BOLETIM DO LEITE MERCADO DE INSUMOS PREÇOS DO LEITE CAEM MAIS QUE OS DO MILHO E PIORAM PODER DE COMPRA DO PECUARISTA. PÁG. 06

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BOLETIM DO LEITE Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 11 - Nº136 - Setembro/Outubro de 2005 Juros e Dólar... Como interferem na saúde do seu negócio? MACROECONOMIA ENTENDA COMO OS JUROS ALTOS INTERFEREM NO SEU NEGÓCIO PÁG. 02 MERCADO DE INSUMOS PREÇOS DO LEITE CAEM MAIS QUE OS DO MILHO E PIORAM PODER DE COMPRA DO PECUARISTA. PÁG. 06 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP

JUROS, DÓLAR E O SEU NEGÓCIO Por Humberto F. Spolador, Equipe de Macroeconomia Cepea - Esalq/USP Figura 1. Evolução das Exportações e Saldo Comercial do Agronegócio jan/2004 a set/2005. US$ bilhões 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 Fonte: Mapa; elaboração Cepea 1,3 0,8 0,3-0,2-0,7-1,2 POR QUE OS JUROS ALTOS E O DÓLAR DESVALORIZADO PODEM PREJUDICAR SEU NEGÓCIO? O agronegócio continua surpreendendo. Apesar da taxa de câmbio bastante valorizada, o que desfavorece o desempenho externo do agronegócio no médio e longo prazos, até o momento, o setor tem conseguido manter um bom ritmo de exportação. jan/04 mar/04 mai/04 jul/04 set/04 nov/04 jan/05 mar/05 mai/05 jul/05 set/05 Exportação Figura 2. Variação Mensal do Preço do Leite e INPC Alimentos. Var. % Fontes: IBGE e Cepea Saldo do Agronegócio Vale a pena destacar também que, apesar da redução das vendas externas do agronegócio, de agosto para setembro deste ano, o patamar do valor exportado ainda permaneceu muito acima do nível no mesmo período do ano passado (Veja a Figura 1). Isso reflete nitidamente o baixo volume das importações do setor que, para o Brasil, jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 INPC - Alimentos PreçodoLeite(R$/l) 0,61 0,59 0,57 0,55 0,53 0,51 0,49 0,47 0,45 R$/l a princípio, significa bons sinais para continuidade dos superávits comerciais da economia como um todo. Todo mundo tem visto que, desde setembro do ano passado, o dólar vem se desvalorizando frente ao Real, mas nem todos entendem as causas dessa situação. Em linhas gerais, pode-se dizer que a valorização cambial reflete, entre outros fatores, a política monetária restritiva do governo (caracterizada por juros altos) e também fatores externos como o déficit comercial dos Estados Unidos, que nada mais é do que os americanos estarem importando mais do que exportam. Quanto à política monetária restritiva, dada basicamente pelos juros altos, ela intensifica a entrada de dólares no país (atraídos pelas altas taxas de juros) e, com isso, as cotações do dólar diminuem. As principais conseqüências disso, para o setor lácteo, são o alto custo de se realizar investimentos no setor (devido aos juros altos) e também o risco, no curto prazo, de os preços dos produtos exportados perderem competitividade internacional (Real valorizado torna o produto brasileiro relativamente mais caro no exterior). Outra questão macroeconômica importante é a deflação registrada nos últimos quatro meses. A queda dos preços foi captada tanto no nível agregado (através do IGP-DI), como no setorial - de alimentos (INPC-alimentos e bebidas). O leite é um dos que acompanhou a queda de preços da economia. Em junho, um litro do leite ao produtor era cotado a R$ 0,59 e, em setembro, a R$ 0,48. Essa variação foi influenciada principalmente pelo aumento da oferta de leite, que cresceu com a chegada das chuvas a várias regiões já no mês de julho. Na verdade, os preços ao produtor acabaram caindo e bastante porque os laticínios/cooperativas não conseguiram aumentar suas vendas ao atacado e nem estes ao varejo na mesma proporção que o leite nas propriedades rurais. Na figura 2 estão as variações do INPC-alimentos e do preço do leite no período janeiro a setembro de 2005. Surge aí um desafio para o setor: como controlar essas quedas sabendo que os juros altos não incentivam a industrialização do produto, e os custos da estocagem tornam-se mais caros? Gera-se, com isso, um processo de deflação nos preços de leite e derivados que, a princípio, só ajuda o consumidor, mas apenas no curto prazo.

MERCADO DE LEITE AO PRODUDOR SETEMBRO/05 VAREJO NÃO ACOMPANHA QUEDA DO LEITE AO PRODUTOR Preços Pagos e Recebidos pelo Produtor - Leite Tipo C (R$/litro) setembro -2005 Preço Bruto Inclusos Preço Líquido Var% Bruto Var% frete e INSS Líqui. UF Mesorregião Máximo Mínimo Médio Médio AGO/SET AGO/SET RS Noroeste 0,5016 0,3858 0,4485 0,4006-4,1% -5,6% RS Nordeste 0,5400 0,3600 0,4600 0,4232-8,0% -8,0% RS Metropolitana Porto Alegre 0,4790 0,3616 0,4676 0,4368-8,8% -8,9% Média Estadual - RS 0,5122 0,3820 0,4537 0,4071-6,6% -7,4% PR Centro Oriental Paranaense 0,5052 0,3803 0,4585 0,4390-9,9% -8,1% PR Oeste Paranaense 0,4917 0,3511 0,4321 0,4001-5,6% -8,7% PR Norte Central Paranaense 0,4588 0,4329 0,4485 0,4104-1,7% -4,2% Média Estadual - PR 0,4526 0,3594 0,4451 0,4118-7,4% -8,4% SP São José do Rio Preto 0,5476 0,4846 0,5330 0,4959-1,4% -1,2% SP Macro Metropolitana Paulista 0,5396 0,4029 0,4926 0,4615-8,4% -9,7% SP Vale do Paraíba Paulista 0,5668 0,4555 0,4942 0,4650-1,6% 0,6% Média Estadual - SP 0,5434 0,4290 0,5071 0,4744-3,0% -3,4% MG Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba 0,5453 0,4656 0,5007 0,4673-7,5% -8,0% MG Sul/Sudoeste de Minas 0,5522 0,4331 0,5042 0,4580-2,6% -4,7% MG Metropolitana de Belo Horizonte 0,5616 0,4621 0,5203 0,4792-10,7% -12,8% Média Estadual - MG 0,5471 0,4456 0,5007 0,4610-5,7% -7,7% GO Centro Goiano 0,5530 0,4451 0,5250 0,4856-2,5% -3,0% GO Sul Goiano 0,5109 0,4177 0,4766 0,4354-0,9% 1,7% Média Estadual - GO 0,5273 0,4283 0,4955 0,4550-1,6% -0,3% BA Centro Sul Baiano 0,4775 0,3590 0,4523 0,4133-11,6% -8,7% BA Sul Baiano 0,5086 0,3686 0,4638 0,4255-7,2% -8,76% Média Estadual - BA 0,4960 0,3708 0,4603 0,4213-7,7% -7,1% SC Oeste Catarinese 0,4579 0,3476 0,4288 0,3640-4,7% -7,3% SC Vale do Itajaí 0,4970 0,4100 0,4360 0,3772-6,2% -9,11% Média Estadual - SC 0,4708 0,3698 0,4336 0,3754-6,0% -7,1% Média NACIONAL 0,4978 0,3952 0,4837 0,4440-4,93% -5,80% Fontes: Cepea Os preços do leite ao produtor, referentes às entregas de agosto, continuaram em queda em setembro, pressionados pela maior oferta. Segundo levantamento do Cepea, em agosto, a oferta nacional foi 2,5% maior em relação a julho, com aumentos de captação de 8% no Rio Grande do Sul, de 4,6% no Paraná, 2,6% em São Paulo, 5,4% em Minas Gerais e de 1,6% em Goiás. A média nacional para o tipo C foi de R$ 0,4837/litro em setembro, valor 5% menor que o de agosto e 17,4% inferior ao do mesmo período do ano passado, em termos reais (descontada a inflação medida pelo IPCA). A tendência baixista começou em junho, mês que marcou o aumento da disponibilidade do produto um pouco antes do que normalmente se observa. De junho a setembro, as cotações do leite ao produtor acumularam recuo de 18,4% na média dos sete estados pesquisados pelo Cepea. Embora as quedas de preços ao produtor sejam expressivas, quase não chegaram a ser repassadas ao varejo. Segundo a última divulgação do Índice de Preços ao Consumidor - IPC, da FGV, o preço dos laticínios ao consumidor caiu apenas 3,7% de junho a agosto. No mesmo intervalo, destaca-se, o leite ao produtor desvalorizou 14,2%. Em termos regionais, em setembro, apenas em Goiás o leite ao produtor sustentou-se nos mesmos patamares do mês anterior. Laticínios locais conseguiram conter as quedas depois das baixas significativas em agosto. No sul do estado, por exemplo, a diminuição foi de apenas 0,9% entre os dois últimos meses. Nos demais estados, principalmente nas grandes bacias leiteiras, onde a concorrência entre laticínios acaba sendo maior, o Cepea registrou quedas mais intensas. Na região Centro-Sul da Bahia, houve retração de 11,6%; na área Metropolitana de Minas Gerais, de 10,7% e, no Centro Oriental Paranaense, de 9,9%. Esse comportamento do mercado mostra a dificuldade do setor produtivo em conter essa bola de neve o movimento de baixa mostra-se firme. Em valores reais, as cotações de setembro de 2005 estão próximas ao nível observado em abril de 2004 e ao de novembro de 2002, com a diferença de que, nestes dois últimos períodos, os preços mantinham tendência de alta. Pesquisadores do Cepea observam que há esforço por parte de cooperativas e laticínios de minimizarem as quedas para os pequenos produtores. Isso se comprova no comportamento dos extremos de preços: os mínimos, que representam os valores pagos, na maioria dos casos, a pequenos produtores, registram queda de 5,72% e os máximos, geralmente a grandes, de 7,93%.

MERCADO DE LEITE AO PRODUDOR OUTUBRO/05 Mesorregiões de SANTA CATARINA Méd. 2 0,459 0,419 0,372 0,360 0,477 PREÇOS JÁ CAÍRAM 21% NESTE SEMESTRE Em outubro, os preços pagos aos produtores de leite registraram nova queda, agora de 2,94% frente a setembro, segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada Esalq/USP). Essa desvalorização pode ser atribuída ao desaquecimento no mercado doméstico de leite e derivados e ao crescimento de mais 1,86% do volume captado, na média das regiões pesquisadas pelo Centro. Muitas empresas processadoras (laticínios/cooperativas) reclamam da dificuldade de venda e da perda considerável de mercado neste mês de outubro. Em setembro, a média nacional já tinha caído 5%; em agosto, recuou expressivos 10% e, em julho, 4,3%. Frente a junho, a média de outubro está 20,93% menor, ou seja, passou de R$ 0,593 para R$ 0,4689/ litro. O principal motivo de recuos tão acentuados é o aumento da produção período de safra. Os preços do leite vêm se recuperando desde março do ano passado, e isso tem motivado investimentos na atividade, além de atrair novos produtores. O resultado é mais leite ofertado. Dados do Cepea mostram que nos últimos 12 meses o preço médio dos estados pesquisados recuou 14,71% em termos nominais. Se contabilizada a inflação, medida pelo IPCA, a variação de outubro de 2004 para outubro de 2005 torna-se ainda mais negativa, chegando a 17,67%. Nessa análise, o estado do Paraná se destaca por ter quedas de preços bem superiores à média; em termos reais, o preço que o produtor paranaense recebeu em 0,416 0,400 0,390 0,457 0,417 0,377 0,365 Oeste Catarinense Vale do Itajaí Média Estadual SC Por Leandro Ponchio, Equipe Leite Cepea - Esalq/USP outubro é 23,1% menor que em outubro do ano passado. Vale lembrar que a maior parte deste leite pago em outubro foi captada em setembro, não refletindo, portanto, o efeito da febre aftosa ocorrida em algumas localidades no mês de outubro. Apesar de terem sido noticiados focos de aftosa basicamente em bovinos de corte, o produtor de leite também deve sentir o impacto da doença nos preços que serão recebidos em novembro e dezembro. Contudo, já foram registrados alguns impactos sobre os preços do leite no Norte-Central Paranaense e no Oeste Paranaense, que apresentaram quedas significativas de 8,5%. Incorporando-se essas quedas, o preço do leite no estado do Paraná teve média de R$ 0,4245/l. Ainda é cedo para medir o real impacto da febre aftosa sobre o setor lácteo. Por ora, uma coisa é certa: haverá, sim, prejuízos, tanto para produtores quanto para laticínios. No Mato Grosso do Sul, onde a doença foi oficialmente confirmada, os impactos sobre o produtor de leite já são preocupantes. Na última semana de outubro, preços pagos ao produtor sul-matogrossense já estavam na casa dos R$ 0,29 a R$ 0,32/litro referente ao produto entregue no correr do mesmo mês. Apesar dessa sinalização, ainda é cedo para medir o real impacto da febre aftosa sobre o setor lácteo. Por ora, uma coisa é certa: haverá, sim, prejuízos, tanto para produtores quanto para laticínios. Nos estados de Minas Gerais e de Goiás, que juntos representam 40,78% da produção nacional, os preços do leite foram cotados na casa do R$ 0,484/l na média de outubro. Em São Paulo, principal praça consumidora de derivados, foi pago ao produtor R$ 0,4858 pelo litro de leite tipo C. No Rio Grande do Sul, onde os valores ao produtor em setembro já eram baixos, as variações agora em outubro foram menos expressivas, com a média estadual fechando outubro a R$ 0,4099/litro.

Preços pagos ao produtor em Outubro/05 referentes ao leite entregue em Setembro/05 - R$/litro tipo C Mesorregiões do RIO GRANDE DO SUL Mesorregiões do PARANÁ 0,531 0,520 0,500 0,479 0,467 0,456 Méd. 2 0,453 0,430 0,436 0,413 0,409 0,395 0,450 Méd. 2 0,405 0,530 0,336 0,466 0,329 0,395 0,377 0,486 0,411 0,395 0,493 0,348 0,353 0,425 0,393 0,367 0,360 0,361 0,366 Noroeste Nordeste Metropolitana Porto Alegre Média Estadual RS Centro Oriental Paranaense Oeste Paranaense Norte Central Paranaense Média Estadual PR Mesorregiões de SÃO PAULO Mesorregiões de MINAS GERAIS 0,543 0,500 0,462 Méd. 2 0,369 0,500 0,490 0,460 0,380 0,524 0,508 0,469 0,486 0,424 0,454 0,451 0,418 0,550 0,490 Méd. 2 0,449 0,431 0,543 0,512 0,520 0,488 0,473 0,484 0,434 0,410 0,527 0,420 0,484 0,445 São José do Rio Preto Macro Metropolitana Paulista Vale do Paraíba Paulista Média Estadual SP Triângulo Mineiro/ Alto Paranaíba Sul/Sudoeste de Minas Metropolitana de Belo Horizonte Média Estadual MG Mesorregiões de GOIÁS Mesorregiões da BAHIA Méd. 2 0,515 0,512 0,502 0,476 0,474 0,458 0,420 0,411 0,513 0,430 0,485 0,442 Méd. 2 0,461 0,444 0,401 0,317 0,516 0,497 0,459 0,461 0,426 0,418 0,390 0,373 Centro Goiano Sul Goiano Média Estadual GO Centro Sul Baiano Sul Baiano Média Estadual BA 1 Valor Bruto; Inclusos frete e INSS 2 Valor Líquido; Livre de frete e INSS

MERCADOS DE MILHO E SOJA Por Mauro Osaki, Equipe Grãos Cepea - Esalq/USP SOJA E FARELO DE SOJA A soja em grão fechou outubro com os preços mais baixos dos últimos quatro anos, em termos nominais (sem descontar a inflação). A média mensal do Indicador CEPEA/ESALQ (estado do Paraná) foi de R$ 28,92/saca de 60 kg, 16% menor que a média do mesmo período do ano passado e 3% abaixo até mesmo do praticado outubro de 2001. O recuo do preço da soja no mercado nacional tem ocorrido basicamente pela valorização do Real frente ao dólar norte-americano. O câmbio comercial fechou o mês com cotação média de R$ 2,26 por dólar americano, a menor cotação desde maio de 2001. Quanto ao Farelo, o preço médio ficou em R$ 493,69/tonelada na região de Campinas-SP, 4,6% menor que setembro deste ano. O valor do farelo no mês outubro é o menor valor nominal desde julho de 2002. O recuo do preço do farelo também está sendo motivado basicamente pela taxa de câmbio. A desvalorização da matéria-prima favorece a fabricação da ração do setor lácteo, amenizando a perda da rentabilidade do produtor. Para piorar a situação, o produtor de soja brasileiro vê os Estados Unidos colhendo sua segunda maior safra e em ritmo acelerado. Enquanto isso, aqui no Brasil, os tratores vão para o campo semeando a próxima safra. Esses trabalhos ganharam ritmo desde a segunda quinzena de outubro, favorecidos pela chuva nas principais regiões produtoras. IMPACTOS NO LEITE Quantos litros de leite são necessários para adquirir uma tonelada de farelo de soja? É direta a relação entre os preços do farelo de soja e os custos de produção de leite para os sistemas que dependem de concentrados. Para os produtores com vacas de 15 litros de leite por dia, a diminuição de 4,6% do farelo de soja no mês de outubro deixam os concentrados 1,81% mais baratos, na média. RELAÇÃO DE TROCA Uma análise rápida que o produtor pode fazer é comparar quantos litros de leite ele 1.927 l/t 1.840 l/t precisa hoje para adquirir uma tonelada de farelo e quantos precisava no passado. 1.360 l/t Nessa hora ele vai constatar que, apesar de o farelo ter 959 l/t 955 l/t caído bastante, o leite também despencou nos últimos meses e a sua troca teve apenas uma ligeira melhora. Out-2001 Out-2002 Out-2003 Out-2004 Out-2005 Já para vacas de alta produtividade (30 litros/dia), o custo do concentrado cai 1,93%, em relação a setembro. Essa queda do preço do farelo de soja beneficia, basicamente, grandes produtores, que usam sistemas de produção intensivos. No gráfico ao lado, nota-se que, em outubro do ano passado, eram necessários 959 litros para se comprar uma tonelada de farelo, considerando a venda do leite e a aquisição do insumo no Estado de São Paulo. Já em outubro deste ano, ele despendeu 955 litros, o que representa um ganho, pouco representativo, de 0,5% pra o produtor. Vale lembrar que em outubro de 2001 eram necessários 1.927 litros de leite para comprar a mesma quantidade do insumo. Naquela época, o farelo valia R$ 538,58/tonelada e o litro de leite, R$ 0,2795, em São Paulo.

MILHO O preço do milho entrou em queda livre em outubro, voltando, em algumas regiões, aos níveis de janeiro deste ano, que foram menores que os de 2004. De setembro para outubro, o preço do milho caiu 4,43% na média nas regiões acompanhadas pelo Cepea, negociado em Campinas a R$ 17,67 a saca de 60 kg. Pelo segundo ano consecutivo, o preço do milho sobe na safra e cai nos meses seguintes, tornando a rentabilidade da estocagem altamente negativa. Neste ano, os segmentos consumidores que não formaram estoques na safra se saíram melhor do que quem formou estoques na expectativa de escassez do produto e da possibilidade de importação. IMPACTOS NO LEITE A exemplo do farelo de soja, os impactos do milho no setor lácteo também são diretos, principalmente para os produtores cuja produção de leite depende dos concentrados. Para dietas à base de cana picada, para vacas de 15 litros/dia, a queda de 4,43% RELAÇÃO DE TROCA Quantos litros de leite são necessários para adquirir uma saca de 60 kg de milho? Em outubro de 2002, quando o milho alcançou R$ 23,84/sc (SP) e o leite estava a R$ 0,3868/litro, eram necessários 61,63 litros para adquirir uma saca. Já em outubro deste ano, bastaram 36,38 litros de leite para a mesma compra. Há um ano (outubro/04), era preciso ainda menos leite: 31,61 litros apenas para obter uma saca de milho. Isso significa que, apesar da melhora frente a dos preços do milho em outubro tornou os concentrados 1,36% mais baratos. Já para vacas de alta produtividade (30 litros/dia), mantendo-se o mesmo volumoso, o impacto no custo do concentrado é de 1,9%, também para menos, em comparação a setembro. 2002, ao ser comparado ao ano passado, o produtor de leite teve uma perda no poder de compra de 15,1% frente a esse insumo. Isso aconteceu porque o leite desvalorizou ainda mais que o milho nos últimos 12 meses. 0 39,25 61,63 Quantos litros de leite são necessários para adquirir uma saca de 60 kg de milho? 36,80 31,61 36,38 Out-2001 Out-2002 Out-2003 Out-2004 Out-2005

AO LEITOR Amigo Leitor, Nos últimos meses, o mercado lácteo vive transformações significativas, que motivaram uma reformulação editorial do Boletim do Leite, já que o propósito deste informativo é, sobretudo, ser um companheiro confiável e atualizado do seu Leitor. Nesse período de reavaliação, decidimos suspender as edições de agosto e setembro até que pudéssemos lhe apresentar uma nova estrutura condizente com a real necessidade por informação do setor. Isso significa o acréscimo de seções sobre macroeconomia e mercados de milho e soja, com ênfase nos impactos que exercem sobre o mercado lácteo. O Boletim do Leite é elaborado e distribuído gratuitamente há 11 anos, com tiragem atual de 8.000 exemplares, endereçados a participantes do setor em todo o País. A partir do contato com esses leitores, podemos dizer, com segurança, que o Boletim do Leite é o principal canal de transparência de preços pagos aos produtores de leite durante todos esses anos. É com orgulho e muito carinho que FIQUE ATENTO todos os meses professores, pesquisadores, alunos de pós-graduação e graduação são envolvidos para discutir e aprimorar os estudos sobre esta magnífica cadeia produtiva. Tudo isso com um objetivo único de dar a você, produtor, membro de cooperativa, de laticínio e demais agentes do mercado, ferramentas importantes para tomadas de decisão de curto e longo prazos. Cientes de que a suspensão temporária possa ter frustrado sua expectativa de receber mês a mês o informativo, toda equipe do Boletim se justifica. Esperamos que gostem da nova estrutura. Estejam à vontade para nos enviar comentários, sugestões e críticas. Às vésperas de completar 12 anos, o Boletim reitera o compromisso público de continuar cumprindo seu papel principal de dar ao setor lácteo ferramentas eficientes e idôneas, de forma transparente e ágil. Este compromisso com você, Leitor, é o nosso desafio para os próximos anos. Obrigado pela compreensão e amizade. Leandro A. Ponchio Editor FALE CONOSCO: BOLETIM DO LEITE- CEPEA-Esalq-USP Av. Pádua Dias 11, Caixa postal 132 CEP: 13400-970 Piracicaba-SP TEL: (0xx19) 3429-8831 ou 3429-8859 IMPRESSO Uso dos Correios C.Postal 132-13400-970 Piracicaba, SP EXPEDIENTE Editor Científico: Geraldo Sant Ana de Camargo Barros, e Sergio De Zen Editor Executivo: Eng. Ag. Leandro Augusto Ponchio Jornalista Responsável: Ana Paula da Silva - MTb: 27368 Diagramação Eletrônica/Arte: Thiago Luiz Dias Siqueira Barros No dia 27 de outubro de 2005, o setor leiteiro alcançou uma importante vitória. Nossas demandas relativas à redução a zero das alíquotas da contribuição para o PIS/ PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, incidentes sobre a receita bruta de venda no mercado interno de leite em pó, integral e desnatado, e queijos tipo mussarela, minas, prato, queijo de coalho, ricota e requeijão, que constavam na Medida Provisória (MP) 252 foram contempladas na MP 255 e aprovadas pelo Congresso Nacional. Agora, o próximo passo depende da presidência da república que deve sancionar a MP sem vetos para as matérias de interesse do agronegócio do leite. Depois da sanção presidencial, os produtos contemplados na MP 255 passam a contar com a mesma desoneração concedida anteriormente ao leite pasteurizado e UHT. (Fonte: CBCL/OCB) As dificuldades enfrentadas pelo setor leiteiro nos últimos cinco anos refletiram diretamente na redução do número de registros de animais junto às associações de criadores de gado de leite. Importante instrumento para a valorização e isenção do ICMS-Imposto sobre Circulação de Mercadorias na comercialização dos animais para outros estados, a queda dos registros em algumas entidades foi de mais de 40%. Porém, se inicia, agora, uma retomada desse procedimento, diante da busca por melhor qualidade do leite e maior eficiência na produção, com animais comprovadamente produtivos (Revista Balde Branco). Impressão: MPC Artes Gráficas Equipe Leite: Leandro Augusto Ponchio - Pesquisador do projeto leite; Erica R. da Paz, Juliana M. Angelo, Paloma M. P. Teixeira, Pedro Henrique Lopes e Raquel M. Gimenes. Equipe Macroeconômica: Humberto Francisco Silva Spolador - Pesquisador do projeto Macroeconomia; Fabiana C. Fontana e Juliana Borchiori Ferraz Equipe Grãos: Mauro Osaki - Pesquisador do Projeto Grãos; Ana Amélia Zinsly, Tatiane V. da Silva, Maria Isabel B. de Lima, Milene Ramos. Contato: C.P 132-13400-970 Piracicaba, SP Tel: 19 3429-8831 19 3429-8859 leitecepea@esalq.usp.br http://cepea.esalq.usp.br O Boletim do Leite pertence ao Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - USP/Esalq. A reprodução de conteúdos publicados por este imformativo é permitida desde que citados os nomes dos autores, a fonte Boletim do Leite/Cepea e a devida data de publicação.