Entidade: Unidade: Fundação Legião Brasileira de Assistência - LBA (extinta).

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1 Tribunal de Contas da União Número do documento: DC /98-1 Identidade do documento: Decisão 330/ Primeira Câmara Ementa: Tomada de Contas Especial. LBA. Malversação na guarda e distribuição de alimentos e bens. Responsabilidade solidária. Revelia de um dos responsáveis. Alegações de defesa rejeitadas dos demais. Prazo para recolhimento do débito. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo I - CLASSE II - 1ª Câmara Processo: / Natureza: Tomada de Contas Especial Entidade: Unidade: Fundação Legião Brasileira de Assistência - LBA (extinta). Interessados: Responsáveis: Márcio Antonio Rios (ex-superintendente), Leude Mendonça Damasceno (ex-gerente de Administração) e Carlos Alberto Rosa (ex-chefe de Serviços Gerais). Dados materiais: DOU de 12/11/1998 Sumário: Tomada de Contas Especial. Malversação na guarda e na distribuição de alimentos, utensílios e materiais diversos. Alegações de defesa rejeitadas e revelia do 3º responsável. Comunicação e prazo improrrogável para recolhimento do débito. Relatório: Trata-se de Tomada de Contas Especial, instaurada pela extinta Superintendência Estadual da Fundação Legião Brasileira de Assistência no Estado de Alagoas, tendo como responsáveis solidários os Srs. Márcio Antonio Rios, Leude Mendonça Damasceno e Carlos Alberto Rosa, em

2 decorrência da malversação, tanto na guarda como na distribuição de alimentos, utensílios domésticos, materiais de cama e mesa e materiais hospitalares, doados pelo PRONAV/Brasília. 2.A Coordenação-Geral para Assuntos de Inventariança da Secretaria Federal de Controle do Ministério da Fazenda, diante do Relatório de Auditoria (fls. 69/71), certificou a irregularidade das contas (fl. 72), o qual, em etapa seguinte, foi recepcionado pela autoridade ministerial competente (fl. 76). 3.Os responsáveis foram citados por ofício (fls. 85/7), para que no prazo de 15 (quinze) dias apresentassem alegações de defesa ou recolhessem a importância devida. 4.Dois dos responsáveis, Srs. Márcio Antonio Rios e Leude Mendonça Damasceno, ao atenderem à citação, apresentaram alegações de defesa e juntaram outros elementos como subsídios (fls. 109/80). A SECEX/AL, por sua vez, analisou os documentos e tirou as seguintes conclusões (fls. 182/4): "(...) 5.O Sr. Márcio Antonio Rios, resumidamente, alega que: - o processo não se encontra instruído com os documentos que teriam servido de base às imputações de irregularidades atribuídas ao peticionário e outros; - o processo não traria quaisquer comprovação das supostas irregularidades atribuídas ao peticionário e outros; limitar-se-ia a meros relatórios de procedimentos administrativos, sem qualquer comprovação da veracidade de suas conclusões; - com relação ao leite, consta do processo TC nº /91-0, fl. 189, que das 416 caixas reclamadas neste processo, 352 caixas teriam tido destino ignorado. No entanto, á fl. 27 do relatório acostado ao processo, colhe-se depoimento em que José Raimundo da Silva afirma ter entregue leite à Defesa Civil. E isto, efetivamente ocorreu, conforme certidão expedida por sua coordenadoria. A entrega do restante do leite, dos lençois e cobertores encontra-se comprovada em documentação anexa; - o que se evidencia da entrega de 107 fogões é o desencontro de informações e o descontrole da administração sobre os fatos que, praticados regularmente, não mais se encontram sob o domínio do peticionário, que não mais integra a entidade. Mesmo assim, o peticionário logrou levantar comprovantes de entrega de, pelo menos 84 fogões, conforme anexos; - com relação ao óleo de soja, confira-se a anexa declaração da Superintendência da Coordenação de Promoção Social da Secretaria de Saúde do Estado de Alagoas, atestando o recebimento de 13 das 15 caixas reclamadas, sendo certo que 02 caixas rasgaram e as respectivas latas soltas, num total de 50, foram doadas à Associação de Canapi, cf. documentação anexa;

3 - a imputação de malversação do material reclamado é confusa e contraditória, como confusas e contraditórias são as informações todas lançadas por presunção e conjecturas em face da 'desorganização da LBA". Se existentes as irregularidades, deverão ser imputadas ao Superintendente da LBA à época dos fatos, nomeadamente Carlos Maurício Barros de Goes, cf. inventário de mudança da transportadora Botafogo, em anexo; - os pressupostos para instauração da tomada de contas especial, para efeito de devoução dos recursos malversados, é aquela de que resulte prejuízo para a Fazenda Pública. E disso não se cuida, absolutamente; - tudo não passaria de um grande imbróglio. A desorganização da LBA e a descontinuidade administrativa e o açodamento da administração fundacional levaram o peticionário a responder por esta tomada de contas especial por imputações absolutamente improcedentes, quando não indemonstradas. 6.Já o Sr. Leude Mendonça Damasceno (v. fls. 176/177), em sua defesa, alegou que: - em nenhum momento se envolveu na guarda e distribuição de materiais, atribuição específica da Superintendência da entidade, cf. constava dos autos (fls. 39 e 40); - o nome do peticionário não é relacionado por documento ou testemunha ao recebimento e distribuição de bens de qualquer natureza; - não se afigura lógico jurídico ou razoável atribuir-se ao peticionário responsabilidade pela 'malversação' na guarda e distribuição de bens que nunca estiveram sob sua guarda ou responsabilidade. 6.1.Por fim, o responsável anexou cópia da defesa apresentada pelo Sr. Márcio Antônio Rios, já constante dos autos. 7.No que tange ao terceiro responsável apontado nos autos, o mesmo permanece silente até o presente momento. 8.Considerando que o Sr. Márcio Antonio Rios acostou a estes autos farta documentação, como forma de comprovar a entrega dos materiais reclamados; 8.1.Considerando a necessidade de atestar a veracidade da documentação apresentada a título de defesa (recibos, declarações, etc.); 8.2.Considerando, finalmente a necessidade de pronunciamento do gestor dos recursos em tela, face à documentação apresentada. 9.Submetemos os autos à consideração superior, PROPONDO, sejam estes autos encaminhados à CISET do Ministério da Previdência e Assistência Social - CISET/MPAS, com fito de que aquela Secretaria colha da Coordenação-Geral para Assuntos de Inventariança, do Ministério da Fazenda (responsável pela extinta LBA), pronunciamento, acerca da distribuição do material anteriormente identificado e doado pelo PRONAV/Brasília à Superintendência da LBA em Alagoas, à época, face à documentação apresentada pelo Sr. Márcio Antonio Rios (fls. 113/175 dos

4 autos) a título de defesa, emitindo, se for o caso, novo certificado de auditoria, bem como novo pronunciamento ministerial." 5.A diligência proposta pela Secretaria Técnica foi efetivada por ofício e endereçada ao Sr. Norival Onofre Kwiatkowski, solicitando pronunciamento da CISET sobre a documentação apresentada pelo Sr. Márcio Antônio Rios, a título de defesa (fl. 185). 6.Tendo em vista que os documentos apresentados pelos responsáveis são por cópia e que a Subsecretaria de Assuntos Administrativos/MPAS verificou várias falhas nesses documentos, porém sem emitir uma conclusão (fls. 187/8), a Secretaria de Controle Interno/MPAS, considerando não haver alteração do Certificado de Auditoria (fl. 72), restituiu o processo ao TCU (fls. 189/91). 7.Finalmente, a SECEX/AL pôde emitir um parecer conclusivo, nos seguintes termos (fls. 193/5): "(...) 4.Em atendimento à diligência mencionada aquela Subsecretaria emitiu a Informação nº 006/98 (v.fls. 187/188), onde expõe o que se segue, in verbis: "1. Todos os documentos apresentados pelo Sr. Márcio Antonio Rios, os quais buscam comprovar a regular utilização dos bens objetos dessa TCE, são cópias as quais não estão autenticadas; 2. As Guias de Remessa de Material em sua maioria, estão assinadas porém, sem identificação e, as que estão identificadas através de carimbos foram assinadas por Carlos Alberto Rosa; 3. A Guia de Remessa de Material - GRM, à fl. 122, em nome da Associação Carente de Canapi/AL, não consta assinatura de quem recebeu a mercadoria e ainda, nesta GRM, o item 'óleo de soja' está destacado; 4. A GRM, às fls. 126, consta a autorização do Sr. Márcio Antonio Rios, liberando a mercadoria; 5. As Declarações constantes às fls. 137 a 141 todas datadas de janeiro/92, quando a doação foi efetuada em meados de maio/novembro-90; 6. O Recibo da Associação Beneficente dos Evangélicos da Barra de Santo Antonio, identifica o doador como sendo o Sr. Márcio Antonio Rios e não a ex-lba; 7. A GRM à fl. 136, identifica a Cidade de Barra de Santo Antonio/AL, como a beneficiada, porém não especifica se foi o Governo Municipal, Entidade; 8. Pelo exposto, e considerando que não temos acesso no momento, aos documentos originais, não temos condições de atestar os referidos documentos". (os grifos não são do original) 5. A CISET/MPAS, por sua vez ao se pronunciar nos autos explicitou o seguinte, in verbis: Em 07/05/98 a SAA/MPAS procedeu ao exame da documentação, concluindo

5 que não tem condições de atestá-la, pelos motivos que expõe em seu despacho às fls. 187/8 do processo em comento. Assim sendo, o Gestor, indiretamente, não acatou a defesa. 7.Diante do exposto, e Considerando que não houve alteração do Certificado de Auditoria à fl. 72, sugerimos a restituição do presente processo ao Tribunal de Contas da União/SECEX-AL, para conhecimento. 6.Verifica-se, portanto, que a peça de defesa apresentada, não logrou alterar o posicionamento do órgão sucessor da extinta LBA ( Subsecretaria de Assuntos Administrativos-SAA, do Ministério da Previdência e Assistência Social, nem tampouco da CISET/MPAS, que mantiveram o Certificado de irregularidade das contas. 7.Considerando que devidamente citado o Sr. Carlos Alberto Rosa manteve-se silente; 8.Considerando que as alegações de defesa apresentadas pelos Srs. Márcio Antonio Rios e Leude Mendonça Damasceno, não lograram elidir as irregularidades que lhe são apontadas. 9.Considerando que, nos termos do 1º do art. 12, da Lei nº 8.443/92, na rejeição de alegações de defesa, deverá ser fixado novo prazo para o recolhimento do débito, por parte dos responsáveis; 10. Considerando, finalmente, que apesar do responsável Carlos Alberto Rosa não atender à citação e, tendo de ser fixado novo prazo para o recolhimento do débito por parte dos responsáveis Márcio Antonio Rios e Leude Mendonça Damasceno, igual procedimento poderá ser estendido ao responsável revel; 11. Submetemos os autos à consideração superior, ressaltando que o Relator dos mesmos é o Exmº Ministro LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHA, propondo com fulcro no 1º, do art. 12, da Lei nº 8.443/92: I - sejam cientificados os Srs. Márcio Antonio Rios e Leude Mendonça Damasceno de que suas alegações de defesa foram rejeitadas pelo Tribunal; II - seja fixado, novo e improrrogável prazo, para que os Srs. Márcio Antonio Rios, Carlos Alberto Rosa e Leude Mendonça Damasceno, recolham aos cofres do Tesouro Nacional, a importância de R$ ,97 (duzentos e quarenta e um mil, trezentos e noventa e oito reais e noventa e sete centavos), padrão monetário vigente, acrescida de juros de mora e correção monetária incidentes a partir de até a data do efetivo recolhimento, nos termos da legislação em vigor, em decorrência da malversação, tanto na guarda como na distribuição de alimentos, utensílios domésticos, materiais de cama e mesa e materiais hospitalares, doados pelo PRONAV/Brasília à extinta Fundação Legião Brasileira de Assistência - FLBA/AL." 7.O douto Ministério Público, representado pelo Subprocurador-Geral, Dr. Paulo Soares Bugarin, posicionou-se de acordo com a medida preconizada pela Secretaria Técnica (fl. 196).

6 Voto: Os responsáveis encaminharam farta documentação ao Tribunal, a título de alegações de defesa, as quais entretanto não lograram esclarecer as falhas e irregularidades levantadas no presente processo. O Órgão Técnico deste Tribunal verificou serem insuficientes para justificá-las. 2.As irregularidades encontradas na gestão do responsável são relacionadas à malversão, tanto na guarda como na distribuição de alimentos, utensílios domésticos e materiais hospitalares, doados pelo PRONAV/Brasília à extinta LBA/AL. 3.É oportuno informar que o Grupo de Trabalho constituído por força do Decreto 1823/96 encerrou seu trabalho em 30 de janeiro de 1998, tendo dedicado sua atenção à organização de processos que passaram ao comando das atividades, quais sejam a Subsecretaria de Assuntos Administrativos do M.P.A.S. Esta Subsecretaria se pronunciou nos termos do item 7 do relatório retro. 4.Essa desordem administrativa e a ausência ao processo de um dos responsáveis induzem à conclusão de que realmente houve má gestão dos recursos e prática de diversos ilícitos. Diante do exposto, acolhendo os pareceres, VOTO por que o Colegiado adote a Decisão ora apresentada. Assunto: II - Tomada de Contas Especial Relator: Lincoln M. da Rocha Representante do Ministério Público: Paulo Soares Bugarin Unidade técnica: SECEX-AL Quórum: Ministros presentes: Iram Saraiva (Presidente), Carlos Átila Álvares da Silva, Humberto Guimarães Souto e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha (Relator). Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 3 de novembro de 1998

7 Decisão: A Primeira Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, com fundamento nos artigos 12, 1º, e 22, parágrafo único, da Lei nº 8.443/92, c/c o art. 153, parágrafo 2º, do Regimento Interno/TCU, DECIDE: Rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis, Srs. Márcio Antônio Rios e Leude Mendonça Damasceno, por não refutarem a irregularidade apontada no presente processo; e Cientificar aos responsáveis indicados no item 3 supra esta Decisão, concedendo-lhes novo e improrrogável prazo de 15 (quinze) dias, para que efetuem, e comprovem perante este Tribunal, o recolhimento, aos cofres do Tesouro Nacional, da importância de R$ ,97 (duzentos e quarenta e um mil, trezentos e noventa e oito reais e noventa e sete centavos), acrescida da correção monetária e dos juros de mora, calculados, conforme legislação em vigor, a partir de 22/11/1995, até a data do efetivo recolhimento.