 horas aulas. Com este plano, houve a possibilidade de sistematizar e delimitar as estratégias que seriam percorridas durante todo o processo. A partir do plano de ensino, foi construída a ficha de avaliação individual, conforme tabela abaixo.

4 FICHA DE AVALIAÇÃO INDIVIDUAL CONTEÚDO: Ginástica Escolar OBJETIVO GERAL: Identificar, compreender e vivenciar a ginástica nos seus aspectos conceituais, de habilidades/técnicas, valores e atitudes, possibilitando ao aluno ampliar sua compreensão da realidade social e o desenvolvimento de suas potencialidades comunicativas, de interação social e criativas Aspectos Avaliados Conceitos: rolar, saltar, equilibrar, balançar, trepar Habilidades/técnicas: rolar, saltar, equilibrar, balançar, trepar, composição de frases gestuais Instrumentos Utilizados Critérios Avaliados Identifica/ Interpreta/ Vivencia/ Compreende Explica Experimenta Painel Desenho Texto Observação Valores e atitudes: Respeito, participação, cooperação, disciplina, socialização Potencialidades(comunicação, interação e criação, autonomia) Observação Texto Observação AD - Apresenta Dificuldade ED - Em Desenvolvimento S Sim - Não Avaliado NF - Não Fez Com relação à última fase da pesquisa, buscamos contribuir com a tomada de consciência sobre a relação avaliação/objetivo/conteúdo/método da EF nos ciclos. Além do mais, trouxe uma discussão relevante à respeito da implementação desse tipo de proposta, já que os professores sentem dificuldades na elaboração da mesma, necessitando de um auxílio da SME. Os professores não se sentem preparados, pois se habituaram à lógica seriada que os acompanham por toda a sua história, onde as funções da avaliação servem ao sistema capitalista e a ordem social estabelecida, portanto conta com práticas avaliativas que levam à exclusão, seleção e classificação. No entanto é percebida a vontade de alguns de mudar, de alterar essa lógica perversa, porém necessitam de uma formação continuada mais crítica, onde possam compreender o atual sistema de ciclos e sua concepção de avaliação. 5. CONCLUSÕES A avaliação não é um tema novo, mas sempre trouxe inquietações para a prática do professor, principalmente quando ela se remete à lógica dos ciclos, já que os professores se habituaram ao sistema seriado. Quando se trata da EF, o assunto é mais complexo ainda. O objetivo que se referia a verificar as mudanças que ocorreram na avaliação do sistema seriado para o sistema de ciclo foi atingido. Constatamos que a relação avaliação/objetivos/conteúdo/método na escola não era compreendida, pois prevalece a idéia de que as mudanças nos ciclos ocorreram somente em relação à avaliação.

5 Conseguimos também alcançar o objetivo que se referia à construção de uma proposta de avaliação em EF no sistema de ciclos, pois foi possível construir uma ficha de avaliação a partir do plano de ensino, que para avaliar abrangia os aspectos propostos pelo ciclo. Utilizamos também instrumentos de avaliação que a SME sugeria. Não podemos deixar de mencionar a importância de se utilizar um instrumento previamente elaborado, como o plano de ensino, pois a partir do mesmo, foi possível planejar uma ação de forma sistematizada para que pudéssemos alcançar os objetivos propostos e também construir instrumentos adequados para avaliar os alunos. Outro fato interessante é que a ficha de avaliação permitiu sistematizar as práticas avaliativas e ampliar os instrumentos de avaliação utilizados, evitando assim que o professor se respalde apenas na memória visual. O último objetivo se referia à tomada de consciência por parte dos professores da relação avaliação/objetivo/conteúdo/método. Este objetivo também foi alcançado a partir de todo o processo da pesquisa, principalmente no seminário. Após uma análise, verificamos que é possível realizar o método da pesquisa-ação, desde que se tenha uma relação de cunho participativo entre os indivíduos da situação investigativa e o pesquisador. No entanto, não podemos esquecer que dificuldades ocorrerão no cotidiano da pesquisa, pois a mesma está pautada na relação entre diferentes indivíduos. Entendemos que a proposta de ciclos traz avanços e preocupa-se com a formação ampla do educando, não se restringindo apenas aos domínios dos saberes escolares, pois o ensino está centrado no aluno e não nos conteúdos. No entanto, ainda há muito que se discutir, construir e transformar. Prováveis reflexões sobre avaliação não podem se esgotar aqui. Consideramos a pesquisa de extrema importância para contribuir com a EF escolar e também com a prática pedagógica do professor. 6. REFERÊNCIAS ARROYO, Miguel G. Ofício de Mestre: imagens e auto-imagens. 3. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. 251 p. BRITO, Ludmylla Di Oliveira. Avaliação em Educação Física escolar: desafios e dilemas na proposta pedagógica da Rede Municipal de Educação de Goiânia. Goiânia, 2004. Monografia (Especialização em Educação Física Escolar) Faculdade de Educação Física, Universidade Federal de Goiás. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. 119 p. FREITAS, Luis Carlos de. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática. Campinas, SP: Papirus, 1995. 288 p. KRUG, Andréa. Ciclos de formação: uma proposta transformadora. 2. Ed. Porto Alegre: Medicação, 2002. 149 p. THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-ação. São Paulo: Cortez e Autores Associados, 1985. 107 p. Ana Paula Gomes dos Santos. Av. Nero Macedo Q. 50/A bloco V ap 204 Condomínio Morada Nova Cidade Jardim - Goiânia/GO. pliee@pop.com.br Anegleyce Teodoro Rodrigues. Rua MB-2 QD.2 lt 08 Conjunto Morada do Bosque Goiânia/GO. ateodoro@fef.ufg.br