Tribunal de Contas da União. Número do documento: DC /00-P. Identidade do documento: Decisão 230/ Plenário

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1 Tribunal de Contas da União Número do documento: DC /00-P Identidade do documento: Decisão 230/ Plenário Ementa: Acompanhamento. Programa Nacional de Desestatização. Outorga de concessões à CVRD. Serviços de transporte ferroviário de cargas e passageiros na Estrada de Ferro Vitória a Minas e na Estrada de Ferro Carajás. Não cumprimento de decisão do TCU que estabeleceu prazo para alteração dos contratos pelo Ministério dos Transportes. Novo prazo para a adoção da providências. Informação. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo I - CLASSE VII - Plenário Processo: / Natureza: Acompanhamento. Entidade: Órgão de Origem: Ministério dos Transportes. Interessados: RESPONSÁVEL: Eliseu Padilha, Ministro dos Transportes. Dados materiais: ATA 12/2000 DOU de 25/04/2000 INDEXAÇÃO Acompanhamento; Privatização; CVRD; BNDES; Avaliação; Concessão de Serviços Públicos; Licitação; TCU; Instrução Normativa; Contrato; Cláusulas Essenciais; MT; Sumário: Acompanhamento das concessões outorgadas à Companhia Vale do Rio Doce CVRD relativas aos serviços de transporte ferroviário de cargas e passageiros na Estrada de Ferro Vitória a Minas e na Estrada de Ferro Carajás. Não-cumprimento, pelo Ministro dos Transportes, no prazo fixado, da Decisão nº 253/99-TCU-Plenário. Fixação do prazo de 15

2 (quinze) dias para que apresente documentos comprobatórios de seu cumprimento e justificativas para o seu não-atendimento no prazo inicialmente fixado. Informação à referida autoridade acerca da possibilidade de aplicação do disposto no art. 58, inciso IV, da Lei nº 8.443/92. Encaminhamento de cópia da Decisão, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam, ao Ministro dos Transportes. Restituição dos autos à 9ª SECEX. Relatório: Cuidam os autos do processo de acompanhamento das concessões outorgadas à Companhia Vale do Rio Doce CVRD relativas aos serviços de transporte ferroviário de cargas e passageiros na Estrada de Ferro Vitória a Minas, nos Estados do Espírito Santo e Minas Gerais, e na Estrada de Ferro Carajás, nos Estados do Maranhão e Pará. Na Sessão Plenária de 19/05/99, ao apreciar estes autos, o Tribunal, acolhendo Voto deste Relator, prolatou a Decisão nº 253/99, cujos itens 8.3 e 8.4 apresentam a seguinte redação: "8.3. fixar o prazo de 120 dias, a contar da ciência desta Decisão, para que o Ministério dos Transportes apresente a este Tribunal a necessária alteração dos contratos de concessão firmados com a CVRD, contendo a inserção de cláusula que especifique os critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros definidores da qualidade do serviço, nos termos exigidos pelo art. 23, inciso III, da Lei nº 8.987/95; 8.4. encaminhar cópia desta Decisão, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam, ao Ministro dos Transportes Eliseu Padilha;" Feito isso, foram os autos restituídos à 9ª SECEX para acompanhamento. No entanto, a Unidade Técnica encaminhou nova instrução ao meu Gabinete, informando que o Ministério dos Transportes não comunicou este Tribunal acerca do cumprimento da citada Decisão, não obstante já se terem passado aproximadamente 10 meses desde a sua prolação. Diante disso, propõe a Unidade Técnica a realização de nova comunicação ao Ministério dos Transportes, reiterando o Aviso nº 519-GP/TCU, de 27 de maio de 1999, para atendimento no prazo máximo de 15 (quinze) dias, desta vez alertando o Ministro dos Transportes que o não-atendimento no prazo fixado sem causa justificada à diligência do Tribunal sujeita os responsáveis à multa prevista no inciso IV do art. 58 da Lei nº 8.443/92. É o Relatório.

3 Voto: A questão tratada nestes autos já havia sido estudada anteriormente. Ressalto que no Relatório que antecedeu o Voto que proferi na Sessão Plenária de 19/05/99, na qual teve origem a supramencionada Decisão nº 253/99, fiz constarem os termos da audiência que promovi junto ao Ministro dos Transportes, a fim de que se pronunciasse quanto ao seguinte: "a) a omissão, nos contratos de concessões, de cláusulas estabelecendo critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros definidores da qualidade do serviço, conforme exige a Lei nº 8.987/95, bem como explicitando parâmetros e indicadores de adequação dos serviços que permitam ao poder cedente verificar o cumprimento da cláusula décima-primeira;" Em resposta, o Ministro dos Transportes Eliseu Padilha esclareceu que: "- a Estrada de Ferro Vitória a Minas EFVM e a Estrada de Ferro Carajás EFC apresentam peculiaridades não existentes nas malhas da Rede Ferroviária Federal RFFSA -, tendo em vista que na EFVM 47% dos transportes realizados correspondem a cargas de propriedade da CVRD e na EFC esse percentual é de 94% e ainda considerando que tanto a EFVM quanto a EFC prestam serviços de transporte de passageiros de longo percurso, fatos esses que, aliados às variações do mercado externo exigem a adoção de indicadores e metodologia de análises diferentes daqueles adotados no caso das malhas privatizadas da RFFSA, com vistas à obtenção de resultados consistentes"; - "o Ministério dos Transportes, considerando as providências indicadas nos itens e da Decisão nº 138/96-TCU, de 27/3/96, promoveu a realização de estudos, pela Universidade de São Paulo USP e Fundação Getúlio Vargas FGV -, no sentido do estabelecimento de sistemas de acompanhamento aplicáveis a todas as concessões. Foram firmados contratos com essas duas entidades, estando os trabalhos em fase de elaboração dos relatórios finais"; - além dos referidos convênios, "foi contratada pela RFFSA, no âmbito do Acordo de Empréstimo nº 4046-BR, firmado pela União e o Banco Mundial, consultora com o objetivo de elaborar manuais e instruções relativas à fiscalização e acompanhamento aplicáveis à malha ferroviária do País"; - após a conclusão dos mencionados trabalhos, "seguir-se-á uma fase de validação, no âmbito do Ministério dos Transportes, das proposições

4 para serem utilizadas como instrumentos oficiais de acompanhamento de todos os contratos de concessão. Está prevista a organização de um amplo banco de dados que permita flexibilidade na realização de grande número de análises. No entanto, quaisquer elementos adicionais podem a qualquer momento ser solicitados às concessionárias, conforme facultam os contratos de concessão"; - "até que estejam validados esses sistemas, ora em organização pela USP e FGV, o desempenho da EFVM e EFC está sendo acompanhado, conforme os detalhes registrados na Ata de Inspeção, realizada em 27 e 28/10/97, e os dados solicitados pelos Ofícios nºs 972 e 973/DTF/STT/MT, de 26/11/97, ambos de cópias anexas. O fornecimento desses dados tem permitido a elaboração de relatórios trimestrais, exemplar em anexo, no âmbito do Convênio de Cooperação Técnica, celebrado entre o Ministério dos Transportes e a RFFSA"; - "algumas rotinas e procedimentos já estão implantados, enquanto que outras definições dependem da conclusão dos estudos de consultoria já referidos". Naquela mesma oportunidade fiz as seguintes considerações no Voto que proferi: "Destaco que referidas ferrovias compõem o 'negócio' CVRD, pois servem para escoar a sua produção. Por esse peculiar aspecto, essas ferrovias, mais especialmente ainda a EFC, têm como principal usuário/beneficiário a própria CVRD, que é, ao mesmo tempo, concessionária e usuária principal. Portanto, caso o desempenho do serviço de transporte prestado na EFC, por exemplo, não seja adequado, quem mais irá sofrer as conseqüências será a própria CVRD. É de se ponderar, no entanto, que, no caso da EFVM, embora a CVRD seja responsável por grande parte do transporte ferroviário, não se pode desconsiderar que 53% do transporte atendem a outros usuários, o que requer tratamento diferenciado em relação à EFC. Minha assessoria, em contato com o Gabinete do Ministro dos Transportes, recebeu a informação de que os estudos da USP e FGV a que se referiu o Ministro já foram concluídos e estão na fase de validação. Foi informado, também, que, na realidade, referidos estudos dizem respeito a toda a malha ferroviária brasileira e não às ferrovias de que tratam estes autos. Dessa forma, será preciso esforço adicional daquele Ministério, a fim de promover as devidas adequações. Fui informado ainda de que o trabalho realizado pela RFFSA, na qualidade de consultora, já está sendo usado pelo Ministério na

5 fiscalização da malha ferroviária do País." Convém mencionar também a Decisão nº 138/96, prolatada na Sessão Plenária de 27/03/96, Ata 13, cujo teor do item 8.4 e dos subitens a já havia reproduzido no Voto que proferi na referida Sessão de 19/05/99, e que transcrevo a seguir, a fim de realçar que a preocupação desta Corte com a matéria não é recente: "8.4. Solicitar ao Sr. Ministro dos Transportes providências no sentido de: encaminhar ao TCU, para acompanhamento nas Prestações de Contas, relatório circunstanciado abrangendo o Plano Trienal de Investimentos de que trata o item XVI da Cláusula Nona (9.1) do Contrato de Concessão, bem como as Demonstrações Financeiras da Concessionária de que tratam os 6º e 7º da Cláusula Décima-Segunda do Contrato de Concessão; promover a adequada estruturação com recursos humanos, técnicos e materiais dos Departamentos de Transportes Ferroviários e de Avaliação Econômica e Qualidade, diante das novas responsabilidades que assumem de atuar como órgãos de regulamentação, normatização e fiscalização do Poder Concedente, representado pelo Ministério dos Transportes, relativamente ao setor ferroviário brasileiro, em fase de desestatização no tocante aos serviços de transporte de carga, haja vista os dispositivos da Lei 8.987/95; propiciar a capacitação técnica de seu quadro de pessoal, inclusive firmando convênios com instituições de ensino superior e estabelecendo intercâmbio com entidades do exterior, objetivando dar efetividade à ação de acompanhamento e avaliação da gestão das concessões ferroviárias e à formulação de políticas e diretrizes;" Vê-se, assim, que o assunto não é de simples solução. No entanto, cumpre registrar que este Tribunal tem, ao longo de sua atuação, sido sempre bastante compreensivo com questões mais complexas, de modo a que a atividade fiscalizatória não represente um dificultador na solução de problemas que interessam a toda a sociedade. Não obstante, por mais difícil que possa ser o cumprimento de uma decisão deste Tribunal, é inaceitável que esta Corte simplesmente tenha uma de suas decisões descumprida sem que sequer lhe seja apresentada uma justificativa plausível, ainda mais quando o agente público responsável pelo seu cumprimento é um Ministro de Estado.

6 Sobre o assunto, é de se mencionar o teor do art. 58, inciso IV, da Lei nº 8.443/92, que autoriza o Tribunal a aplicar multa aos responsáveis por "não atendimento, no prazo fixado, sem causa justificada, à diligência do Relator ou à decisão do Tribunal". Portanto, considerando o exposto, VOTO por que o Tribunal adote a Decisão que ora submeto à apreciação do Plenário. Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, 05 de abril de BENTO JOSÉ BUGARIN Ministro-Relator Assunto: VII - Acompanhamento. Relator: BENTO BUGARIN Unidade técnica: 9ª SECEX Quórum: Ministros presentes: Iram Saraiva (Presidente), Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça, Humberto Guimarães Souto, Bento José Bugarin (Relator), Valmir Campelo, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 5 de abril de 2000 Decisão: O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 8.1. fixar o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência desta Decisão, para que o Ministro dos Transportes apresente a este Tribunal: documentos comprobatórios do cumprimento do item 8.3 da Decisão nº 253/99-TCU-Plenário; justificativa para o não-cumprimento do item 8.3 da Decisão nº 253/99-TCU-Plenário dentro do prazo fixado.

7 8.2. informar ao Ministro dos Transportes que o não-atendimento, no prazo fixado, a decisão do Tribunal enseja a aplicação do disposto no art. 58, inciso IV, da Lei nº 8.443/92; 8.3. encaminhar cópia desta Decisão, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam, ao Ministro dos Transportes Eliseu Padilha; 8.4. restituir os autos à 9ª SECEX.