TEXTO 3 O REORDENAMENTO DO SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS - SCFV: AS MUDANÇAS NA GESTÃO ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA



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Transcrição:

TEXTO 3 O REORDENAMENTO DO SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS - SCFV: AS MUDANÇAS NA GESTÃO ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA Neste terceiro momento do nosso estudo iremos aprofundar as mudanças com Resolução CNAS nº 01, de 21 de fevereiro de 2013, que dispõe sobre o reordenamento do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV, no âmbito do Sistema Único da Assistência Social SUAS, que pactua os critérios de partilha do cofinanciamento federal, metas de atendimento do público prioritário e, dá outras providências. Conforme mencionado no segundo texto, o reordenamento foi proposto após estudos e discussões nos espaços de pactuações e deliberações, por entender que o Reordenamento visa equalizar a oferta do SCFV para as faixas etárias de 0 a 17 anos e acima de 60 anos, unificando a lógica de cofinanciamento, otimizando recursos humanos, materiais e financeiros, flexibilidade da gestão em planejar a oferta de acordo com a demanda local e estimular a inserção do público identificado nas situações prioritárias, que estavam sendo invisíveis nos serviços e consequentemente na gestão da informação na vigilância socioassistencial em decorrência do formato de atendimento anterior. Um dos exemplos desta situação era o atendimento do PETI, pois muitas das crianças e adolescentes inseridas não se encontravam em situação de trabalho infantil. Porém, às vezes por se tratar de único espaço de oferta de atividades socioeducativas para a faixa etária, em execução no âmbito municipal, os mesmos eram incluídos gerando dados para os indicadores da situação do trabalho infanto-juvenil no país, e inviabilizando ações mais concretas na efetivação de uma proposta de enfrentamento ao trabalho infantil, principalmente nos municípios de maior incidência deste fenômeno. 1

Mas na verdade o que muda nas orientações técnicas com o reordenamento do SCFV? Como já visto o SCFV tem como foco o contexto de vulnerabilidades sociais para pessoas em situações prioritárias, ou seja, o objetivo é prevenir situações de exclusão e risco social. Essa mudança exige que os municípios e o DF conheçam a realidade de seus territórios identificando as famílias registradas no CadÚnico que tenham crianças, adolescentes e pessoas idosas e com deficiência que são o público prioritário a ser atendido no Serviço de Convivência. Por outro lado, os municípios e DF terão flexibilidade e autonomia para definir a oferta do SCFV para crianças e/ou adolescentes e/ou idosos, e/ou pessoas com deficiência independente da idade no âmbito da Proteção Social Básica, em particular, ao público prioritário, considerando as características locais. Essas mudanças visam facilitar a oferta dos serviços continuados, aperfeiçoar melhor a organização do trabalho, a formação dos grupos e os recursos existentes. No SUAS, o Reordenamento significa um avanço na consolidação e organização do serviço socioassistencial voltado às crianças, aos adolescentes e as pessoas idosas e pessoas com deficiência, fortalecendo o princípio da gestão descentralizada entre os entes e o respeito à diversidade das características de organização do trabalho grupal realizado com o público da Assistência Social em cada território (Brasília, 2013). 2

É importante resaltar que para planejar a organização do Reordenamento do Serviço deve-se considerar que: O Serviço continua a ser realizado em grupos, considerando as especificidades dos ciclos de vida; A intervenção social do serviço deve ser planejada com o Orientador Social e Técnico de Nível Superior referenciado ao CRAS de maneira a garantir uma carga horária que atenda as vulnerabilidades do usuário com base no plano de intervenção da família; Articulação do Serviço ao PAIF (Acompanhamento Familiar) para assegurar que a situação de vulnerabilidade relacional do usuário não seja trabalhada de maneira isolada e sim numa perspectiva da socialização e convivência familiar e comunitária; Articulação das ações com a Rede Socioassistencial e Intersetorial no âmbito da competência da Assistência Social; Atentar para inserção, dependendo da demanda territorial, as situações prioritárias previstas na Resolução CNAS Nº 01 de 21/02/2013. Importante que a carga horária do trabalho em grupo tenha uma regularidade mínima que caracterize as ações de um Serviço Continuado; A alimentação dos dados do Sistema de Informação, a ser disponibilizado pelo MDS, como forma de acompanhamento das ações. Ao refletirmos sobre nossa prática no âmbito do município e diante do conteúdo já trabalhado até agora surge, enquanto trabalhador do SUAS e gestor, algumas inquietações que precisam ser levadas em consideração para definição do público e formação dos grupos, tias como: 3

Se o SCFV deve prevenir situações de vulnerabilidades e riscos quais são estas situações que devem ser priorizadas, antecipadas na intervenção? Ou seja, como nos antecipar para preparar os nossos usuários para enfrentar as consequências negativas que possa vir a vivenciar? Como definir a prioridade da prioridade diante de tantas demandas prioritárias que chegam nas equipes? Não podemos perder de vista que estamos investindo na segurança de convívio como uma proposta metodológica que irá fortalecer os vínculos, fortalecendo e empoderando nossos usuários para os desafios próprios do seu ciclo de vida. Assim, a delimitação do público a que se destina a Proteção Social Básica caracteriza dois grupos que estariam em situação de vulnerabilidade social: aqueles que estão em condições precárias ou privados de renda e sem acesso aos serviços públicos (dimensão material da vulnerabilidade) e aqueles cujas características sociais e culturais (diferenças) são desvalorizadas ou discriminadas negativamente (dimensão relacional da vulnerabilidade). (Brasília, 2013, p.9) Diante desta afirmativa, pode-se considerar que a Proteção Social Básica, dentro do SUAS, deve atuar na perspectiva de afiançar as seguranças de convívio, acolhida e sobrevivência, ou seja, evitando, prevenindo riscos sociais, perigos e incertezas para grupos vulneráveis tanto do ponto de vista material, quanto do ponto de vista relacional. Esta é uma mudança significativa do ponto de vista técnico quando formos planejar o SCFV na nova lógica de execução. Além das mudanças do ponto de vista técnico outro foco de grandes alterações diz respeito ao financiamento, pois os pisos de proteção do Serviço de Convivência para idosos/crianças de 0 a 6 anos (Piso Básico Variável II), Projovem (Piso Básico Variável I) e PETI (Piso Variável de Média Complexidade) foram unificados para um único piso denominado Piso Básico Variável (PBV). É essa unificação que possibilita aos municípios maior flexibilidade na oferta, uma vez que a gestão tem total autonomia para a formação dos grupos de convivência, inclusive, com a formação de 4

grupos com faixas etárias diversificadas, desde que observados os dispositivos na Tipificação Nacional dos Serviços no que se refere à provisão dos serviços, equipe de referência, trabalho social, etc. A oferta do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do SUAS, na nova lógica, dependeu de prévia adesão por parte do ente federado e aprovação do respectivo Conselho de Assistência Social. Salienta-se que somente participou do processo de reordenamento aquele Município que recebeu em dezembro de 2012, pelo menos um dos pisos supramencionados que foram unificados. Vale enfatizar, que segundo o MDS, os Municípios que não atenderam os critérios estabelecidos, ou seja, não recebiam os recursos em dezembro de 2012, poderão ser contemplados com o cofinanciamento por ocasião da expansão do serviço, que ocorrerá anualmente conforme divulgação a ser feita pelo MDS. Neste primeiro momento do Reordenamento para definição do valor a ser cofinanciado foi calculado com base na capacidade de atendimento do município e Distrito Federal, sendo composto por um componente permanente para manutenção da capacidade instalada (Componente I) e um componente variável (componente II) para indução dos atendimentos prioritários. Qual seria um valor de referência considerado justo para ser utilizado na proposta de reordenamento dentre os repasses realizados dos pisos anteriores? Após analise para o cálculo do montante do PBV foi utilizado o maior valor de referência dos pisos que vinha sendo utilizado, o do PJA, ou seja, R$ 50,00 (cinquenta reais), mensais, por usuário e a capacidade de atendimento do município e Distrito Federal. 5

Desta forma o Componente I permanente visa garantir a manutenção e continuidade do serviço, sendo seu valor fixado anualmente, tem como base a capacidade de atendimento (oferta planejada) do município e DF, representa 50% do valor do PBV. É importante entender que o valor mínimo para esse componente é de R$ 4.500,00 está baseado em mínimo do PJA (R$ 2.500,00) + mínimo do PETI (R$ 1.000,00) + mínimo do SCFV 0 a 6 e idosos (R$1.000,00) Quanto ao Componente II variável refere-se ao valor que objetiva induzir o atendimento em geral e a inclusão do público prioritário no SCFV; considera a quantidade total de atendimentos, independente da situação, e o percentual de inclusão do público prioritário; pode chegar até ao valor igual ao do componente I (permanente); seu cálculo é proporcional à capacidade de atendimento e ao alcance da meta de inclusão do público prioritário. Salienta-se que a pactuação de meta de 50% da capacidade de atendimento do município e DF para inclusão dos usuários identificados nas situações prioritárias impacta no cálculo do Componente II. Caso o município não alcance o percentual definido, o cálculo do componente II será proporcional, não sendo inferior a 10%. É relevante observar que para a identificação dos usuários em situação prioritária, deve-se utilizar o Número de Identificação Social - NIS do Cadastro Único para Programas Sociais - CadÚnico. A comprovação das situações prioritárias dar-se-á por meio de documento técnico que deverá ser arquivado na Unidade que oferta o SCFV ou no órgão gestor, por um período mínimo de cinco anos, à disposição dos órgãos de controle. Para definição da capacidade de atendimento por município foi utilizado: informações do público potencial disponível no CadÚnico; referenciamento ao CRAS; possibilidade de ajuste pelo atendimento atual, considerando a quantidade de trabalho infantil identificado pelo IBGE no Censo 2010 e a quantidade de adolescentes registrados no SISJOVEM e capacidade de 6

atendimento mínima de até 180 usuários. Neste sentido, foi utilizado como parâmetro para definição da capacidade de atendimento os seguintes indicadores: Público usuário do Cadúnico - utilizando as médias nacionais de atendimento Até 3.000 pessoas do público alvo 6% De 3.001 a 10.000 pessoas do público alvo 4% Acima de 10.000 pessoas do público alvo 2% Rede CRAS: parâmetros de referenciamento conforme porte dos municípios. Pequeno Porte I - até 600 usuários Pequeno Porte II até 800 usuários Médio/Grande/Metrópoles - até 1.000 usuários. A oferta do Serviço se dará na Proteção Social Básica, em espaços de atendimento, que poderão estar no CRAS, em unidades públicas, ou em entidades de Assistência Social. Esses espaços de atendimento devem estar no território de abrangência do CRAS e a ele referenciados. No que diz respeito ao PETI com o reordenamento 1 e conforme a Resolução CNAS Nº 08, de 18 de abril de 2013. O mesmo, no âmbito do SUAS, será estruturado com base em cinco eixos em conformidade com o Art. 2º, a saber: I informação e mobilização nos territórios de incidência do trabalho infantil para propiciar o desenvolvimento de ações de prevenção e erradicação do trabalho infantil; II identificação de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil; III proteção social para crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil e suas famílias; IV apoio e acompanhamento das ações de defesa e responsabilização; e V monitoramento das ações do PETI. 1 Além da resolução especifica sugere-se a leitura do material em apenso Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) Redesenho pactuado na CIT e aprovado no CNAS em abril de 2013 elaborado pelo MDS. 7

Com o redesenho o PETI é potencializado enquanto programa socioassistencial, responsável por coordenar ações integradas e complementares com objetivos, tempo e área de abrangência definidos para qualificar, incentivar e melhorar os benefícios e os serviços assistências ofertados no SUAS (Brasília, 2013). Para o cofinanciamento das ações estratégicas do PETI serão considerados os municípios e Distrito Federal com alta incidência 2 de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. O cofinanciamento será de forma progressiva, com pactuação bienal dos critérios de partilha. Os mesmos terão o prazo de três anos para o atingimento das metas pactuadas a partir da adesão ao cofinanciamento federal. Caso atinjam as metas pactuadas o cofinanciamento e acompanhamento por parte do Governo Federal continuará por um período de mais 1 ano, na perspectiva de fortalecer as ações de vigilância e de prevenção do trabalho infantil nos territórios. Com estas mudanças na forma de gerir o PETI são essenciais as ações intersetoriais e a integralidade entre os níveis de proteção. É importante ter clareza neste processo do reordenamento do PETI qual o papel e competência dos serviços socioassistenciais do SUAS. A responsabilidade em identificar as situações de trabalho infantil é da proteção especial de média complexidade, por meio do Serviço Especializado em Abordagem Social e/ou equipe do Serviço Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos PAEFI. Nos casos confirmados cabe a equipe do PAEFI realizar o acolhimento da família e posterior acompanhamento por um prazo mínimo de 3 meses, caso não ocorra reincidência da situação de trabalho. 2 Art. 15. Os Municípios e Distrito Federal serão considerados como alta incidência de trabalho infantil quando apresentarem: I no exercício de 2013: a) Mais de 1000 (mil) casos de trabalho infantil identificados no Censo Demográfico 2010 - IBGE; ou b) Crescimento de 200 (duzentos) casos de trabalho infantil entre o Censo Demográfico IBGE de 2000 e de 2010, exceto os abrangidos no inciso II deste artigo; II no exercício de 2014, mais de 500 (quinhentos) casos de trabalho infantil identificados no Censo Demográfico 2010 IBGE. 8

No que se refere ao papel da Proteção Social Básica, especificamente a equipe do CRAS, compete acolher a criança ou adolescente encaminhando pelo CREAS, com indicativo de inserção no SCFV, e acompanhar o usuário dentro do Serviço em constante interlocução com o CREAS. Não ocorrendo reincidência da situação de trabalho, no prazo de 3 meses, a família será contrarreferenciada ao CRAS. Com este novo cenário proporcionado pelo reordenamento surgi alguns questionamentos: Como organizar o Serviço? Qual a metodologia a ser utilizada? Quais as atividades devem ser ofertadas? Como devo fazer meu planejamento? Bem vamos dialogar sobre estas questões no próximo texto. Boa Leitura e Bom estudo. 9

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUILAR, Maria José e ANDER-EGG, Ezequiel. Avaliação de serviços e programas sociais. Petrópolis: Vozes, 1994. BRASIL, Constituição Federal de 1988. BRASIL, Lei Orgânica da Assistência Social Lei nº 8742, de 7 de dezembro de 1993. CNAS Proposta de Regulamentação do Artigo 3º da LOAS, 2005. CNAS - Resolução Nº 08, de 18 de abril de 2013. CNAS - Resolução Nº 01, de 21 de fevereiro de 2013. CNAS - Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009. TIPIFICAÇÃO NACIONAL DOS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS. FONSECA, Maria Thereza Nunes Martins. Famílias e políticas sociais: subsídios teóricos e metodológicos para a formulação e gestão das políticas com e para famílias. Escola de Governo Fundação João Pinheiro. Belo Horizonte, maio de 2002. (Dissertação de Mestrado). Guia de Orientação Técnica SUAS nº 1. Proteção Social Básica de Assistência Social. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Brasília, 2005. MDS - Portaria Nº 134, de 28 de novembro de 2013. MDS - Reordenamento do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - PASSO A PASSO. Brasília, abril 2013. NORMA OPERACIONAL BÁSICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NOB-AS. aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social, por intermédio da Resolução n 130, de 15 de Julho de 2005. POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL PNAS, aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social, por intermédio da Resolução n 145, de 15 de outubro de 2004. RESOLUÇÃO Nº 08, DE 18 DE ABRIL DE 2013 - que dispõe sobre as ações estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI no âmbito do Sistema Único da Assistência Social SUAS e o critério de elegibilidade do cofinanciamento federal para os exercícios de 2013/2014 destinado a Estados, Municípios e Distrito Federal com maior incidência de trabalho infantil. TORRES, Abigail Silvestre Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. MDS, 2013. 10