Tribunal de Contas da União. Número do documento: AC-0566-46/99-2. Identidade do documento: Acórdão 566/1999 - Segunda Câmara



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Transcrição:

Tribunal de Contas da União Número do documento: AC-0566-46/99-2 Identidade do documento: Acórdão 566/1999 - Segunda Câmara Ementa: Tomada de Contas Especial. Convênio. MAS. Prefeitura Municipal de Mata Grande AL. Alteração da meta pactuada. Execução parcial do objeto pactuado. Alegações de defesa já rejeitadas. Apresentação de novos elementos de defesa. Ausência de fatos novos. Contas irregulares. Débito. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo II - CLASSE II - 2ª Câmara Processo: 224.020/1995-1 Natureza: Tomada de Contas Especial. Entidade: Unidade: Prefeitura Municipal de Mata Grande/AL. Interessados: Responsável: José Hélio Gomes Brandão (ex-prefeito) Dados materiais: DOU de 29/12/1999 Sumário: Tomada de Contas Especial. Convênio. Prestação de contas irregular. Inexecução parcial do objeto. Inspeção. Débito. Citação. Rejeição das alegações de defesa. Fixação de novo e improrrogável prazo de 15 (quinze) dias. Apresentação de elementos adicionais de defesa foi insuficiente para descaracterizar a irregularidade. Inspeção técnica promovida pela Companhia de Abastecimento D'água e Saneamento do Estado de Alagoas CASAL. Irregularidade das contas e em débito o responsável. Autorização para cobrança judicial da dívida. Remessa de cópia dos autos ao Ministério Público da União.

Relatório: Em exame a Tomada de Contas Especial instaurada pela Delegacia Federal de Controle - DFC/DF, em decorrência de irregularidades verificadas na prestação de contas dos recursos repassados à Prefeitura Municipal de Mata Grande - AL, mediante o Convênio nº 832/GM/90, firmado em 28/12/90, com o então Ministério da Ação Social, tendo como objetivo a execução de 200 ligações domiciliares de água em 200 residências no povoado rural de Caraíbas e aquisição de materiais para implantar 10.000 m de rede de distribuição e construção de 1 reservatório de 100.000 litros, de acordo com o Plano de Trabalho de fls. 08/09. 2.O Tribunal, em Sessão da 2ª Câmara, de 02/03/1998, ao apreciar o presente processo exarou a seguinte Decisão: "8.1. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo responsável; e 8.2. fixar o prazo, improrrogável de 15(quinze) dias, a contar da notificação para que Sr. José Hélio Gomes Brandão comprove, perante o Tribunal o recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional, da importância original recebida, no valor de Cr$ 12.000.000,00 (doze milhões de cruzeiros), atualizada monetariamente e acrescida dos encargos legais calculados a partir de 04/02/1991, nos termos do art. 12, 1º, c/c o art. 22, parágrafo único, da Lei n.º 8.443/92, e de acordo com o art. 153, 2º, do Regimento Interno do Tribunal." 3.Ao ser notificado pelo Tribunal da Decisão supra, o responsável apresentou elementos complementares de defesa (fls. 134/138), a seguir elencados: "a) O analista que procedeu à vistoria in loco equivocou-se ao 'imaginar' que a caixa d'água de 10.000 l construída, abastecia apenas os dois chafarizes que também servem à comunidade; que na verdade, faltou-lhe a necessária observação quanto à existência das instalações hidráulicas e das ligações domiciliares efetivamente executadas e aprovadas, à época, pela CASAL Companhia de Abastecimento D'água e Saneamento de Alagoas), conforme comprova a declaração do Diretor de Operações da Referida empresa, à fl. 137; b) O analista em comento não poderia ter afirmado a inexecução de 200 ligações domiciliares, visto não ter verificado a existência das referidas instalações de água nas residências do povoado nem ter indagado nada a respeito aos funcionários da prefeitura que o acompanharam na inspeção, segundo consta da Declaração emitida pelos mesmos à fl. 138;

c) Não havia qualquer dúvida quanto à execução da parte relativa às ligações para as 200 residências do povoado, visto que até mesmo a prefeita sucessora, Sra. Nilza Lima Malta Amaral, sua ferrenha adversária política, afirmara, na inicial ação movida contra o mesmo (fl. 95), que foram concluídos e executados dois itens (200 ligações domiciliares e aquisição de material para implantação de 10.000 m de rede de distribuição), tendo contestado, tão somente, a construção de um reservatório de 100.000 L." 4.A SECEX/AL promoveu a instrução dos autos (fls. 139), analisando as alegações de defesa adicionais do indigitado em confronto com as informações obtidas do analista do Tribunal que inspecionou a obra objeto da presente Tomada de Contas Especial, o qual ponderou o seguinte: "a) Ao proceder à inspeção determinada pelo Ministro-Relator LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHA (fl. 117), solicitou aos dois funcionários da prefeitura designados para acompanhá-lo, que lhe fossem mostradas as obras executadas com recursos do Convênio n.º 832/GM/90. Firmado entre o extinto Ministério da Ação Social e o Município de Mata Grande AL, tendo-lhe sido apresentado: a.1 Um reservatório de água com capacidade para 100.000 L, próximo à tubulação da Adutora do sertão, distante cerca de 6 Km do Povoado de Caraíbas, que nunca foi utilizado no abastecimento de água do referido povoado, visto ter sido construído em local inadequado; a.2 Uma caixa d'água com capacidade aproximada de 10.000 L, no povoado de Caraíbas, que recebe água canalizada diretamente da Adutora do Sertão e interliga-se com dois chafarizes que servem à população do povoado. b) Ao indagar sobre a existência de água canalizada a diversos moradores da localidade em questão, todos foram taxativos em afirmar que não havia água canalizada em suas casas nem em qualquer outra casa do povoado." 5.Estabelecida a comparação entre as informações oferecidas pelo analista e as apresentadas pelo responsável, a Unidade Técnica entendeu que: "... o defendente limitou-se a contradizer frontalmente as conclusões esposadas pelo analista encarregado da inspeção da obra em comento, socorrendo-se, inclusive, de declarações pessoais que, data máxima venha, ainda que considerada a possibilidade de virem a formar livre

convencimento sobre a apreciação das provas, não possuem valor probante como os meios legalmente previstos no instrumento do Convênio e os decorrentes do exercício de Controle Externo pelo Tribunal de Contas da União mediante auditorias e inspeções. 2.6. Na réplica (item 2.4 retro), o referido analista ratificou todas as informações prestadas anteriormente, podendo-se considerá-las como expressão da verdade, a menos que outros elementos venham a invalidar o disposto nos autos. 2.7. Verifica-se desse modo, que os novos elementos trazidos aos autos foram insuficientes para descaracterizar a irregularidade detectada por esta Secretaria de Controle Externo no curso de inspeção realizada na Prefeitura Municipal de Mata Grande/AL, em março de 1997, qual seja, a inexecução de ligações domiciliares de água para 200 residências do Povoado de Caraíbas em Mata Grande/AL, descumprindo o Plano de Trabalho às fls. 8/9, retro, referente ao Convênio n.º 832/GM/90, firmado em 28.12.90, entre aquela Prefeitura e o então Ministério da Ação Social." 6.Concluindo, a SECEX/AL propôs as seguintes medidas: "a) seja recebida a documentação apresentada pelo Sr. José Hélio Gomes Brandão (fls. 134/138) como elemento adicional de defesa, nos termos do art. 23, 2º, da Resolução TCU n.º 36/95, para no mérito, negar-lhe provimento; b) as presentes contas sejam julgadas irregulares e em débito o responsável abaixo relacionado, nos termos dos arts. 1º, inciso I e 16, inciso III, alínea 'c', e 19, caput, da Lei n.º 8.443/92, considerando as ocorrências relatadas no subitem 2.7 da instrução de fl. 140, condenando-o ao pagamento da importância especificada, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculada a partir da data discriminada até a efetiva quitação do débito, fixando-lhe o prazo de quinze dias, para que comprove, perante o Tribunal, o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, nos termos do art. 23, inciso III, alínea 'a', da citada Lei c/c o art. 165, inciso III, alínea 'a', do Regimento Interno/TCU: Responsável: JOSÉ HÉLIO GOMES BRANDÃO Valor Original: Cr$ 12.000.000,00 (doze milhões de cruzeiros) Data do Ocorrência: 04.02.91 c) seja autorizado, desde logo, a cobrança judicial da dívida, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, caso não atendida a

notificação; e d) seja remetida cópia dos presentes autos ao Ministério Público da União para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis, nos termos do art. 16, 3º, da Lei n.º 8.443/92." 7.O Ministério Público, ao manifestar-se às fls. 144, julgou necessário, dada a divergência entre as informações fornecidas pelo analista e aquelas apresentadas pelo ex-prefeito, sugerir a promoção de diligência junto ao diretor-presidente da Companhia de Abastecimento D'água e Saneamento do Estado de Alagoas CASAL (Órgão responsável pela execução e aprovação das ligações de água), objetivando averiguar quantas e quais foram as residências do Município de Mata Grande/AL beneficiadas com as ligações de água, bem como qual a quantidade (em metros) de canos de PVC instalada e qual a origem da água. 8. Realizada a diligência proposta pelo Parquet, a CASAL prontamente informou ao Tribunal que procedeu inspeção técnica no local, verificando a existência das seguintes instalações/serviços: assentamento de 5.000 m (cinco mil metros lineares) de tubo PVC soldável com diâmetro de 60 mm; construção de 1 (um) reservatório de forma cilíndrica apoiado, com capacidade para 10.000 litros; assentamento de 1.700 m (mil e setecentos metros lineares) de tubo (cano) PVC soldável com 20 mm de diâmetro; instalação de 4 (quatro) chafarizes públicos, dois instalados na rede de 60 mm e os outros 2 restantes na rede de 20mm de diâmetro; e 9 (nove) ligações domiciliares implantadas. 9. Diante deste contexto, a Unidade técnica analisou as informações prestadas pela CASAL com os demais elementos constantes dos autos, formulando as seguintes ponderações/conclusões: "a) Foram previstas a aquisição de material e correspondente instalação de uma rede de distribuição de água de 10.000m lineares de canos PVC de ¾'' (25 mm); no entanto, foi verificado pela CASAL, o assentamento de 5.000 m lineares de tubo PVC com diâmetro de 60 mm e 1.700 m lineares de tubo PVC com diâmetro de 20 mm; b) A caixa de água a ser construída deveria possuir capacidade para 100.000 L; no entanto foi constatado, tanto na inspeção da SECEX-AL, quanto na inspeção técnica da CASAL, que a caixa de água que integra o atual sistema de abastecimento da cidade possui capacidade apenas para 10.000 L; c) Estavam previstas a aquisição de material e correspondentes

instalações de água para 200 residências do município; no entanto, o que foi constatado pela CASAL é de que apenas 9 (nove) residências do povoado foram servidas por água; d) Foi comprovada a existência de 4 (quatro) chafarizes públicos; 2 (dois) instalados na rede de 20 mm e 2 (dois) na de 60 mm de diâmetro, todos não previstos no plano de trabalho original. 2.9. Não é possível calcular-se, com exatidão, a nova composição de custos da rede de distribuição construída, face às mudanças constatadas nas especificações dos condutos. No entanto, é razoável supor, que a redução no custo do serviço de assentamento dos canos (de 10.000 m para 6.700 m) tenha sido mais que compensada pelo aumento no custo de aquisição dos canos decorrente da mudança de diâmetro. Hoje, em média, uma peça de cano PVC de 60 mm custa cerca de 328% mais que uma peça similar de 25 mm. 2.10. Em relação ao não atingimento da meta referente à construção de uma caixa d'água com capacidade para 100.000 L, por ocasião da rejeição de defesa do Ex-Prefeito, a decisão foi no sentido de excluir do débito o valor da caixa construída em local inadequado e substituída por outra de capacidade bem inferior (fl. 128). 2.11. Verifica-se que nos elementos adicionais de defesa (fls. 134 a 138), em nenhum momento o responsável procurou justificar a alteração da meta pactuada de 200 (duzentas) ligações domiciliares, insistindo em afirmar, ao contrário, que o objeto do Convênio fora fielmente cumprido (fl. 135, item 6), o que foi contestado de forma contundente pela Inspeção Técnica da CASAL (fls. 147 a 148), a qual constatou a existência de apenas 9 (nove) ligações domiciliares implantadas. 2.12. Conclui-se, desse modo, que os novos elementos trazidos aos autos foram insuficientes para descaracterizar a irregularidade detectada por esta Secretaria de Controle Externo no curso de inspeção realizada na Prefeitura Municipal de Mata Grande/AL, em março de 1997, e ratificada em parte pela inspeção técnica realizada pela CASAL no sistema de abastecimento de água do Povoado de Caraíbas, do retrocitado Município, em novembro de 1998, qual seja, a inexecução de 191 ligações domiciliares das 200 previstas no Plano de Trabalho às fls. 8/9, referente ao Convênio n.º 832/GM/90, firmado em 28.12.90, entre aquela Prefeitura e o então Ministério da Ação Social. Uma vez constatada a implantação de 9 (nove) ligações domiciliares, o débito inicialmente apurado de Cr$ 12.00.000,00 (doze milhões de cruzeiros) deve ser ajustado para Cr$ 11.460.000,00 (onze milhões, quatrocentos e sessenta mil cruzeiros), em decorrência da dedução de Cr$ 540.000,00 (quinhentos

e quarenta mil cruzeiros) relativa à parte executada (Cr$ 60.000,00 por unidade, fl. 9). 3. Conclusão Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo que: a) seja recebida a documentação apresentada pelo Sr. José Hélio Gomes Brandão (fls. 134/138) como elemento adicional de defesa, nos termos do art. 23, 2º da Resolução TCU n.º 36/95, para no mérito, negar-lhe provimento; b) as presentes contas sejam julgadas irregulares e em débito o responsável abaixo relacionado, nos termos dos arts. 1º, incisos I e 16, inciso III, alínea 'c', e 19, caput, da Lei n.º 8.443/92, considerando as ocorrências relatadas no subitem 2.7 da instrução de fl. 140, condenando-o ao pagamento da importância especificada, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculada a partir da data discriminada até a efetiva quitação do débito, fixando-lhe o prazo de quinze dias, para que comprove, perante o Tribunal o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, nos termos do art. 23, inciso III, alínea 'a', da citada Lei c/c o art. 165, inciso III, alínea 'a', do Regimento Interno/TCU: Responsável: JOSÉ HÉLIO GOMES BRANDÃO Valor Original: Cr$ 11.460.000,00 (onze milhões, quatrocentos e sessenta mil cruzeiros) Data da ocorrência: 04.02.91 c) seja autorizado, desde logo, a cobrança judicial da dívida, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, caso não atendida a notificação; e d) seja remetida cópia dos presentes autos ao Ministério Público da União para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis, nos termos do art. 16, 3º, da Lei n.º 8.443/92." Instada a pronunciar-se novamente, a Procuradoria pôs-se de acordo com a proposta de mérito oferecida pela Secretaria de Controle Externo no Estado de Alagoas, constante de fl. 152.

Voto: P R O P O S T A D E D E C I S Ã O Bastante oportuna a sugestão do Ministério Público ao propor diligência junto à Companhia de Abastecimento D'água e Saneamento de Alagoas CASAL (órgão responsável pela execução das instalações hidráulicas). Tal medida veio comprovar as informações inverídicas apresentadas pelo ex-prefeito na tentativa de eximir-se da responsabilidade a ele imputada, por meio da Decisão nº 035/98-TCU-2ª Câmara, ocasião em que suas alegações de defesa originais foram rejeitadas. 2. A apresentação de justificativas adicionais, baseadas em argumentos falsos, não resistiu à inspeção técnica empreendida pela CASAL, a qual concluiu que das 200 ligações domiciliares previstas, apenas 9 foram implementadas. 3.Tal fato, no entanto, redundou na alteração do débito inicialmente apurado de Cr$ 12.000.000,00 (doze milhões de cruzeiros) para Cr$ 11.460.000,00 (onze milhões, quatrocentos e sessenta mil cruzeiros), em decorrência da dedução de Cr$ 540.000,00 (quinhentos e quarenta mil cruzeiros) relativa a parte executada (Cr$ 60.000,00 por unidade). Destarte, alinhando-me aos pareceres, tanto da Secretaria Técnica como do Ministério Público, proponho que o Tribunal adote a Deliberação que ora submeto a esta Egrégia Câmara. TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 7 de dezembro de 1999 LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHA Relator Assunto: II - Tomada de Contas Especial instaurada por iniciativa da Delegacia Federal de Controle - DFC/DF em virtude de irregularidades na prestação de contas de recursos repassados à Prefeitura Municipal de Mata Grande/AL. Relator: LINCOLN M. DA ROCHA Representante do Ministério Público: PAULO SOARES BUGARIN

Unidade técnica: SECEX-AL Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial, de responsabilidade de José Hélio Gomes Brandão, ex-prefeito Municipal de Mata Grande/AL, instaurada em decorrência de irregularidades observadas na prestação de contas de recursos repassados àquela municipalidade mediante convênio firmado com o extinto Ministério da Ação Social, cujo objeto era a execução de 200 ligações domiciliares de água em 200 residências no povoado rural de Caraíbas e aquisição de materiais para implantar 10.000m de rede de distribuição e construção de 01 reservatório de 100.000 litros. Considerando que o Tribunal, em Sessão da 2ª Câmara, de 02/03/98, decidiu rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo responsável, Sr. José Hélio Gomes Brandão, fixando novo e improrrogável prazo para recolhimento da importância devida; Considerando que, após ter sido notificado, o indigitado ao invés de recolher o débito, apresentou novamente elementos em sua defesa; Considerando que o responsável não conseguiu comprovar a regular aplicação dos recursos recebidos mediante o aludido convênio, uma vez que os novos elementos trazidos aos autos foram insuficientes para descaracterizar a irregularidade detectada pela Secretaria de Controle Externo em Alagoas, mediante inspeção realizada na Prefeitura de Mata Grande/AL, em março de l997 e ratificada, em parte, por vistoria técnica promovida pela Companhia de Abastecimento D'água e Saneamento de Alagoas CASAL, a qual identificou que das 200 ligações domiciliares de água previstas, apenas 9 foram executadas; Considerando que o valor destas 9 ligações de água realizadas corresponde a Cr$ 540.000,00 (quinhentos e quarenta mil cruzeiros), ao ser deduzido do débito total de Cr$ 12.000.000,00 (doze milhões de cruzeiros), a importância devida pelo responsável passa a ser de Cr$ 11.460.000,00 (onze milhões quatrocentos e sessenta mil cruzeiros); Considerando que a Unidade Técnica posicionou-se no sentido de que as contas sejam julgadas irregulares e em débito o responsável, recebendo o endosso do Ministério Público; Considerando que o valor atualizado do débito é superior ao limite fixado pelo Tribunal para a organização do processo de cobrança

executiva; ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de 2ª Câmara, com fundamento nos artigos 1º, I, l6, inciso III, alínea "c" da Lei nº 8.443/92, c/c os artigos 19, caput, e 23, III, da mesma Lei, em: a) julgar as presentes contas irregulares, condenar o Sr. José Hélio Gomes Brandão, ex-prefeito Municipal de Mata Grande/AL, ao pagamento da quantia de Cr$ 11.460.000,00 (onze milhões, quatrocentos e sessenta mil cruzeiros), com a fixação do prazo de l5 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 165, III, alínea a, do Regimento Interno), o recolhimento do valor do débito aos cofres do Tesouro Nacional, corrigido monetariamente e acrescido dos encargos legais calculados a partir de 04/02/91, até a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor; b) autorizar, desde logo, nos termos do art.28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação; e c) remeter cópia dos presentes autos ao Ministério Público da União para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis, nos termos do art. 16, 3º, da Lei nº 8.443/92. Quórum: Ministros presentes: Adhemar Paladini Ghisi (Presidente), Bento José Bugarin, Valmir Campelo e Adylson Motta. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 7 de dezembro de 1999 Parecer do Ministério Público: Processo TC nº 224.020/95-1 Tomada de Contas Especial Excelentíssimo Senhor Ministro-Relator. O Ministério Público, em seu pronunciamento de fl. 144, ante as divergências observadas nos autos em relação à execução do objeto do convênio, sugeriu, em preliminar, a realização de diligência ao diretor-presidente da Companhia de Abastecimento D'Água e Saneamento do Estado de Alagoas CASAL, solicitando as informações especificadas com vistas ao completo saneamento do processo.

2.Promovida a diligência, nos termos da proposta acima, mediante o Ofício de fl. 146, o responsável prestou as informações consubstanciadas no expediente de fls. 147/148, restando ali evidenciado, de maneira inequívoca, que o objeto do convênio não foi efetivamente executado na forma pactuada. De acordo com o disposto no referido documento, a CASAL comprovou, em inspeção técnica realizada no local, o desvirtuamento total do Plano de Trabalho original aprovado pelo órgão concedente dos recursos, com redução brusca de algumas metas prefixadas, sem qualquer explicação plausível por parte do gestor, conforme sintetizado no item 2.8 da instrução da Unidade Técnica (fl. 151). 3.Por outro lado, confirmada a implantação de nove ligações domiciliares de rede de água, das 200 (duzentas) inicialmente previstas, é razoável concluir que o valor correspondente a esta parte executada, em torno de Cr$ 540.000,00 (quinhentos e quarenta mil cruzeiros), seja deduzido do débito de Cr$ 12.000.000,00 (doze milhões de cruzeiros) até então apurado nos autos e constante da decisão que rejeitou as alegações de defesa antes apresentadas pelo responsável (Decisão nº 035/98 2ª Câmara, fl. 130). Com esse ajuste o novo débito imputado ao ex-prefeito passa a ser de Cr$ 11.460.000,00 (onze milhões quatrocentos e sessenta mil cruzeiros). 4.Destarte, considerando que os elementos complementares de defesa apresentados pelo responsável não são suficientes para comprovar a regular aplicação da maior parte dos recursos objeto deste processo, conforme demonstrado nos pareceres técnicos emitidos nos autos (fls. 139/141 e 149/152), o Ministério Público manifesta-se de acordo com a proposta de mérito oferecida pela Unidade Técnica, nos termos da conclusão de fl. 152. Ministério Público, em 30 de março de 1999. PAULO SOARES BUGARIN Subprocurador-Geral