A taxonomia dos estágios da formulação e implantação da estratégia de produção: uma revisão dos principais estudos nacionais

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Transcrição:

A taxonomia dos estágios da formulação e implantação da estratégia de : uma revisão dos principais estudos nacionais Eliciane Maria da Silva (EESC-USP) eliciane@ prod.eesc.sc.usp.br Fernando César Almada Santos (EESC-USP) almada@prod.eesc.sc.usp.br Resumo A literatura que fundamenta grande parte dos trabalhos acadêmicos atuais na área de estratégia de apresenta uma diversidade de etapas nos processos de formulação e implantação que podem gerar dificuldades para compreender os conceitos. Estes trabalhos revelam que os fundamentos são poucos conhecidos no ambiente empresarial e quando aplicados encontram-se dificuldades na implantação de forma consistente e explícita. Este artigo faz uma análise dos trabalhos acadêmicos nacionais recentes e seus principais referenciais teóricos e apresenta uma classificação dos processos de formulação e implantação em apenas três estágios. Pretende-se com isso contribuir para um discernimento maior dos conceitos de estratégia de. Palavras-Chave: estratégia de, formulação de estratégia, implantação de estratégia. 1 Introdução No ambiente organizacional a proliferação dos conceitos da estratégia de ainda é incipiente. Estudos atuais revelam que as empresas encontram dificuldades na implantação de forma consistente e explícita. Embora os fundamentos sobre estratégia de foram introduzidos no final da década de 1960 por autores como: Skinner (1969), Wheelwright e Hayes (1985) e Swamidas e Newell (1987), o aperfeiçoamento e implementação de técnicas ligadas a esta área ainda não se consolidaram (MILLS et al., 1995). Alves Filho e Vanalle (1998) argumentam que tanto os trabalhos teóricos quanto os empíricos sobre processos de formulação da estratégia de são ainda relativamente recentes. Além disso, algumas etapas de reformulação, implantação ou acompanhamento são tratadas de formas mais abrangentes e não têm sido discutidas em profundidade. Na literatura pesquisada são identificados vários estágios dos processos de formulação e implantação. Normalmente estes estágios envolvem o alinhamento da estratégia de às estratégias competitivas e de negócio, como também, as definições das prioridades competitivas e os fatores estruturais e infra-estruturais de. A realização deste trabalho se justifica em tornar os estágios mais explícitos para um melhor discernimento dos conceitos das estratégias de propondo uma taxonomia em três estágios distintos dos processos e fatores que envolvem a formulação e implantação. 2 Estratégia de No Brasil existem trabalhos recentes em setores diferentes que dizem respeito aos fundamentos da estratégia de. A Tabela 1 apresenta o principal referencial teórico utilizado por alguns autores e o setor industrial pesquisado. Por meio desta análise ENEGEP 2003 ABEPRO 1

descrevem-se a seguir os principais conceitos utilizados sobre os processos de formulação e implantação da estratégia de. Autores do Trabalho Principal Referencial Teórico Utilizado Setor Industrial Pesquisado Alves Filho, Vanalle e Garvin (1987), Wheelwright e Hayes (1985), máquinas e ferramentas SP Pereira (1997) Skinner (1978) e Fine e Hax (1985) Brunstein e Buzzini (1997) Alves Filho (1991), Garvin (1987), Wheelwright e Hayes (1985) médias e grandes empresas do setor de equipamentos, aparelhos, instrumentos médico-hospitalar SP Silveira e Souza (1997) Wheelwright e Hayes (1985), Porter (1992), moveleiro MG Platts e Gregory (1989) Salomão e Alves Filho Garvin (1993) e Wheelwright (1984) empresas de grande porte do ramo (1998) Barros Neto et al. (1999) Lira e Gomes (1998) Corrêa e Gianesi (1998), Slack (1993), Fine e Hax (1985), Hill (1995) e Mills, Platts e Gregory (1995) Corrêa e Gianesi (1998), Garvin (1993), Pires e Agostinho (1994), Slack (1993) e Porter (1995) Araujo e Ramos (1999) Hill (1993), Voss (1995), Corrêa e Gianesi (1993) e Skinner (1969) Costa e Rabechini Mills, Platts e Gregory (1995), Hayes e Junior (2000) Wheelwright (1984), Skinner (1969), Platts e calçadista (Franca) SP pequenas empresas de construção e edificação RS pequena empresa do ramo metalúrgico PB pequenas empresas de setor moveleiro RN artigos esportivos região sudeste Gregory (1989) Souza (2001) Slack (1993), Corrêa e Gianesi (1993), empresas de grande médio e pequeno Coutinho e Ferraz (1995) porte de construção civil RJ Lira e Gomes (2001) Slack (1993), Pires (1994) pequenas empresas de máquinas e equipamentos industriais PB Nogueira et al. (2002) Skinner (1969), Garvin (1993) e Hayes e revestimentos cerâmicos SP e PR Wheelwright (1984) Gomes e Tubino Porter (1992), Tubino (1997), Hayes e Wheelwright empresas de médio e grande porte do (2002) (1984), Garvin (1987) e Pires (1994) setor de vestuário CE Tabela 1: Síntese de alguns estudos recentes no Brasil sobre estratégia de A maioria dos autores fundamenta que a estratégia de faz parte das decisões que acompanham a estratégia competitiva geral da organização. Para colocar em ação a estratégia de, autores citam modelos de um planejamento estratégico de que visam avaliar racionalmente as atividades da função. Para Wheelwright e Hayes (1985) não há uma única finalidade que toda função manufatura deve seguir corretamente. Há, ao invés, vários tipos de papéis genéricos que a função manufatura pode representar em uma companhia. Os papéis podem ser vistos como fases de desenvolvimento continuo a um longo prazo que são identificados em quatro estágios: estágio 1 minimização do potencial negativo da : papel internamente neutro. Minimiza o potencial negativo da manufatura convocando especialistas externos para tomar decisões sobre assuntos estratégicos da manufatura e os sistemas de controle do gerenciamento interno são os meios principais para monitorar a performance da manufatura; estágio 2 alcance da paridade (igualdade) com os competidores: papel externamente neutro. O horizonte de planejamento para decisões sobre o investimento na manufatura é estendido para outras áreas a fim de englobar um único ciclo do negócio; estágio 3 provê suporte confiável à estratégia do negócio: papel internamente apoiador. Mudanças na estratégia do negócio são prontamente traduzidas por implicações na manufatura. Desenvolvimentos de longo termo na manufatura e tendências são sistematicamente endereçadas. ENEGEP 2003 ABEPRO 2

estágio 4 persegue uma vantagem competitiva baseada na manufatura: papel externamente apoiador. Nesta fase esforços são realizados para antecipar as práticas e tecnologias potencialmente novas da. Ainda Wheelwright e Hayes (1985) dizem que a função a é freqüentemente composta de fatores que estão em diferentes níveis de desenvolvimento e o que determina o nível global da operação é quando há um equilíbrio conjunto entre os fatores. Estes fatores, também, são conhecidos e classificados em dois tipos de categorias de decisão. Primeiro as decisões estruturais que são definidas pelas áreas de: instalações industriais, capacidade produtiva, tecnologia e integração vertical. Segundo as decisões infra-estruturais que são definidas pelas áreas de recursos humanos, gerência da qualidade, organização e planejamento e controle da PCP. Hill (1997) diz que a estratégia de consiste num procedimento de cinco etapas. A primeira incide em entender os objetivos corporativos da organização ao longo prazo para que a estratégia de possa contribuir para estes objetivos, sendo que cada companhia apresenta objetivos de acordo com a economia, mercados, oportunidades, e preferências. A segunda etapa seria conhecer a estratégia de marketing da organização identificando mercados, produtos ou serviços que a estratégia de deve satisfazer a fim de alcançar a estratégia coorporativa. A terceira etapa concentra-se em estimar os fatores qualificadores dos produtos nos diversos mercados e como estes produtos são ganhadores de pedidos em relação à concorrência. A quarta etapa consiste em estabelecer um conjunto de características estruturais da que sejam apropriadas para competir e produzir seus produtos. E por último, quinta etapa, a empresa deve identificar fatores infra-estruturais para apoiar a dos produtos. Estes fatores abrangem procedimentos como sistemas, controles, estruturação do trabalho, estrutura organizacional e outros. Platts em 1990 formulou quatro processos de estratégia de : point of entry, participation, procedure e project management (MILLS, PLATTS e GREGORY, 1995): point of entry, ponto de entrada. Envolve identificar o mix de produto que o mercado consumidor determina segundo os conceitos de custo, qualidade, flexibilidade e entrega; participation, participação. Esta etapa significa analisar quais as funções ou atividades específicas dentro da organização que contribuem para alcançar o objetivo identificado na etapa anterior. O trabalho aponta que todas as funções são recomendadas e a decisão pela escolha depende do conhecimento do processo, tais como:, marketing, finanças, recursos humanos e políticas de controle; procedure, procedimentos. Depois da inferência dos estágios anteriores é necessário executar alguns procedimentos de auditoria, planos de ação e implementação. project management, gerenciamento do projeto. Abrange a forma de gerenciamento do projeto que deve estabelecer prazos para se atingir o objetivo determinado. Assim, os processos da estratégia de podem ser monitorados em períodos relativos a fim de propor ações de melhoria. Corrêa e Gianesi (1998, p.311) dizem que para as decisões operacionais da função formar um elo de ligação com a estratégia global da empresa é necessário seguir cinco medidas: definir seletivamente quais são os objetivos de desempenho (qualidade, flexibilidade, desempenho em tempos e custo) que a deve buscar melhorias para atender seu mercado consumidor; ENEGEP 2003 ABEPRO 3

acompanhar o nível de desempenho da concorrência nos critérios que os nichos de mercado valorizam por meio da definição dos critérios competitivos qualificadores e dos critérios ganhadores de pedidos; priorizar os critérios que devem merecer maior atenção gerencial no sentido de melhoria e redução de desempenho; criar um padrão de tomadas de decisões sobre os recursos nas principais áreas de decisões estratégicas da : capacidade, instalações (arranjo físico, tamanho, tecnologia), integração vertical, força de trabalho (nível de especialização), qualidade (prevenção de falhas), fluxo de materiais (políticas com fornecedores, estoques e distribuição), desenvolvimento de novos produtos e organização (centralização, estilo de liderança); desenvolver uma visão clara das competências principais da, de forma a evidenciar com os demais setores da organização habilidades que já estão sendo utilizadas e que podem ser melhoradas. Para Slack et al. (1999, p.76) o conteúdo de uma estratégia de é constituído por três fatores: a definição das prioridades competitivas mais significativas nas operações; as decisões estratégicas que determinam a estrutura da, sendo que estas influenciam principalmente atividades de projeto; as decisões estratégicas que determinam sua infra-estrutura. Estas são atividades ligadas ao planejamento, controle e melhoria das operações. Moreira (2001) destaca que, em um modelo de planejamento estratégico, não existe uma forma padronizada para utilização de qualquer empresa. Segundo este autor, alguns componentes fundamentais devem compor o planejamento estratégico de : tecnologia do produto, tecnologia do processo, capacidade de instalações, localização das instalações, recursos humanos e suprimentos. Afirma-se que algumas funções constituídas por decisões estratégicas na organização são derivadas da estratégia de da empresa e quase sempre as suas respostas dependem da aprovação da alta gerência, por exemplo, as funções de planejamento da capacidade, localização de instalações e projeto do produto e do processo. Barros Neto et al. (1999) defendem a necessidade de realização de trabalhos mais empíricos específicos, apresentando um modelo de formulação de estratégias de para pequenas empresas do ramo de construção civil que envolve as seguintes etapas: reunião de apresentação, em que se mostra o processo de formulação detalhando cada uma de suas partes, os critérios competitivos e categorias de decisão utilizadas; diagnóstico estratégico da ; definição dos objetivos da empresa e conhecimento dos clientes e concorrentes; desdobramento dos objetivos e desenvolvimento dos planos de ação; cronograma e implementação. Pires (1994) fundamenta que uma estratégia de é principalmente, o resultado de um estudo detalhado e iterativo entre dois elementos cruciais no processo de sua elaboração: as prioridades competitivas ou missões da ; e as decisões sobre as chamadas questões estruturais e infra-estruturais da manufatura. ENEGEP 2003 ABEPRO 4

3 A Taxonomia dos estágios da formulação e implantação da estratégia de Baseados nos conceitos da hierarquia das estratégias nas organizações as etapas de formulação e implantação da estratégia de foram classificadas em três estágios distintos. A figura 1 mostra a classificação e o conteúdo dos três estágios distintos por meio da hierarquia das estratégias de acordo com as literaturas de Wheelwright e Hayes (1985) e Pires (1994). Primeiro estágio: Estratégia corporativa Estratégia dos negócios A Estratégia dos negócios B Estratégia dos negócios C Estratégia de marketing Estratégia de recursos humanos Estratégia de Estratégia de finanças Segundo estágio: Prioridades competitivas Custo Qualidade Desempenho nas entregas Flexibilidade Terceiro estágio: Áreas de decisões Estruturais Infra-estruturais Instalações industriais Organização Capacidade Recursos humanos Tecnologia Relações com fornecedores Integração vertical Gerência da qualidade PCP Figura 1: A classificação e o conteúdo dos três estágios de formulação e implantação da estratégia de e a hierarquia das estratégias nas organizações O primeiro estágio consiste em alinhar a estratégia de à estratégia da corporação ou a unidade de negócio e outras áreas funcionais. A existência da estratégia corporativa ocorre em uma empresa de grande porte e diversificada (SLACK et al, 1999). Para Wheelwright e Hayes (1985) a estratégia de unidade de negócio diz respeito ao escopo e limites de cada negócio e suas ligações com a estratégia corporativa, como também, a base na qual a unidade de negócio irá obter e manter uma vantagem competitiva. Logo após, a estratégia funcional apóia a estratégia da unidade de negócio, na qual cada função, como marketing, finanças, e outras, traduz o objetivo do negócio ENEGEP 2003 ABEPRO 5

e determina a melhor forma de organizar os recursos para apoiar a unidade de negócio (SLACK, 1998, p.90). O segundo estágio resume-se em identificar as prioridades competitivas da estratégia de que darão suporte a estratégia da corporação ou de negócio. As prioridades competitivas de adotadas por Pires (1994) são custo, qualidade, desempenho nas entregas e flexibilidade. Finalmente o terceiro estágio centraliza em analisar os fatores estruturais e infra-estruturais de que acompanharão as prioridades competitivas desta área. Para complementar e concluir este estudo foi desenvolvido um resumo que ilustra os processos de formulação e implantação da estratégia de dos principais referenciais teóricos utilizados atualmente sendo inseridos dentro da taxonomia dos três estágios distintos (Tabela 2). Principais referenciais teóricos utilizados Wheelwright e Hayes (1985) Hill (1997) Platts (1990) Corrêa e Gianesi (1998) Barros neto et al (2000) Taxonomia dos estágios de planejamento e implantação da estratégia de 1º Estágio: 2º Estágio: 3º Estágio: alinhamento da estratégia de à identificação das análise dos fatores estruturais estratégia da corporação e/ou às prioridades e infra-estruturais de unidades de negócio, e/ou às outras competitivas da áreas funcionais. estratégia de papel internamente neutro, papel internamente apoiador e papel externamente neutro entender os objetivos corporativos da organização ao longo prazo e conhecer a estratégia de marketing point of entry - ponto de entrada e participation - participação acompanhar o nível de desempenho da concorrência, priorizar os critérios que devem merecer maior atenção reunião de apresentação, diagnóstico estratégico da e definição dos objetivos da empresa e conhecimento dos clientes e concorrentes estimar os fatores qualificadores dos produtos papel externamente apoiador estabelecer um conjunto de características estruturais da e identificar fatores infra-estruturais para apoiar a procedure - procedimentos e project management - gerenciamento do projeto definir seletivamente os objetivos de desempenho de, criar um padrão de tomadas de decisões sobre os recursos nas principais áreas de decisões estratégicas da e desenvolver uma visão clara das competências principais da desdobramento dos objetivos e desenvolvimento dos planos de ação Slack (1999) definição das decisões entender, apoiar e contribuir para as definição das estratégicas que determinam a estratégias globais, às estratégias prioridades estrutura e infra-estrutura da negócios e funcionais competitivas Moreira (2000) -- -- -- -- -- -- tecnologia do produto, tecnologia do processo, capacidade de instalações, localização das instalações, recursos humanos e suprimentos elaboração das analise das decisões sobre as Pires (1994) definição das estratégias competitivas prioridades chamadas questões estruturais baseadas em Porter (1980) competitivas ou e infra-estruturais da missões da manufatura Tabela 2: Síntese dos principais referenciais teóricos utilizados inseridos na taxonomia dos três estágios distintos ENEGEP 2003 ABEPRO 6

4 Considerações finais Foi possível identificar nos referenciais teóricos pesquisados a existência de uma variedade de fatores competitivos que compõem a estratégia de em uma organização. Observou-se, também, que os trabalhos acadêmicos nacionais recentes não apresentam mudanças drásticas em relação à formulação e implantação da estratégia de. Concluindo-se ainda, que os conceitos sobre estratégia de são poucos conhecidos no ambiente empresarial, principalmente nas empresas de porte pequeno. Espera-se que este artigo tenha esclarecido os processos de formulação e implantação da estratégia de, apresentando a classificação dos três estágios distintos. A nossa expectativa agora é discutir estes conceitos na prática a fim de poder aperfeiçoá-los para uma melhor aplicação. Referências ALVES FILHO, A.G.; VANALLE, R.M.(1998). Formulação e reformulação da estratégia de. In: CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ENEGEP, 18., 1998 Niterói RJ. Anais... Piracicaba, ENEGEP, 1997. (CDROM) ALVES FILHO, A.G.; VANALLE, R.M.; PEREIRA, G.G. (1997). Estratégia de e competitividade: o caso de uma empresa do setor de máquinas ferramentas. In: CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ENEGEP; Salvador BA, 17, 1997. Anais...Piracicaba, ENEGEP, 1997. (CDROM) ARAUJO, R.S.B.; RAMOS, R.E.B. (1998) Estratégia de na indústria do mobiliário em Natal/RN. In: CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ENEGEP, 18, 1998. Anais... Piracicaba, ENEGEP, 1997. (CDROM) BARROS NETO, J.B.; FENSTERSEIFER, J.E.; FORMOSO, C.T. (1999). O diagnóstico estratégico da como instrumento de motivação para a formulação de estratégias de em pequenas empresas de construção e edificações. In: ENANPAD, 23., 1999, Foz do Iguaçu. Anais... Rio de Janeiro, ANPAD, 1999. (CDROM ) BRUNSTEIN, I.; BUZZINI, R. (1997). Integração das estratégias de qualidade, tecnológicas e de nas indústrias do setor de equipamentos, aparelhos, instrumentos médico-hospitalar: estudo de caso. In: CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ENEGEP; Gramado RS, 1997. Anais... Piracicaba, ENEGEP, 1997. (CDROM) CORRÊA, H.L.; GIANESI, I.G.N. (1998). Gestão de operações: a engenharia de a serviço da modernização da empresa. José Celso Contador (coordenador) e professores do departamentoto de engenharia de da Escola Politécnica da USP e da Fundação Vanzolin (vários autores). São Paulo: Editora Edgar Blucher LTDA. COSTA, S.G.; RABECHINI JUNIOR, R. (2000). Identificação e análise da estratégia de manufatura: um estudo de caso aplicando a abordagem das auditorias de manufatura. In: CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ENEGEP, 20; 2000. São Paulo SP. Anais... Piracicaba, ENEGEP, (CDROM ) GOMES, M. de L.B.; TUBINO, D.F. (2002). Estratégia de e as ações da indústria do vestuário. In: CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ENEGEP; Curitiba de 23 a 25 de outubro de 2002. Anais... Piracicaba, ENEGEP (CDROM ) HILL, T. J (1997). Manufacturing strategy: keeping it relevant by adressing the needs of the market. Integrated Manufacturing Systems, v. 8/5, p. 257-264. LIRA, A.C. de Q.; GOMES, M. de L.B. (1998). Estratégia competitiva de manufatura na pequena empresa: estudo de caso. In: CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ENEGEP, 18. Niterói RJ, 1998. Anais... Piracicaba, ENEGEP (CDROM ) LIRA, A.C. de Q.; GOMES, M. de L.B. (2001). Análise do potencial de desenvolvimento de estratégia de numa pequena empresa. In: CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ENEGEP, 21; Salvador BA, 2001. Anais... Piracicaba, ENEGEP (CDROM ) ENEGEP 2003 ABEPRO 7

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