HABILITAÇÃO ACADÊMICA DO ENFERMEIRO ASSOCIADA À AUTONOMIA PROFISSIONAL

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Transcrição:

1 HABILITAÇÃO ACADÊMICA DO ENFERMEIRO ASSOCIADA À AUTONOMIA PROFISSIONAL Mariclen da Silva Pereira Acadêmica do curso de Enfermagem, ULBRA Cachoeira do Sul, RS mariclenpereira@hotmail.com Laísa Schuh Orientadora, Professora do curso de Enfermagem, ULBRA Cachoeira do Sul, RS lala_schuh@hotmail.com RESUMO Introdução: Abordar a autonomia do enfermeiro é de fundamental importância, visto que as suas decisões geram credibilidade entre os profissionais e confiança da equipe no enfermeiro, o que favorece o trabalho interdisciplinar. No entanto, uma série de fatores delimita ou impedem o exercício profissional do enfermeiro com liberdade e autonomia como a falta de conhecimento, de segurança, de recursos materiais e humanos e a desvalorização profissional. Em contrapartida, destacam-se como condições que beneficiam e favorecem a prática autônoma a valorização e o reconhecimento profissional, o vínculo com a comunidade e com a equipe e, também, a educação permanente. Objetivo: avaliar a relação entre o nível de habilitação do enfermeiro e a sua percepção sobre autonomia na prática profissional. Metodologia: pesquisa descritiva, de caráter quantitativo, realizada em Unidade de Internação, Setores de Complexidade e Ambulatoriais de um Hospital, bem como no Serviço Móvel de Urgência (SAMU) e Pronto Atendimento em um Município do Interior do Estado do Rio Grande do Sul. Foi utilizado para coleta de dados uma escala de atividades de enfermagem, no modelo Nursing Activity Scale (NAS), validado no Brasil, que classifica a autonomia em três níveis. Foram entregues 20 questionários, sendo que apenas 12 foram respondidos. Resultados e considerações: 83,33% dos enfermeiros referiram possuir um alto nível de autonomia, sendo que os maiores índices foram constatados entre enfermeiros assistenciais em serviços ambulatoriais, na faixa etária de 30-39 anos e com mais de 3 anos de experiência. Os dois índices mais altos correspondem a enfermeiras coordenadoras de serviços, com idade superior a 40 anos, porém, apenas uma delas possui pós-graduação. Considera-se importante que novos estudos sejam realizados, com maior número de

2 entrevistados para fortalecer ou confrontar os resultados em busca de ações que estimulem a prática em enfermagem com autonomia. Palavras-chaves: Autonomia Profissional; Enfermagem; Enfermagem Prática. INTRODUÇÃO A atuação do enfermeiro nos seus diferentes contextos e ambientes de trabalho está amparada pelo Código de Ética Profissional que garante a prática autônoma de suas atividades e enseja a formação de profissionais líderes, empreendedores, capazes de tomar decisões e gerenciar o cuidado com liberdade e segurança, tanto para o paciente como para a equipe sob sua responsabilidade. Assim, abordar a autonomia do enfermeiro é de fundamental importância, tendo em vista que as suas decisões geram credibilidade entre os profissionais e confiança da equipe no enfermeiro, o que favorece o trabalho interdisciplinar eficiente onde são compartilhadas responsabilidades, deveres e direitos (MENEZES et al., 2011; KRAEMER et al., 2011). Autonomia, entendida como a capacidade de governar-se pelos próprios meios, é um termo introduzido por Kant para designar a independência de vontade em relação a qualquer desejo ou objeto de desejo e à capacidade de reger-se conforme uma lei própria. Na prática profissional, o enfermeiro se depara com o desafio de promover o crescimento da sua equipe e manter a assistência qualificada e fundamentada em achados científicos. No entanto, uma série de fatores delimita ou impedem o exercício profissional do enfermeiro com liberdade e autonomia como a falta de conhecimento, de segurança, de recursos materiais e humanos e a desvalorização profissional. Em contrapartida, destacam-se como condições que beneficiam e favorecem a prática autônoma a valorização e o reconhecimento profissional, o vínculo com a comunidade e com a equipe e, também, a educação permanente (PRZENYCZKAet al., 2012; BECK et al., 2010). Além disso, diversos estudos corroboram que a autonomia do enfermeiro esteja relacionada com a capacidade de liderança que esse profissional exerce sobre sua equipe MENEZES et al., 2011; BALSANELLI et al., 2014). Assim, para Balsanelli e Cunha (2014), a liderança deve ser vista sob aspectos que incluem a personalidade/comportamento do líder, o ambiente em que essa competência ocorre e o perfil dos liderados. O presente trabalho trata do estudo da percepção da autonomia do enfermeiro no exercício das suas atividades tendo como objetivo específico estabelecer uma relação dessa

3 percepção com o nível de habilitação profissional, tendo em vista que, apesar de que a evolução do conhecimento científico em enfermagem tenha gerado importantes contribuições para a saúde, o reconhecimento social da autonomia dos enfermeiros continua sendo um assunto a ser estudado. METODOLOGIA A pesquisa, resultado do trabalho do Grupo de Pesquisa do Curso de Enfermagem da Universidade Luterana do Brasil Cachoeira do Sul / RS, envolveu a participação de 12 enfermeiros, atuantes em Unidade de Internação, Setores de Complexidade e Ambulatoriais de um Hospital, bem como no Serviço Móvel de Urgência (SAMU) e Pronto Atendimento em um Município do Interior do Estado do Rio Grande do Sul. Foi utilizado para coleta de dados uma escala de atividades de enfermagem, no modelo Nursing Activity Scale (NAS), de autoria da Professora Doutora Karen Kelly Schutzenhofer e validada no Brasil. Tal instrumento já foi utilizado em pesquisas semelhantes em Portugal, que classifica a autonomia em três níveis. A NAS é composta por 30 questões, cujas respostas variam entre: muito improvável atuar desta forma, improvável atuar desta forma, provável atuar desta forma e muito provável atuar desta forma. Cada questão apresenta uma pontuação diferente, sendo que 1 indica um baixo nível de autonomia, 2 um nível médio de autonomia e 3 reflete um nível elevado de autonomia. A autora distingue na sua escala 3 níveis de autonomia que se reportam a valores dentro dos seguintes intervalos: entre 60-120 baixo nível de autonomia profissional, entre 121-180 corresponde a um nível médio de autonomia e os valores entre 181 e 240 dizem respeito a um elevado nível de autonomia. A coleta de dados ocorreu no período de junho de 2015, onde os enfermeiros foram selecionados de forma aleatória, de acordo com a escala de trabalho. Como critérios de inclusão do estudo serão entrevistados enfermeiros, de ambos os sexos, que atuam nas respectivas áreas: Hospital de Caridade e Beneficência de Cachoeira do Sul/HCB, especificamente em Unidades de Internação Clínica e Cirúrgica, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Centro Obstétrico (CO) e Pronto Atendimento (PA); Pronto Atendimento da Secretaria Municipal de Saúde e Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU). Também, como critérios de inclusão deverão estar exercendo a profissão pelo menos há um ano. Como critérios de exclusão da pesquisa, os enfermeiros que não aceitarem por livre e espontânea vontade participar do estudo, enfermeiros com menos de um ano de atuação na área e enfermeiros folguistas das respectivas áreas de interesse do estudo.

4 RESULTADO E DISCUSSÕES Foram entregues 20 questionários e respondidos 12 (60%). Entre os entrevistados, 3 (25%) atuam no serviço de Pronto Atendimento municipal, 1 (8,33%) no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e 8 (66,66%) na instituição hospitalar da cidade. O sexo foi exclusivamente feminino e a idade dos enfermeiros variou entre 26 e 46 anos, sendo 5 com idade entre 20 e 29 anos (41,66%), 3 com idade entre 30 e 39 anos (25%) e 4 com idade entre 40 e 49 anos (33,33%). Dos 12 entrevistados, 3 (25%) ocupam cargos de coordenação em serviços ambulatoriais Quanto à formação acadêmica, 6 (50%) dos enfermeiros que responderam ao questionário possuem pós-graduação e os demais possuem somente Bacharelado/licenciatura. Nenhum possui mestrado ou doutorado. O tempo de serviço dos participantes da pesquisa variou entre 8 meses e 14 anos. Dos 12 participantes, 10 (83,33%) indicaram possuir um nível alto de autonomia profissional, de acordo com a NAS e 2 (16,66%) informaram nível médio de autonomia. Os dois índices mais altos correspondem a enfermeiras coordenadoras de serviços, com idade superior a 40 anos, porém, apenas uma delas possui pós-graduação. Os resultados do estudo apontam que a formação acadêmica dos enfermeiros não interfere significativamente no seu nível de autonomia, dado este confirmado pelo fato de que, dos 10 enfermeiros que afirmam possuir alto nível de autonomia profissional, metade possui pós-graduação. Entretanto, verificou-se que a idade, o tempo de serviço e o local de trabalho são condicionantes que influenciaram nas respostas, visto que as maiores pontuações foram marcadas por enfermeiras com idade entre 30 a 39 anos, com mais de 3 anos de serviço e que atuam em serviços ambulatoriais. CONSIDERAÇÕES / RECOMENDAÇÕES A atuação do enfermeiro na construção da sua identidade profissional bem como na busca por reconhecimento frente a sua equipe, instituição de trabalho e demais profissionais merece atenção especial e deve ser estudada com maior freqüência, tendo em vista a importância do assunto principalmente no meio acadêmico, quando os estudantes enfrentam diversas dúvidas em relação à futura profissão e seus desafios.

5 O estudo proporcionou desvendar os fatores que facilitam ou dificultam a prática do enfermeiro com autonomia e relacionar a influência da formação profissional, especializações e outros cursos na percepção do nível de autonomia do enfermeiro. Considera-se importante que novos estudos sejam realizados, com maior número de entrevistados para fortalecer ou confrontar os resultados em busca de ações que estimulem a prática em enfermagem com autonomia. REFERÊNCIAS BECK, C.L.C.; PROCHNOW, A.; SILVA, R.M.; PRESTES, F.C.; TAVARES, J.T. Fatores que favorecem e dificultam o trabalho dos enfermeiros nos serviços de atenção à saúde. Esc anna nery(impr.) jul-set; 14 (3): 490-495. 2010. KRAEMER, F.Z.; DUARTE, M.L.C.; KAISER, D.E.. Autonomia e trabalho do enfermeiro. Rev gaúcha enferm., Porto Alegre. 32 (3): 487-94. 2011. MENEZES, S.R.T.; PRIEL, M.R.; PEREIRA, L.L.. Autonomia e vulnerabilidade do enfermeiro na prática da Sistematização da Assistência de Enfermagem. Rev Esc Enferm USP. São Paulo. 45 (4): 953-8; 2011. PRZENYCZKA, R.A.; LENARDT, M.H.; MAZZA, V.A.; LACERDA, M.R.. O paradoxo da liberdade e da autonomia nas ações do Enfermeiro. Texto Contexto Enferm. Florianópolis. Abr-Jun; 21(2): 427-31. 2012. BALSANELLI, A.P.; CUNHA, I.C.K.. Ambiente de trabalho e a liderança do enfermeiro: uma revisão integrativa. RevEscEnferm USP; 48 (5): 938 43. 2014.