CIBERCULTURA: ESPAÇO DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA À LUZ DA TEORIA ATOR-REDE. Diane Schlieck 1. Isabela Santos da Silva 2. Martha Kaschny Borges 3

Documentos relacionados
CIBERCULTURA: ESPAÇO DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA À LUZ DA TEORIA ATOR-REDE. Diane Schlieck 1. Isabela Santos da Silva 2. Martha Kaschny Borges 3

Aprendizagem Escolar no Ciberespaço: Caminhos Trilhados por Alunos do Ensino Fundamental

A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO DOS PROFESSORES DE TRÊS ESCOLAS MUNICIPAIS DE IMPERATRIZ-MA 1

TECNOLOGIAS DIGITAIS NA EDUCAÇÃO: MUITO ALÉM DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, UM REPENSAR METODOLÓGICO

TÉCNICAS ENSINO UTILIZADAS PARA TRABALHAR COM AS TECNOLOGIAS DIGITAIS MÓVEIS

Gestão da informação. Professor autor: Professoras assistentes: Professora colaboradora: Bloco 3 Disciplina 30

Tecnologias Digitais e Práticas Pedagógicas Inovadoras

EXPLORANDO A LITERATURA NO ENSINO MÉDIO POR MEIO DOS RECURSOS DIGITAIS

O USO DAS TIC S COMO INSTRUMENTOS DE MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA: REALIDADE E DESAFIOS DO PROFESSOR

OS RECURSOS TECNOLÓGICOS UTILIZADOS PELOS ALUNOS DO PEG

A TECNOLOGIA COMO PROPULSORA DE APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS. Aline Reis de Camargo Universidade Federal de Pelotas - UFPEL

PAIS DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E A ESCOLA/EDUCAÇÃO 1. Ederson Malheiros Menezes 2.

Os Blogs construídos por alunos de um curso de Pedagogia: análise da produção voltada à educação básica

Tecnologias Educacionais: Aspectos Positivos e Negativos em sala de aula

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CEAD PLANO DE ENSINO

O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA: A UTILIZAÇÃO DO FACEBOOK COMO FERRAMENTA ALTERNATIVA DE ENSINO APRENDIZAGEM

OS INSTRUMENTOS TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO

Educomunicação e TAR: smartphones como mediadores do processo de ensino e aprendizagem

Processos Educativos

TECNOLOGIAS DIGITAIS NA EDUCAÇÃO: MUITO ALÉM DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, UM REPENSAR METODOLÓGICO

Aprendizagem baseada em projetos com tecnologia. Profa. Dra. Maria josé c. de Souza domingues

TECNOLOGIAS DIGITAIS NO CONTEXTO ESCOLAR: CAMINHOS E POSSIBILIDADES

OS HÁBITOS DE USO DAS TDIC POR ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS NO CONTEXTO EDUCACIONAL

CIBER: UM ESPAÇO PEDAGÓGICO

Novas ferramentas para uma metodologia da EJA

FORMAÇÃO CONTINUADA EM SERVIÇO: ressignificar a pesquisa na escola numa abordagem da relação de saberes LUCIANA VIEIRA DEMERY

TÍTULO: A INFLUÊNCIA DOS NOVOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL INFANTIL: OS CASOS DE NETFLIX E YOUTUBE

ISSN nº Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro Aline Deanne Santana de Carvalho 1 José Carlos de Miranda 2, 3

Tema 4 Bases para elaboração de design didático digital contextualizado.

EMPREENDEDORISMO E EDUCAÇÃO: Uma proposta para aplicação na Educação Básica

ROBÓTICA PEDAGÓGICA LIVRE E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA EXPERIÊNCIA FORMATIVA

Título do Curso: Como construir um plano de Comunicação Digital. Número Máximo de Vagas: 35 no presencial Ilimitado no EaD

9 PROPOSIÇÃO DE ENSINO: ELABORANDO O BLOGINOVAR 9.1 APRESENTAÇÃO

Escolas Inovadoras. revista. Cidadão do século 21 A importância de articular habilidades e competências com as diferentes áreas do conhecimento

INFORMÁTICA EDUCATIVA COMO ESPAÇO DE INCLUSÃO DIGITAL: RELATOS DA EXPERIÊNCIA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE PASSO FUNDO/RS

Usos dos meios, consumos culturais e formação de professores para mídia-educação

Mídia Social.

INFORMÁTICA APLICADA A EDUCAÇÃO Prof. André Aparecido da Silva Disponível em:

REFLETINDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE GEOGEBRA PARA O ENSINO DOS POLÍGONOS

MULTIMEIOS: UMA PROPOSTA DE PESQUISA E USO CONSCIENTE PARA AS MÍDIAS NA ESCOLA

Sabrina Bourscheid 11/09/14

JOGOS UTILIZADOS COMO FORMA LÚDICA PARA APRENDER HISTÓRIA NO ENSINO MÉDIO

Resultados e discussão

Educação e Pesquisa Universidade de São Paulo ISSN: BRASIL

PLANO DE ENSINO Projeto Pedagógico: Disciplina: Didática e Metodologia da Matemática Carga horária: 80

Desenvolvimento Pessoal e

O uso da tecnologia para comunicação e propagação de informações: estreitando a distância entre pessoas e contribuindo para formação do licenciando

Tecnologia educacional e as mudanças comportamentais, metodológicas e culturais para extrair os melhores resultados no ensino e na aprendizagem.

FACULDADES INTEGRADAS SÃO JUDAS TADEU PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

PROJETOS EDUCACIONAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA

BUSCA PELA VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL DOS EGRESSOS DO CURSO DE LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO NA REDE PÚBLICA DE ENSINO NO SUL DE MINAS GERAIS RESUMO

Palavras-chave: Animação. Cibercultura. Educação. Tecnologia.

Aluno(a): / / Cidade Polo: CPF: Curso: ATIVIDADE AVALIATIVA ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA

IDENTIDADE E SABERES DOCENTES: O USO DAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA

Professor ou Professor Pesquisador

MIDIAS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

ÍNDICE. A animação é uma maneira de se criar ilusão, dando vida a objetos inanimados. Conheça o projeto... Os motivos... Nossa equipe...

Desenvolvimento. profissional docente na Educação a Distância: um diálogo entre referenciais

EDUCAÇÃO E INCLUSÃO DIGITAL NA PRÁTICA DOCENTE

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

UTILIZANDO OS MATERIAIS DIDÁTICOS: MARCADOR TRIGONOMÉTRICO E QUADRO CIDEPE NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE TRIGONOMETRIA EM ESCOLAS DA CIDADE DE GOIAS

PROJETO PROLICEN INFORMÁTICA NA ESCOLA : A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA E O ENSINO MÉDIO PÚBLICO

Mary Lúcia Pedroso Konrath, Liane Margarida Rockebach Tarouco e Patricia Alejandra Behar

Educação integral no Ensino Médio. Uma proposta para promover a escola do jovem do século 21

Tecnologia da Informação e Comunicação Aplicada à Educação. Prof. Naan Cardoso

I Educom Sul. Desafios e Perspectivas

Docência Online, o papel do aluno e do tutor no processo de Ensino Aprendizagem.

Pensando por este lado, o trabalho tem objetivo principal de contribuir na formação desses alunos de uma forma que chame mais a atenção e lhe traga

Palavras chave: Tecnologia de Informação; computador; simuladores.

O USO DA REDE SOCIAL COMO RECURSO PARA A APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO

Inova Escola: Recursos

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC S) NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso 2503L - Licenciatura em Artes Visuais. Ênfase. Disciplina A - Didática

AS MÚLTIPLAS FORMAS DE APRENDER MEDIADA PELAS TICS

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PROFESSORAS DE MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA DAS NOVAS TECNOLOGIAS

A PRÁTICA DO PROFESSOR COM AS TDIC: FONTE DE SABER E PESQUISA

TEORIA ATOR-REDE E EDUCAÇÃO: NO RASTRO DE POSSÍVEIS ASSOCIAÇÕES

O PAPEL DAS INTERAÇÕES PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

Caderno de apoio. Gestores Escolares

Uso do kahoot como ferramenta de aprendizagem

Educação a Distância. O Computador na Educação EDU /2. Prof.ª Sandra Andrea Assumpção Maria Prof.ª Letícia Rocha Machado

DIFERENCIAÇÃO PEDAGÓGICA ALIADO AO USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NA PERSPECTIVA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA E NO ATENDIMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL.

Apresentação. Mapa de Atividades

PROJETO ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL VOVÓ DORALICE SALAS TEMÁTICAS

RECORTE SOBRE A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EaD) NO BRASIL

Além do mais, através da capacidade de animação e simulação, os objetos de aprendizagem podem tornar mais simples a compreensão de fenômenos a serem

A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAS: DISCIPLINA PARA O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MENTAIS

ELEMENTOS ARTÍSTICOS COMO ESTRATÉGIA DE SALA DE AULA PARA A INOVAÇÃO DO USO DO LAPTOP EDUCACIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CEAD PLANO DE ENSINO

WEBQUEST NO ENSINO DE FÍSICA: UMA EXPERIÊNCIA EM TURMAS DA 3º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO

X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade

O PAPEL DO EDUCADOR NA ERA DA TECNOLOGIA

AMBIENTES VIRTUAIS DE ENSINO- APRENDIZAGEM: OS DESAFIOS DOS NOVOS ESPAÇOS DE ENSINAR E APRENDER E SUAS IMPLICAÇÕES NO CONTEXTO ESCOLAR

As tecnologias de informação e comunicação. jovens. Teresa Kazuko Teruya

PLANO DE ENSINO Projeto Pedagógico: Disciplina: Avaliação Educacional e Institucional Carga horária: 40

A ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE IMPERATRIZ - MA: uma análise das práticas pedagógicas

Institucional. Nossa História

Alice Virginia Brito de Oliveira Maria José Houly Almeida de Oliveira

PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA

Programa de Aperfeiçoamento de Ensino PAE. Diretrizes para as Disciplinas da Etapa de Preparação Pedagógica

Transcrição:

CIBERCULTURA: ESPAÇO DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA À LUZ DA TEORIA ATOR-REDE Diane Schlieck 1 Isabela Santos da Silva 2 Martha Kaschny Borges 3 O presente artigo estabelece um diálogo sobre o uso das tecnologias digitais TD em um novo espaço de produção de cultura participativa a cibercultura e possíveis novas formas de ensinar e de aprender à luz da Teoria Ator-Rede TAR. A TAR é uma teoria desenvolvida por Bruno Latour (1997, 2009, 2010, 2012) e também pode ser denominada de sociologia das associações. Esta teoria analisa as diferentes relações que se estabelecem entre os entre atores humanos (no nosso caso, os professores e alunos) e os não humanos (computador, smartphone, lousa digital, caderno, lápis...). Bruno Latour, filósofo, antropólogo e sociólogo francês, desenvolveu junto com os pesquisadores Michel Callon e John Law, a ANT - Actor Network Theory, que traduzida para a língua portuguesa, se denomina TAR.Nas palavras de Latour, a TAR procura dissolver [...] a dicotomia entre natureza e sociedade, restando coisas interessantes a fazer, como investigar suas associações, suas conexões e suas politicas de agrupamento (LATOUR, 2009, s/n). Desta forma todos os atores seres humanos e não-humanos são considerados como agentes potenciais de transformação e denominados de actantes 4. Na TAR, o actante é definido pela sua atitude, pelo papel que desempenha nas redes de associações que produz. Estas redes são as conexões estabelecidas entre os actantes envolvidos que interferem, influenciam e até modificam o comportamento um do outro, dependendo das relações que promovem. Assim sendo, para a TAR, a importância não está apenas no sujeito (humano), mas também nos objetos (não- 1 Mestranda em Educação do Programa em Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina PPGE-UDESC- diane.pmf@gmail.com 2 Mestranda em Educação do Programa em Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina PPGE-UDESC - isabela.santosdasilva07@gmail.com 3 Doutora em Educação. Professora do Programa de Educação da UDESC PPGE UDESC marthakaschny@hotmail.com 4 Termo emprestado da semiótica greimasiana e que significa tudo aquilo que gera uma ação, que produz movimento e diferença, podendo ser humano ou não humano. (LEMOS, 2013, p. 42).

humanos) que compõem a nossa existência e a nossa prática educativa, na medida em que os actantes não-humanos, [...] são também mediadores e a mídia é mais do que uma externalidade do humano, uma extensão do homem. Ela é parte da rede que o constitui. Na expressão ator-rede, o ator não é o indivíduo e a rede não é a sociedade. O ator é a rede e a rede é o ator, ambos são mediadores em uma associação. (LEMOS, 2013, p. 23). Humanos e não humanos estão modificando nossa maneira [...] de pensar e de agir em todos os domínios da cultura [...] (LEMOS, 2013, p. 20) o tempo todo. No cotidiano escolar não é diferente, os alunos utilizam seus celulares a todo instante, seja para ouvir música, para acessar redes sociais, mandar sms, tirar fotos, fazer check in, além de ampliarem as possibilidades do fazer pedagógico. Na educação, não temos mais apenas as palavras organizadas em frases escritas. Temos as palavras com sons, formas, imagens, cores, animações. Não temos mais apenas os livros didáticos, o rádio, o jornal e a revista. Temos a televisão, o computador, o tablet, a Internet, os smartphones. Não temos mais apenas a carta, a interpretação e criação de textos escritos, confecção de cartazes. Temos o e-mail, a criação de Blog, Fan Pages, Fan Fictions, Rádio Escola. Enfim, um universo inteiro de descobertas e novas possibilidades que consideram todas as formas e linguagens da comunicação. E mais, [...] as crianças da atualidade participam ativamente do mundo digital e se tornam coautoras de tudo aquilo que constroem no ciberespaço [...] (ÁVILA e BORGES, 2015, p. 109). Diante deste contexto, um dos maiores desafios educacionais da atualidade é saber usar pedagogicamente as tecnologias digitais, pois há muitas possibilidades de exploração e criação de situações de aprendizagem. O acesso às informações está mais fácil e a escola deixou de ser o único local de legitimação do saber (MARTIN- BARBERO, 2011), tornando o processo de ensino-aprendizagem um estímulo para os professores pensarem novas formas de ensinar e de aprender, dentre elas, a aprendizagem colaborativa 5. Quando pensamos em ações e atividades que possibilitem uma aprendizagem colaborativa, devemos entender que há, [...] uma geração mais propensa a criar estratégias e habilidades para superar e lidar com o atual estilo de vida, principalmente quando a cultura 5 [...] a aprendizagem colaborativa é muito mais que uma técnica de sala de aula, é uma maneira de lidar com as pessoas que respeita e destaca as habilidades e contribuições individuais de cada membro do grupo. (IRALA e TORRES, 2014).

participativa, por meio das diferentes mídias e TDIC, vêm se fortalecendo e, desta forma, possibilitando às crianças a criação de estratégias de forma coletiva e colaborativa. (ÁVILA e BORGES, 2015, p. 112). A partir da experiência vivenciada na Rede Municipal de Ensino de Florianópolis, como Professor Auxiliar de Ensino de Tecnologia Educacional, desenvolvemos o Projeto de trabalho intitulado Animação: criando relações significativas com o conhecimento por meio da técnica Stop Motion 6. Nele, percebemos a importância do uso das TD como ferramentas pedagógicas ricas, na medida em que auxiliam o aluno a produzirem conhecimento individual e coletivamente e a assumirem o papel de protagonistas do seu processo de aprendizagem e dos colegas também. E mais, em determinadas situações, as TD assumem o papel de mediadoras nas associações estabelecidas. Ou seja, os actantes não humanos modificam cognitivamente os actantes humanos. Portanto, as TD podem facilitar a comunicação, libertar a expressão, estimular a criatividade, instigar a descoberta, inovar a prática, promover aprendizagens mais colaborativas. Segundo a TAR, ao sermos híbridos 7 efetuamos associações de pessoas com pessoas, de pessoas com coisas e de coisas com as coisas. Neste sentido, todos os actantes podem ser mediadores aqueles que modificam as associações, no nosso caso as aprendizagens; ou intermediários aqueles que apenas transmitem as associações sem modificá-las e neste caso, não ocorre a aprendizagem, apenas a reprodução/memorização do conhecimento. Assim, dependendo da situação, tanto humanos (professores e alunos) como não humanos (as tecnologias digitais, as redes, etc.) podem assumir o papel de mediação e promoverem assim, a aprendizagem e a construção do conhecimento. Nesta perspectiva, fica explicitada que a educação é um processo social e está em permanente construção. Paulo Freire já afirmava que Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante. (1996, p. 20). Assim, a TAR por meio do seu quadro teórico e metodológico, traz novas possibilidades para as pesquisas educacionais, pois nos permite compreender como os alunos se apropriam das tecnologias digitais e as utilizam para aprenderem ao mesmo tempo em que estabelecem relações significativas com o conhecimento. 6 https://pt.wikipedia.org/wiki/stop_motion 7 [...] mistos de natureza e cultura [...] (LATOUR, 1994, p.35). E [...] quase-objetos, porque não ocupam nem a posição de objetos que a Constituição prevê para eles, nem a de sujeitos, e porque é impossível encurralar todos eles na posição mediana que os tornaria uma simples mistura de coisa natural e símbolo social. [...] (LATOUR, 1994, p. 54).

Portanto, uma nova prática docente precisa se efetivar, na qual alunos, professores e tecnologias estabelecem conexões/associações para acessarem informações e as transformarem em conhecimento, apropriando-se de maneira significativa e colaborativa do conhecimento, das tecnologia e ternando-se protagonistas na cibercultura, este novo espaço que é [...] fruto de novas formas de relação social [...] de novas formas de reencantamento social [...] misturando tecnologia, imaginário e socialidade [...]. (LEMOS, 2015, pg.266 e 267). Palavras chave: Teoria Ator-Rede. Aprendizagem colaborativa. Cibercultura. Tecnologias digitais. Bibliografia AVILA, Silviane de Luca. BORGES, Martha Kaschny. Modernidade líquida e infâncias na era digital. Cadernos de Pesquisa da Universidade Federal do Maranhão, v. 22, n. 2, 2015, p. 102 114. Disponível em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/cadernosdepesquisa/article/view/32 20/2053. Acesso em: 05 Outubro 2016.. As rotas e características de navegação de crianças do primeiro ano do Ensino Fundamental. Revista EducaOnline. Laboratório de Pesquisam em Tecnologias da Informação e da Comunicação/UFRJ, v. 8, n. 1, 2014, p. 31 49. Disponível em: http://www.latec.ufrj.br/revistas/index.php? journal=educaonline&page=article&op=view&path%5b%5d=562&path%5b %5D=600. Acesso em: 05 Outubro 2016. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. IRALA. Esrom Adriano. TORRES. Patrícia Lupion. Aprendizagem colaborativa: teoria e prática. Material didático do site www.agrinho.com.br. Disponível em: http://www.agrinho.com.br/site/wp-content/uploads/2014/09/2_03_aprendizagemcolaborativa.pdf. Acesso em: 05 Outubro 2016.

LATOUR, Bruno. Nous n avons jamais été modernes. Essai d anthropologie symétrique. Paris: La Découverte, 1997.. Cogitamus. Six lettres sur les humanités scientifiques. Paris: La Découverte, 2010.. Reagregando o social: uma introdução à teoria do ator-rede. Salvador: EDUFBA-EDUSC, 2012.. Entrevista: Bruno Latour. [Edição 132 - Agosto de 2009]. São Paulo: Revista Cult. Entrevista concedida a produção da Revista Cult. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/entrevista-bruno-latour/. Acesso em: 24 Outubro 2016. LEMOS. André. A comunicação das coisas: teoria ator-rede e cibercultura. São Paulo: Annablume, 2013. MARTIN-BARBERO. Jésus. Desafios culturais da comunicação à educação. Revista Educação e Comunicação, vol. 19. USP/SP. Disponível em http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/36920. Acesso: 05 Outubro 2016. MORAN. José Manuel. Caminhos para a aprendizagem inovadora. Texto extraído do seu livro Novas tecnologias e mediação pedagógica. São Paulo: Papirus, 2009, p.22-24. Disponível em: http://http://www.eca.usp.br/moran/camin.htm. Acesso: 05 Outubro 2016.. Paulo Freire, a simplicidade que ainda inova. Matéria publicada no site Porvir. Disponível em http://www2.eca.usp.br/moran/wpcontent/uploads/2014/01/freire.pdf. Acesso em: 05 Outubro 2016.